A felicidade existe
Luiz de Souza
Índice
Preâmbulo
1.
No Caminho da Espiritualidade
2. O
Centro Redentor
3. O
Capital Humano
4. O
Cristianismo
5. O Materialismo
6.
Contrastes Aparentes
7. Os
Complexos
8. A
Ignorância
9. O
Sofrimento
10.
O Desperdício
11. O Fanatismo
12. Os Vícios
13. As Ilusões
14. A Leviandade
15. A Injustiça
16. A Ingratidão
17. A Vida Terrena
18. A Higiene Mental
19. A Salvação
20. A Regeneração
21. A Consciência
22. A Compreensão
23. A Razão
24. A Constância
25. O Raciocínio
26. A Disciplina
27. A Felicidade
28. A Economia
29. O Lar
30. As Obrigações Domésticas
31. O Homem
32. As Mães
33. Os Filhos
34. Irradiações
Preâmbulo
A evolução normal da
humanidade está na dependência de poder-se ela firmar em princípios
espiritualistas para, por meio deles, resolver os seus problemas fundamentais.
A crise maior que se observa é de falta de caráter, de decência moral, de
honorabilidade, e onde estiverem predominando essas características, o coeficiente
espiritual é nulo em grande número de indivíduos. Pessoas de responsabilidade
estão mancomunadas com aproveitadores e desonestos, que põem em prática as
manobras mais condenáveis, para fins ilícitos, corruptos, com os quais visam um
único objetivo: o aumento da riqueza material, o mais depressa possível.
Religiões dominantes acolhem toda classe de
locupletadores que contribuem, monetariamente, para elas, através de pagamentos
de atos litúrgicos encomendados. O essencial é que o dinheiro corra para os seus
cofres, pouco importando de onde venha, como foi ganho, se procede das mãos de
ladrões ou das de gente limpa. Essa complacência criminosa eqüivale, quase, a
uma conivência. Sem a repulsa da igreja, que casa, batiza e encomenda os
traficantes e flibusteiros, porque pagam bem o serviço, nada se pode esperar da
religião, no sentido de conter a imoralidade.
Vê-se assim o Racionalismo Cristão na contingência
de apresentar o cenário real da vida terrena para, ao focalizar a gravidade dos
erros que conscientemente se cometem, chamar a atenção para os resultados
desses erros e alertar a humanidade para os riscos que corre, os débitos que
adquire, o triste futuro que arquiteta, enquanto não mudar de rumo.
É indispensável que o indivíduo ajuste a sua linha
de conduta às normas espiritualistas para não perder encarnações preciosas,
invalidando esforços mal orientados, e traindo propósitos firmados no plano
astral, antes de encarnar.
Em grande erro incide a criatura que ao integrar-se
no mundo físico pensa ser esta a verdadeira vida, e que precisa apoderar-se de
todas as vantagens materiais que a Terra lhe possa oferecer, sem considerar os
prejuízos que venha a causar ao seu semelhante, ficando imbuída da falsa idéia
de que o mundo pertence aos ladinos, aos espertos, aos aventureiros, aos que
melhor souberem ludibriar, enganar e iludir.
Contra essa concepção irreal e ilógica se contrapõe
a Doutrina Racionalista Cristã, ao demonstrar, com argumentos, com base, com
segurança, a verdade dos fatos, abrindo novos horizontes aos olhos daqueles que
sinceramente desejarem alcançar uma vida de maior felicidade e paz, no curso
desta e de outras existências.
Todo esclarecimento prestado nas obras Racionalistas
Cristãs visa, expressamente, oferecer meios capazes de promover a evolução de
cada criatura, para com isso melhorar as condições de vida na Terra e preparar
um futuro mais rico em bens materiais, morais e, sobretudo, espirituais.
O indivíduo que se atira cegamente à conquista dos
bens terrenos, dá a impressão de um náufrago, em desespero de causa, ao
agarrar-se, angustiosamente, a qualquer objeto que encontre, na esperança de
salvar-se.
Toda ânsia de enriquecimento que se observa, sem
lastro espirituais, transforma-se numa força negativa, que cada vez mais atrai
o sequioso para o pântano da desonestidade. A busca da riqueza que se torna,
por vezes, um fanatismo, uma obsessão, uma vez conquistada, perde o próprio
ser, no luxo, na ociosidade, na extravagância, na ostentação, no sensualismo.
Para não enveredar por essas sinuosidades enganosas
da vida, só há um meio, uma medida salvadora: é procurar o indivíduo
esclarecer-se, conhecer a verdade sobre as leis eternas, pôr em prática,
diariamente, os conhecimentos espiritualistas recebidos. O objetivo desta obra,
com os recursos dos princípios Racionalistas Cristãos, é conduzir a humanidade
pelo caminho da espiritualidade.
Urge tomar em consideração que a vida, por ser
eterna, não se pode limitar, de maneira alguma, ao restrito tempo de uma
encarnação. O essencial é quebrar essa visão curta de querer enquadrar, nesse
minúsculo panorama de uma só existência toda a razão da vida, e pugnar por
resolver os problemas que a ela dizem respeito.
Evidentemente, todos os problemas da vida terrena
devem ser solucionados espiritualmente, levando em conta não só o presente,
como o futuro, e de tal modo que, em lugar de uma existência amena, suave,
prazenteira, como pode ser preparada, não se tenha de passar por uma vida
penosa e cheia de amarguras, enredada de sofrimento e desgraças.
O dinheiro ganho, desonestamente, com o prejuízo de
terceiros, não pode trazer felicidade. Pelo contrário, traz aquilo de que o ser
procura livrar-se: a angústia, a inquietação, o descontentamento, a
irritabilidade, além de muitos outros tormentos entrelaçados. A cegueira moral,
no entanto, que se apodera dos indivíduos assim perturbados, não os deixa ver o
seu verdadeiro estado, razão por que dificilmente se podem desembaraçar das
malhas envolventes.
Os esclarecimentos que este livro procura apresentar
não podem servir para as pessoas obsedadas que têm sempre idéias fixas, mas
para aqueles que dão o devido valor às coisas do espírito, que sabem raciocinar
com imparcialidade e são compreensivas e atentas à verdade.
Esta é uma tentativa de focalizar diretrizes
fundamentais da vida terrena, para que sejam meditadas, desdobradas e aplicadas
no correr dos dias, e espera-se que se tornem úteis a todos, que inspirem
ótimas atitudes, que produzam excelentes resultados na consumação de atos
relevantes e altruístas, e ajudando os leitores a preparar um futuro sempre
melhor, em clima de saúde e simpatia, de amizade e confraternização, de
entendimento, fartura, paz e prosperidade. Estes objetivos podem ser alcançados
no caminho da espiritualidade, e não faltará apoio astral das correntes do bem
para fortalecimento de todas as boas intenções.
É preciso remodelar os hábitos comuns da grande
maioria dos seres encarnados, e, nos capítulos que se seguem, encontrarão eles
suficiente cabedal para reforçar a firmeza de propósitos nesse bom sentido.
Não há dúvida de que são muitos os que almejam
encontrar, na trajetória terrena, um sistema moralista de elevada expressão que
induza os seres a compartilhar da grande obra renovadora que envolverá o mundo.
O Racionalismo Cristão está colocado na vanguarda
desse movimento, e as obras que difunde atestam essa veracidade. Se a
disciplina espiritualista que esta Doutrina ministra aos estudiosos dos seus
ensinos for adotada por quantos se achem amadurecidos para recebê-la, grandes
transformações moralizadoras irão surpreender os sectaristas, tão ilusoriamente
confinados nos limites da conceituação terrena.
As sombras vão sendo dissipadas à custa de muito se
escrever e falar acerca da vida espiritual, num esforço sincero e leal de
melhorar as condições do mundo. É recomendável que todos colaborem nesse
sentido, aprendendo as lições esclarecedoras para poderem pô-las em prática e
transmitir a outros os seus conhecimentos. Não há tempo a perder. Muitos
espíritos que do alto assistem aos encarnados, aguardam que estes se resolvam a
acordar e a colocar os seus méritos em favor da causa comum, para a felicidade
própria e dos demais. Porque A FELICIDADE EXISTE quando as criaturas humanas a
souberem construir.
OS EDITORES
1. No caminho
da espiritualidade
A verdadeira
vida é espiritual, porque todos somos espíritos, inclusive a Força Criadora. A
vida material é passageira, e serve, apenas, para ajudar a promover a evolução
do espírito, até um certo grau; daí por diante, ele não precisa mais da matéria
para prosseguir na sua rota ascendente.
Para que o
desenvolvimento espiritual se processe, normalmente, é indispensável que se
siga por uma linha condizente, se trace uma norma de vida pautada por
princípios cristãos, e se delibere, proceder corretamente ou, melhor, de acordo
com aquele plano previamente elaborado nas regiões dos mundos de luz.
Andar pelo
caminho da espiritualidade é, pois, obedecer às leis naturais estabelecidas
para a evolução do espírito, é pôr em prática, em cada instante, aqueles atos
que se impõem pela sua natureza purificante, moralizadora e construtiva.
Todo ser
humano normal, tem consciência do bem e do mal, do justo e do injusto, do que é
correto e do incorreto. Há uma linha de separação entre os dois procedimentos,
o da esquerda e o da direita, e ninguém vem ao mundo para operar o seu
progresso espiritual, que não saiba distinguir, com os recursos próprios, a
diferença destoante entre um e o outro caminho.
No reino
animal inferior essa consciência não está devidamente despertada, mas no reino
animal superior ou hominal, ela está presente, desde a primeira encarnação. A
partícula da Inteligência Universal então se emancipa e assume a
responsabilidade do governo próprio, ou seja a faculdade do uso do livre
arbítrio, da qual não poderia fazer emprego acertado, se não tivesse a
consciência adequada e suficientemente despertada.
Se assim não
fosse, poder-se-ia admitir uma falha ou lacuna no planejamento da administração
Astral Superior, o que seria um absurdo. Em verdade essa consciência está
convenientemente alertada, para não descambar para o caminho oposto da
esquerda, se o da direita for aqui considerado o caminho da espiritualidade.
Os que se
degeneram degradam, arruínam, agem conscientemente, ou partem de um estado
inicial consciente para depois se tornarem inconscientes, debaixo da influência
deletéria de vícios, gozos materiais anestesiantes e fluidos perturbadores do
astral inferior.
Em decorrência
de um melhor uso do livre arbítrio, uns fazem a evolução espiritual muito mais
rapidamente do que outros, por onde se vê que há caminhos mais curtos para
atingir-se a meta, sendo esses os que mais se aproximam do rumo ideal, que é o
caminho da espiritualidade.
Quanto mais
espiritualizados forem os princípios norteantes da vida, tanto mais depressa
serão alcançados os objetivos por todos aspirados, que se resumem na felicidade
permanente, que só existe nos planos superiores.
Procurando
estabelecer um caminho, uma rota que conduza ao pleno estado de evolução,
forçoso se torna que cada um se disponha a enquadrar a sua conduta nos
postulados cristãos.
O Racionalismo
Cristão, no seu código de princípios, coordenou as linhas mestras dessa
conduta, de maneira simples e acessível, para que sejam adotadas por todos
aqueles que realmente desejam viver vida nova, e candidatar-se a ingressar em
um outro plano mais elevado de evolução.
Os que
aceitarem a idéia, devem seguir quanto antes pelo caminho da espiritualidade,
esperando o autor que estas normas e sugestões possam ajudá-los a vencer as
dificuldades porventura interpostas. Estes escritos nada poderão, entretanto,
fazer se a criatura não se investir do firme propósito de abandonar os rançosos
preconceitos da crença materialista. As recentes descobertas científicas estão
dando ao século XX o nome de século da luz.
A Força
Criadora mantém o Universo constituído na base da sua Ciência. As descobertas
científicas que se fazem são o resultado da captação de vibrações do campo
cósmico, feita por estudiosos que, com esforço, conquistaram essa faculdade
receptora. A Força Criadora é Espírito Puro, na refinada acepção do vocábulo, e
com ele está a vida espiritual absoluta. Pode-se concluir, deste modo, que a
espiritualidade é a Vida Suprema, e os que enveredam pelo seu caminho hão de
ser os que mais cedo alcançarão aquela plenitude.
Ninguém se
deixará de encontrar, mais dia menos dia, mais século menos século, nesse
caminho, porque a evolução é obrigatória, mesmo quando não seja espontânea. Uma
vez que evoluir é melhorar, progredir, enriquecer espiritualmente, deve o
indivíduo tomar o mais depressa possível o caminho da espiritualidade.
Este mundo,
com os seus encantos naturais, poderia ser uma espécie de paraíso, se a
humanidade se tivesse espiritualizado. As Forças Armadas, que consomem tão
grande parte dos recursos de uma Nação, são mantidas, para ataque e defesa, por
falta de espiritualidade, e todos aqueles valores humanos que se acham nas suas
fileiras, mobilizados para atacar e defender em lides belicosas,
preventivamente ou não, são subtraídos da vida civil, onde prestariam
incalculáveis serviços no magistério, na administração, no desenvolvimento
agrícola, industrial, científico e espiritual.
O fato de
conceber-se a guerra como uma solução humana para dirimir divergências,
representa um atestado vivo de mentalidade materialista e primária. Nenhum
indivíduo possuído da convicção de que a marcha da vida deve ser processada
pelo caminho da espiritualidade, admite, por um só instante, o massacre, a luta
fratricida e a devastação dos lares como prática animalesca de atingir uma
finalidade.
A necessidade
de manter Forças Armadas, para exterminar o ser humano, destruir, arrasar,
esfacelar a sociedade, levando o povo à miséria e à desgraça, só é concebível
pelo reconhecimento do estado sumamente precário das coletividades, de onde
saem os responsáveis por tais calamidades.
Se o
cristianismo fosse adotado na sua forma verdadeira, as nações se uniriam num só
bloco, para proclamar a desumanidade das guerras e a sua condenação pelos
princípios humanos e espirituais. As nações que permanecessem armadas, deveriam
ser consideradas mal intencionadas e agressoras em potencial, sujeitas a
sanções, e submetidas a severas restrições. A força manejada em favor de uma
paz apoiada por correntes espiritualistas, é invencível.
Forçoso é
reconhecer que as próprias nações denominadas cristãs não se sentem animadas a
tomar uma tal iniciativa, por não estarem profundamente imbuídas daquele
sentimento puramente cristão, dos que palmilham pelo caminho da
espiritualidade.
A unidade
espiritual só se tornará uma força efetiva, se for real a sua concepção; não o
sendo, como se verifica pelos fatos revelados por um mundo belicoso, egoísta,
ganancioso, caracterizado por grande falta de honestidade e de fraternidade, os
resultados serão as deploráveis desunião, desconfiança e prevenção que se
manifestam por toda parte.
Pode-se
afirmar, com toda a segurança, que no caminho da espiritualidade encontrarão
todos os meios adequados para promover a evolução espiritual, com o que
desaparecerá o instinto das guerras e revoluções, porque predominará o senso
elevado da comunhão espiritual. A agressividade não terá então mais sentido,
porque falará no indivíduo a idéia espiritual de confraternização.
Andar pelo
caminho da espiritualidade é ganhar precioso tempo; é anteceder a chegada de
dias bonançosos e bem-aventurados, que a todos encantarão. Vejam, os que gostam
de meditar, se estão de acordo em levar a vida como aconselham os temas desta
obra. Vale a pena fazer um esforço para isso. Todos estes preceitos que aqui
estão foram colecionados para uso do ser humano, nas suas lides cotidianas.
Agir mal ou
agir bem dá equivalente gasto de energias e consome, por bem dizer, o mesmo
tempo. Nenhuma justificativa se apresenta favorável à prática do mal; ao
contrário, só há desvantagens a enumerar. Diz a sabedoria popular que se o
velhaco soubesse o quanto perde em ser velhaco, até por velhacaria deixaria de
o ser.
Isto é o
reflexo de uma verdade que se ajusta a todos os casos em que imperam o erro e a
maldade. Pela lei do retorno, ou de causa e efeito, os males praticados voltam
para o seu autor, grandemente majorados. Fujam, pois, dessa vereda enganosa e
traiçoeira, onde todos os que por ela seguem saem depois surrados, maltratados
e moralmente abatidos.
Estão
abrigados desse risco de mal se encaminharem pela vida os que aceitarem, de bom
grado, estas sugestões, pondo-as em prática em cada dia, com entendimento.
Pode parecer
difícil, à primeira vista, abandonar hábitos reprováveis e arraigados, de uma
só vez, mas se esse abandono for feito parceladamente, e aos poucos, tudo se
resolverá satisfatoriamente. É indispensável, porém, que se comece a fazer
alguma coisa nesse sentido, tomando-se a iniciativa de terminar com tudo que
prejudique, ofenda e atrase.
No caminho da
espiritualidade, há com que empregar bem o tempo; quem tiver as horas tomadas
com ocupações e pensamentos úteis, estará, automaticamente, fechado aos
assaltos perigosos dos maus elementos.
Todos têm de
meditar, constantemente, nos assuntos que digam respeito ao modo correto de
agir. O que se procura, com as exposições deste livro, é trazer à tona, para
melhor apreciação, problemas da vida, comuns à maioria, com o fim de fazer
incidir sobre eles a atenção. Por este meio, mais fácil é reconhecer as falhas
ocultas nas dobras do convencionalismo, para combatê-las energicamente.
O que muito se
deseja no Racionalismo Cristão é facilitar a compreensão dos deveres
espirituais, para que se possa chegar a estabelecer na Terra um clima mais
favorável à vida, em que todos, pela abolição de uma soma considerável de
sofrimentos desnecessários, se sintam felizes.
Isto é
perfeitamente possível, por estar ao alcance de todos, dependendo, apenas, de
uma decisão, quando não forem muitos os fatores negativos que pesem sobre as
criaturas. Estas também não estão impedidas de dar um passo à frente, a fim de
se prepararem para melhores dias.
O mais
doloroso é saber-se que há numerosos indivíduos suficientemente desenvolvidos
para galgar posições elevadas no plano espiritual e que, por negligência, se entregam
a procedimentos condenáveis. Entretanto, se tomassem o caminho da
espiritualidade, encontrariam e estariam valorizando os seus dotes morais.
Há coisas
simples de serem compreendidas e sentidas, mas para muitos é preciso que alguém
as aponte, as focalize, as vivifique, a fim de que os seus traços fiquem melhor
definidos. Assim se dá com os assuntos aqui tratados, que se revelam simples e
acessíveis à compreensão comum e recebem, nesta apresentação, para os que
precisam, o colorido da afirmação cristã, nos painéis da espiritualidade.
2.
O Centro Redentor
O Centro
Redentor é a Casa do Racionalismo Cristão. Assim como no ser humano o espírito
tem o seu corpo físico, esta Doutrina também o tem, e este é a sua sede
material. uma Casa apropriada à divulgação dos seus ensinos.
A palavra
"Redentor" dá sentido de libertação, pois, na realidade, é a Verdade
que faz os homens livres, espiritualmente, e ali expõe-se a Verdade.
No Centro
Redentor estão centralizadas as atividades espiritualistas cristãs, de onde se
irradiam, à distância, sob a orientação do Astral Superior.
A sede
central, na cidade do Rio de Janeiro, projeta a sua influência sobre todos os
países, tocando às Casas Filiadas, não só cuidar da sua área regional, como
participar, astralmente, do movimento geral.
Para os
Espíritos do Astral Superior, distâncias não constituem obstáculos, pois de um
ponto do planeta, podem por clarividência, observar o que se passa em qualquer
outro lugar do globo, e transportarem-se para lá em um instante, se as circunstâncias
assim o exigirem.
A velocidade
da luz é da ordem de trezentos mil quilômetros por segundo, o que permite a uma
partícula de luz dar cerca de oito voltas em redor do mundo, em um segundo. Se
uma partícula de luz pode dispor dessa velocidade, evidentemente um Espírito de
Luz do Astral Superior nada fará de menos.
Isto serve
para demonstrar que os Centros "Redentor", disseminados pelo Brasil e
instalados também no estrangeiro, podem estar situados a qualquer distância um
do outro que, tal fato, para o Astral Superior, não tem a menor importância,
não havendo impedimento para que um Espírito de Luz compareça num e noutro,
quase ao mesmo tempo.
O Centro
Redentor é, assim, o edifício em que estão centralizadas as atividades
libertadoras do espírito, quanto aos meios de despojar-se o ser humano das
credulidades avassaladoras que atrofiam os valores espirituais e impedem de
ver-se a Verdade com os olhos da alma.
Os que ali
ingressam, encontram ambiente acolhedor, de paz e tranqüilidade. Durante os
trabalhos, operam os Espíritos dirigentes do Racionalismo Cristão, em prol da
evolução do mundo; ali trabalham para a normalização do estado psíquico de
almas angustiadas, torturadas pelo sofrimento da vida; ali agem em favor da
higienização do ambiente terráqueo, em que pululam milhares de milhões de
espíritos infelizes.
O trabalho é
conduzido de modo a distribuir benefícios, a melhorar as condições físicas,
morais e espirituais; é uma Casa que faz as vezes de laboratório psíquico, de
educandário e de templo. O Centro Redentor é, por isso, uma Casa de grande
respeito, de sentido altruístico e de incentivo à prática da confraternização.
Pelo fato de
ser "Centro" não há que se confundir com centro espírita religioso e
desordenado, que é coisa diferente. É Centro, porque centraliza, porque é lugar
de convergência de atividades específicas que promovem a cultura espiritual,
assim como, simplesmente, há Centros Culturais.
Os Centros
"Redentor" têm uma constituição apropriada; são construídos em
obediência aos preceitos disciplinares, e prestam-se, unicamente, aos trabalhos
regimentais, não lhes sendo dada qualquer outra aplicação. No entanto,
franqueiam-se ao povo de todas as classes sociais, de todos os credos
religiosos, de todas as cores políticas, para o exame da Doutrina.
Em horas
preestabelecidas, são ali abrigados, fraternalmente, com sentido cristão, todos
os que desejarem conhecer o Racionalismo Cristão, para a sua orientação pessoal
e ilustração do seu espírito. Não há ali caixas para esmolas, nem sacolas para
espórtulas e não se convida ninguém para ser sócio da Organização.
Os Centros
"Redentor" têm, na maioria, sede própria, e se mantêm e erguem os
seus edifícios sem se pedir nada a ninguém. A direção material e espiritual da
Doutrina e a sua difusão são problemas do Astral Superior. Os discípulos apenas
cumprem as suas obrigações terrenas, fiéis à disciplina da Casa e, deste modo,
prestam aos Espíritos Superiores o concurso que eles esperam de cada um.
Sempre que for
preciso levantar a sede de um Filiado, ergue-se o edifício no tempo oportuno,
sem alarde, sem propaganda, sem festas para arrecadação de fundos. Os Centros
"Redentor", ao serem construídos, obedecem a um plano de
higienização, conforto, solidez e simplicidade.
São Casas que,
com o correr dos trabalhos e do tempo, se vão tornando cada vez mais imanizadas
pelas irradiações do bem, do Amor Cristão, da fortaleza espiritual. Por isso
elas têm um único fim, que é esse que se lhes dá.
Assim se
compreende a razão pela qual não se fazem festas nos seus salões, nem se
permite que organizações estranhas se sirvam de suas instalações para os seus
fins. A corrente Racionalista Cristã tem de ser mantida intacta, sem quaisquer
interferências. Com este cuidado, podem os Centros "Redentor"
distribuir maiores benefícios à coletividade, os auxiliares da Casa desfrutam
de plena firmeza nos trabalhos, e o Astral Superior mantém a disciplina astral
com toda a segurança.
Além do
edifício chamar-se Centro Redentor, pelos motivos expostos, ainda se pode
assinalar a sua perfeita adaptabilidade aos ditames da Doutrina. Toda a
disposição interna obedece a princípios, tem a sua razão de ser, foi
determinada pelo Astral Superior e corresponde, exatamente, às necessidades do
serviço.
O Centro
Redentor é, pois, uma Casa que mantém, desde o início, a sua tradição
espiritualista, servindo ao Racionalismo Cristão. As cidades que se podem
regozijar de possuir um desses Centros de progresso espiritual, fazem parte de
uma rede, cujos nós representam marcos históricos permanentes.
Sobressaindo-se
como Escola de ensinos espiritualistas, faz-se ali o desdobramento dos
princípios Racionalistas Cristãos, de maneira a bem esclarecer os assistentes
sobre a verdadeira Vida, de modo que todos possam facilmente nela orientar-se,
obtendo, com isso, maior rendimento, no aproveitamento da encarnação. Os que
ali comparecem constatam a importância dos trabalhos e os benefícios morais e
físicos que são prestados à coletividade, também por meio das limpezas
psíquicas, operadas no ambiente e feitas à distância.
Os Centros
"Redentor" são envolvidos, na hora dos trabalhos, por luminosas e
potentes correntes magnéticas, organizadas pelo Astral Superior, as quais
beneficiam e vivificam tanto os corpos físicos como os espirituais dos
presentes, preparando-os para enfrentar o cotidiano com maior disposição e
êxito.
A disciplina é
ali demonstrada no rigor do seu entendimento, uma vez que não se pode dissociar
a espiritualidade da disciplina e da ordem. O Universo inteiro obedece à
disciplina instituída pela Força Criadora e verificada na pontualidade do
movimento dos corpos no espaço sideral. Assim, também nos Centros
"Redentor" a disciplina é observada corretamente, com todo o respeito
que se deve tributar às Forças Superiores, presentes na direção espiritual dos
trabalhos.
No Centro
Redentor não há partidarismos, não se fazem campanhas políticas, respeitam-se
todas as ideologias, acata-se o livre arbítrio e a liberdade de pensamento e
cuida-se, tão-somente, do bem geral, da confraternização, da união dos seres
pelos laços do espírito, e procura-se, por vários meios, fortalecer a atuação
dos Governantes, para melhor se inspirarem na aplicação das suas decisões, em
favor dos seus governados.
Os ensinos nas
sessões dos Centros "Redentor", em grande parte provocados por
pensamentos de dúvida comuns a vários assistentes, são focalizados com o
objetivo de serem dados esclarecimentos a estes. Por esta norma do Racionalismo
Cristão, os assuntos abordados transformam-se na resposta adequada aos
estudiosos e investigadores.
3. O Capital Humano
No mundo
físico em que os seres disputam o melhor bem-estar, o maior beneficio
adquirível está na evolução do espírito que transmite a vida ao corpo material.
Os valores de
qualquer ordem, desde que de cunho material, perdem a sua grandeza diante do
capital humano, vivificado pela alma ou espírito, que é o valor máximo da
natureza.
O capital
humano deve, pois, ser tratado com o maior desvelo, com a mais profunda
dedicação, com um cuidado total.
As obras
meritórias, os serviços de filantropia, os esforços para a recuperação do
homem, visam proteger, resguardar esse imenso valor constituído pelo capital
humano.
As guerras
representam o maior flagelo da humanidade, porque o que elas destroem de mais
precioso é o homem.
Uma nação
floresce, civiliza-se, enriquece o seu patrimônio científico, impõe-se pela
literatura e pelas artes, na medida do valor dos seus filhos.
Estes podem
representar maior ou menor riqueza na sua constituição, conforme o trato que se
lhes der, em particular, porque é com a sua união que se forma aquele capital.
Se todos os
indivíduos forem tratados com a mesma dedicação e puderem usufruir idênticas
regalias, os componentes de uma Nação atingirão os mais altos níveis de
desenvolvimento.
Para se dar
substância real a esse capital, nada é mais necessário do que fortalecer o
indivíduo, instruindo-o, preservando a sua saúde, alimentando-o racionalmente,
e imprimindo em sua vida os ditames da moral.
É preciso
fazer prevalecer na comunidade o espiritualismo, como ponto básico, fundamental,
para o arejamento e higienização das mentes e a boa formação moral dos seres
encarnados.
Observada essa
disciplina espiritualista, as demais regras humanas, superiorizadas, se
sucederão na prática, emanadas dessa fonte inesgotável de princípios elevados,
salutares e justos.
É preciso
enveredar pelo caminho da espiritualidade para sanear o modo de viver.
A valorização
do homem é reconhecida pela demonstração do seu caráter, da sua honestidade, da
sua operosidade, iniciativa, capacidade produtiva, inteligência cultivada e
benignidade. O capital humano é formado da soma dos valores desses seres
conscientes, capazes, e quanto maior for o número deles, tanto mais grandiosa
será a sua importância.
Ele é a maior
riqueza de uma Nação, devendo esta ser elevada ao máximo, cultivando-a,
desenvolvendo-a, e criando meios para a sua consumação.
Todo esforço,
todo dispêndio empregado no apuramento do potencial humano não é demais, pois a
riqueza que ele desenvolverá é incalculável.
Cada nação,
enquanto todas elas não tiverem um só Governo para uni-las fraternalmente, como
seria o ideal, precisa possuir, para maior êxito das suas administrações, um
critério rigidamente consolidado no princípio de valorização do homem.
Nações como a
Inglaterra, os Estados Unidos, a Rússia, a Alemanha, a Suécia, a Dinamarca e
outras, desfrutam de uma certa proeminência na esfera cultural pela consciência
que demonstram do valor do aproveitamento humano.
As Nações que
melhor levarem a efeito a arte de retirar do homem o máximo da sua capacidade
útil, fornecendo-lhe o correspondente incentivo, o adestramento e o preparo
mental e espiritual, estarão contribuindo, poderosamente, para a conquista dos
mais elevados objetivos da vida.
As várias
formas político-doutrinárias que orientam os povos, ressentem-se de falhas que
não as deixam alcançar aquele padrão de vida que o ser humano aspira e não sabe
como encontrar.
O regime
democrático com a sua liberalidade sublime e a generosa liberdade que oferece,
não se torna ideal, sem o concurso da espiritualidade.
É no regime da
democracia que proliferam, à sombra da liberdade, os gananciosos, os
"tubarões" da economia popular, os aventureiros dos lucros fáceis, os
usurpadores, os agenciadores dos trusts,
os ladrões de casaca, os cavadores inescrupulosos, os vigaristas, os
difamadores, os "ratos" da imprensa, e todos aqueles que fazem
profissão das técnicas que se encontram arroladas nos compêndios da velhacaria,
da felonia, dos flibusteiros, da crapulice e de toda a sorte de atributos
negativos. Para estes, a democracia é um regime fabuloso por conceder todos os
meios que facilitem as suas práticas criminosas.
O comunismo
materialista elimina, pela força, quase toda a ação desses delinqüentes, mas
não os reforma, apenas os contém, amordaçados pelo poder discricionário,
absolutista, totalitário. Explora, materialmente, o capital humano, conseguindo
desse capital ótimos resultados.
Nesses dois
regimes citados, em parte antagônicos, o que falta é, apenas, um elemento
intrínseco de influência vital, insubstituível, fundamental: a força
espiritual.
As duas
ideologias podem sofrer impactos dos mais funestos, sem a garantia da
vitalidade espiritualista.
Não se omita,
contudo, o que elas contêm de aplaudível, nas suas essências. A liberdade de
pensamento e de ação figura, como um ideal, dentro da democracia, o que
representa, para o ser humano, uma reivindicação constante e ardente. A forma
dirigida de apurar e desenvolver o capital humano constitui uma regra no
comunismo, com o que o fenômeno da miséria pode ser superado. Ambas as
doutrinas têm as suas virtudes, e a tarefa humanizante está em reunir, num só
programa, essas virtudes, sob o patrocínio dos princípios espirituais.
No plano
Astral Superior, em que ninguém pode burlar ou enganar, escondendo intenções
condenáveis, não há lugar para a delinqüência, e, assim, não precisa haver uma
força de contenção da prática do mal, do abuso e da indisciplina, com o
cerceamento da liberdade.
A liberdade é,
ali, respeitada, sem coação, porque o estado de consciência está de tal modo
alertado, e as reservas íntimas são de todos tão conhecidas, que ninguém pensa
em arquitetar planos que redundem em abuso da liberdade. Nesse nível, normas
democráticas e comunistas se ajuntam umas às outras, na estruturação de um
governo ideal. Aqui na Terra, poderá o engenho político aproximar-se daquele
padrão, tomando-o como modelo, desde que os preceitos da espiritualidade
figurem na sua composição, fato que se consumará por encontrar-se na linha da
evolução.
Um socialismo,
inspirado em normas educativas da sensibilidade do espírito, em que a moral
substitua todas as práticas egoísticas em voga, é uma medida salvadora para a
humanidade.
O capital
humano, tratado com sublimação de vistas, alcançará os mais altos píncaros da
glória, em evolução acelerada. Por onde se vê que os graves problemas que
agitam o mundo estão na dependência, para uma feliz solução, de entregar-se o
povo aos estudos sérios do viver eterno, em marcha decidida pelo caminho da
espiritualidade.
Urge dar-se um
passo à frente, nesse sentido. Os que tiverem ao seu alcance as obras
racionalistas cristãs dispõem de precioso meio para fazer desabrochar todos
aqueles valores internos que aguardam apenas uma ordem, uma demonstração de
interesse, para se manifestarem e transformarem a sua razão de viver.
Procure-se
meditar no imenso valor das riquezas espirituais que cada um possui, e nas
melhores maneiras de aproveitar. A coletividade precisa imensamente que cada
indivíduo desenvolva os seus recursos ainda não revelados, mas reais e
presentes nos recônditos da alma.
O capital
humano é a soma do capital espiritual dos seres componentes da humanidade. A
Força Criadora envolve o capital real de todos os seres do universo. De tudo
quanto se sente na órbita espiritual, é esse capital que prevalece. Assim,
cuidar da vida espiritual consagradamente é o dever de todos. Quanto mais
evoluída estiver a criatura, melhor compreende essa obrigação.
Substituir os
atributos negativos pelos positivos é o processo normal da evolução. Para tanto
devem ser afastados os esmorecimentos. As vantagens decorrentes são
indescritíveis. Para atingir esse resultado, ninguém precisa ultrapassar as
suas próprias forças, pois todos os requisitos estão em cada um, latentes no
seu espírito, por tratar-se de uma riqueza oculta no recesso da alma, que se
deseja manifestar. São as vibrações baixas dos sentimentos inferiores que a
estão encobrindo e contendo essa riqueza, bastando que a força de vontade
imanente se imponha, para fazer a revelação.
4. O Cristianismo
Tem-se abusado
muito da expressão "cristianismo" para definir a corrente
espiritualista difusora dos ensinos de Jesus.
Em nome de
certo cristianismo, cometem-se os maiores deslizes, fazem-se levianas
afirmativas, explora-se o próximo, incutem-se idéias inverídicas e adotam-no
como meio de vida.
Para esses
cristãos sui generis, nada vale o
exemplo de humildade de Jesus, no seu aspecto simples e acolhedor, infenso aos
aparatos de qualquer espécie e contrário aos processos comercialistas,
materializadores dos atos cristãos.
O cristianismo
só pode ser compreendido quando esteado inteiramente na moral, em que o ser
humano tem de demonstrar, pela conduta no meio social, a elevação do seu
sentimento, a maneira correta de proceder e o vigor das suas convicções
espiritualistas.
O vício não
pode ser abrigado no exercício do cristianismo, não só pelos ruinosos efeitos
materiais da sua prática, como pelas conseqüências morais deprimentes, que se
refletem, depreciadoramente, na coletividade.
Indispensável
é que o cristianismo se revista das características inconfundíveis da sua
pureza, para poder ser reconhecido pela sua legitimidade. Cabe, pois, às
organizações que se dizem cristãs pautarem a sua linha de conduta nos moldes
indicados.
O
cristianismo, assim inadequadamente chamado, teve a sua contextura armada por
criaturas parcamente evoluídas, no correr de séculos, daí resultando as suas
numerosas deformações morais, no sentido espiritual. Ainda perdura essa
situação devido aos que a mantêm, embora convencidos do contrário, pela impossibilidade
de divisar o que está além da sua capacidade de percepção.
A
cristianização do cristianismo é medida que se impõe através de uma remodelação
geral dos velhos processos adotados, que devem ser substituídos pelos métodos
renovadores do presente, apoiados, até mesmo, na ciência que vem desenvolvendo,
dia por dia, novos conhecimentos. Sendo, como é, a Força Criadora a Suprema
Ciência, as revelações científicas não passam de oportunas manifestações do
Grande Foco, que se vai tornando cada vez mais apercebido, com a marcha do
progresso.
A Ciência por
estar intimamente ligada ao Poder Total, é manifestação da Verdade, servindo
também para desvendar os erros do cristianismo atuante, e colocá-lo na sua
posição real. Poderá parecer aos mais desprevenidos que a Ciência é produzida
apenas pela força intelectual, como se esta não fosse emanação do espírito, que
recebe as vibrações da Inteligência Universal.
O cristianismo
dominante se apresenta em consonância com o estado pouco espiritualizado da
comunidade que o segue. Ninguém pode dar mais do que tem. Urge, porém,
enriquecer os seres humanos de novos conhecimentos de ordem espiritual, a fim
de que possam melhorar o seu estado psíquico e consolidar uma posição mais
favorável no campo da espiritualidade.
O Racionalismo
Cristão, empenhado nesse propósito, difunde os seus ensinos por meio de livros
e dissertações, para esclarecer os interessados e propiciar-lhes meios de
situá-los em melhores condições de receptividades às verdades espirituais. É
ele uma Doutrina que só trabalha para o bem, o progresso, a felicidade, a
riqueza, a saúde de todo ser humano, e nada espera de ninguém em retribuição a
exemplo do procedimento de Jesus.
O Racionalismo
é Cristão, por ter sido codificado de acordo com o verdadeiro cristianismo.
A Doutrina aí
está para ser examinada. Ela é liberal e construtiva, apoiando todas as
iniciativas que objetivem a segurança e o bem-estar geral da humanidade,
colabora, no sentido de recuperar o ser humano moralmente desajustado para
torná-lo bom cidadão, útil e valioso ao progresso da comunidade a que pertence.
O programa do
verdadeiro cristianismo não se pode afastar dessa linha. É preciso que ele
ofereça à criatura a disciplina espiritual que lhe permita alcançar o fim
colimado, como faz o Racionalismo Cristão.
Se o povo
seguisse os ensinamentos cristãos, sem deturpações, o mundo se apresentaria
ornado das mais refulgentes fulgurações espirituais. Lamentavelmente não é o
que se dá, pelas falhas existentes num pretenso cristianismo. Procure-se, se
possível, constatar sinceramente essa Verdade com o fim de reconhecer-se o mal,
para evitá-lo ou corrigi-lo.
Não se ponha
em dúvida a sinceridade da maioria dos religiosos, levando-se em conta as
dificuldades que têm para separar-se das crenças que trazem desde a infância e,
mais do que isso, do apego que os acorrenta às crendices alimentadas durante as
vidas passadas.
Por se
ressentir desse estado é dificílimo para eles aceitarem novas idéias que
modifiquem as concepções tão profundamente enraizadas em seus espíritos.
Por essa
razão, são relativamente lentos os progressos no campo da espiritualização. Não
fora isso, teria já o Racionalismo Cristão introduzido a Verdade de seus
ensinos em toda a área dominada pelo pseudocristianismo. Está, no entanto,
adquirindo terreno nessa direção, e em progressão sistemática há de alcançar a
sua meta, para a felicidade de todos. Enquanto isso, faça, cada um dos que
entrarem em contato com estes ensinamentos, a sua parte, para que não venham a
sofrer, pela negligência, os efeitos de um comodismo acumpliciador.
Sempre que for
possível alertar, de maneira delicada e amiga, sem coação, de modo a imprimir à
atuação esclarecedora um cunho fraternal, deve-se tentar, somente na
oportunidade, dar a melhor das explicações a respeito do problema. Desde que se
perceba que a idéia não está sendo bem recebida, passa-se imediatamente para
outro assunto. É norma cristã não se exigir de ninguém a adoção das idéias de
quem se propõe a cristianizar. Respeite-se o livre arbítrio. Um aliciamento
inoportuno pode produzir um fanático, um convencido ou um desajustado.
As mais belas
lições do cristianismo são colhidas através de exemplos. Estes falam mais alto
do que os sermões. Logo, todos devem andar empenhados em pôr em prática os seus
conhecimentos cristãos, em cada dia, em cada hora que passa, em cada instante.
Não se pode dissociar a idéia de cristianismo da do espiritualismo, porque
ambas se confundem. O Cristianismo é o método cristão de promover o
espiritualismo, e este não envolve outras práticas que não sejam as do
espírito, elevadas, sãs, de solidariedade e de amor fraternal.
De todos os
bens humanos, aquele que mais intensamente valoriza o indivíduo é o conquistado
na escola do verdadeiro cristianismo, que lhe dá o título imperecível de
cristão, não em matéria destrutível, mas no acervo espiritual, que é eterno.
5. O Materialismo
Alguns se
dizem materialistas, alegando que não acreditam na existência de Deus. Mas
estes, na realidade, erroneamente se classificam como ateus. Não acreditam, é
certo, naquele Deus absurdo que a Bíblia apresenta, e como desconhecem o
verdadeiro sentido do vocábulo Deus, pensam que são ateus e materialistas.
Os que se
dizem ateus acreditam na Força da Natureza que, em outras palavras, é a própria
Inteligência Universal ou Grande Foco. Logo, não são ateus, e demonstram ser
menos materialistas do que aqueles outros que fazem do Deus bíblico objeto de
adoração.
O Racionalismo
Cristão, em suas obras básicas, revela que o que o vulgo chama Deus é Espírito,
Força Criadora, Inteligência Universal, Vida e Poder, e que, com esses
atributos, domina o Espaço Infinito.
No gênero
humano, por muito pouca espiritualidade que possua, ninguém pode ser um
materialista, diante da Natureza. As conclusões a que chegam os materialistas
confessos são de cunho mental, em apoio a falsas hipóteses, esquecendo-se de
que há uma voz interna. a da consciência. que não se coaduna com as vibrações
da corrente materialista.
A Força
Inteligente está em toda parte, é onipresente, e atua em cada átomo da natureza;
logo, a sua manifestação na consciência é conseqüência normal, pela afinidade
do espírito com o corpo físico e comunhão permanente da partícula com o Todo.
O materialista
que como tal se considera, para ser coerente, precisaria declarar-se convencido
de que não tem consciência, que não a sente, que ignora a sua presença em sua
natureza. Ora, isso não o poderá dizer honestamente, e daí a impossibilidade de
se firmar nessa declaração.
Há os que, de
fato, muito valor dão à matéria, achando que a vida se esvai com a morte,
diluindo-se na natureza, e nada mais fica do homem extinto. Essa teoria é
sustentada pelos que olham a existência por um ângulo muito fechado. Numerosos
fatos se contrapõem a tal conclusão, entre os quais podem ser destacados:
1. Os videntes,
possuidores da visão astral, descrevem, com facilidade e exatidão, pela figura
examinada do corpo astral, os traços fidedignos do ser desencarnado,
confirmados pelas pessoas que o conheceram;
2. As
transmissões mediúnicas, psicografadas em línguas desconhecidas dos médiuns que
as recebem, dão testemunho da imortalidade do espírito;
3. As
materializações, sejam elas conseguidas pelo ectoplasma humano ou cósmico, são
revelações insofismáveis da Verdade sobre a continuação da vida, depois da
desencarnação;
4. O
testemunho humano prestado por indivíduos que se recordam de vidas pregressas,
em se tratando de criaturas reconhecidamente honestas, não pode deixar de ser
aceito como prova das reencarnações do espírito;
5. A evidência
da lei da evolução aplicada ao espírito realça graus de adiantamento
diversificado entre os seres que encarnam;
6. Sabendo-se
que as especializações só se conseguem com treinamento continuado, logicamente
os que trazem, desde a infância, a vocação acentuada para determinada especialização,
somente a poderiam ter adquirido em vidas anteriores, como, no caso, os
virtuosos;
7. O
desdobramento consciente, em que o indivíduo opera o seu afastamento do corpo
físico, por livre vontade, atuando, em seguida, no campo astral, com seu corpo
etéreo, é fato bastante conhecido e que não pode ser contestado, em face das
comprovações existentes;
8. Os Mestres
do espiritualismo são unânimes em afirmar a condição eterna do espírito, e os
que não são Mestres não se podem sentir autorizados a desfazer tais afirmações.
Os religiosos,
na sua maioria, seguros de que não são materialistas, professam devoções de
forma materializada, pela falta de maiores conhecimentos espirituais. Não devem
ser acusados por isso, pois, se culpa existe, esta se encontra nas falhas da
estrutura devocional. A reforma, antes de ser de pessoas, deve ser de
princípios. Neste caso, o ser humano inclina-se a aceitar a Verdade revestida
de lógica, ao invés da misteriosa fé envolvida em afirmativas insondáveis.
A ganância e o
egoísmo observados na grande maioria dos seres são o reflexo do materialismo
das seitas; as pompas religiosas são ainda outro índice do materialismo
reinante. O comercialismo verificado na mistura das práticas, que deveriam ser
espiritualistas, com as puramente materialistas, atesta, mais uma vez, a
ausência de espiritualidade.
As seitas e as
religiões dominantes são dezenas de vezes seculares, cabendo-lhes, por isso, a
principal parcela de responsabilidade na propagação desse materialismo
absorvente. O Racionalismo Cristão vem fazendo a sua parte no sentido de
quebrar as peias do materialismo em voga, mas não seria demais que todos se
unissem para o mesmo fim, em benefício geral.
Os planos
astrais mais baixos da escala evolutiva que envolvem a Terra são os que acolhem
os espíritos materializados, depois da desencarnação. Ali a vida se assemelha
com a deste planeta físico. Enquanto a criatura não se procurar esclarecer de
modo a subjugar a influência material, não passará a planos mais elevados, em
que lhe serão proporcionadas condições de maior felicidade e reencarnações mais
proveitosas.
É de interesse
de cada indivíduo e da coletividade que o progresso do espírito se processe, o
quanto antes, para obter mais pronto desfrutamento das riquezas espirituais.
Todo ser normal deseja melhoria de vida, trabalha e se esforça para isso, no
campo material, desconhecendo, por falta de espiritualização, que a verdadeira
melhoria de vida se alcança depois de se reconhecerem as ilusórias e
passageiras seduções que o mundo dá.
As riquezas
espirituais conquistadas nunca se perdem por serem eternas, ao passo que as da
Terra são efêmeras, e nela ficam. As riquezas espirituais conduzem à humildade,
à euforia e ao sucesso, enquanto que as materiais podem levar à ostentação, ao
orgulho, à vaidade e, conseqüentemente, à falência moral.
Na vida
material pode o ser bem sentir o materialismo e dominá-lo, trocando-o pela
espiritualização. Essa substituição terá de ser feita pelo esforço próprio, com
os recursos de cada um.
É de todo
interesse da criatura, promover a sua espiritualização e crescer em sabedoria e
em inteligência, para poder aplicar esses dons nas práticas cristãs. O
materialismo, ao contrário, envolve a criatura em vibrações que impossibilitam
a sua evolução espiritual. O astral inferior está repleto de espíritos envoltos
nessas vibrações, pelas quais sentem a vida apenas pelo lado material.
Muitos
espíritos se materializam sem se aperceber dessa materialização. O caminho é um
só: o de permanecerem reencarnando neste planeta, onde colherão experiências
variadas, até o dia em que, saturados de dor, procuram solução para as suas
aflições e angústias nas luzes do espiritualismo.
O materialismo
é uma condição de inferioridade espiritual, embora o defendam alguns
intelectuais desenvolvidos. A cultura intelectual é distinta da espiritual. O
espiritualista dispõe de recursos para atingir a intelectualidade, coisa que
não se dá com o douto que apenas conte com a cultura terrena.
Não se pense
que os dirigentes das Nações alcançaram aquelas posições por desenvolvimento
espiritual, ou que sejam todos espiritualizados. Na maioria dos casos, são de
parcos conhecimentos espirituais, salvo as poucas exceções. Se a condição para
ser alto administrador fosse a de ser espiritualista, o mundo não teria chegado
ao pé em que está.
Mas, por força
do materialismo atuante, a humanidade terá que passar pelos estados caóticos
que se verificam, e, para isso, as mentes materializadas são também elevadas
aos postos de direção. Isto acontece quando irrompem as mazelas morais para
fins de futura retificação.
Se é triste
constatar-se um tão forte materialismo na humanidade, cabe compreender que
diante de uma situação de fato, não há o que protestar, por significar essa
situação apenas o baixo nível de espiritualidade no planeta. O trabalho de
espiritualização precisa ser intenso, permanente e ativo, para que os
resultados possam ser mais sensíveis.
Não é possível
estabelecer um nível elevado de conduta moral, sem elementos humanos que
sustentem essa posição. Por isso, enquanto a humanidade não sair triunfante
desse materialismo que a absorve, as condições espirituais do mundo não
encontrarão clima favorável ao seu aprimoramento, por onde se conclui que todo
esforço precisa convergir para esse ponto fundamental de combate ao
materialismo e de incentivo ao espiritualismo.
Os seres
humanos, que outra coisa não são que espíritos encarnados, não podem perder de
vista a sua verdadeira natureza, que é espiritual, e uma vez que se devotem ao
materialismo, estarão negando essa natureza e mostrando-se cegos à Verdade.
A partícula
inteligente, quando ingressa no reino hominal, traz aflorando o condão da
espiritualidade, além do livre arbítrio que somente deveria ser utilizado para
o bem. Por ignorar o que essa faculdade representa, a maioria se deixa mais
conduzir pelo instinto, como acontecia enquanto permaneceu no reino animal
inferior. O animalismo e o materialismo se aproximam quanto à afinidade, em
contraposição ao espiritualismo.
Há formas mais
ou menos grosseiras de materialismo, de acordo com o requinte do elemento
humano, mas de um modo ou de outro, atestando ausência de espiritualidade.
O materialismo
apóia-se na superficialidade da vida e no individualismo indiferente. Para
avançar na linha do espiritualismo, é preciso saber sofrear o instinto,
combater as inclinações viciosas, contrariar os desejos prejudiciais,
sujeitar-se, resignadamente, às imposições morais da vida, enquanto que o
materialismo nada exige nem impõe, oferecendo campo aberto e livre, no caminho
da ilusão, ao desfrute e aos gozos terrenos.
O materialismo
enfraquece a manifestação dos dons espirituais inatos, ao passo que o
espiritualismo os fortalece; o materialismo conserva o espírito num mesmo plano
de evolução, quando o espiritualismo o eleva, sucessivamente, a planos
superiores; o materialismo facilita os meios pelos quais o espírito encarnado
aumenta os seus débitos para futuro resgate, e, ao contrário, o espiritualismo
evita que tais débitos se verifiquem. Logo, dentro do materialismo vive o ser
numa esfera de ação inferior e de resultados negativos.
O materialismo
apóia-se na superficialidade da vida e, ao invés disso, o espiritualismo
desenvolve as suas penetrações em altitude e profundidade. O materialismo é a
sombra, o espiritualismo a luz. Por isso não há dúvida sobre o fato de que o
materialismo será varrido da face da Terra, em futuro não muito distante.
A luz da
verdade é força dominante que não pode ser contida. O desbravamento das trevas
está sendo feito; em cada dia que passa, mais um avanço se registra, nesse
sentido, imperceptível embora, mas seguro.
6. Contrastes Aparentes
Observam-se na
vida verdadeiros contrastes no comportamento dos seres humanos.
Há indivíduos
maldosos, incorretos, imorais, vingativos, desonestos que em lugar de serem colocados
nos seus lugares, pelas inferioridades que apresentam, são, quando ricos e
influentes, cortejados, tratados cerimoniosamente, acolhidos com suposta
simpatia e olhados com reverência, pela notável posição que desfrutam.
Quadros como
esse são vistos por aí, em toda parte. Então o que acontece é ficarem aqueles
que estão propiciando os seus estudos espirituais, estarrecidos por notarem o
contraste, que é apenas aparente, quando se reafirma que "cada um tem o
que merece", "quem planta colhe", "quem mal faz para si o
faz" etc. etc., parecendo que essas verdades não se ajustam à realidade.
Ficam esses
estudiosos incipientes intrigados, ao constatarem que tudo corre bem para tais
bisbórrias, pois ganham rios de dinheiro, são eleitos com grande maioria de votos
nas pugnas eleitorais para os cargos aos quais se candidatam, desfrutam de
grandes privilégios, vivem nababescamente, cercados do maior conforto, têm tudo
o que precisam do melhor e do mais caro, são contemplados com generosos
favores, a maioria diante deles se curva, e vivem como se fossem os escolhidos
da "grei celestial".
Como é então —
pensam — que tais indivíduos, tão falhos em virtudes espiritualistas, conseguem
na vida uma situação preferencial de soberania sobre os que palmilham pela
estrada do dever, da honra e do trabalho?
Parece
realmente um paradoxo; mas é preciso não esquecer de que na vida tudo obedece a
leis naturais. Não há, nem pode haver, injustiça na aplicação dessas leis
sábias. Assuntos dessa natureza só encontram explicação na órbita dos estudos
espiritualistas.
Aceita essa
condição, deve-se reconhecer que não é possível apreciar os fatos que ocorrem
na vida terrena, levando em conta a única encarnação em que se projetam; eles
estão intimamente associados com o passado distante, com ocorrências
verificadas em outras vidas. Desta maneira, o que acontece numa existência é
como se fosse um curto capítulo de um longo romance. Evidentemente se a alguém
for dado examinar um único capítulo de tal romance, de modo algum poderá ter
uma idéia do conjunto da obra.
Assim também
acontece na vida. Querer localizar, isoladamente, os fatos desenvolvidos numa
só encarnação, para tirar conclusões judiciosas, é querer o impossível, quando
se pretenda explicar o motivo dos contrastes aparentes. Altos dignitários
poderão ser, em vidas subseqüentes, lixeiros, carregadores e varredores, para
compensarem, nos pratos de equilíbrio da balança, o contrapeso da vaidade, do
orgulho, da prepotência e da presunção.
Alguns chegam
a ficar descrentes, parecendo-lhes que a propalada Justiça não passa de um
mito. Por isso nada faz mais falta ao ser humano do que a espiritualidade, tão
precária ou tão ausente no seio das seitas e religiões.
O indivíduo,
na cadeia imensa de suas reencarnações, faz as experiências de pobre, de rico,
de servidor braçal, de mentor intelectual, de patrão, de empregado, de homem,
de mulher, e cumpre milhares de atribuições inerentes àqueles exercícios. Por
esta razão encontra-se na Terra, para cursos experimentais, toda essa variedade
de misteres e afazeres, cada qual correspondendo às necessidades adequadas.
As
imperfeições humanas estão no espírito embotadas, enclausuradas, latentes, e é
preciso que seja provocada a sua exteriorização, a fim de serem reconhecidas e
aniquiladas.
A víbora
peçonhenta escondida na toca, na moita ou no entulho, precisa ser descoberta,
para que a defesa contra ela se possa operar, sendo necessário que se conheça o
mal de que está acometido o enfermo, para se promover a sua cura. Assim, a
vaidade, a presunção, o orgulho, a índole vingativa e perversa, as inclinações
desonestas e toda sorte de atributos negativos que se acham ocultos no próprio
âmago do indivíduo, precisam ser descobertas para que se lhes possa dar combate
mortal.
A maneira de
provocar esses atributos negativos, de fazer com que se manifestem, está em
oferecer-lhes alimento farto e meios para que essas imperfeições transbordem no
gozo do seu fascínio. Os que estiverem desfrutando a vida, egoisticamente,
fartando os instintos animalizados, sem cuidar da parte espiritual, estarão se
saturando nas ilusórias delícias do paraíso terreno. É um estado de que ninguém
se precisa lastimar de o não possuir.
Os que saírem
do charco moral para penetrar na vida extraterrena, estarão sujeitos a passar
algum tempo nos charcos fluídicos do astral inferior, antes de se preparem para
uma nova encarnação, em que os sentimentos inferiores, aflorados na encarnação
pretérita, tenham de passar pelas provas cruentas da extirpação, que os há de
aniquilar.
Essas provas
se traduzem numa vida cheia de obstáculos, carências, dificuldades, esforços
infrutíferos, fracassos e numerosos outros artifícios capazes de fazer sofrer e
despertar a alma para a realidade.
De nada
adianta achar que as coisas deveriam ser resolvidas de outro modo, que poderia
haver um outro meio menos rigoroso de promover a evolução, pois a ordem
estabelecida é essa, foi assim há milhões de anos, não há perspectiva de ser
mudada, e o certo é que aqueles que a desprezarem, sofrerão inapeláveis e
dantescas conseqüências.
Como se vê, os
aparentes contrastes que se observam na vida têm a sua razão de ser, por
obedecerem ao movimento geral da evolução; sempre há os que, em tempos idos ou
atuais, foram ou são participantes desses quadros apresentados. Os que almejam
afundar-se, espontaneamente, no charco das ilusões terrenas, terão satisfeitas
as suas pretensões; os que já passaram por essa prova e conseguiram libertar-se
da sua atração, podem considerar-se mais felizes.
É a falta de
esclarecimento ou de espiritualidade que faz com que as criaturas não eduquem
as suas virtudes latentes, não reforcem as suas convicções morais inatas para,
pelo poder do raciocínio, pela ligação espiritual que fizerem com as Forças
Superiores, não se submeterem a condições subalternas e eliminem as reações
instintivas, com os recursos de que dispõe o próprio espírito.
Vale assinalar
que todo ser humano tem, no seu conteúdo, pela ação do livre arbítrio,
capacidade para desenvolver os atributos morais negativos ou positivos, ou
ambos, dependendo isso das suas próprias decisões, de querer, ou não, ouvir e
atender à voz da consciência, de raciocinar e firmar o controle de si mesmo.
Não fosse o mau uso do livre arbítrio, a evolução se processaria
harmoniosamente, de escala em escala, sem longos estágios recuperadores, mas
seguindo uma linha em espiral, em marcha ascensional sucessiva.
Cumpre a cada
um velar pelos assuntos espirituais do seu interesse, examiná-los, estudá-los e
concluir algo de racional em torno de suas deduções. Na arena da vida, perde
quem pensa em ganhar o mundo com as suas fantasias, iludido pelos contrastes.
Não se julgue
ser indispensável ao indivíduo passar por todas as torturas que a vida terrena
oferece, para poder evoluir; estas só se manifestam em conseqüência da má
aplicação do livre arbítrio, efetuada não tanto por ignorância, mas por prazer
sádico, por menosprezo à razão, por vício resultante da condensação de
pensamentos sensualistas. Cada um que chega a esse estado foi atingido por sua
vontade, por sua negligência, descaso e indolência mental, e não tem de que se
queixar.
Os contrastes
que se assinalam revelam as armadilhas em que estão enleados os gozadores e
epicuristas, falsamente convencidos de que se encontram numa situação de
pujança, quando, na realidade, na maioria dos casos, se acham envoltos no manto
sombrio da miséria moral. Todos os aproveitadores que se encontram em tal
estado enganoso, serão forçados a voltar à Terra, nas condições mais precárias
e desoladoras.
7.
Os Complexos
Há criaturas
inibidas por complexos. São vítimas do preconceito social, de restrições
descabidas, de um convencionalismo acanhado. Algumas são incapazes de prestar
um serviço qualquer, porque não gostam de servir, achando que servir é ser
criado.
A origem desse
modo de pensar está no mau uso do raciocínio, o qual é, por sua vez, reflexo da
maneira de sentir.
A pessoa que
se melindra por qualquer ninharia, que se mostra emburrada, que se queixa
constantemente de uma coisa ou de outra, está obedecendo a complexos, que ela
própria precisa eliminar.
Há indivíduos
que supervalorizam o seu próprio ser; querem ser endeusados; reclamam elogios
para tudo o que fazem, e desgostam-se, quando não são aplaudidos em todas as
suas manifestações. Dizem que os demais não lhes dão valor ou que não sabem
reconhecê-lo, que não os compreendem, numa falsa posição de querer ser o que
não são. Chama-se a isso narcisismo, e são tantos os que assim procedem que até
merecem essa classificação. O narcisismo é uma mania como outra qualquer.
Os narcisistas
são seres imbuídos de um complexo de superioridade. É difícil a convivência com
pessoas dessa natureza, porque estão sempre revoltadas ou indignadas contra o
semelhante, acreditando que este não lhes sabe dar o valor que pensam ter.
Se forem
criaturas geniosas, irritáveis, temperamentais, amigas de discussões, então
sobram os pretextos para um infindável cortejo de lágrimas e de amargos
queixumes. Pessoas assim não são dotadas do necessário discernimento, e por
isso tiram conclusões, não raro falsas, de casos criados pela imaginação.
Estas
criaturas dificultam a vida, tornando-se, freqüentemente, um flagelo dentro do
lar, pelos aborrecimentos que causam, mas isso é um fenômeno que precisa ser
encarado com resignação, por se tratar de mal que dificilmente se atenua em uma
única encarnação.
Se a criatura
reconhecesse o seu complexo de superioridade, ainda haveria esperança de se lhe
poderem proporcionar recursos para modificar o seu estado. Ela não reconhece a
sua situação psíquica, e continua a alimentar manias.
Há males
considerados incuráveis, e este do complexo de superioridade é um deles. A
solução para a sua cura está na sucessão de encarnações futuras, através de
condições adredemente preparadas em plano astral, de modo tal que, ao voltar o
ser à Terra, para uma nova jornada em corpo físico, encontre ambiente propício
à manifestação de sofrimentos que cauterizem tão lamentável complexo.
O indivíduo
subjugado pelo complexo de superioridade armazena na vida considerável soma de
débitos, por atuar sempre deslocado da sua posição normal.
Este grave
defeito moral precisa ser jugulado na infância, logo que se manifeste, porque
depois de criar raízes, assemelha-se a um câncer.
Em
contraposição ao complexo de superioridade, está o de inferioridade. Este
também é destruidor e faz com que o indivíduo viva humilhado sob o seu peso,
sentindo demasiado acanhamento e timidez. Falta de confiança em si mesmo,
espera que o empurrem para frente, que o guiem, que o ajudem, por sentir-se
incapaz, inseguro, periclitante. Tem, assim, as menores probabilidades de
prosperar ou de vencer na vida.
O complexo de
inferioridade é, deste modo, um entrave ao progresso e, portanto, à evolução. É
preciso reagir contra essa diminuição de que se sente impregnado o ser humano,
quando atingido por esse sentimento arrasante, mórbido, que aniquila a
personalidade.
Adquirida a
certeza, pelo estudo do espiritualismo, que todo o indivíduo é uma partícula da
Força Criadora, igual às demais, com as mesmas possibilidades, os mesmos
direitos, idêntica capacidade e semelhantes recursos para conquistar a sua
evolução, e na medida em que fizer bom uso do seu livre arbítrio, terá que
percorrer os mesmos caminhos que conduzem à evolução, não haverá mais lugar
para complexos.
A mania de
grandeza é outra variante da série dos complexos. Há criaturas com a
preocupação permanente de se fazerem importantes e para se manterem nessa falsa
posição, vivem artificiosamente, engendrando fatos inverídicos com o fim de
aparecerem aos olhos dos seus semelhantes numa altura que está longe de ser a
real. Os seres que alimentam tal mania de grandeza estão escravizados a um
complexo do qual não se sabem também libertar.
Outros, ainda,
andam torturados com a mania de perseguição, vendo fantasmas por todos os lados
a persegui-los, e se não conseguem os favores que pleiteiam, pensam que estão
sendo perseguidos. O indivíduo que não se esforça no seu trabalho, não cumpre
bem os seus deveres, não é aplicado nem disciplinado e gosta da ociosidade, não
faz jus a uma melhoria e, no fim, marca passo e, por isso, não é aproveitado
nem promovido. Mas, para ele só há uma razão, que é a de estar sendo
perseguido. Estes infelizes, com a idéia fixa da perseguição, são vítimas de si
mesmos, entregues ao desânimo, à revolta e largados ao abandono.
A salvação de
todas as pessoas atacadas de complexos está no esclarecimento que o
espiritualismo lhes proporciona. É nele que se encontra a cura desse mal.
Todo espírito
encarna para promover a sua evolução em corpo físico, e não se deve influenciar
por complexos; ele poderá trazer tendências negativas, acumuladas no passado,
que facilitem a manifestação destes complexos, mas o seu dever é combatê-los
tenazmente, com todas as forças que possui, para evitar que a hidra cresça e a
sua destruição se torne difícil.
Não se costuma
dar a esses complexos a importância que realmente têm, e por isso é que se
notam, por toda parte, indivíduos desajustados, desequilibrados, perturbados,
sem que saiba, ao menos, qual a origem do mal que os atormenta.
O mundo está
convulsionado, o desentendimento campeia à larga, há prevenções de uns contra
os outros, o egoísmo continua sendo uma das molas mestras do mundo, e a
favorecer tudo isso estão presentes as manias e os complexos, agravados pelo
materialismo.
As coisas no
orbe só tomarão o aspecto em que predomine a segurança e a tranqüilidade quando
a maioria estiver espiritualizada, conhecedora das leis eternas e cônscia da
sua integridade espiritual, no ajustamento da composição universal.
Na Terra
ninguém é perfeito. Cada qual tem as suas falhas, as suas deficiências, que
precisam ser eliminadas, mas urge que sejam, antes, reconhecidas. Entre os
vários tipos de imperfeição está o dos complexos, nestas linhas focalizados. É
um defeito incômodo, pernicioso, que produz atritos, quando os outros não estão
dispostos a tolerá-lo.
Há os que se
insurgem contra a necessidade, que às vezes se apresenta, de carregar um
pacote, uma cesta, uma criança. Outros têm vergonha da pobreza, e forçam
cenários artificiosos para escondê-la; há os que se sacrificam na alimentação,
para ostentar uma aparência que está acima das suas posses; há os que chegam a
contrair dívidas, que não pagam, para poderem ostentar. Muitos dos caloteiros
são formados nessa escola, onde se forjam mistificadores influenciados pelo
complexo de grandeza ou de importância.
Existem,
ainda, os complexos de medo, em que a criatura se vê sempre cercada de perigos
e raciocina com pessimismo, atraindo, com isso, vibrações indesejáveis,
ocasionadoras de desgraças. O medo estimula uma inferioridade perigosa,
aniquilante, e constitui um convite para a aproximação de forças invisíveis do
astral inferior, todas elas danosas e de repercussões profundas no correr da
vida.
A prevenção
contra origens raciais produz efeitos desastrosos, anti-humanos, quer por parte
dos que alimentam os extravagantes conceitos racistas, quer em relação aos que
sofrem o desprezo e até as humilhações daqueles outros. Essa maneira errônea de
encarar os fatos é o resultado de complexos que obliteram o raciocínio dos
homens, desviando-o do seu rumo certo e fazendo-o enveredar para um terreno
marcado de oscilações desvirtuantes.
Os seres têm
todos a mesma origem, nada importando, para o conceito espiritual, as
aparências circunstanciais, que servem, indistintamente, a qualquer, desde que
as suas condições psíquicas reclamem acomodação temporária neste ou naquele
estado, num ou noutro envoltório, consoante as necessidades prementes de cada
um. Por isso, abaixo o complexo, que fere a sensibilidade daquele que, em
determinada posição da vida, procura obter o resgate recuperador, pelo qual
aspira.
A maioria dos
que encarnam vem à Terra para destruir facetas negativas do espírito, como o
preconceito, o orgulho, a presunção, a vaidade, a inveja, a tirania e outras, e
é sabido que só com esforço sacrificante é que tais negativismos podem
desaparecer. Uma vez tornada bem nítida a consciência desta Verdade, nada há
que possa justificar uma atitude doentia caracterizada por complexos, diante
das provas e experiências pelas quais estiver o indivíduo passando.
Deve fazer-se,
pois, um exame de consciência para verificar se algum sentimento traiçoeiro,
algum complexo está escondido no âmago do ser, corroendo as forças vitais que
toda criatura possui. Cada qual tem de ser leal consigo mesmo, não procurando
iludir-se nem se julgando melhor do que realmente é. A mais sábia maneira de
destruir-se o mal, é reconhecê-lo. Às vezes custa descobri-lo, mas a boa
intenção ajuda muito. Por isso, mãos à obra, silenciosamente.
Os complexos
se apresentam ora ostensivamente, ora sutil e veladamente, conforme o seu
desenvolvimento, de acordo com o campo mais ou menos favorável, em que
medraram. Estirpá-los, pelas raízes, é o que deve ser feito com o maior
empenho, com a mais firme disposição. Esta é uma das operações que a vida a
todos impõe, como condição de êxito para fins de imunização de todos os males
com que o mundo Terra desafia aos seus ocupantes. Os complexos são, como ficou
demonstrado, muito prejudiciais, e devem ser, como tal, combatidos, por
contrários à razão esclarecida. Produto da imaginação desviada do bom caminho,
conduzem a criatura a criar débitos morais pesados, atrofiam o raciocínio e se
associam às correntes malignas do astral inferior.
O sentido
espiritualista da vida não pode ser silenciado diante de fatos que atestem
ruína moral, uma vez que a sua finalidade é a de esclarecer, vivificar,
fortalecer e encaminhar todos os seres humanos pelos degraus do progresso
espiritual, para a felicidade perene que anseiam.
A extinção dos
complexos é um objetivo que requer permanente atenção dos seres terrenos, cada
qual se devendo esforçar para cumprir bem a sua parte, certo de que as
recompensas virão, no devido tempo, em seu próprio proveito. Vale muito a pena
não ficar à margem deste desinteressado apelo.
8. A Ignorância
São grandes os
males da ignorância. Ela se torna especialmente perniciosa quando decorre do
desconhecimento dos princípios básicos da vida. O indivíduo deve saber por que
veio ao mundo, quais os seus deveres, as suas obrigações e compromissos. Para não
ignorar tudo a respeito do prosseguimento da existência em plano astral,
precisa procurar sentir — quando não puder ver com os olhos da alma — o que se
passa além do véu da matéria. A ignorância pode ser considerada crassa, no caso
de nada saber a criatura sobre a sua própria individualidade, pois sendo como
é, um espírito encarnado, desconhece essa sua condição e vê, iludido pela
matéria que lhe serve de carro, de invólucro, de roupagem transitória, a sua
verdadeira natureza!
O ignorante
não sabe:
a) que a sua
existência não começou quando, na encarnação presente, nasceu em corpo físico;
b) que
milhares de vezes encarnou, exatamente como na encarnação presente;
c) que
existem, no Espaço, vários planos astrais, e que os seres desencarnados estão
distribuídos por eles, de conformidade com o seu grau de evolução, sendo que em
cada um fazem estágio espíritos de um mesmo ou equivalente desenvolvimento
espiritual;
d) que os
planos mais próximos da Terra são os mais densos, em que permanecem espíritos
menos evoluídos de acordo com a densidade desses planos;
e) que só
encarnam os espíritos estagiantes dos planos seriados até ao eqüidistante dos
dois extremos, sendo a evolução promovida, daí para o extremo superior, em
plano astral;
f) que o
indivíduo encarna para evoluir e para resgatar débitos contraídos em
encarnações pregressas, não poucas vezes com aquelas mesmas criaturas que o
assistem na composição do lar;
g) que as
falhas, erros e crimes produzem estigmas no corpo astral, que só podem
desaparecer transferindo-os para o corpo físico, em reencarnações sucessivas;
h) que, pela
lei de causa-e-efeito, não é possível ao indivíduo esquivar-se de colher os
resultados dolorosos dos seus erros;
i) que, no
presente, a vida se reflete como conseqüência das que foram vividas no passado,
assim como o futuro será preparado de acordo com a vida levada no presente;
j) que nenhum
incidente, por menor importância que tenha, deixa de ficar gravado no corpo
astral, para ser reconhecido e reconsiderado em tempo futuro, quando os prós e
os contras no modo de proceder terão de ser pesados na balança da consciência,
para os necessários reajustamentos;
l) que ricos e
pobres, nobres e plebeus, brancos e negros, cultos e incultos, são todos seres
em evolução, com a mesma origem espiritual, integrantes do mesmo Todo, Absoluto
e Eterno e dispõem, em estado latente, por isso, dos atributos luminosos que
integram a Força Criadora.
Não há razão
para se tachar de ignorante o ser inculto, porque este sabe fazer muitas coisas
que o sábio desconhece. Além disso, qualquer sábio poderia ter cometido maiores
erros nas vidas passadas, ficando obrigado, para o reajustamento da sua
estrutura psíquica, a voltar à Terra em condições humildes.
Há numerosas
pessoas que têm apreciável cabedal de conhecimentos adquiridos nas milhares de
existências terrenas, mas que estão ocultos, não revelados, em estado latente,
por conveniência do espírito, para que sejam obrigadas a viver à custa de
trabalho manual, e aí colham as experiências imprescindíveis.
O desconhecimento
que se revela pela falta de cultura literária, científica, profissional e
artística, é necessário, pois, caso contrário, se essa cultura fosse comum a
todos, ninguém iria ocupar-se de tarefas árduas e penosas, pois todos
desejariam ser cientistas, literatos e artistas.
Todos os
indivíduos merecem o melhor respeito pela posição que ocupam na Terra, sejam
cultos ou incultos, porque cada qual é indispensável, no seu ramo, ao mecanismo
da vida.
O que todos,
porém, podem e devem procurar fazer é o cultivo da espiritualidade, que é
oferecido no mundo, por igual, a todas as classes. De um modo geral, só é
ignorante das questões espiritualistas, em meios civilizados, os que quiserem
ser, porque ensinos que conduzam ao conhecimento da Verdade chegam às mãos (ou
podem chegar) daqueles que, sinceramente, os desejarem possuir.
Se a
ignorância, pois, deva ser atribuída a alguém, esse alguém é o descuidado com
relação à vida espiritual, que não recebe, por negligência, a alimentação
devida, para fortalecê-lo, como convém, por meio de um viver racionalizado,
como fazem aqueles que se mostram decididos a seguir a sua jornada pelo caminho
da espiritualidade.
O
espiritualista não se afasta da sua tarefa, não se queixa dela, não desanima no
seu esforço cotidiano, porque sabe a razão de estar na posição em que se
encontra, e procura, dentro do seu mister, fazer o melhor possível, na certeza
de que é uma peça ativa no conjunto universal. O esclarecido nos problemas
espirituais não pode ser ignorante, mesmo que nesta existência se apresente
inculto. O espiritualista verdadeiro é alma velha, curtida, experimentada,
lavrada pelo sofrimento, que possui, no seu acervo eterno, cabedal volumoso de
conhecimentos de valor, que podem não se revelar em cada encarnação, no seu
conjunto.
O termo
"ignorante" é, às vezes, empregado pejorativamente, em caráter
agressivo, mas tal aplicação não encontra apoio na técnica cristã. Geralmente,
os que mais se servem de expressões contundentes para atingir o próximo são os
que mais precisam de luzes para a retificação da sua marcha. A ignorância que é
mais necessário combater é a de ordem espiritual, sem o que o mundo não sairá
dessa rotina materialista que o detém.
No trabalho,
nas atividades terrenas, todos têm oportunidade de aumentar os seus conhecimentos
dentro da profissão que exercem, e devem pugnar por aumentá-los. Procure a
criatura não ignorar coisa alguma do que disser respeito às responsabilidades
que assumir. Agindo assim estará, automaticamente, ampliando os horizontes da
mente, ganhando experiência, produzindo com mais eficiência, e colaborando com
os batalhadores das correntes do bem.
A ignorância
reflete obscuridade, cegueira e limitação. O espírito, para se sentir feliz, há
de encontrar luz: a luz da verdade, do amor, da sabedoria. O encarnado pode
mostrar-se inculto, por contingência da vida, mas sua alma também se pode
sentir iluminada pelo clarão da luz espiritual.
9. O Sofrimento
O sofrimento
está enquadrado na lei de causa-e-efeito, por ser um resultado, uma
conseqüência, um efeito, refletindo o mau uso do livre arbítrio.
As causas do
sofrimento podem ser:
1) fruto de
maus procedimentos cometidos em passado recente ou remoto;
2) descuido
momentâneo ou do mau uso do raciocínio; e
3) ocorrência
de fatos inevitáveis da própria organização da vida.
No primeiro
caso, avultam os atos da maldade humana em que o indivíduo se compraz em
praticar o mal, ou egoisticamente se beneficia do prejuízo alheio. Os
usurpadores, os mistificadores, os sensualistas, os gozadores da matéria, sem
escrúpulos e sem princípios, são os que se agrupam nessa classe de malfeitores,
que levam a vida a semear desgraças e a infelicitar o próximo, na ânsia de
acumular haveres ou de desfrutar prazeres mundanos. Esses armazenam débitos
morais pesados, que resgatam, aos poucos, em encarnações futuras, sob a forma
de sofrimentos mais ou menos cruentos, de acordo com a gravidade dos maus
procedimentos. Constantemente se observam criaturas colocadas na vida em
situações das mais penosas, martirizadas pelo sofrimento, desde os primeiros
anos da existência.
No segundo
caso, o sofrimento pode se dar por imprudência, sem que se relacione com
débitos passado. O livre arbítrio mal conduzido pode ocasionar sofrimentos de
maior ou menor duração, por ofensas, antipatias, inabilidades, irritações,
maledicências e influência do astral inferior. Nestas circunstâncias, o ser
descontrolado, sem o auxílio da espiritualidade, pode cometer falhas e erros
que o farão sofrer de imediato. Ligações com indivíduos de moral duvidosa, de
hábitos reprováveis, de conduta inferior, ocasionam sofrimento ao associado,
muito embora este não tenha feito jus a ele, senão pelo fato imprudente da
ligação indesejável. A armadilha está, às vezes, bem preparada, a ponto de a
criatura cair nela sem se aperceber e, por isso, cada qual precisa procurar
andar alerta, precavido, confiando e desconfiando, submetendo todas as questões
à análise do raciocínio sereno, imparcial, desapaixonado e lúcido. Tanto no
mundo dos negócios como na esfera conjugal, pode a criatura sem débitos
custosos unir-se a quem não deva, por diferença de caráter e de convicções, o
que lhe trará dolorosas conseqüências, pois geralmente a parte menos aquinhoada
de bons princípios instiga, insiste e age com recursos invisíveis do astral
inferior, com o que consegue o seu intento, aliando-se ao ser solicitado.
Assim, por este modo, pode a criatura de boa formação moral passar por
sofrimentos torturantes, aos quais não dera motivo, mas a que ficou exposta por
haver feito uma ligação imprópria. Comerciantes e industriais devem ver bem com
quem se associam, e os jovens precisam tomar cuidado na escolha do futuro
cônjuge.
No terceiro
caso, encontram-se aqueles sofrimentos oriundos das desencarnações de parentes
e amigos vítimas de acidentes inevitáveis, que nada têm a ver com os débitos de
cada um.
Conquanto o
sofrimento seja indesejável, vê-se, pelo exposto, que em certos casos não pode
ser abolido, e com ele terá o ser de fortalecer a sua estrutura espiritual. É
preciso saber suportar a dor como um derivativo dos fortes, e fortes todos
terão de ser, para poderem ascender a planos superiores.
O próprio
Jesus sofreu na Terra, como todos sabem, dando provas de fortaleza espiritual e
demonstrando que do sofrimento no mundo ninguém escapa, especialmente quando este
obedece a planificações superiormente traçadas em favor da espiritualização
geral.
O cadinho do
sofrimento também existe, para que nele sejam queimados o orgulho, a
prepotência, a vaidade, a presunção, a desonestidade, e assim todos os
atributos inferiores e negativos que vêm sendo alimentados pelo ser humano
carente de espiritualização.
Com esta
compreensão, o sofrimento torna-se suportável, e pode a criatura proceder de
maneira a não dar motivo a que ele se processe, quando dispensável, e para isso
só existe um meio: a boa conduta, dentro da moral. Por isso, poder-se-ia dizer
que sofre demasiadamente quem quer, porque, na realidade, o sofrimento poderia
ser consideravelmente reduzido, se os indivíduos não se preocupassem, tão
avidamente, com o presente, cheio de ilusões, fantasias e sensações efêmeras.
Uma parte das
meditações deveria estar voltada para o preparo do futuro, que é o presente de
amanhã. Com este cuidado, qualquer coisa que trouxesse sofrimento seria
prontamente evitada. O mal está em que a maioria, por falta de
espiritualização, não sabe que grande parcela dos sofrimentos do futuro tem a
sua origem, a sua causa, nos procedimentos do presente.
Esta é a
verdade que se procura levar a todos, para o bem geral; atentem para ela em
benefício próprio; sejam amigos de si mesmos; não troquem a felicidade pela
infelicidade, o bem pelo mal, a alegria pela tristeza, o saber espiritual pela
obscuridade. A conquista dos bens do espírito não é para privilegiados, que não
existem espiritualmente, mas para todo ser, em qualquer situação em que se
encontre. Ninguém está inibido de alcançar os sãos propósitos, porque, para
isso, não lhe faltarão Espíritos Superiores que o intuam. Ninguém está só. Há
uma poderosa corrente afim que une todos os seres de ideal comum, e tanto mais
forte será essa corrente quanto mais estiver firmada no princípio da evolução
universal.
O sofrimento
é, pois, condição do mundo, e precisa ser compreendido espiritualmente. Todos
devem munir-se de certa dose de estoicismo para suportá-lo e reduzi-lo em suas
proporções. Os espíritos que se encontram no Astral Superior já passaram por
grandes torturas, quando encarnados, em processo terreno de evolução; do mesmo
modo, os que presentemente se encontram na Terra, arfantes, sob o peso de sofrimento
passageiro, terão mais adiante, com a plena lucidez de espírito, a mesma
posição ideal desfrutada pelos demais, naquele plano superior.
Os Espíritos
Superiores não sofrem em seus mundos de luz, porque ali não existem as coisas
que aqui na Terra fazem sofrer; neles não há morte nem procedimentos
incorretos; a lei do amor impera na sua concepção espiritual, e as suas ternas
e afetuosas vibrações unem todos os seres num ambiente de confraternização. Os
espíritos do Astral Superior analisam o bom e o mau e uso que cada espírito
encarnado faz do seu livre arbítrio, sendo que os erros cometidos por eles não
chegam a causar-lhes dor, face à compreensão que têm das possibilidades de cada
um.
No astral
inferior não há felicidade de espécie alguma, por ser ele o espaço compreendido
pela crosta da Terra. Os espíritos que desencarnam sob o peso da angústia, do
remorso, do crime, do materialismo, da sensualidade, dos maus hábitos, da
luxúria, da rapinagem e de todos os atos desonestos, ali ficam, influenciados
por suas misérias morais até que despertem ou tais condições possam ser
modificadas.
Os espíritos
que desencarnam sob o peso das maldades praticadas na última encarnação, ficam
inteiramente perturbados e é nesse estado que são atraídos para o astral
inferior por seres igualmente criminosos e também perturbados, pelas vibrações
afins de pensamentos e sentimentos. Quanto mais tempo esses infelizes
permanecerem no astral inferior, maiores e mais dolorosos sofrimentos contraem,
para resgate futuro.
Uma alma
curtida pelo sofrimento despojou-se de consideráveis cargas negativas. Por isso
se diz que o sofrimento é depurador. Evidentemente, os que estiverem depurados
estarão suficientemente evoluídos para não sofrerem mais, nem precisarão tornar
a reencarnar neste mundo de dor.
Os
conhecimentos espirituais ensinam a suportar o sofrimento e a evitá-lo, quando
possível e desnecessário.
10. O Desperdício
É muito comum
habituarem-se as pessoas a praticar pequenos desperdícios, sob a alegação de
que o que se perde, ou se atira fora, tem pouco valor. Mas se levarmos em conta
a soma desses desperdícios que uma só pessoa faz, em cada dia, acrescentando os
das demais pessoas, veremos que essa soma atingirá a um volume de importância
considerável.
Desperdiçar é
um defeito de educação.
Há pessoas que
se servem, à mesa, de quantidade maior de alimentos do que a que podem ingerir,
depois deixam uma boa parte de sobra. Esse procedimento é repetido
constantemente nas refeições, com que revelam a falta de senso de
aproveitamento, e o muito que ainda têm que aprender.
Encontram-se
também donas-de-casa que não possuem o equilíbrio da economia doméstica, e
fazem gastos, além da medida tolerável, em produtos ou artigos dispensáveis, o
que representa, de igual modo, um desperdício de recursos.
Na arte
culinária deve prever-se o preparo dos alimentos que dêem para o número
aproximado de pessoas para as quais eles são feitos, naturalmente com certa
largueza, mas nunca em quantidade demasiada.
Quem
desperdiça demonstra não possuir boa noção de economia. No mundo nada nos
pertence, pois tudo quanto é material recebemos para administrar, e ninguém tem
o direito de dispor à vontade daquilo que provisoriamente administra.
No desperdício
é costume não ser encarada a sua devida gravidade. Não se deve fazer economia
por avareza. O avaro, na realidade, se priva das coisas mais essenciais pela
mania de acumular riqueza, fato em nada comparável ao senso equilibrado de quem
não desperdiça, pela compreensão racional de que não o deve fazer, por uma
questão de princípio espiritualista.
O ser humano
pode não admitir o desperdício, e, por outro lado, abrir mão de uma fortuna em
favor de uma obra benemérita.
O desperdício
provém, ainda, da negligência, por não se dar a criatura ao trabalho de pensar
para evitá-lo, fazendo as coisas a esmo, sem maiores preocupações. Para não se
participar do desperdício, há necessidade de observar um certo cuidado com tudo
quanto se executa, pondo o raciocínio sempre em ação e deliberar com acerto.
Nunca se deve
jogar fora o que pode ser aproveitado, pois aquilo que não serve para uns, pode
ser útil para outros. O ideal é fazer prevalecer o espírito de confraternização
no ser humano, sentindo ele prazer em favorecer o semelhante com aquilo que não
lhe seja indispensável ou apenas útil.
Na classe
pobre, onde é forçoso economizar, vêem-se colchas de retalhos, roupas
readaptadas, móveis conservados à custa de reformas e muitas utilidades feitas
com restos e sobras, aparentemente desprezíveis. A pessoa habituada a evitar o
desperdício dispõe de mais larga visão de aproveitamento do que as outras, e
sabe restituir ao uso objetos que, em outras mãos menos zelosas, estariam
condenados ao desperdício.
Não fora o
hábito do desperdício de que muitos indivíduos são useiros, a família
respectiva poderia desfrutar de melhores condições, através da restrição dos
gastos que os desperdícios forçam. Os desperdiçadores não têm consciência do
que perdem, e, por isso, não dão nenhum valor ao que desperdiçam. O que atiram
fora, de cada vez, como costuma ser de pequena monta, não lhes dá a idéia de
conjunto.
O indivíduo
inconseqüente se recebesse o seu salário de hora em hora, ao fim do mês
estaria, na certa, de bolsos vazios para saldar os pagamentos do mês. A parcela
de salário, traduzida em hora, pouco deveria representar, com o que seria
desprezada, mas acumulada, soma, e no fim do mês a quantia se torna suficiente
para as necessidades. Assim acontece com respeito ao desperdício; se fossem
acumuladas as parcelas que lhe correspondem, num só montante, veriam os
desperdiçadores, com espanto, o elevado valor que, inconscientemente,
abandonam.
O agravo moral
do desperdício é maior do que o material. Enquanto com a perda material do
desperdício, a criatura deixa de colher maior proveito, no caso espiritual, ele
aparece como débito, como fator negativo, como um gravame para o espírito. O
desperdiçador há de aprender as regras da economia; enquanto não as aprender
terá de enfrentar condições terrenas que nunca serão prazenteiras, pois as
lições que obriguem a corrigir erros renitentes são sempre duras e amargas.
No plano
Astral, onde as atividades são mais intensas do que aqui na Terra, não há lugar
para desperdícios, e os que ainda possuírem essa falha terão de buscar no mundo
físico, em encarnações sucessivas, os meios de se libertarem de tal
imperfeição.
A posição dos
desperdiçadores é mais séria do que comumente pensam, acostumados a não dar
valor ao que não traz repercussão imediata. Esta forma acomodatícia dos
faltosos é que faz com que o astral inferior esteja repleto de infelizes.
O Racionalismo
Cristão não tem o menor interesse material em dizer uma coisa por outra, já que
a sua missão é a de esclarecer, é a de dizer a verdade, para prevenir e
orientar. Todos estão num mundo cheio de perigos, de fraquezas, de dúvidas, de
sofrimentos, e há necessidade de projetar-se luz espiritual que ilumine o
caminho. Sempre existiram os que se opõem a reconhecer a realidade que se lhes
apresente, desde que esta não seja materialmente palpável pelo sentido do
espírito, e esse sentido não esteja envolvido pelas camadas densas da
incompreensão sistemática, do pirronismo ou do fanatismo.
O desperdício
representa uma falha moral do espírito, que deve ser eliminada. Procure-se
atacar esse mal, o quanto antes. Tarefa adiada, corresponde a tempo perdido.
Convém meditar neste aspecto do comportamento terreno. Haverá, por acaso, algum
prejuízo em aniquilar o mau hábito do desperdício? Os que ignoram que são
desperdiçadores, façam um exame de consciência; estudem-se, e sejam justos
consigo mesmos. Ponham de lado os argumentos de defesa, quando forem forjados
artificialmente. A sinceridade tem de ser conclamada, para a verdadeira
definição do que se procura. Os que já abandonaram o costume do desperdício,
estão trilhando no caminho da espiritualidade, irmanados com as virtudes que
nesse caminho se desenvolvem, com esforço, abnegação e renúncia.
O desperdício
chega a ser uma afronta, um desrespeito, um acinte para aqueles que vivem num
estado de carência. Portanto, no seio da família humana, devem ser evitados os
choques morais, que sempre causam inconformações, fazendo-se o possível para
que a harmonia de pensamentos fortaleça a ação de todos e se procure
estabelecer, com a ajuda de fórmulas espirituais, um critério de igualdade
substancial capaz de equilibrar aquele conceito de ação renovadora que, sem
exceção, toca as almas de todos os indivíduos, por igual. A supressão do
desperdício é um derivativo da compreensão superior aplicado em comum,
generalizadamente, no concerto das atividades humanas.
11. O Fanatismo
O fanatismo é
uma obsessão. Apaixona-se o indivíduo por uma idéia, por uma cor política, por
uma crença, enche-se de excessivos ardores pela sua causa e quer que os demais
pensem e sintam da mesma maneira. Intolerante quanto ao ponto-de-vista
divergente, inflama-se quando contrariado na sua particular interpretação.
Não há duas
unidades exatamente iguais no mundo, assim como nem dois modos iguais de sentir
os fatos. Cada qual tem as suas experiências próprias, e são elas que estabelecem
as cores de cada cenário, o qual varia de criatura para criatura.
As idéias
devem ser lealmente apresentadas com lógica, base e respeito ao pensamento
alheio, e as concepções diferentes dos demais, nem por isso deverão ferir o
conceito da amizade. Pelo princípio da liberdade, tão disputado no gênero
humano, cada um pensa como quer, sente como melhor lhe agrada e vive como lhe
convém, sem se sentir coagido pelo semelhante a aceitar esta ou aquela fórmula
restritiva da sua vontade independente.
O Racionalismo
Cristão propaga a sua Doutrina; expõe os seus ensinamentos. Os que acharem que
eles estão de acordo com o seu modo de ver e entender, que os ponham em
prática.
Em todos os
setores da vida humana, deve ser adotado esse critério, como resultado de uma
boa compreensão acerca dos direitos de todos. O que se deverá fazer, sempre que
possível, é esclarecer, orientar, dar, quando solicitado, o seu depoimento
pessoal, para as criaturas poderem construtivamente seguir o melhor caminho.
Não é preciso
procurar ninguém para incutir-lhes egoisticamente pensamentos próprios. Quem
quer saber, procura os meios. As vibrações da Inteligência Universal se
estendem por toda parte, e pelas leis da afinidade os encontros oportunos se
fazem, quando uma alma deseja ardentemente conhecer a Verdade ou o caminho
certo.
Uma das
características do espiritualista é a ausência de fanatismo; este, mais do que
nenhum outro, sabe que os fatos se sucedem na ordem natural. Os indivíduos
mal-educados forçosamente demonstrarão o seu estado rude e grosseiro, mas
quando deixarem de ser mal-educados poderão atingir, em requintes de
aprimoramento, as mais atraentes qualidades de fino comportamento. Mas isso não
se dará numa existência e, sim, ao correr delas. Portanto, dê-se tempo ao
tempo. Desenvolvam-se, pacientemente, as inclinações saudáveis do espírito.
Isso se consegue aos poucos, com o poder do raciocínio e da razão.
O raciocínio e
a razão opõem-se ao fanatismo e seguem, em paralelo, com a espiritualidade. É
forçoso reconhecer que o fanático não se considera como tal, e até se ofende se
alguém o classifica nessa categoria. Isto porque todos olham para o exterior,
quando mais necessário seria o exame imparcial e introspectivo.
Na política,
no esporte futebolístico e nas religiões é que se encontram os mais ferrenhos
fanáticos. Os políticos, absurdamente, consideram "inimigos" os que
têm flâmulas diferentes. No esporte futebolístico, chega-se a reprimir,
agressivamente, os entusiasmos alheios; nas religiões, especialmente nas
denominadas cristãs, vai-se ao cúmulo de ter pena de quem não professa a sua
mesma crença, por julgá-lo um condenado às trevas!
O fanático tem
idéias limitadas, é egoísta, presunçoso, convencido, impertinente e vê as
coisas como se estivesse munido de um antolho, que lhe permite perceber apenas
uma faixa do cenário que o cerca.
Ao contrário
disso, o espiritualismo estimula no indivíduo as idéias largas, os pensamentos
altruístas e a visão dilatada de todas as coisas. O espiritualista é pacífico,
reconhece que todas as almas, encarnadas ou não, são componentes de um mesmo
Todo, a caminhar para uma única meta, que é a perfeição. Se, por um lado, o
espiritualista não faz alianças com quem se volta contra as práticas da
virtude, por outro lado, não hostiliza, não se imiscui com as suas
preferências, na certeza de que o tempo, com a sua ação, há de produzir os seus
irreprimíveis efeitos.
Os fanáticos
colocam a amizade muito abaixo da sua paixão partidarista. Estão prontos a
sacrificá-la, quando sentem que o amigo é de outra corrente. Agem
decepcionantemente. As qualidades negativas vêm à flor da pele, ao menor
contato. Revelam-se, assim que se apresente a ocasião, por onde se vê que o
fanático tem de desprender-se de muitos atributos inferiores, antes de lhe ser
possível revelar aqueles dons espirituais e excelsos que definem a natureza
verdadeiramente cristã.
O fanático é
um candidato a permanecer no astral inferior, após a sua desencarnação. Os seus
atos de injustiça, a sua conduta mesquinha, a sua associação com os espíritos
obsessores, estabelecem elos de grande consistência para mantê-lo atido àquele
ambiente de inferioridade e perturbação.
Combater o
fanatismo é um dever e uma obrigação, logo que se reconheça nele um grande mal;
combatê-lo em pensamento, em auto-educação, exercendo a força de vontade e a
ação controladora. O combate, porém, tem de ser feito pelo próprio fanático, em
contra-marcha resoluta e consciente. Os que tiverem boa índole e boa formação
moral, conseguirão libertar-se com mais facilidade dessa manifestação obsessora.
Os espíritos
obsessores que povoam o astral inferior, são também fanáticos. Cada qual tem a
sua espécie de fanatismo, mas todos estão igualmente dominados por idéias
fixas.
Fanatismo e
espiritualismo são duas correntes antagônicas que não se misturam, não se
entrosam, muito embora fanáticos religiosos vivam na ilusão de que são
fervorosos adeptos do cristianismo.
Os
espiritualistas que, por dever de dedicação à sua causa, voluntariamente se
propõem a auxiliar a remover, de onde se encontram, esses infelizes espíritos
perturbados e perturbadores do astral inferior, são testemunhas do estado
deplorável em que ali se acham aqueles fanáticos religiosos desencarnados.
O Racionalismo
Cristão, desejoso de que todos se conduzam pelo caminho da espiritualidade,
empenha-se pela extinção do fanatismo, num esforço ingente de esclarecer, à luz
da Verdade, o meio eficaz do indivíduo dele se libertar. Esse trabalho é feito
desinteressadamente, só prevalecendo aquele desejo de ver reformado o panorama
do mundo e transformado o materialismo entorpecente, em espiritualismo
renovador.
Como o
fanatismo é um dos grandes males que assolam a humanidade, convém pô-lo em
relevo para despertar o interesse pela sua descoberta. Trate cada um de fazer
um exame introspectivo, analisando a sua atuação no meio em que vive, para ver
se descobre alguma coisa que signifique intolerância, intransigência descabida
e, por fim, fanatismo.
Assim como o
corpo físico manifesta a enfermidade quando a doença está presente, também o
estado psíquico demonstra se o ser está ou não enfermo. O fanatismo é uma
enfermidade psíquica, aguardando a cura, e esta, quanto mais cedo puder ser ela
tratada, melhor. As curas do espírito poderão ser conseguidas por meio da
espiritualidade, e também por ela evitados os seus males.
Viver fora do
caminho da espiritualidade é expor-se, continuamente, a todos os riscos de que
o mundo está impregnado, muitos dos quais tenebrosos. As cadeias e os
manicômios são disso a melhor prova. Mas, fora delas, há, ainda, um número maior
de criminosos e perturbados, articulados uns e outros, na maioria, pelo
fanatismo.
Lamentavelmente,
pouca importância se procura dar ao fanatismo, pela ignorância dos grandes
males que ele produz. A origem dessa ignorância está no desconhecimento, quase
geral, da vida fora da matéria e das leis que regem a evolução. Fossem pelas
seitas, que a si avocam a legenda cristã, divulgadas as responsabilidades que
pesam sobre cada um, concernentemente à obrigação de viver na Terra nos moldes
da verdadeira moral, com as vistas voltadas para os compromissos assumidos em
Plano Astral, e não chegariam os seres terrenos a envolver-se nas inferiores
malhas do fanatismo.
12. Os vícios
O astral
inferior está repleto de espíritos que adquiriram vícios, quando encarnados, e
na situação em que se encontram, dispõem de um só meio de satisfazê-los: é o de
se encostar aos seres encarnados, também viciados, para junto deles, em ação
vampiresca, se saciarem, associando-se intimamente os seus corpos físicos e os
seus sentidos.
Assim, o que
foi jogador inveterado põe-se junto à mesa do jogo, encostado àquele por quem
nutre maior simpatia, passa a intuí-lo, para que faça os lances que lhe
aprazem, e "ruge", enraivecido, quando as intuições não forem
captadas como deseja. Outros espíritos, igualmente viciados no jogo, passam a
influenciar outros jogadores encarnados, e a peleja astral em torno deles segue
renhida, estimulada por impropérios e imprecações. As figuras dos espíritos do
astral inferior costumam ser de repelente aspecto, vítimas dos pensamentos que
acalentam, engendrados na lama pestilenta do vício.
Idêntico
fenômeno se opera com os espíritos do astral inferior que, quando encarnados,
foram alcoólatras ou se sentem ressequidos e com um desejo incontrolável de
ingerir bebidas fortes e embriagantes, a que se acostumaram, e, para satisfazer
esse desejo, se apegam aos ébrios do plano físico e de tal forma conseguem
justapor o seu corpo astral ao corpo físico do encarnado, que passam a sentir,
como se encarnados estivessem, o sabor do álcool e o efeito atuante da bebida
ingerida. Deste modo se satisfazem e continuam alimentando o vício.
Assim também
acontece com os que fumam ou se entregam a qualquer outro vício. Há vícios
maiores e menores, mas são sempre vícios. Os espíritos viciados do astral
inferior estão sempre próximos dos encarnados, à procura daqueles que possuam
vícios iguais aos seus. Os que não têm vícios não lhes interessam, ficando,
assim, livres dessa péssima assistência. Por aqui se vê quanto os seres
encarnados, possuidores de vícios, estão expostos a um duplo malefício: o de
ordem material e o de ordem moral, ficando sujeitos não só à ação perniciosa e
destruidora da saúde e da resistência física, como a receberem as contaminações
de duas origens de obsessores, seja pela acumulação de fluidos deletérios, seja
pela ressonância de vibrações inferiores.
O viciado é,
pois, um pólo de atração das forças inferiores; ele as alimenta, as mantém em
torno de si, recebe as suas intuições e acaba modificando o seu modo pessoal de
ser para tornar-se um reflexo delas, em suas manifestações.
O vício é um
dos promotores do suicídio lento, por contribuir, direta ou indiretamente, para
o encurtamento da vida, uns atingindo frontalmente a estrutura orgânica do
indivíduo, outros corroendo a alma e produzindo manchas no perispírito, que só
no curso de outras vidas irão desaparecer.
O viciado, de
um modo geral, não escapa ao estágio no astral inferior, após a desencarnação,
por estar o seu corpo astral impregnado de efeitos do vício e só no astral
inferior existir formas vibratórias suficientemente baixas para absorver tais
efeitos, o que se dá num tempo mais ou menos longo, conforme a natureza do
vício, a sua intensidade e os males que produziu.
O vício é,
pois, um hábito pernicioso que leva o espírito a sofrer os danos morais e
físicos dele decorrentes, com os quais muito retarda a sua evolução. A
permanência de forças astrais inferiores junto à pessoa do encarnado
predispõe-na a adquirir manias, a contrariar os bons princípios, a indispor-se
com terceiros, a perder a capacidade de ação própria de pensar e agir com
independência, a tornar-se intolerante e enfadonha, deixando escapar as
melhores oportunidades da vida. Numerosas infelicidades que poderiam ser
evitadas, ocorrem na vida, em conseqüência da ação funesta do astral inferior.
Logo, é profundamente condenável todo e qualquer costume que proporcione
contato com esses espíritos infelizes da baixa camada atmosférica, que não são
visíveis aos olhos da carne, mas que são tão reais como os demais seres
encarnados.
O vício
alquebra o vigor espiritual, pela razão de sintonizar-se com correntes
contrárias, impedindo, assim, que tal vigor se manifeste com a sua maior
potencialidade. Quem não estiver ao lado do bem, está, infalivelmente, ao lado
do mal, porque não há ponto intermediário neutro para a pessoa se colocar no
torvelinho da vida; como o vício não está do lado do bem, por motivos óbvios,
está do lado do mal, e, conseqüentemente, também está do mesmo lado quem
estiver submetido a ele.
Combater o
vício é, pois, um dever cristão, que precisa ser reconhecido e aplicado, sem
condescendência. Ele se infiltra, traiçoeiramente, nas criaturas desprevenidas
que não se dão ao hábito de raciocinar sobre seus riscos e inconvenientes,
apoderando-se delas, é estas passam a defendê-lo, depois, para justificar o seu
avassalamento.
Olhando o
aspecto econômico da questão, atua o vício como fator de desperdício. Ao
tomar-se, para exemplo, o vício do fumo, constata-se que o dinheiro gasto numa
existência humana com esse vício, levando-se em conta as fórmulas normais de
capitalização e admitindo-se que, diariamente, fosse depositada, em organização
bancária, a importância dispendida com ele e seus acessórios, daria em média
por pessoa fumante, o necessário para adquirir uma propriedade, ou seja, uma
residência para os seus herdeiros. É um valor econômico apreciável que cada
viciado no fumo queima, diariamente, em prejuízo da família e, sobretudo, da
saúde.
Depois de
desencarnado, pode o indivíduo saber — e saberá na certa — exatamente quanto
desperdiçou durante a vida terrena com o vício que manteve, já que todos os
atos, por menores, por mais insignificantes que sejam, ficam indelevelmente
registrados. Verá então quais os benefícios que deixou de prestar aos seres
seus afins ou colaterais dependentes, pelo desperdício causado pelo vício. Os
ricos, que são mantenedores de vícios, hão de ver que não estiveram à altura de
fazer bom uso da riqueza, e poderão preparar-se para uma nova existência de
pobreza, quando melhor verificarão quais as aplicações que devem ser dadas às
riquezas.
O indivíduo
que gasta os seus recursos com o vício não tem o direito de reclamar que ganha
pouco e que o dinheiro não chega.
Uma vez que na
senda da evolução cada um deve esforçar-se por não ter apego às coisas
terrenas, de modo algum há de andar jungido ao vício, que é o mais lamentável
de todos os apegos.
As pessoas
fúteis têm uma inclinação acentuada pelo vício, e quando não se deixam arrastar
pela atração do ópio, da cocaína, da maconha, entregam-se à do fumo, muitas
vezes por parecer-lhes um hábito elegante. De elegantes desse tipo está repleto
o astral inferior.
Estas
advertências objetivam alertar o espírito dos bem intencionados para que
meditem sobre o caso, e se disponham a preparar dias melhores para o futuro,
nos quais não devem constar registros de práticas viciosas. Para entrar no
caminho da espiritualidade, uma das condições é a de poder sentir repugnância
pelo vício, desprezá-lo, mantendo-o à distância. A aversão pelo vício é uma
questão de princípio, de formação moral, de compreensão espiritual.
Todos os
acontecimentos na vida têm a sua origem e são dependentes da lei de
causa-e-efeito. Os vícios são o efeito, e a causa é a falta de conhecimento da
vida espiritual.
Os vícios
terão de desaparecer com a evolução dos seres; eles atestam, enquanto
prevalecem, condições deficientes no estado evolutivo. É indispensável que a
criatura reconheça essa inferioridade, antes de poder desejar a sua extinção. A
campanha contra o vício não poderá esmorecer. Aqueles que estiverem seguros de
que o vício constitui um erro de conduta na Terra, devem opor-se à sua
sobrevivência, sempre que a oportunidade se apresente. A toda criatura assiste
o dever de combater os males, e o vício é um deles. Não se pense,
egoisticamente, que o mal que não nos atinge não nos deverá preocupar. Todos
somos membros da grande família humana, e é preciso zelar pela sua integridade.
13. As Ilusões
Há pessoas que gostam de viver
na ilusão. Dizem que ela faz esquecer a realidade dura da vida. Não pensam que
um dia virá a desilusão, e que esta é, muitas vezes, dolorosa.
Poderiam alimentar a ilusão
das coisas se a vida fosse, apenas, esta passagem efêmera pela Terra, no curso
de uma única encarnação. Se, depois da morte, não houvesse mais nada do ser, se
tudo acabasse para sempre, nessa ocasião, se prevalecesse a teoria materialista
que admite que com o falecimento do indivíduo nada mais dele resta, então não
chegaria a haver a desilusão, após o desenlace, e a ilusão seria cultivada como
um diletantismo qualquer.
Mas para quem conhece a vida,
na sua expressão real, a ilusão é uma mentira que se descobre, é um engano que
se desfaz.
A matéria muito ilude os
sentidos, e, por isso, a espiritualização é indispensável para focalizar a
Verdade. Grande ilusão para o espírito encarnado é aceitar a sua forma física
como sendo o Eu real. Em cada encarnação o espírito toma um corpo, normalmente
sem semelhança com o da vida anterior. Quantos senhores sisudos em uma
encarnação teriam sido folgazões em existências anteriores. Há necessidade de
mudar de sexo, do feminino para o masculino e vice-versa, sempre que, para
favorecer a evolução do espírito, essa medida se imponha.
Avalie-se que em milhares de
encarnações, milhares de corpos diferentes serviram de veículo ao mesmo
espírito. No entanto, quando se vê uma pessoa ou se pensa nela, a tendência é
imaginar que essa pessoa é o que é através do que demonstra fisicamente.
Este é, por certo, o aspecto
ilusório mais impressionante que o ambiente terreno projeta aos olhos da
matéria. Não há outro meio de conservar-se a imagem do semelhante senão pela
forma física, enquanto se habitar este planeta. É uma condição do mundo Terra,
obediente às leis para ele estabelecidas. Esse fato, porém, não impede que o
espiritualista conheça a verdadeira situação não dando força ao quadro
ilusório.
Há outros aspectos que levam o
indivíduo à ilusão. Entre esses pode-se destacar o caso das riquezas terrenas,
em que o ser se sente apegado a elas, como se fizessem parte de sua própria
natureza. Dessas riquezas derivam o luxo, a arrogância, o fausto, a
prepotência, a grã-finagem, a ostentação, o orgulho, o desdém pelo semelhante,
além de uma série de outros atributos negativos que giram em torno de um centro
equipado de plena decoração ilusória.
A medida que a criatura se vai
espiritualizando, põe de lado as velhas crenças materialistas que ofuscam o
intelecto com o brilho ilusório de uma fantasia imaginária.
Cumpre sair desse torpor,
responsável por tantas encarnações perdidas. De nada serve andar o ser a
apregoar virtudes, se não sai do mundo da ilusão, se não chega a compreender a
Vida como ela é, e se não desperta para o espiritualismo.
Cheios de ilusão estão aqueles
que dizem que vão para o céu, que pensam estar com os seus crimes, faltas e
erros perdoados, que negam a reencarnação, que acreditam que, após a morte, vão
ao encontro de Deus, que os espera, misericordiosamente, sentado num trono.
Só se pode combater a ilusão
onde ela exista. Assim, a Terra é um lugar apropriado a esse combate. As
vitórias surgem dos combates, e, por isso, é combatendo a ilusão que se chega a
aniquilá-la. Para dar-se combate ao inimigo é preciso saber onde ele está, do
mesmo modo é necessário reconhecer a ilusão, para desfazê-la. É vencendo a
ilusão que o indivíduo adestra o seu raciocínio, expurga-se das falsas crenças,
adquire desenvolvimento espiritual e firma-se nas melhores conclusões.
Fala-se em doce ilusão, em
ilusões fagueiras, linguagem usada pelos poetas, que andam, quase sempre, com a
alma dilacerada de dor. Realmente, a ilusão e a dor caminham de mãos dadas pela
mesma estrada. Nada há que mais faça sofrer do que a ilusão da morte. A
criatura se sente iludida pela idéia de que ela traz uma separação eterna, que
destrói, para sempre, uma amizade, um afeto. Se a ilusão e a dor não andassem
de mãos dadas, a chamada morte não teria feição tão dramática.
Livrar-se da ilusão, de todo,
ninguém pode neste mundo ilusório por natureza, assim como ninguém atinge nele
a plena espiritualização.
A evolução continua em outros
planos mais elevados, e mesmo assim, aqui na Terra, grande progresso pode ser
conseguido no trato das ilusões. Convém abatê-las onde estiverem, onde forem
descobertas, para que se reduzam ao mínimo os seus perniciosos efeitos.
Vale a pena empregar todo
esforço nesse sentido, pois é conquista que se não deve desprezar. O importante
é não deixar prevalecer qualquer fascínio no terreno envolto na capa da ilusão,
em contraposição à consciência real das coisas e dos fatos.
No plano Astral, onde a vida
espiritual se generaliza, não há ilusões, e por isso a felicidade ali tem outra
expressão, que o mundo Terra não revela. Para fortalecer o espírito, é preciso
encontrar aquilo com que lutar, e a ilusão é uma das armas contrárias, pelo que
deve ser derrotada.
Os que verificarem que foram
iludidos, sentir-se-ão como que atraiçoados, feridos na boa-fé, circunstância
que obriga o indivíduo a manter-se vigilante, em estado de alerta, precavido e
disposto a fazer investigações. É de investigação em investigação que se chega
a conhecer a Verdade, transpondo os umbrais da ignorância e da ilusão.
Veja-se o doloroso quadro dos
desiludidos, dos que teceram fantasias e as viram destruídas, dos que basearam
as suas esperanças nos frágeis moldes da ilusão. Ilusão é ver as coisas pelo
lado irreal; é colocar-se do lado oposto ao da Verdade. Andar pelo caminho da
ilusão, é pisar onde não há consistência, é arriscar-se a submergir.
Quantas almas encarnadas
arruinaram a sua carreira indo atrás da ilusão, sem pensar, sem raciocinar, mas
deixando-se atrair pelas suas enganosas miragens. Quando o ser encarna, vem com
o propósito de não se entregar às ilusórias manifestações mundanas, mas, aqui
chegando, abandona-se aos convites emocionais terrenos, e cerra os ouvidos às
conveniências do espírito.
A ilusão tenta, enquanto a
realidade nem sempre é convidativa. Se o demônio existisse, poder-se-ia dizer
que a ilusão é a sua arma. Mas, na realidade, a ilusão satisfaz os sentidos
físicos e a imaginação sonhadora.
Quem não sonha de olhos
abertos, não tem ilusões nem é um desiludido, e, sim, um realista, um
evolucionista, um ser que se encaminha para planos mais elevados, em que o
aperfeiçoamento continua, sem necessidade de lutar contra ilusões já
sepultadas.
Despertar para a realidade,
abatendo as ilusões, é ganhar terreno no campo da espiritualidade, é consolidar
o patrimônio moral, é enriquecer-se de conhecimentos sábios e úteis, e
conquistar mérito para a promoção a classes superiores na jornada eterna.
14. A Leviandade
Os indivíduos de vida equilibrada procuram, por
todos os meios, evitar atos de leviandade. Para isso, é preciso controle de
raciocínio, senso alto de responsabilidade, hábito formado de respeitar o
próximo, acatamento invulnerável à dignidade humana.
Alguns cometem atos de leviandade simplesmente por
desleixo, por abandono de si mesmos a um vago modo de encarar os panoramas da
vida terrestre.
A criatura pode mostrar-se leviana na maneira de se
pronunciar, de se revelar e de agir. Ao expressar-se, nunca deve ofender a
moral com conceitos repudiados pela sociedade, numa liberdade de linguagem
comprometedora dos bons costumes.
Quanto ao modo leviano de agir, os conseqüentes
agravos para a alma são ainda maiores. A decomposição dos lares tem a sua
origem, quase sempre, em atos levianos. De leviandade em leviandade, chega-se à
corrupção, se não houver uma reação pronta e contrária que altere o rumo dos
acontecimentos em marcha.
Nem todos andam preocupados em não cometer atos
levianos; se a oportunidade passar ao seu alcance, não deixam de aproveitá-la,
afundando-se, em seguida, na lama da concupiscência.
Nenhum ser, antes de encarnar, deixou de trazer
consigo o propósito de não cair na fraqueza da leviandade, em cuja armadilha só
se prendem os que não fazem uso dos poderes espirituais inatos que, em qualquer
tempo, se quisessem, poderiam deles se valer.
Se as leis espirituais permitissem que as criaturas
encarnassem sem possibilidade de se defenderem, com êxito, das artimanhas do
mundo, seriam insensatas. Como, no entanto, ninguém pode admitir esse absurdo,
fica evidente que os que caem, que baqueiam, que se afundam no trajeto da
existência terrena, são vítimas de si mesmos, da sua falta de atenção, da
indolência mental que adquirem com o mau uso do livre arbítrio.
Viver despreocupadamente, como se não tivessem
obrigações nem deveres, só porque o dinheiro lhes dá o que o desejo sugere, é
mal de muitos, e desse engano terão de sair, para o seu bem, à custa de lições
apropriadas que o futuro se encarregará de dar. É justamente dessa
despreocupação que surgem os momentos perigosos, quando o indivíduo escorrega
no limo da leviandade.
Qualquer ato desonesto é leviano, e atesta
insanidade moral e incapacidade voluntária de reagir contra a decomposição que
se opera no patrimônio espiritual do ser.
A leviandade é destruidora, negativista,
desmoralizadora. Para vencê-la, precisa a criatura colocar-se em posição
contrária a ela, sem se descuidar, sempre alerta, para não ser surpreendida por
lances furtivos e imprevistos.
A reeducação do espírito se faz pela leitura e
meditação. Leiam-se obras escolhidas, de cunho espiritualista, como as que o
Racionalismo Cristão oferece, e ponha-se em prática o que se aprender, que é a
única maneira de se atingirem os resultados desejados.
Aqui estão focalizados os efeitos maléficos da
leviandade, doença psíquica incômoda, perniciosa, devastadora. O indivíduo
leviano é boicotado, afastado, inutilizado. Os que sentem a inferioridade do
estigma leviano, não querem familiaridades com seres dominados por essa falha.
A aproximação do leviano traz o risco de causar prejuízos, desgraças, desgostos
e sofrimentos.
A leviandade é uma debilidade moral que se formou
geralmente em encarnações distantes, sem ser combatida, durante muito tempo,
dando, como resultado, fixar-se na alma com traços mais ou menos fortes. A
terapêutica espiritualista, que não foi aplicada, nos séculos passados, é que
pode dar cabo desse desequilíbrio psíquico, pelo escasso conhecimento dessa
disciplina. Na realidade, a humanidade tem vivido, até agora, em completo
desconhecimento de causa.
É uma leviandade incutir no espírito das criaturas
idéias falsas de céu e inferno, com o subalterno intuito de, à custa de
dinheiro, exercitarem ofícios que, enganosamente, promovam ou a entrada nesse
céu fantástico, ou o esquivamento do terrífico inferno.
A leviandade impera por toda parte, na razão direta
da ausência da espiritualidade. Por isso estão cheias as prisões e são precisas
legiões de policiais para manterem a ordem, a fim de evitar maiores desatinos
provocados por atos levianos.
O indivíduo deverá habituar-se a pensar antes de
falar, antes de agir, sempre afinado com o desejo de ser agradável e útil ao
seu semelhante, em lugar de empregar termos grosseiros, de baixa vulgaridade.
Cada um deve procurar educar-se a si mesmo, sem
necessidade de esperar que outros lhe apontem as falhas. É necessário ver onde
está o erro na sua conduta para, então, tratar de suprimi-lo. O leviano traz
consigo a forja em que se manipulam os erros. É possível ao leviano deixar de o
ser, corrigindo energicamente o seu modo de proceder. Basta que se disponha a
não mais ser leviano, e essa decisão firme será uma barragem, um obstáculo de
oposição a esse mal.
O ser, como partícula inteligente que é da Força
Criadora, tem em si atributos que podem ser utilizados para o bem, bastando que
se disponha a fazer uso deles: são a força-de-vontade, a coragem, a capacidade
de controle, o valor, a independência moral, o caráter, a nobreza de
sentimentos e a vocação espiritualista. Desde que esses atributos estejam sendo
usados com o fim de desenvolvê-los, não haverá mais leviandade que se possa
manifestar.
Uma vez que se saiba que os atos levianos produzem
manchas no espírito que precisam ser lavadas depois, quase sempre em outras
vidas, com dores morais cruciantes, não se justifica que a criatura, por
teimosia ou indiferença, queira manter-se nessa falsa posição que lhe trará tão
angustiantes transes em caminhadas futuras.
A vocação para seguir pelo caminho da
espiritualidade todos possuem, porque todos são espíritos; o mal está em que
muitos não querem reconhecer essa verdade, e preferem só acreditar naquilo que
podem apalpar, presos a um conceito puramente materialista, que é o principal
responsável pela incidência da leviandade.
Sob todos os aspectos, só há segurança para os que
se encontram encarnados se não formarem um cabedal de falhas e erros evitáveis
e se decidirem a viver de acordo com as normas espiritualistas muito bem
codificadas nos verdadeiros princípios cristãos.
O Racionalismo Cristão possui tais normas
codificadas, que podem ser encontradas em suas obras. Ninguém, que as ponha em
prática, deixará de aproveitar integralmente a sua encarnação, porque não
criará nódoas para limpar no futuro, e ao penetrar no seu mundo de luz, após o
desenlace físico, terá a satisfação de ver cumpridas as suas obrigações
terrenas e resgatados os seus compromissos. Esse fato lhe proporcionará meios
de alcançar o nível imediato e superior de evolução.
Quando for incapaz de cometer atos levianos e tiver
fortalecida a sua estrutura espiritual por outras práticas de valor moral, a
criatura poderá fazer jus a prosseguir na sua rota evolutiva, em meios mais
adiantados, amenos, em que desfrute de maior felicidade.
Esses alvissareiros informes não devem ser
desprezados, pois se todos andam em busca de maior felicidade, nada mais
razoável do que aceitar o caminho que se lhes indica, para satisfazerem as suas
aspirações.
O que profundamente se deseja é que todos encontrem
essa almejada felicidade, e que não seja mais preciso usar o sofrimento como
meio de conduzir os seres ao espiritualismo, e mais: que os ensinos da moral se
concretizem na Terra, e todos possam estimar-se, viver em congraçamento,
fraternalmente unidos, solidários, com amizade, respeito e amor.
Por isso é que afirmamos que a felicidade existe.
15. A Injustiça
Os indivíduos apaixonados por um partido, por uma
causa ou uma ideologia, tomam-se parciais, perdem a visão de conjunto para
fixar a sua atenção somente na parte que lhes interessa. Nessas circunstâncias,
os julgamentos são unilaterais, cometendo-se a injustiça de apreciar, sem
isenção de ânimo, o outro lado da questão.
Ninguém se deve apaixonar por coisa alguma, porque a
paixão domina o indivíduo que a possui, tira-lhe a serenidade, afeta-lhe o
sistema nervoso, acalora, exalta, choca-se contra outras opiniões, estimula a
intolerância, vai até à irascibilidade, passa por cima de amizades, limita a
capacidade de entendimento, ofusca a lógica e a razão e favorece a atuação astral
inferior.
É sob o jugo da paixão que se cometem as mais graves
injustiças, ferindo direitos, fomentando intrigas, levantando calúnias,
conspurcando a honra e cometendo crimes. A paixão se manifesta nas contendas
políticas, nas questões de raça, no regionalismo estreito, no nacionalismo
exagerado, nas crenças religiosas, nas disputas esportivas, nas jogatinas e nos
ardores sexualistas.
Em todos esses aspectos, o indivíduo torna-se,
quando se apaixona, um cego para a justiça, porque apenas vê, diante de seus
olhos, a imagem egoísta do seu desejo pessoal e incontrolado.
A injustiça que se comete pelo mundo está
intimamente ligada à maneira estrábica de apreciar os fatos, através da
deformação dos sentidos transformados.
A injustiça é uma conseqüência da lei imutável de
causa e efeito, tendo a sua origem nos fundamentos materialistas em que,
lastimavelmente, se apóia o próprio ensino.
O senso da justiça é inato no indivíduo, tanto que
desde pequenino ele o revela, em suas manifestações ingênuas e espontâneas. O homem
nasce para ser justo em todas as suas ações, e só por uma perversão da índole,
deixa de conservar esse salutar princípio.
Desde o amanhecer na vida física está o ser
preparado para colher as lições de espiritualidade, mas encontra no mundo mais
facilidades para desenvolver as qualidades negativas que traz consigo, e são
tão precárias as orientações nas ordens sectaristas, que o resultado é esse que
todos vêem, o de encontrar-se a humanidade mergulhada nesse mar de emoções
materialistas, em que o respeito aos atos de justiça são relegados a segundo
plano.
Não há quem não tenha sofrido no mundo injustiças,
tantas são as causas que as determinam. A principal delas, contudo, a que
envolve todas as demais é a falta de dedicação às coisas do espírito. Por isso,
para melhorar as condições terrenas, só há uma solução que é a de se seguir
pelo caminho da espiritualidade.
As injustiças fazem sofrer, porque ofendem, diminuem
o valor, usurpam, desclassificam, lesam e provocam um ressentimento que custa a
ser esquecido. É por isso a injustiça um procedimento agressivo, malévolo,
muitas vezes gerado pela prepotência.
A pessoa injusta, além de não ser atraente,
apresenta traços de algoz. Antes de perder o indivíduo essa má inclinação de
resolver os casos pela prática da injustiça, terá de reformar outros defeitos
associados, pois que nesse estado a sua formação moral deixa muito a desejar.
Falhas dessa natureza devem ser focalizadas com o
fim de melhor serem percebidas e eliminadas, antes de corroerem mais
profundamente a alma, com ação devastadora. Injustiça praticada é dívida
contraída que não prescreve até ser resgatada.
Nota-se entre o professorado, especialmente do
ensino primário e secundário, mais no âmbito das escolas particulares do que
nas oficiais (pois aquelas visam lucro e por isso procuram educadores que se
contentem com baixa remuneração), que alguns não têm grande senso de justiça.
Os alunos estranham essa falha, que os atinge diretamente. Professores sem o
suficiente preparo pedagógico e psicológico exercem a profissão menos por
vocação, do que por necessidade financeira, e atuam no magistério como se
executassem uma tarefa de rotina vulgar, sem maior sentido, quando o ensino
exige dons especiais na aplicação da sua disciplina.
Quando o aluno é um tanto arteiro, é punido com
notas baixas; quando se tomam de antipatia por ele, castigam-no nos exames,
apresentando-lhe questões que, de antemão, sabem que não vai responder. É o
espírito da injustiça que nestes casos está trabalhando a mente do educador. Os
exames são feitos para apurar o grau médio da aprendizagem, e não o máximo. Não
são poucos os seres que entram em contato direto com o injusto proceder humano,
logo na infância, ao iniciarem a vida ativa nos bancos escolares.
Por aí se vê quantas reformas precisam ser
introduzidas na estrutura espiritual das pessoas, para que a injustiça deixe de
ser um procedimento tão comum. A injustiça é um reflexo do estado mental
inadaptado ao meio, pelo desconhecimento do que é a vida, em suas
manifestações. Desconhecer o que é a vida, é ignorar o ser humano a sua própria
constituição espiritual.
Neste livro, são salientados os atributos que devem
ser cultivados para que se verifique uma boa marcha no caminho da
espiritualidade, focalizando-se o senso da justiça, inato no indivíduo, que as
crianças sentem antes de possuírem amplo discernimento dos fatos, e que se
degenera por falta de apoio moral no seio de uma humanidade materializada.
O trabalho do Racionalismo Cristão é hercúleo, por
ter de enfrentar barreiras gigantescas do formalismo dogmático que brutalizaram
as mentes humanas, imbuídas que ficaram de imagens grotescas de ídolos
imaginários e fanatizantes. Hoje, para esboroar essa carcaça montada com a
força do pensamento materializado de milhões de indivíduos, é preciso contar
com a ajuda eficaz dos Espíritos de Luz do Astral Superior, que superintendem,
na Terra, a ação cristianizadora do Racionalismo Cristão.
Esse estado de inferioridade que gera, entre outras
mazelas, a injustiça, não durará para sempre, porque atuação segura já se está
desenvolvendo no planeta com a edição e difusão de obras saneadoras, com ação
doutrinária, com os trabalhos de higienização da atmosfera terrestre e com a
revitalização dos pensamentos.
Como diz o preceito cristão "não faças a outrem
o que não queres que te façam", assim deve ser a conduta na vida, cem por
cento em obediência a essa sábia recomendação. Se o injusto não quer que lhe
façam injustiças, deve ser o primeiro a disciplinar-se para não cair nessa
fraqueza. Sendo, como é, cristão o preceito citado, ninguém, em sã consciência,
poderá arvorar-se em defensor dessa doutrina, revelando-se injusto nas suas
manifestações no meio social.
Para merecer a classificação de cristão, não basta a
declaração da pessoa se não for acompanhada de atos convincentes em que não se
mostre injusta para com o semelhante, nem adote práticas contrárias à moral.
O banimento da injustiça no trato diário de uns para
com os outros tem que ser medida imposta pela consciência desperta, e quem
estiver decidido a dar esse passo decisivo em favor de uma nova ordem de idéias
cristãmente racionalizadas, que se apresse em tomar posição, porque cada
segundo que passa em vã expectativa é tempo perdido que não volta mais.
A remodelação de hábitos e costumes está a exigir uma
deliberação enérgica, que cada indivíduo precisa tomar, frente ao novo quadro
de convicções, com a alma enriquecida de princípios nobres e altruístas.
Todos devem reconhecer, com justiça, que não anima
ao Racionalismo Cristão a menor parcela de interesse material com a elucidação
das massas humanas, mas tão-somente a satisfação íntima dos seus membros de
verem frutificados os seus esforços gratuitos.
16. A Ingratidão
Uma das falhas
humanas mais chocantes é a da ingratidão, que revela uma insensibilidade de
alma, uma educação defeituosa, um egoísmo pronunciado, uma indiferença pela
solidariedade que não deveria faltar no mundo.
A
insensibilidade da alma, com respeito à ingratidão, revela incapacidade
emotiva. A emoção e a gratidão nas almas sensíveis ficam gravadas no
subconsciente, com traços indeléveis. Se a sensibilidade não for
suficientemente forte, os fatos não se registram, e a alma não dá o devido
valor ao bem que recebera, esquecendo-se dele com facilidade. Pode-se
reconhecer a ingratidão como um fenômeno espiritual de aspecto negativo, que
deve ser combatido, não deixando de mencionar, com reconhecimento, todo o
benefício alcançado.
A ingratidão é
também o resultado de uma educação defeituosa, quando, desde pequeno, não se
habitua o ser a compreender o valor de uma dádiva, pelo lado afetivo. É certo
que o ingrato traz, de encarnações passadas, o grave defeito, e, por isso
mesmo, há necessidade de atentar para a sua educação, com maior rigor. Se a
educação não tivesse o valor que realmente tem, não se conseguiriam, por meio
dela, os sucessos confirmados. Não se deve descurar de fazer do infante uma
criatura grata, sempre que a oportunidade se oferecer, sendo necessário guardar
certa vigilância para não deixar passar o momento oportuno de despertar nele o
sentido da gratidão. O assunto convém ser focalizado no lar, amiudadas vezes,
para que impressione e se grave. Esta prática dá resultado, ainda que o
espírito seja rebelde e custe a dar guarida aos bons ensinamentos, conselhos e
exemplos.
O egoísmo, que
é um mal extremamente pernicioso, lança os seus tentáculos nas mais variadas
direções para alimentar a ingratidão. De fato, o egoísta acha que todos têm a
obrigação de servi-lo, de colocar-se sempre à sua disposição, de agraciá-lo, e
que merece mais do que os outros. Não raras vezes, costuma retribuir um bem
recebido apenas com um "muito obrigado" formalístico, e não se lembra
mais do episódio. Há ainda os que sempre acham pouco o bem que lhe fazem, e
vivem em clima propício à ingratidão.
Não deve a criatura
viver pensando que alguém tem obrigação de fazer-lhe qualquer coisa, mesmo que
essa obrigação exista. Os pais, certamente, estão obrigados a proporcionar aos
filhos tudo quanto necessitam, mas os filhos têm também o dever de ser gratos
aos pais pelo que recebem deles. Só os filhos egoístas não entendem isso.
Filhos são
almas encarnadas que se servem de dois seres adultos, os genitores, para
consolidar a sua posição na Terra, muitas vezes à custa dos maiores sacrifícios
destes. Logo, devem ser muito reconhecidos a seus pais pela oportunidade que
lhes deram de possuir corpos físicos indispensáveis à sua evolução, e, por
isso, grandemente disputados no plano Astral.
Quase toda
criança é egoísta por não se saber controlar; o defeito aparece, espontâneo, sem
nenhum disfarce. É ali, nesse egoísmo, que o sentimento da ingratidão pode
encontrar meio fértil para o seu desenvolvimento. Os pais que puderem extirpar
de seus filhos esse sentimento farão jus ao reconhecimento da coletividade.
Os que
penetrarem, depois de adultos, no convívio social, com o repulsivo defeito da
ingratidão, desconhecem o valor da solidariedade. Ninguém sente prazer em
prestar auxílio à criatura reconhecidamente ingrata. Com isso, aos poucos vai
se tornando um ser quase segregado, quando todos têm de considerar-se
integrados na grande família humana.
O ingrato é
indiferente ao valor da amizade, tanto que a sacrifica com um gesto de
ingratidão. Ele desconhece essa falha, não acredita nela, por ser difícil a
cada um reconhecer os próprios defeitos, especialmente quando são muitos.
Quando são poucos, há sinal de lucidez, virtude que falta ao ingrato. As
pessoas de boa formação moral devem procurar induzir o ingrato ao uso da razão,
para não continuar a representar papéis tristes.
Acontece, às
vezes, que o ingrato vai recebendo favores do amigo, até o dia em que este se
veja impossibilitado de o atender mais uma vez. É o bastante para que,
esquecidos os benefícios recebidos, corte as relações com o amigo, não raro
procurando intrigá-lo com outras pessoas.
Causam
decepção e desgosto as pessoas de tal formação moral, que se julgam sempre
vítimas do semelhante, quando, na realidade, são elas os maus elementos.
A ingratidão,
gerando inimizade, intrigas, maledicência, oferece campo aberto para a atuação
do astral inferior, por onde se constata ser ela um mal, de perigosos
resultados. A ingratidão afeta a moral, destrói a simpatia e afasta toda a
possibilidade de boa aproximação.
No caminho da
espiritualidade, não há ponto em que se possa apoiar a ingratidão.
Espiritualidade e ingratidão têm sentido antagônico. O ingrato terá de
despojar-se dessa sua bagagem inferior para poder penetrar na órbita
espiritual, em que o reconhecimento e a gratidão estão presentes em todas as
ocasiões.
Não há quem
não tenha motivos para ser grato a alguém por alguma coisa. A vida é de
intercâmbio permanente. Ninguém vive inteiramente só. Uns e outros se valem,
mutuamente, em todos os momentos. Há uma conjugação de esforços para o alcance
de cada objetivo. Isoladamente, cada ser é uma ínfima fração do Todo, e somente
este é que é absoluto. Nas correlações entre si dessas ínfimas partes
fracionárias, nas solicitações mútuas que essas partes reclamam, está o
princípio básico da solidariedade e de confraternização. Logo, ninguém pode
prescindir da colaboração forçada, no seio da atividade humana. Dessa
colaboração surgem, para todos, os momentos de gratidão. Não deveria haver quem
não experimentasse essa ventura, a ventura de ser grato pela demonstração de um
gesto solidário, fraterno, amigo, impregnado da essência do amor espiritual.
Os adeptos do
Racionalismo Cristão são gratos aos fundadores da Doutrina, por haverem ganho
com ela maior conhecimento sobre a realidade da vida e esclarecimentos a
respeito da maneira mais correta de agir ou proceder, não só no trato
dispensável a terceiros, como em relação à conduta própria. O ser bem
esclarecido libertou-se das ilusórias lendas religiosas e emancipou-se das
opressões materialistas. Com esta compreensão, a gratidão se revela em estado
permanente na alma.
Ao contrário
desse modo de sentir, a ingratidão acusa uma incapacidade de compreensão clara
e nítida dos fatos. Faça-se uma análise do comportamento iníquo do indivíduo
ingrato, e ver-se-á a origem do mal na sua formação psíquica. O ingrato tem um
caminho mais longo a percorrer em superfície mais acidentada, do que aquele que
é capaz de assimilar o alto sentido do reconhecimento.
No caminho da
espiritualidade incentiva-se o avivamento da sensibilidade psíquica, para que
aflorem os predicados latentes da alma, e se manifestem as virtudes ocultas no
indivíduo. Entre essas virtudes se destaca, como uma das mais belas, a
consciência da gratidão.
No plano
espiritual não existe a ingratidão, e como a vida espiritualizada na Terra é um
reflexo da que é vivida nesse plano, fácil é compreender que a ingratidão será
varrida da face do mundo, tão logo seja possível conduzir a humanidade ao
caminho da espiritualidade.
Como é
importante o trabalho desenvolvido no sentido de facilitar ao ser humano o rompimento
com os preconceitos existentes e, de fronte erguida, poder dar liberdade à alma
de encontrar o que deseja, que é a sua espiritualização! A angústia que há por
aí, o desassossego, a insatisfação íntima traduzem o desespero oculto do
espírito por não poder livrar-se do materialismo narcotizador que, desde o
berço, por consolidação de pensamentos escravizantes, vem perseguindo a alma
sectárica ou desorientada.
A ingratidão
aqui focalizada é um dos efeitos desse mercantilismo materialista cultivado por
orientadores espirituais que de espiritualidade nada entendem, é para
desprestigiar esse vocábulo, querem confundi-lo com o baixo espiritismo.
Espiritismo é a ciência que ensina a verdade sobre a vida, e os que seguem o
seu caminho nunca serão ingratos, porque andam, com passo firme, em terreno
igualmente firme.
17. A Vida Terrena
Uma vez que
todas as pessoas que se encontram habitando este planeta são espíritos, não é
de estranhar que queiram saber porque não se faz a evolução no plano
espiritual, sem necessidade de criar mundos materiais para tal fim.
A resposta vem
do conhecimento que se tem de que a partícula imortal, a centelha desprendida
da Força Criadora começa a sua evolução no reino mineral, passa ao vegetal,
atinge o animal e se projeta no hominal, como premissa para alcançar, mais
tarde, o plano espiritual.
No mundo
físico, ainda está a partícula dependente da matéria para prosseguir na sua
evolução, coisa que não se dá nos mais variados planos de evolução espiritual.
Na vida
terrena estão encarnados espíritos dos primeiros planos sucessivos de
adiantamento espiritual, sendo esses planos, ou esferas concêntricas, em
relação ao centro da Terra, faixas vibratórias de uma mesma freqüência, para
cada plano. Por isso, em cada faixa ou plano, residem almas aproximadamente do
mesmo adiantamento espiritual.
O aprendizado
não pode ser feito, com eficiência, quando todos os que se agrupam têm os
mesmos conhecimentos. Mas, como na Terra há espíritos encarnados de vários
graus de conhecimento, o aproveitamento é bem maior. É, pois, encarnando e
reencarnando em diferentes meios que a criatura mais rapidamente pode ampliar o
seu acervo espiritual.
No próprio
lar, pais e filhos pertencem, comumente, a planos diferentes, com o fim de
florescer, do convívio cotidiano, uma aprendizagem mais célere, homogênea e
equilibrada.
No mundo Terra
foram estabelecidas normas especiais que visam a educação da vontade, o
exercício do controle e a formação de caracteres sólidos. Aqui são
desconhecidos os pensamentos alheios (coisa que não se dá no plano astral), o
que permite ao indivíduo, neste planeta, poder faltar com a verdade. Há
necessidade, então, de fortalecer as faculdades morais, para não mentir, ao
passo que em plano astral a mentira é absolutamente impossível. Do mesmo modo,
pelo fortalecimento das qualidades morais, deixará o ser, na Terra, de furtar,
de prevaricar, de mistificar, de maldizer ou praticar qualquer ato
desmoralizador, disciplina que terá de conquistar, não pelo receio de ser
descoberto, de ser acusado e condenado, mas porque a sua formação moral não lhe
permitirá um descuido na linha reta de conduta, em respeito à sua dignidade
pessoal e integridade espiritual. Este aperfeiçoamento é o que o indivíduo tem
de conseguir na Terra, para poder promover a sua evolução em condições mais
elevadas de espiritualidade.
Enquanto a
criatura for capaz de trair-se a si própria, enquanto cometer atos que a
inferiorizem, não pode conviver em meios onde a lealdade, a sinceridade e a
honestidade sejam bandeiras de valor comum.
Indivíduo
honesto não é sempre aquele que não tira nada de ninguém, acovardado pelas
conseqüências, mas tão-somente o que, em qualquer circunstância, sob nenhum
pretexto, com todas as facilidades a seu favor, é absolutamente incapaz de
apropriar-se do menor valor que pertença a outrem, ainda que se sinta premido
pelas maiores necessidades. O mundo oferece a oportunidade de experimentar tal
prova; se cair, o débito fica gravado para futuro e penoso resgate; se vencer,
ficará isento de repetir a prova, da qual sairá fortalecido, e é de se
registrar que não ficará oculta, mas servirá de regozijo àqueles que, em plano
astral correspondente, acompanham, com vivo interesse, a sua marcha evolutiva.
A família de
cada criatura não é só a constituída em uma única encarnação, mas compreende
todos os demais membros que participaram do núcleo familiar, nas centenas ou
milhares de encarnações pregressas. Assim, há sempre, em plano astral,
inclusive no mundo próprio, boa porção de membros familiares, além de outros que
se tornaram amigos dedicados no correr de várias épocas, que vibram seus
pensamentos em favor dos que lutam no oceano tumultuoso da vida terrena.
Desses amigos
dedicados, muitos são reconhecidos por favores ou ajudas que receberam, e como
o sentimento de gratidão, quando existe, é eterno, não poupam esforços para
retribuir, com espontaneidade, o que receberam em horas de angústia ou de
incerteza.
Todos na Terra
devem semear, sem segundas intenções, boas ações. Como o bem praticado reverte
em benefício de quem o pratica, ele ajudará a criatura, em dias tempestuosos, a
encontrar saída para os seus embaraços. A boa semeadura concorre, também, para
o cultivo da amizade, sentimento que deve abranger o maior número possível de
seres e que melhor se firma entre pessoas cujos espíritos sintonizam numa mesma
faixa vibratória.
Para esses
benefícios tem de haver uma correspondência de esforços firmados em boas
intenções, para que não se verifiquem distúrbios nas condições gerais de
equilíbrio. Muitos se queixam de ocorrências desfavoráveis, mas devem pensar,
antes, se os desfechos não poderiam ser piores e se as conseqüências,
aparentemente desfavoráveis, foram provocadas por eles próprios.
Na vida
terrena, os procedimentos precisam ser equilibrados, o que quer dizer, sensatos,
serenos, prudentes, moderados e virtuosos, sem o que não haverá felicidade,
bem-estar, tranqüilidade e saúde. A vida terrena não é só de sofrimentos e
angústias; ela também oferece alegrias e satisfações, que serão tanto maiores e
mais freqüentes quanto mais na linha de equilíbrio andar a criatura.
O Racionalismo
Cristão elaborou o seu Código de Princípios para que todos possam andar firmes
por essa linha, a fim de que o infortúnio venha a ser substituído por alegrias
e bonanças. Fazem parte desses Princípios, entre outros, os contidos nas
seguintes expressões:
1) lealdade e fidelidade
2) fraternidade e amizade
3) probidade e sinceridade
4) dedicação e estímulo
5) convicção e firmeza
6) prestimosidade e ação
7) tolerância e simpatia
8) prudência e moderação
9) comedimento e discrição
10) atenção e cortesia
11) freqüência e assiduidade
12) esmero e polidez
13) eficiência e confiança
14) operosidade e aproveitamento
15) parcimônia e conservação
16) eqüidade e justiça
17) valor e nobreza
18) simplicidade e humildade
19) correção e aprumo
20) vigilância e precaução.
É possível resumir o conceito dessas
expressões, da seguinte maneira:
1) Lealdade
e fidelidade. No culto à lealdade, a mentira não pode subsistir; a
fidelidade se associa à lealdade no curso da vida. Ser leal e ser fiel é
possuir a qualidade dos fortes. É uma faceta do caráter bem formado. O ser leal
e fiel é digno de todo o respeito; a sua fisionomia é limpa; sabe olhar de
frente e tem a consciência tranqüila. Lealdade e fidelidade imprimem na vida
terrena um traço límpido, de características admiráveis. A lealdade e a
fidelidade estão intimamente ligadas ao espiritualismo. Ambas se completam e
são indispensáveis ao comportamento do indivíduo na vida terrena. Elas elevam o
ser humano à admiração, e impõem-no como portador de qualidades exemplares.
2) Fraternidade
e amizade. Quando se diz fraternidade, inclui-se a idéia de afeto pelo
semelhante e de amor cristão; esse amor é o símbolo da amizade pura e
desinteressada, colocada acima das disputas pessoais. Há seres dignos de serem
tratados com intensa amizade, por suas qualidades morais e elevação espiritual.
A fraternidade e a amizade precisam, pois, ser cultivadas com todo o carinho,
face à grandeza do sentimento que representam. A vida terrena, sem amizade e
fraternidade, é despida de sublimação.
3) Probidade
e sinceridade. Estas duas expressões encontram receptividade entre si. Todo
ser probo dá valor às suas palavras, para que não traiam a sua sinceridade. A
probidade é inseparável da sinceridade. Ser probo é ser íntegro e escrupuloso,
é respeitar, com intransigência, as normas de honradez. Prefere o probo ser
pobre, a receber qualquer proveito que não tenha origem na completa
honestidade. Os valores terrenos têm, para ele, importância secundária, porque
o seu culto é o da honorabilidade, por ser esta uma riqueza espiritual das mais
valiosas. A probidade é um reflexo da índole formada em um número considerável
de reencarnações, à custa de muita experiência. A probidade é uma grande
conquista do espírito, que lhe dá segurança e firmeza.
4) Dedicação
e estímulo. A criatura tem de ser dedicada ao cônjuge, aos filhos e à
família, sem o que fica entregue a falhas morais. A dedicação tem de
estender-se ao trabalho, aos amigos e aos estudos. O indivíduo dedicado sente
prazer em possuir essa dedicação que o incentiva e estimula. Para exemplificar,
aponta-se o caso do estudioso: a dedicação ao estudo produz o conhecimento e a
aprendizagem, com o que ele se sente estimulado. Assim, para manter-se o estímulo,
são indispensáveis resultados satisfatórios, e estes só se conseguem com
dedicação. É preciso, no entanto, haver controle para que a dedicação não
ultrapasse os limites racionais e chegue ao fanatismo.
5) Convicção
e firmeza. Chega-se à convicção de um fato por meio do estudo, da análise,
da meditação e do raciocínio trabalhado com imparcialidade. Depois de adquirida
a convicção, é preciso firmar-se nela, enquanto não for abalada por outro
contingente racional. A firmeza fortalece o caráter, empresta solidez às ações,
reforça as linhas da personalidade e imprime severidade às atitudes de
responsabilidade. A convicção e a firmeza se completam na conduta retilínea,
conferindo um padrão de confiança às deliberações tomadas no curso da vida.
6) Prestimosidade
e ação. Ninguém deve querer passar por imprestável. Para isso, precisa ter
o senso da prestimosidade, que não se resume em gestos e mesuras, mas em ações
generosas. Isto sem se deixar explorar, pois há indivíduos que se servem
inescrupulosamente dos mais ardilosos expedientes para iludir o próximo. A
prestimosidade atesta, além da consideração que se deve ao semelhante, a
compreensão que se tem da vida de relação no mundo. Todos estão como que num
campo de batalha, que é a luta contra o mal, e por isso não deve faltar, nesse
campo, a solidariedade. A ação solidária se cristaliza, comumente, através da
prestimosidade desinteressada, fraternal e cristã.
7) Tolerância
e simpatia. Como é sabido, todas as pessoas são imperfeitas e encarnam para
melhorar as suas condições psíquicas. Logo, é preciso haver uma certa
tolerância para com as imperfeições alheias. Para haver tolerância há
necessidade de uma compreensão adequada dos problemas da vida. Se houvesse mais
amor entre as criaturas, a tolerância se faria sentir com mais freqüência, mas,
pelas imperfeições comuns a todos os seres, uns não se fazem amar, outros não
têm suficiente capacidade para isso. Entretanto, o estímulo da simpatia pode
ser o primeiro passo para o desenvolvimento do afeto. A tolerância pede simpatia,
boa vontade, entendimento e compreensão. Ninguém deve ser verdugo implacável ou
a palmatória do mundo. Procure-se esclarecer as criaturas sobre as realidades
da vida, com boa dose de complacência, interesse pessoal, espírito de
conciliação, tolerância e simpatia.
8) Prudência
e moderação. Estes dois vocábulos têm, cada um, a sua virtude. A prudência
é o cuidado de não exagerar, não arriscar inoportunamente, não se intrometer de
maneira indevida, não abusar da confiança alheia e não usar a indiscrição. A
moderação é a arte de limitar os apetites, controlar os entusiasmos e as
tristezas, as palavras e os pensamentos.
Ambos, a prudência e a moderação, exigem
equilíbrio moral e espiritual. Com as virtudes que essas duas expressões
encerram, abre-se um caminho largo para o êxito e a tranqüilidade de
consciência. No mundo dos negócios, seja no comércio como na indústria, a
prudência e a moderação são duas qualidades básicas que se impõem pelo que
representam de segurança de estabilidade no movimento dos empreendimentos. São
atributos que o espírito deve cultivar na Terra, para o aperfeiçoamento das
suas aptidões.
9) Comedimento
e discrição. Pelo comedimento, adota a criatura os meios de regular as
palavras de modo conveniente, sóbrio, respeitoso. O comedimento pede habilidade
e sutileza. A discrição é a virtude de guardar o que se ouve, de não revelar
assuntos que são ou podem ser secretos, evitando situações desagradáveis e, até
mesmo, desfechos funestos.
O comedimento e a discrição obedecem à
mesma técnica de medir as palavras com escala e precisão, para não agravar,
nunca, a posição do semelhante, que talvez lute por desembaraçar-se de um mau
procedimento. O ser deve ajudar, o quanto possa, aquele que se esforça para não
soçobrar na vida e não lhe pôr uma pedra em cima, por meio de uma indiscrição.
Na vida terrena, em que ao sofrimento todos os seres estão sujeitos, urge
cuidar de não fazer aos outros o que não queremos que nos façam.
10) Atenção
e cortesia. Para haver atenção, é preciso estar sempre atento ao que se
passa em redor, mantendo-se a criatura em estado de vigilância. O comandante de
um navio, consciente das suas responsabilidades, não se descuida. O mesmo se dá
com o barco da vida. Outro aspecto desse estado diz respeito a atenção que se
deve dispensar quando se focalizam os assuntos com o interesse que merecem,
quando se tenha de tratar as pessoas com a delicadeza que lhes é devida, sendo
de boa técnica fazer da cortesia um hábito comum. Ninguém perde por ser cortês,
ao contrário, cativa a simpatia, predispõe ao trato afável e contribui para o
afloramento das melhores qualidades do espírito. A atenção e a cortesia
valem-se uma da outra para intensificarem o trato social elevado, de que tanto
precisa o mundo para melhor entendimento haver no seio da humanidade.
11) Freqüência
e assiduidade. Quando houver interesse por um trabalho que se julgue
importante e do qual se deva participar, dê-se-lhe freqüência e assiduidade.
Freqüência, quando a presença for requerida para as soluções de
responsabilidade, e assiduidade, quando as funções atribuídas reclamam
participação permanente e assistência continuada. Em cada caso, assume a
criatura responsabilidades definidas, que precisam ser respeitadas. Na vida
terrena todos têm as suas atribuições bem caracterizadas, e é preciso dar conta
delas, conscientemente. Primar pela ausência, quando a sua freqüência está
escalada, ou introduzir intermitência na assiduidade, é falhar no cumprimento
do dever, é contrair débitos morais, é cambalear na marcha pela vida. A freqüência
e a assiduidade contribuem, com a sua cota, para firmar no espírito uma
consciência esclarecida e harmônica com a normalidade da vida.
12) Esmero
e polidez. Esmero é uma forma de agir com os olhos voltados para a
perfeição; é o cuidado de fazer as coisas bem feitas, e depois melhorá-las
sempre. Ele busca o belo, o contorno artístico, o aspecto atraente, agradável,
insinuante. O esmero também se enquadra no trato social, quando se associa com
a polidez. Como princípio de educação apurada, o esmero e a polidez dão
destaque à criatura, de maneira sempre apreciável, em contraste com a
impolidez, que desagrada e fere, em parte, por falta de trato ameno, esmerado.
Todos devem esforçar-se por tornar a vida terrena o menos possível agressiva,
e, neste caso, é preciso cultivar-se, cristãmente, a prática do esmero e da
polidez. No início, a quem se acha inteiramente destituído desses atributos,
poderá parecer uma execução difícil, mas, com o treino, o exercício e a boa
vontade acabarão por fazer o seu papel com espontaneidade, desembaraço e arte,
na cena da vida terrena.
13) Eficiência
e confiança. A eficiência se revela quando a produção é compensadora e o
trabalho alcança os bons resultados esperados. Para isso, as pessoas têm de ser
eficientes na vida terrena, e os estudantes não menos eficientes para fazerem,
com brilho, os seus cursos escolares. Os melhores professores são aqueles que
possuem o dom de fazer com que os alunos aprendam. Em toda atividade humana, o
fator eficiência é sumamente desejado. É merecedor de confiança aquele que
executa bem a sua atribuição e conheça, a fundo, os misteres a seu cargo. É
pela eficiência dos cientistas que o progresso nas pesquisas se evidencia. Em
qualquer ângulo da atividade humana, deve a eficiência revelar-se através da
criatura consciente das suas obrigações. Todas as tarefas devem ser executadas
com eficiência, por dever, por princípio, por conhecimento de causa.
14) Operosidade
e aproveitamento. O indivíduo, na oficina da vida, tem tarefas a executar,
e durante as horas dedicadas ao trabalho deve ocupar-se, de modo completo, com
a sua obra. A operosidade revela-se pelo rendimento do serviço e o bom
aproveitamento dos minutos que correm. Minuto perdido é tempo que não se
recupera mais. Quando o período diário de trabalho é bem aproveitado, a
produção aumenta e o custo diminui. A operosidade e o aproveitamento concorrem
para a melhoria do padrão de vida, com o que lucra a coletividade. Fazendo cada
um a sua parte, os resultados serão surpreendentes. A operosidade, ligada ao
ótimo aproveitamento, favorece a constituição espiritualista do indivíduo e o
predispõe a novas operações, dentro do seu círculo de ação. Todos os que se
dedicam à operosidade intensiva estão filiados à corrente universal do
trabalho, que estende os seus benefícios aos seus colaboradores, na proporção
do merecimento.
15) Parcimônia
e conservação. Uma das bases do desenvolvimento da produção está em saber
poupar, evitar o desperdício, conjugar esforços para que o rendimento cresça e
diminua o preço de custo. Em peças e artigos que são produzidos aos milhares ou
milhões, o lucro de uma unidade pode quase nada representar, mas a ínfima
parcela de lucro, multiplicada por milhões de vezes, dá resultado compensador.
A parcimônia começa com a conservação das peças motrizes da produção, para
preservar-lhes a duração. Se a produção for florescente, abrigam-se nela
milhares de famílias, e, deste modo, o empreendimento estará contribuindo para
o bem-estar da coletividade, favorecendo o seu fator econômico. Cada indivíduo
é uma peça da comunidade operante, e se todas as peças do conjunto têm a noção
nítida do valor da parcimônia, no fortalecimento de qualquer realização, a
estrutura idealizada adquire sólida e pujante contextura.
16) Eqüidade
e justiça. Ninguém deve querer vantagens que firam o princípio da eqüidade,
para não incorrer na prática da injustiça. Situações privilegiadas podem também
ser imerecidas, quando simplesmente apoiadas na força do prestígio terreno. Há
indivíduos que desrespeitam a ordem natural das concessões, para fazer
prevalecer o seu poderio temporal. Esses não estão na altura de exercer as
posições que ocupam. Há um sentido de justiça emanante na vida, que todos
sentem, desde tenra idade; daí o senso de justiça ser apreciado, por igual, por
todos os seres normais, sem constituir um privilégio. Por isso, na vida
terrena, não há dificuldade para praticar-se a justiça, quando se está bem
intencionado. É roteiro comum das almas encarnadas proceder com equanimidade em
todas as atividades relacionadas com o semelhante. No caminho da
espiritualidade, esta disposição moral deve ter lugar proeminente, no desejo
sadio de agir com imparcialidade na aplicação da justiça.
17) Valor
e nobreza. O valor e a nobreza evidenciam-se quando a pessoa sabe arcar, estoicamente,
com a responsabilidade de seus próprios atos, muito embora a sua atitude lhe
traga pesados sacrifícios. Arriscar a vida em proveito de outras vidas é um
gesto de valor e nobreza. Há também valor e nobreza em não denunciar a falha
involuntária de criaturas indefesas, mesmo que o silêncio lhe seja
desfavorável. Valor e nobreza exigem discrição, orientação segura, critério bem
firmado, raciocínio lógico, espírito de renúncia, abnegação e desprendimento.
São qualidades geralmente exercidas pelos fortes, destemidos, pelos que têm bem
sensível o sentimento da honra. Estes nunca se aproveitam de uma fraqueza
alheia para humilhar ou diminuir. O valor e a nobreza estão enquadrados nos
altos preceitos espirituais.
18) Simplicidade
e humildade. Estes dois atributos do espírito andam sempre juntos. O
indivíduo de natureza simples e sem vaidade é, no sentido espiritual, humilde,
por compreender a vida por tal forma espiritualizada que, para ele, só a
simplicidade e a humildade traduzem, com fidelidade, a sua natureza interior.
Todos hão de chegar a ser simples e humildes, mas quanto antes puderem alcançar
a meta, melhor. Vale a pena a criatura meditar sobre o assunto para descobrir o
que deve despojar de si, a fim de caminhar por essa vereda. Mesmo que o fardo da
vaidade ainda seja um grande bloco de pedra que tenha de ser arrastado, convém
tentar o primeiro ensaio. É preciso começar um dia a dinamitar a pedreira das
paixões terrenas que impede a passagem pelo caminho da vida, por onde palmilham
os que já abandonaram os despojos que encobriam o sentimento de simplicidade e
humildade. Jesus, como todos sabem, foi o modelo da simplicidade e da
humildade.
19) Correção
e aprumo. Cada um, na vida terrena, deve conduzir-se de tal maneira que não
dê motivo para que ninguém o acuse de desleixo. A correção no trato, no
cumprimento das obrigações e na apresentação, deve ser o resultado de um
cuidado constante. O aprumo traz a idéia do sentido vertical, o que deve ser
observado, tanto na forma física, como na moral. A correção e o aprumo em
pensamentos e atitudes devem acompanhar o ser humano em sua trajetória terrena.
A apresentação precisa ser, tanto quanto possível, esmerada, para afastar
qualquer idéia de penúria, de desmazelo ou relaxamento. Todos têm o direito de
viver com correção e aprumo, evitando dar aos outros a idéia negativa de
fenecimento ou de declínio. O espírito é forte e está repleto de força
irradiativa. Não se deve consentir que influências estranhas exerçam sobre o
espírito uma atuação desmoralizadora, no sentido de fraqueza e empobrecimento.
A correção e o aprumo auxiliam, vigorosamente, a manter o aspecto de
perpetuidade espiritual, trazendo à mente a idéia de prosperidade e vigor.
20) Vigilância
e precaução. Sem sobressaltos nem preocupações exageradas, todos devem
manter-se vigilante na vida terrena, por precaução. O estado de calma e
vigilância predispõe o espírito às inspirações, aos avisos intuitivos, sempre
de grande utilidade. Quando se penetra na selva, em que os animais perigosos e
agressivos andam à solta e podem estar escondidos em cada moita, toma-se uma
atitude cautelosa, vigilante e precavida. Assim, todos no mundo estão sujeitos
a golpes imprevistos e traiçoeiros, que demandam cuidado, vigilância e
precaução. Entre eles estão a doença, os acidentes e a atuação do astral
inferior. Por isso, a vigilância e a precaução devem constituir hábitos bem
formados para que a existência não sofra colapsos, sempre indesejáveis. O ser
precisa aproveitar os anos de sua vida terrena, ao máximo, para que se liberte,
o mais possível, das contas a pagar. A vigilância e a precaução devem
estender-se aos atos cotidianos, às providências que precisam ser tomadas a
cada hora, e ao movimento diuturno de ações e reações. O espírito normal é de
natureza vigilante, é precavido e só perde essa condição quando entorpecido
pela matéria, pelas ilusões mundanas e pelas insatisfações sensualistas.
Estes
registros objetivam despertar a atenção para os cuidados que se devem observar
na vida terrena, a fim de ser ela bem aproveitada, no sentido da evolução. É
certo que, nos mundos próprios, há um número considerável de espíritos que
necessitam encarnar para ajustar contas com o mundo Terra, mas lhes faltam
oportunidades, meios, lares em número suficiente e possibilidade dos casais de
criar tantos filhos quantos queiram. Por aí se pode constatar o valor que
representa para cada um o corpo físico que possui. É necessário cuidar-se dele,
carinhosamente, para que dure muito, sempre em bom estado, a fim de que o
aproveitamento de cada encarnação seja o maior possível.
O corpo físico
é como que um objeto animado pelo espírito, que se desgasta com o uso e o
tempo, assim como o vestuário comum; convém reduzir esse desgaste, dando-lhe os
cuidados da higiene, do relativo conforto, da boa alimentação, do descanso
apropriado. Procure-se mantê-lo com ótima aparência sempre revigorado pelo
estímulo espiritual, pois ele é uma prenda que o ser recebe na Terra, por
empréstimo, e é de boa ética manter bem conservado aquilo que se recebe, em
confiança, para uso.
O corpo
astral, muito mais influenciável do que o físico, recebe, em sua natureza, os
traços bem caracterizados de todas as ações boas ou más, praticadas no correr
da vida terrena. Esses traços de má origem ficam gravados no corpo
perispiritual, e só desaparecem se transferidos a um corpo físico, que os
absorve como se fossem uma esponja, por uma espécie de sucção. Essas marcas,
que definem falhas ou crimes, ao se transferirem para o duplo etéreo,
revelam-se do mesmo modo que as moléstias em geral, causando ao espírito
profundo sofrimento, o que leva a desejar, angustiosamente a reencarnação, para
poder livrar-se deles. Alguns, ansiosos por encarnar, sujeitam-se às piores
condições físicas.
Os casais que
dispuserem de recursos têm o dever de facilitar o processo reencarnatório. Não
se pode, dentro das leis espirituais, provocar abortos, a menos que essa medida
tenha de ser imposta por motivos ponderáveis. Aqueles que, carentes de
recursos, não estiverem em situação de alimentar e educar a prole que, pela
ausência de meios, acabará por desencarnar, prematuramente, dispõem de
atenuantes para limitar a prole, tomando por método o cuidado de observar os
dias de esterilidade da mulher no interregno de cada fase lunar.
A civilização
desvirtuou o controle animal da reprodução da espécie. Enquanto os animais
inferiores somente se unem para a fecundação na fase própria, o ser humano, por
herança atávica de milhares de anos, que teve origem nas bacanais e se expandiu
pelo mundo, com profundos reflexos na vida social, sofre, até hoje, da
estimulação orgânica, que o leva à desvirtuação do sexo e aos mais condenáveis
desregramentos. Os que batalham para vencer ou dominar a ação perniciosa do
hábito hereditário e vicioso da constante solicitação recíproca do sexo, em ato
de puro materialismo, concorrem para renovar o princípio espiritual de
superiorização dos costumes e de elevação moral das práticas humanas.
Todo esforço
que na Terra se fizer para evitar a animalização dos hábitos será, em dias
futuros, amplamente recompensado. Os prazeres e as satisfações que a matéria
pode oferecer são, quase sempre, transformáveis em vícios, ao passo que os
gozos e as alegrias no plano astral, além de serem mais intensos que na Terra,
são, ainda, perduráveis, porque tecidos pelos fios da virtude.
Na Terra, o
indivíduo que aprende a resistir às tentações mundanas e sensualistas,
fortalece a sua vontade, domina os valores negativos, robustece a sua
individualidade, elimina a fraqueza, que é um empecilho para passar-se de um
plano de evolução para outro mais elevado. Todo indivíduo dominado por um
vício, seja qual for, está entregue, por ele, a um certo estado de fraqueza.
Indivíduo
sensualista é todo aquele que vive para os prazeres materiais, não só para os
do sexo como para os demais. O sensualista, enquanto não deixar de o ser,
constitui-se num ser infenso à espiritualidade e a tudo que se apresente para
reformar a natureza das suas inclinações. A criatura só perde o sensualismo
através de reencarnações sucessivas, em que lhe são preparadas condições de
vida especiais e capazes de, aos poucos, destruir tal característica. É certo,
porém, que as citadas condições especiais são tremendas experiências morais que
abrangem períodos inteiros de várias encarnações.
Aqueles que
fizeram esforço para abrir os olhos da alma e recuarem, enquanto for tempo, na
hora de cometer desatinos ou de se entregarem aos lascivos convites da carne,
evitarão receber as queimaduras causticantes correspondentes.
Na Terra não
se pode viver despreocupadamente, como se os fatos da vida não tivessem relação
nenhuma com o passado, o presente e o futuro de cada ser. O propósito de
acertar não deve estar omisso em todos os momentos. Um cochilo pode representar
uma oportunidade perdida. Convém, por isso, ninguém se descuidar. Vale a pena
repisar que a encarnação deverá ser aproveitada, ao máximo, com inteligência e
esclarecimento.
Há sempre um
sentido de grave responsabilidade para aqueles que perdem a encarnação, num
"entreguismo" insaciável aos convites materiais da vida terrena, a
qual foi preparada para fortalecer o espírito, face às tentações e
dificuldades, e não para dar oportunidade a que ele se arruíne ou degrade.
É no caminho
da espiritualidade que todos encontrarão recursos hábeis para vencer os
obstáculos e fomentar o progresso espiritual, e é seguindo esse caminho que a
vida terrena se apresenta favorável ao curso planejado, dando a cada um o
grande ensejo de atingir elevada luminosidade espiritual. Os seres esclarecidos
bem compreendem a razão do mecanismo da evolução, e se submetem às leis
traçadas, tirando o melhor partido da vida terrena para a consumação dos seus
ideais altruístas e de realização de aspirações de cunho eterno.
18. A Higiene Mental
Pouca
importância se dá ao uso do pensamento, que reflete o estado mental de cada
ser. Há pessoas inteiramente descuidadas no emprego de palavras, muitas das
quais evocam atos que não se distinguem pela boa higiene mental.
Anedotas
picantes, de mau gosto, que tendem para a falta de decoro, são festejadas em
rodas ociosas ou em agrupamentos em que se procura fazer senso-de-humor.
Nesses
momentos, ninguém se lembra de que palavras e pensamentos ficam registrados no
éter, e que não vai ser agradável ao indivíduo constatar, mais tarde, que
expressões abjetas por ele pronunciadas ficaram gravadas e presas na esteira
vibratória da sua documentação astral, e, deste modo, conhecidas de seres,
diante dos quais seria, pelo respeito, incapaz de as proferir.
A linguagem
obscena é muito apreciada pelos espíritos do astral inferior, e são esses os
que mais se regozijam com as anedotas e narrativas de cunho animalesco. Agradar
aos espíritos do astral inferior, é mantê-los em sua companhia,
permanentemente, e sofrer as influências deletérias e as mazelas que eles
transmitem.
É justamente
pelo fato de a maioria das criaturas nada conhecer sobre questões espirituais
que o mundo está assim tão cheio de males, de desventuras, de sofrimentos. Os
espíritos do astral inferior encontram campo aberto no seio da humanidade, pela
ignorância do que se passa nessa baixa região astral e das influências
deletérias a que todos podem estar sujeitos, desde que delas não se saibam
precaver.
A falta de
higiene mental nas almas encarnadas é um dos grandes atrativos dessas forças
inferiores que vivem em idêntico estado, dando expansão ao seu gosto grosseiro,
e todas elas estão unidas pela afinidade de sentimentos.
Logo, ninguém
dá bom atestado da sua higiene mental sendo descuidado, comprazendo-se com
conversas licenciosas e estimulando os demais a que se sirvam delas para
dar-lhes novo curso. Tal contribuição de maneira alguma poderá ser considerada
aprovável.
A vida exige
compenetração, havendo muitas maneiras de se dar asas ao pensamento bem
humorado, sem necessidade de se descambar pela ladeira escorregadia dos
assuntos escabrosos e de nenhuma objetividade construtiva.
Não é só o
caso de ter a pessoa que conter a sua natureza; é preciso educá-la,
convenientemente, para que se estabeleça o bom hábito de não acolher idéias e
pensamentos de ordem inferior. Daí por diante, ela não sentirá falta das
alusões menos dignas, quando quiser fomentar uma conversação.
As pessoas
precisam apurar os dons do espírito e, deste modo, valorizar-se perante si
mesmas e diante de seus semelhantes. Todos apreciam a elegância das maneiras
finas, nobres e espontâneas, por serem elas vazadas no mais rigoroso propósito
de manter-se uma boa higiene mental.
Os que
comumente se especializam em assuntos inconvenientes e de baixa significação
criam uma aura condizente que bem os individualiza, e se tornam centros de
atração das correntes congêneres, de tal modo nelas ficam emaranhados, que cada
vez maiores dificuldades encontram para sair desse enleamento. As pessoas
espiritualmente sadias sentem choques, impactos, com a simples aproximação de
um ente assim formado e, por mais que não queiram, a repulsa é inevitável.
Tanto a
higiene física como a mental, indispensáveis ao espírito, fazem parte
integrante da sua evolução e contribuem para estabelecer um clima de sanidade
moral propício aos melhores vaticínios.
Os que
quiserem pautar a sua vida pelas normas espiritualistas não se devem descuidar
destes preceitos de higiene mental, porque só assim estarão, passo a passo,
atingindo o elevado objetivo da encarnação. Vejam se seria possível admitir um
Mestre desbocado! Evidentemente não é preciso ir tão alto para focalizar o
exemplo, porque milhares de criaturas são incapazes de descer ao fraco gosto de
aplicar, nas conversações, palavras indecorosas.
A educação do
pensamento é uma necessidade, que não pode ficar à margem do exercício da força
de vontade. Ambas estas faculdades têm de constituir motivos de constante
preocupação, para que a boa higiene mental naqueles que não a possuam se
converta num hábito comum, de espontânea e livre manifestação.
Pode ser
avaliado o estado pouco lisonjeiro da massa humana, no sentido espiritual, por
essa maneira imprópria e irreverente de empregar palavrões e termos que
escandalizam, pela sua conceituação anti-higiênica.
O indivíduo
que sabe conversar em linha de elevação moral, usando a riqueza de vocabulário
própria dos idiomas do mundo civilizado, expressando pensamentos limpos,
contribui para manter ou conservar um ambiente de respeito, de dignidade e de
consideração para com os interlocutores.
Muitos podem pensar
que a higiene mental não tem ligação com o espiritualismo. Esses laboram em
grande erro porque a falta de higiene é impureza, ao contrário do caminho da
espiritualidade, que é o da perfeição. Esta Verdade é intuitiva, não exige
comprovação, bastando que o indivíduo seja sincero consigo mesmo para
reconhecê-la à luz da evidência.
Em uma Escola
Espiritualista, como a instituída pelo Racionalismo Cristão, a higiene mental
faz parte dos predicados que precisam ser apurados para que o ser se
desenvolva, como convém, na medida do possível.
Uma vez que é
ponto fundamental acelerar o processo de espiritualização da humanidade,
nenhuma brecha deve ser concedida ao escoamento dos esforços no bom sentido
adotado. Por isso, o cuidado com a higiene mental está incluído nos demais que
formam o conjunto saneador, capaz de conduzir a criatura à remodelação
procurada.
Quando se dá
combate a um mal, investe-se sobre o mesmo, por todos os lados, não se lhe
permitindo a menor oportunidade de êxito, para que os resultados sejam
satisfatórios. O erro de não se dominar a falta de higiene mental precisa, por
isso, ser rigorosamente combatido e, por fim, aniquilado para haver coerência
no modo de se encararem os problemas que impeçam a evolução, em sua plenitude.
Em se tratando
dos pais, que precisam dar exemplos edificantes aos filhos, maior soma de
responsabilidade lhes cabe na má educação, transmitida, com desprezo, pela
higiene mental.
As reservas
espirituais de cada ser não podem ficar maculadas com as impurezas dos impropérios
e as levianas narrativas de panoramas imorais de histórias que turvem a mente e
envileçam o pensamento.
Quando se
mentaliza a imagem moral de um espírito de luz, não passa pela cabeça de
ninguém fazer associações desse ente com pensamentos menos elevados e puros;
pois os que se espiritualizam marcham para esse estado de iluminação, com a
evolução normal, e desde já urge cuidar, com esmero, da sua higiene mental,
como parte completiva de uma prática que tem de ser exercida em todos os
momentos, para que se consume o ideal da superiorização dos dotes espirituais.
19. A Salvação
Entre os
adeptos das numerosas seitas denominadas cristãs, há os que pregam suas
ideologias, de Bíblia na mão, e, por isso, em algumas regiões, são conhecidos
pela alcunha de "bíblias".
As
interpretações da Bíblia diferem de uma para outra seita, mas todas pregam a
salvação. Ensinam que aquele que acreditar que Jesus derramou o seu sangue na
cruz para o salvar, estará salvo.
Salvo, quer
dizer livre de pecado, com a sua entrada assegurada no Reino dos Céus, após a
morte, onde se avistará com Deus, sentado numa espécie de trono, tendo à sua
direita o seu filho unigênito, Jesus. Ali aguarda o momento de julgar os vivos
e os mortos. Os que antes de morrer foram salvos, ressuscitarão, em carne e
osso nessa ocasião. É o que revela a Bíblia.
Nada mais
simples e cômodo do que adquirir, de maneira sumária, tal salvação. Ninguém é
admitido nessas seitas sem fazer profissão de fé, que consiste no ato de obter
a salvação. Os que se salvaram, porque creram, tornaram-se "crentes",
termo pelo qual gostam de ser chamados.
Os crentes são
seres privilegiados, segundo acreditam, por se haverem tornado, consoante a
mística bíblica, ovelhas do rebanho do Senhor, pastoreadas pelo Bom-Pastor, que
no caso é, como dizem, o Senhor Jesus Cristo.
Acontece,
porém, que, na dura realidade dos fatos, todos os que se encontram encarnados
são imperfeitos e estão sujeitos a errar, uns mais, outros menos, conforme o
seu acervo espiritual acumulado em numerosas vidas passadas. Mas quem está
salvo está limpo do pecado, e não pecará mais; daí a dificuldade de harmonizar,
no seio dessa família de crentes, dois fatos antagônicos: a pureza com a
imperfeição. Sustentar a pureza com a imperfeição latente é impossível, e daí
decorre a circunstância de se verem os crentes, em certos casos, obrigados a
encobrir falhas cometidas para que outros não vejam empanada a suposta pureza,
pois, se tal se desse, não faltariam motivos para exclamações de espanto e
outras manifestações escandalosas.
É realmente
essa uma situação falsa em que ficam colocados os crentes, face à posição de
"salvos". Nada como a verdade, sem mistificações e hipocrisias, em
que a criatura não precise ser diferente do que realmente é.
No
Racionalismo Cristão é bem conhecido o quadro triste daqueles que, quando na
Terra, julgando-se salvos, criaram uma coleção de imagens fantasiosas e
irreais, que tiveram de ser desfeitas, com grande sofrimento, após a
desencarnação.
A salvação de
cada um — se esta expressão se puder empregar — está no esforço que fizer para
não cometer erros e cumprir rigorosamente os seus deveres; essa salvação não
lava o passado, não elimina os débitos que terão de ser resgatados. Uma
excelente conduta salva o indivíduo de queimar-se em orgias mundanas, e nada
mais.
Uma vez que a
idéia da salvação foi criada para se associar a lenda do céu e do inferno,
deixará de ter a significação que as seitas lhe concedem, desde que fique
reconhecida a verdade sobre as leis da reencarnação.
Na realidade,
a palavra salvação para os crentes indica que o indivíduo se salva do inferno e
vai para o céu. O clero, além de céu e inferno, criou o purgatório, estação
intermediária entre um e outro. Esta criação é muito rendosa, pois possibilita
aos crédulos pagarem missas, por meio das quais poderia a alma passar desse
reduto para o céu. Estabeleceu-se essa transação mercantilista e enganosa para
retirar, falsamente, o pecador ou o criminoso do purgatório, e recomendá-lo ao
céu.
A criação do
purgatório, que muda completamente a técnica da salvação, não é admitida pelos
crentes. Note-se que tanto os que afirmam a existência do purgatório — o clero
como os que a negam, os crentes — dizem-se inspirados pela Bíblia, e chegam a
essas conclusões opostas, pela força de suas interpretações.
Atrás da
salvação andam os indivíduos ingênuos, que nada sabem da vida espiritual. Não é
possível que uma criatura se deixe embalar por promessas tão frágeis, se tiver
algum conhecimento da vida no plano astral.
Assim se
demonstra que a falta de espiritualidade domina uma legião de adeptos das
várias seitas e religiões, os quais foram atraídos para elas na doce ilusão de
poderem comprar o céu ou de libertar-se da condenação certa do inferno,
gostosamente enganados pela afirmativa vã de alcançarem uma salvação
inexistente e falsa.
É muito mais
agradável poder chegar-se ao delinqüente e oferecer-lhe salvação — oferta que
ele receberá com alegria — do que revelar-lhe a verdade nua e crua,
mostrando-lhe a necessidade de preparar-se para o resgate integral de suas
faltas, com sacrifício e dor, em encarnações sucessivas. Por esta razão, a
grande maioria prefere ser consoladoramente enganada, do que conscientemente
alertada. Não fosse isso, a evolução do mundo teria já alcançado condições
elevadas de grande significação moral e espiritual.
Há os que
fanaticamente batem de porta em porta e fazem comícios nas ruas, oferecendo a
salvação, prática que vale, segundo eles, para desviar os seus ouvintes dos
vícios e da má vida que porventura levem. Muito maior proveito haveria se, em
lugar de proclamarem vantagens impossíveis, se limitassem a contar as coisas
como realmente são, e induzissem a todos a cuidar do presente, transformando o
seu modo de viver, de maneira a imperar, em todos os sentidos, a elevada moral
cristã desdobrada em códigos de sabedoria adredemente preparados.
O que se quer
é mudar a mentalidade reinante, tornando-a sensível ao bem, e consciente e
iluminada por meio de uma compreensão racional dos princípios eternos. O ser
precisa ter a noção de que é ele próprio que tem de construir a sua felicidade
permanente para não andar atrás dos recursos mágicos de uma ilusória salvação.
Vale a pena
meditar sobre o assunto os que não se sentirem apegados a uma idéia fixa e não
se julgarem incapazes de quebrar algum tabu que carreguem, desde a infância. É
meditando profundamente que se chega a conclusões satisfatórias, uma vez que o
raciocínio trabalhe com lógica, discernimento e desapaixonadamente. Sem estas
condições, nunca se chegará a bons resultados prevalecendo as dúvidas e a
confusão.
No
Racionalismo Cristão dá-se grande valor à Verdade, e não se quer, de modo
algum, ver alguém torturado pela incerteza, pois onde estiver a incerteza, a
Verdade não penetrou. Há meios de conhecer a Verdade dentro do alcance da mente
humana, e pode-se asseverar ser uma grande intrujice a afirmativa da
"salvação". Esta é a conclusão a que todos terão de chegar, certos de
que, no fim, somente a Verdade ficará de pé.
Diante disso,
deve cada um tratar de averiguar os fatos quanto antes, à luz da razão, e
enfrentar com coragem a própria situação. No mundo nada está perdido, com
respeito aos fracassos morais, já que tudo se recupera, com o tempo, em ação
evolutiva, e tanto mais depressa se atinge o alvo quanto mais disposta estiver
a criatura a abandonar a crendice, a imagem fictícia, para aceitar postulados
racionais e verdadeiros, que não estão ocultos, mas firmados, categoricamente,
nas correntes espiritualistas, de que tratam as obras Racionalistas Cristãs,
mais rapidamente toma o caminho da evolução consciente.
20. A Regeneração
É neste mundo
que o indivíduo se degenera, quando faz mau uso do seu livre arbítrio, e é
também aqui que se regenera. A partícula inteligente, assim que ingressa no
gênero humano, recebe esse atributo do livre arbítrio, e o seu raciocínio está
suficientemente desenvolvido para a prática do discernimento.
Enfrenta, logo
de início, as tentações do mundo, não sentindo, nessa altura, atração por elas,
mas, se as experimenta e gosta fica inclinado a prosseguir, absorvendo-as. Vem,
então, o hábito do uso e do abuso das formas tentadoras terrenas, que se vão
multiplicando, com o desabrochar da civilização. Estabelece-se, daí, o império
do vício.
Impregnado de
hábitos viciosos está o indivíduo em plena fase de degeneração, mas esta não
lhe traz bem-estar, alegria ou satisfação. Ao contrário, produz um estado de
melancolia, desgosto, angústia, e acontece que o ser procura, ansiosamente,
desde os primórdios, a felicidade; ele sente que ela existe, e quer alcançá-la.
Passa, então, ao processo de regeneração.
Obviamente,
ninguém tem que regenerar-se se, antes, não se degenerou. A degeneração, que
não é um acontecimento imperioso, inapelável, se dá por descuido, por abandono
dos preceitos morais que nascem com o indivíduo, e a regeneração é o recurso.
A
espiritualização, além de evitar a degeneração, ainda conduz à regeneração. Por
aí se vê a importância, a imprescindibilidade do esclarecimento espiritual e
das práticas espiritualistas.
Os vícios
podem adquirir-se, rapidamente e com facilidade, mas a recuperação da virtude é
lenta e difícil. O rolar para o fundo de um abismo e encher-se de equimoses é
obra de um instante, mas recuperar a posição perdida, galgando o topo do
aclive, é tarefa árdua, muito mais demorada, e exige grande esforço.
Milhares de
espíritos reencarnam, diariamente, na Terra, com o fim de regenerar-se, por
haverem verificado, nos seus mundos, o seu verdadeiro estado psíquico, e se
certificado de que a reencarnação é o único caminho a seguir. A Terra é o cadinho
regenerador. Aqui se acham classificadas e ordenadas todas as formas de
sofrimento e as mais variadas experiências, capazes de quebrar as resistências
dos mais inflexíveis delinqüentes.
O mundo está
cheio de ladrões, de assassinos, de criminosos de toda espécie, que irão
desencarnar, para reencarnarem depois. O trabalho Astral é feito no sentido de
que esses infelizes conspurcadores da própria alma possam encarnar num meio em
que a regeneração se venha a processar.
Por vezes se
encontram lares sadios em que no meio da família está um ou mais desses
espíritos criminosos que se revelam rebeldes, de difícil educação,
desatenciosos, indisciplinados, violentos, sem escrúpulos, e de má índole.
Esses dão grande trabalho, grande preocupação e desgosto, pela insensatez com
que agem. Mas é preciso suportá-los e empregar todos os meios, sem desânimo,
para trazê-los à razão. Traços tenebrosos assinalam o passado desses
indivíduos.
Outra coisa
não há a fazer senão encarar o problema com entendimento e fortaleza de espírito.
Alguém teria de receber essas almas para a regeneração, e os escolhidos para a
tarefa não se podem recusar ao que lhes fora imposto. Qualquer razão havia para
isso. Podem os preceptores não conseguir grande coisa, no sentido da
remodelação, mas em não deixar aumentar os débitos e ainda que pouco façam em
seu benefício, já representará uma ajuda para que na encarnação próxima-futura
nova etapa possa ser vencida.
Todos os que
estiverem no caminho da iluminação espiritual precisam convencer-se de que já
deram muito trabalho a outros, nas encarnações remotas, aos quais devem parte
do seu progresso na senda espiritual, e que justo é que prestem o seu auxílio
aos que lhes forem entregues no seio da família.
Não haverá um
só que, precisando, não seja regenerado, embora leve inúmeros séculos, milênios
até, mas o dia da regeneração chegará, porque não há perdição eterna nem
sofrimento imorredouro. É uma questão de apertar as tenazes da dor — e elas são
apertadas — para abreviar o curso. Não faltarão desgraças, doenças, deformações
físicas, miserabilidade, para que, ao cabo de certo tempo, o ser aparentemente
irredutível, comece a raciocinar com acerto e a ceder, em seu favor.
A degeneração
é um mal psíquico, intolerável, que deve, portanto, ser destruído com o
sofrimento regenerador. Somente na Terra se encontram os elementos capazes de
produzir esse sofrimento ardente e higienizante. Nos planos Astrais, não há
condição para isso.
Diante dessa
necessidade é que se trabalha espiritualmente, não só no Espaço como no
planeta, por intermédio daqueles que são destacados para esse fim.
Com o aumento
da população terráquea, tem crescido, de muito, o número daqueles que perturbam
a harmonia do conjunto humano com as inferioridades dos seus espíritos. Os
espiritualistas não se têm avolumado na mesma proporção, de modo que há um
déficit acentuado na balança das compensações. Este fato obriga a um esforço
maior, a uma diligência mais atenta, por parte dos esclarecidos, para que os
conhecimentos espirituais se alastrem e difundam em todas as camadas sociais.
O Racionalismo
Cristão trabalha, intensamente, nesse sentido, sob a direção do Astral
Superior, para romper as trevas da ignorância espiritual, responsável pelo caos
em que se encontra mergulhada a maior parte da humanidade.
Famílias em
grande número, integradas por elementos carentes de regeneração, lutam com as
maiores dificuldades para amenizar o problema, por falta de orientação
espiritual. Muitas delas, por esse motivo, estão na contingência de se verem em
falência moral, pela ausência quase completa de meios próprios. Esta é a
verdadeira situação, que é reconhecida pelos que se acham providos da devida
acuidade para analisar, à luz da verdade, os fatos.
Esses milhões
de seres humanos que aí estão carentes de regeneração estarão de volta ao
planeta, dentro de algum tempo, e precisarão de lares que os recebam, lares
verdadeiramente cristãos, que possam lutar contra as suas deficiências morais e
espirituais. Por certo falará neles a voz do egoísmo, da usurpação, da sensualidade
com que se revelam, presentemente, e se não houver mão forte de criaturas
estribadas no espiritualismo, o insucesso se tornará uma ameaça.
Cumpre àqueles
que se adiantarem nos conhecimentos espirituais preparar-se para o futuro,
enrijecendo a têmpera do caráter e da ação, para poderem triunfar nas novas
tarefas que receberem. Enriquecer o patrimônio espiritual é necessidade
imperiosa, para que não faltem recursos na hora da apuração dos reais valores.
Essa hora de
apuração é aquela em que os que estiverem aptos e disponíveis para o trabalho
de regeneração prestem o seu concurso e dêem o melhor de si para o êxito da
missão. Muito trabalho irá acarretar essa multidão que anda por aí desejosa de
locupletar-se, seja lá do que for. Esses indivíduos estão com falhas de
regeneração, agindo com cupidez, sem saberem que a colheita é obrigatória para
o próprio autor. Veja-se como campeiam por toda parte a desonestidade, a falta
de pudor, a indecência, a nenhuma importância que se dá a virtude. A
degeneração moral transformou-se numa epidemia. Para grandes males, grandes
remédios. Os grandes males estão aí; só faltam os grandes remédios, que também
virão.
21. A Consciência
A criatura
tem, na consciência, o juiz dos seus atos. Quando pratica o mal, a consciência lhe
dói, insurge-se e protesta. O indivíduo só está em paz com a sua consciência
quando as suas ações afinam pelo comportamento correto, legal, em plena
consonância com a moral cristã.
Acontece,
porém, que quando a criatura insiste em proceder mal, a consciência vai cada
vez doendo menos, vai se amortecendo o seu vigor moral, aos poucos perde a
sensibilidade, a ponto de parecer que está morta. Os grandes criminosos têm a
consciência insensível, sufocada, muda.
Ao contrário,
quando o indivíduo se esforça para andar sempre pelo caminho do bem,
consultando, a cada passo, a sua consciência, ela se toma sumamente sensível e
se mantém nas melhores condições de receptividade para atender aos apelos que
lhe são endereçados.
A consciência
é uma das faculdades espirituais de maior valor. Sem ela, seria impossível
conduzir-se o gênero humano. Só os animais inferiores e os criminosos
inveterados agem inconscientemente.
O astral
inferior está repleto de entes que não quiseram, quando encarnados, ouvir a voz
da consciência, deixando-se empolgar pelos instintos que os levaram ao estado
animalesco. Ninguém que tenha dado ouvidos à voz da consciência, no curso da
sua existência terrena, passará pelo dissabor de estagiar, depois da
desencarnação, nos antros pestíferos do astral inferior.
O ser ascende
ao estado humano logo que adquire recursos para fazer bom uso do livre arbítrio
e para ouvir e respeitar a voz da consciência. Se todos bom proveito tirassem
desses atributos, que se acham ao dispor de cada um para a solução dos problemas
terrenos, a vida seria um permanente manancial de alegrias e satisfações.
A falta de
consciência é revelada sempre que se constatam atos recriminantes contrários às
leis naturais, ao progresso, ao bem-estar coletivo. Ela aparece nos lares, no
trato com os familiares, no trabalho externo, nas relações hierárquicas e na
vida pública, nos postos governamentais.
A desordem
administrativa, o elevado custo de vida, a falta de assistência social, que
tanto prejudicam a estabilidade dos encarnados, são fruto da
irresponsabilidade, de ambições descontroladas, de desvios de energias, de
desequilíbrio moral, e têm, como origem, o desprezo pela voz da consciência.
Ninguém diga
que procedendo mal, agindo com incorreção, deslealdade e desonestidade não sabe
que está errado; o indivíduo erra, conscientemente, na maioria dos casos, para
beneficiar-se e dar satisfação aos seus interesses subalternos e inferiores,
que falam alto no seu interior.
A Força
Criadora possui a Consciência Absoluta, e as suas partículas componentes, como
espíritos encarnados ou não, expressam-se pela consciência, como derivativo
moral de condições espirituais. Viver, pois, de acordo com a aviventada
consciência, é ajustar-se às leis que regem o Universo, as quais, quando
unanimemente respeitadas, induzem ao equilíbrio em todas as funções.
Muitas vezes,
por um dever de consciência, tem o indivíduo de agir contra os próprios
interesses, mas nem por isso deve vacilar em dar o seu pronunciamento honrado,
à custa de qualquer sacrifício. Desta vida terrena, o que se leva para o acervo
espiritual são somente os feitos dignos e nobres que tenham servido de exemplos
a outros para a manutenção da estrutura ideal dos hábitos e costumes, e a
efetivação de todos os princípios moralizadores.
Normalmente, o
indivíduo que trabalha não o fará porque o chefe está exigindo; os alunos que
estudam não o farão pelo temor de castigo, mas num como no outro caso, o que
deve imperar, acima de tudo, é a voz da consciência. O trabalhador e o aluno
não precisam ser vigiados para que cumpram os seus deveres; cada qual tem de
dar satisfação à sua consciência e, por isso deve trabalhar e estudar
conscientemente. Este o panorama correto da questão. Todos precisam ter
consciência das suas obrigações, e deverão executá-las tão bem como melhor
puderem, independentemente das exigências de terceiros. Por este modo se apura
o senso da responsabilidade, que anda tão escasso no mundo.
No caminho da
espiritualidade é a voz da consciência que deve ecoar, em todos os momentos,
pois se o desejo é o de acertar, não existe nenhum meio mais indicado do que
atender ao sentido justo das coisas, com a interpretação pautada pelo
bom-senso, pelo equilíbrio, pela razão.
A voz da
consciência reflete sempre uma orientação superior, quando ela é realmente da
consciência. Muito cuidado com as intuições do astral inferior. Analise-se,
antes, a pureza das intenções, pois as forças inferiores, como todos sabem, não
transudam pureza. Não se queira atribuir à consciência resoluções despidas de
grandeza moral.
A consciência
não se educa, por ser a educação nela inata; ela se revela através da alma, de
forma cada vez mais apurada, na medida da evolução já alcançada. Esse
apuramento decorre do fato de tornar-se a criatura, pelo processo evolutivo,
com maior entendimento, mais capaz, mais esclarecida, mais consciente. A
consciência dos fatos se dilata na proporção do aumento da capacidade
individual, e de conformidade com a modulação vibratória que se desenvolve, até
sintonizar com a consciência Absoluta.
Subordina-se,
assim, a expansão do estado de consciência ao progresso espiritual. Eis porque
só no caminho da espiritualidade encontram os seres os meios eficazes para
atingir os mais altos graus de consciência. A espiritualidade é sempre a base,
o ponto de partida para toda e qualquer iniciativa que tenha por objetivo
alcançar os páramos superiores de evolução.
Dá-se, deste
modo, no Racionalismo Cristão, o maior relevo ao acatamento que se deva
conferir à voz pura da consciência. O que se precisa educar, para ouvi-la, são
os ouvidos, o raciocínio e a lógica, para compreendê-la. Somente no trato
diário com as questões espiritualistas se chega a sentir o efeito harmonioso
das deliberações que marcam diretrizes sob a influência estimulante da voz da
consciência.
Oxalá possa a
humanidade, o quanto antes, dar mais valor aos ditames da consciência. A falta
de lealdade de uns para com os outros tem sido a causa principal de se não
consultarem os nobres preceitos da consciência. Não se cogita fazer o que
melhor fala à razão, mas o que mais convém. No que mais convém estão, quase
sempre, os interesses materialistas inferiores e o egoísmo, que procuram
manter-se velados.
Não é correndo
sofregamente atrás de riquezas terrenas para dar expansão aos desejos ocultos,
de aspecto negativo, que alguém poderá despertar a consciência adormecida no
íntimo de sua natureza. Aproxime-se, cada um, da sua consciência, vivendo com
renúncia, com desprendimento, com elevação moral e o propósito salutar de algo
produzir em favor da coletividade.
A consciência
adormecida pode sempre ser despertada, desde que mudem as aspirações
acalentadas, desde que se transforme o sistema de entender e procurar a
felicidade, desde que se tenha por finalidade buscar para o espírito os
tesouros eternos que lhe têm de ser agregados.
Isso não
significa que é preciso despojar-se das riquezas terrenas; o uso dessas
riquezas é que deve ser feito racionalmente, consoante a serventia que
oferecem, sem permitir que obliterem o vigor da consciência. Neste ato reside a
sabedoria que deverá ornar a vida espiritual dos que se propõem a atravessar a
existência terrena pelo caminho da espiritualidade.
22. A Compreensão
A compreensão
das coisas adquire-se pelo hábito da ponderação, e esta resulta da meditação.
Quando se
deseja ter uma visão clara de qualquer assunto, compreendê-lo bem em todos os
seus ângulos e facetas, é preciso aprofundar o pensamento em seu estudo e
esmiuçar todos os pontos obscuros.
A meditação
serena e concentrada, sem deixar que o pensamento esvoace ou tome rumos
estranhos, é a maneira hábil de conseguir-se penetrar no âmago das questões,
convindo notar que a meditação profunda proporciona ligação mental com o oceano
cósmico dos conhecimentos emanantes da Sabedoria Universal.
Há indivíduos
compreensivos a quem se pode apresentar uma tese, uma dúvida, uma dificuldade,
que será encarada por eles com a simpatia correligionária de entidade humana;
ao passo que outros são incapazes de aderir, com solidariedade, ao tema, e, no
comum das vezes, arvoram-se em críticos acerbos ou juízes condenadores.
A vida é cheia
de problemas, e cada um, no seu posto, tem de enfrentá-los, como puder, muitas
vezes com carência de recursos pessoais por falta de experiência, de tirocínio
e de traquejo.
As
dificuldades alheias não devem ser vistas com indiferença ou pouco caso, quando
a solicitação é feita por quem se vê em situação embaraçosa. A maneira de
ajudar, nessa hipótese, prevê, antes de tudo, a necessidade de compreender a
verdadeira situação da vítima, sentindo-a como se ferisse a própria carne do
solicitado, se ele estivesse colocado naquela emergência. Depois, então,
aplique-se o socorro possível.
É
indispensável que todos se compenetrem de que os seres pertencem a um mesmo
conjunto humano, e nesse caráter, cada um é uma parte, uma fração desse
conjunto, não lhe cumprindo isolar-se, completamente, dos problemas alheios,
como se não lhe dissessem respeito. Uma simples orientação é, não poucas vezes,
um recurso salvador.
Deve-se
procurar compreender a vida no seu aspecto real e lógico, em que sobressai a
interdependência dos seres entre si, no âmbito da coletividade. Ninguém pode
viver sem a cooperação direta do seu semelhante. O cooperativismo espontâneo é
uma realidade na vida. Veja-se, para exemplificar, que não seria possível manter
um hotel se os seus hóspedes não contribuíssem, cada qual com a sua parte, para
sustentá-lo; assim como os restaurantes, as fábricas, o comércio, todos os
serviços públicos, etc. É da contribuição de muitos que os empreendimentos
humanos se instalam e progridem.
Uma vez que
essa associação dos seres é uma conseqüência inelutável da organização da vida
no mundo, nenhuma justificativa pode ser encontrada para as tendências
isolacionistas de muitos, com propósitos egoístas.
O entendimento
dessa Unidade faz com que as criaturas se tornem compreensivas e
compartilhantes dos esforços de espiritualização. A compreensibilidade
acompanha o sentido das leis naturais, por meio das quais todos os fenômenos
têm a sua explicação racional.
A criatura
compreensiva está disposta a tolerar as falhas que ocorrem por deficiência de
aptidões, por insuficiência intelectual, por incapacidade de meios, e aceita a
vida com as suas modalidades reais, sem procurar o impossível como solução.
Ouve, analisa, pondera, pesa os prós e os contras, ajusta as conveniências às
imposições circunstanciais, com o objetivo de atingir a fórmula mais
aconselhável.
A capacidade
de compreensão é um atributo desenvolvido pelo espírito, através de numerosas
experiências, tanto positivas como negativas, trabalhadas pelo raciocínio. Nem
só os êxitos contribuem para o progresso; os fracassos também. De todas as
iniciativas colhem-se lições proveitosas, que serão registradas em atividades
futuras. No fim, a soma das experiências produz maior aproveitamento.
As almas
compreensivas atestam longa trajetória percorrida, e aprestam-se para
desempenhar elevados encargos no plano da espiritualidade, para o qual se
sentem atraídas. As pessoas compreensivas não perdem jamais esse atributo
patrimonial, antes o verão aumentado, na medida da aplicação dessa virtude.
Os indivíduos
compreensivos são bons conselheiros e encontram a melhor saída para as
situações difíceis. Quanto mais depressa se puder desenvolver essa qualidade,
tanto maior empenho da criatura em tornar-se compreensiva.
O ser
compreensivo chega a entender a linguagem muda, até a dos animais inferiores.
Isto porque não se limita ao sentido frio das palavras, mas penetra no íntimo
da natureza espiritual, onde descobre o que as palavras não revelam.
Quanto mais elevado
estiver o espírito na escala da evolução, mais sensível se apresenta ao
entendimento compreensivo. Tais espíritos não se irritam com as falhas dos que
erram, porque sabem que cada qual só pode dar o que possui. Logo, como exemplo,
torna-se insensatez esperar que o aluno do primeiro ano não tenha que errar na
solução dos problemas que são tratados pelos discípulos do quarto ano.
Na Terra estão
encarnados, em regime de aprendizagem, espíritos que pertencem, ordinariamente,
aos onze primeiros planos de evolução; é natural, pois, que os de maior
evolução não cometam certa classe de erros, aos quais se expõem os de menor
evolução. Compreendendo esse fato, devem ser recebidos, com maior tolerância,
os deslizes, as faltas, as incorreções do semelhante menos experiente. Para
isso, basta haver compreensão.
Isto não quer
dizer que, pela compreensão mais profunda dos fatos, devem ser tolerados,
indiferentemente, todos os erros constatados, porque isso não seria ajudar o
próximo. É indispensável que se corrija o faltoso, que se lhe mostre a falha e
se lhe dê oportunidade de acertar. Tudo, porém, com sentimento cristão, sem
zangas, sem magoar, sem deprimir, mas com verdadeira compreensão.
Muitas
amizades são desfeitas por falta de compreensão. São desentendimentos que
surgem, muitas vezes por motivos fúteis, e ressentimentos que nascem de um
gesto ou de, uma expressão infeliz. Em inúmeras ocasiões, os que se ressentem
hoje foram, outrora, autores de ressentimentos. No quadro da
compreensibilidade, não há lugar para esses caprichos pueris, sem objetividade
superior, apenas denunciantes de um amor próprio mal orientado.
Jesus não
repeliu as ofensas recebidas, por compreensão, mas não existem outros Cristos
na Terra que possam suportar as agressões que sofreu. É esse o exemplo por ele
deixado e, dentro da capacidade de cada um, faça-se o possível para imitá-lo,
lançando mão dos melhores recursos espirituais que se possua.
No caminho da
espiritualidade, a compreensão é faculdade presente. A cada passo tem o ser
necessidade de demonstrá-la, e os cenários se apresentam já com o propósito de
forçar o seu útil exercício. O mundo Terra, que é um cadinho depurador, foi
sabiamente preparado para que as qualidades espirituais de cada ser se
desenvolvam, por meio dos recursos de que ele dispõe. É aqui, na vida terrena,
que os espíritos encarnados se fortalecerão com o desabrochar dos seus poderes
latentes, dentre os quais se conta a compreensão.
Para ser
compreensivo, é preciso saber dar valor ao sofrimento. Foi curtindo-o, no
passado, que milhares de espíritos alcançaram o seu grau de compreensão, por
onde se vê que a dor confere ao indivíduo meios de evoluir, sendo, por isso uma
necessidade e, como tal, devendo ser reconhecida. Mais felizes serão, no
entanto, os que atingirem o mais alto nível de compreensão sem precisar sofrer,
mas através do esclarecimento, do conhecimento da verdade, da espiritualização.
23. A Razão
A justiça está
sempre do lado da Razão, muito embora na Terra, pela imperfeição humana, nem
sempre esses dois atributos andem juntos. A imperfeição, porém, é temporária,
ao passo que a perfeição habita os domínios da eternidade. Deste modo, a
Justiça e a Razão pairam acima do que é efêmero ou passageiro, para projetar-se
no campo eterno das fórmulas imperecíveis.
Todos querem
ter razão, mas o que acontece é que nela interfere o interesse pessoal que leva
o indivíduo a forjar argumentos ditados pelo intelecto para sustentá-la com ou
sem ela.
A dificuldade
está em a criatura poder ou saber colocar-se em plano elevado para apreciar
daí, com isenção de ânimo e com justiça, os fundamentos da razão. Aqueles que
estiverem em condições psíquicas de se impor por essa norma, mesmo contra os
próprios interesses, podem estar certos de que possuem respeitável acervo
espiritual.
A função dos
juizes é dar razão a quem tem. Espinhosa tarefa porque, para bem desincumbir-se
dela, é indispensável que ele possua aquele citado acervo, adquirido, por
acumulação, no exercício do oficio, em numerosas encarnações.
A capacidade
de vislumbrar a razão é inata no ser humano, e ela só não tem forma mais
substanciosa na vida terrena em conseqüência das deformações do caráter.
O raciocínio
lúcido e bem trabalhado, o ato perquiridor e a intenção sadia constituem um
poder penetrante na área da razão.
O mundo
precisa de homens que saibam dar razão, com o prestígio do seu valor
espiritual, para que a justiça se faça e o bem se espalhe sobre a Terra.
Cultivar,
diariamente, o exercício da razão é um dever que a todos cabe e que tem de ser
acatado e respeitado como uma das práticas cristãs do mais alto grau.
Não adianta
ser cristão pró-forma, só na palavra. O cristão é aquele que dá provas, por
atos, da sua verdadeira condição crística, quando, entre outros predicados, se
revela pelo uso da razão equilibrada justa e enquadrada no bom-senso comum.
O indivíduo só
pode fazer bom uso da razão quando tem controle sobre si mesmo, não se deixando
perturbar. Ora, só se livram das perturbações aqueles que conhecem as
influências do astral inferior sobre os seres encarnados. Os que não conhecem
essa influência tomam-se, sem o saber, seus instrumentos dóceis, e quase
imperceptivelmente agem fora da razão.
No astral
inferior ninguém tem razão, porque é uma região do espaço em que reina a
desordem moral, a indisciplina mental e a ignorância espiritual. Ali todos
estão fora da lei, sem luz Astral, afastados do cristianismo, em estado
anormal. São esses seres que intuem os encarnados que ignoram como se processa
a vida fora da matéria condensada, e assim conseguem, numerosas vezes, deitar
por terra os bons intentos de conservar a razão.
Fora do
espiritualismo difundido pelo Racionalismo Cristão, não há processo mais
adequado de prevenir-se o ser humano contra os assaltos capciosos, violentos ou
brandos, do astral inferior, a que, a todo e qualquer momento, estão sujeitos
os integrantes da humanidade.
A falta de
razão na defesa de qualquer idéia traz sofrimento e até tortura. Aquele que
estiver sem razão situa-se numa posição falsa. Mesmo que consiga uma vantagem
aparente e superficial sobre a razão, estará perdendo, porque esta se conserva
em linha de equilíbrio, e todos os acontecimentos que se projetarem fora dessa
linha voltam a ela ou nela se encaixam, em mais ou menos tempo.
É inútil
querer burlar, trapacear, mistificar a razão, porque as condições da vida mudam
ao passar o indivíduo do plano físico para o astral, e ali todas as falcatruas
são descobertas, postas a nu e identificadas nos pormenores, ficando o faltoso
na mais triste e desmoralizadora situação. Aí nada adiantarão as lágrimas de
remorso e arrependimento, porque o mal já está feito e o único recurso é a dor
por que virá a passar na Terra, em futuras provas de regeneração e recuperação.
No trato com a
razão é onde muitos falseiam, escorregam e caem no erro, na enganosa suposição
de que ficou oculto o ato, de que ninguém o viu, de que prevaleceu a ardilosa
tapeação. Ingênua concepção essa. Todos os pensamentos, palavras e atos de
qualquer um ficam registrados no éter, indestrutivelmente, e podem ser revistos
e reexaminados, sempre que preciso for. Pode não se atingir a razão por
deficiência pessoal, mas falseá-la ou deturpá-la é ato criminoso.
O erro,
conscientemente cometido, provém do fato da criatura ignorar, na maioria dos
casos, quais as conseqüências que dele decorrem. Não se pode fazer uso das
faculdades intelectuais desenvolvidas, para torcer a razão. A inobservância
deste cuidado pode redundar na obrigação de voltar à Terra o intelectual
faltoso, sem poder fazer uso delas, por não se revelarem.
Muitos
intelectuais há, por aí, jungidos ao áspero labor terreno, braçal, ganhando o
pão com o copioso suor do rosto, marcados pelo rude trabalho físico, por
haverem feito, em vidas anteriores, mau uso das sua faculdades intelectuais
desenvolvidas.
Ninguém escapa
às leis coercitivas, imparciais, inflexíveis, indeformáveis, rigorosas,
implacáveis e duras. O indivíduo que se colocar fora dessas leis naturais
receberá golpes proporcionais ao desvio, sem apelação possível, desferidos com
a insensibilidade própria das leis.
Este alertamento
aplica-se aos cuidados que devem ser tomados no uso da razão, de maneira que
não se venha a prejudicar alguém pelo seu mau emprego da razão e pelo descuido,
pela indiferença, pela negligência, quanto ao seu trato.
Pelo mau uso
da razão, feito consciente ou inconscientemente, grandes tormentas têm
desabado, e os seres atingidos não têm sido poucos. As guerras não se
verificariam se a razão prevalecesse nos entendimentos, diante dos quais teriam
de curvar-se os responsáveis por elas. A razão, como a verdade, é uma só, e não
pode pertencer a dois partidos antagônicos. Quando se tem a razão como cúpula,
debaixo dela se acomodam, cordial e harmoniosamente, todas as almas
verdadeiramente esclarecidas.
É a falta de
cristianismo, a ausência de espiritualidade, que têm conduzido os indivíduos e,
conseqüentemente, as Nações, ao caos, ao infortúnio e ao flagelo da destruição.
A razão é substância espiritual, é atributo da Inteligência Universal e, por
isso, se reflete na estrutura espiritualista com o vigor da sua pujante
essência.
Cuide-se,
pois, diligentemente da razão, em todas as circunstâncias da vida terrena, pelo
mérito da sua qualificação, por questão de formação moral e por desejar-se
contribuir para a elevação espiritual do conjunto humano.
A razão inclui-se,
com outras modalidades de cunho cristão, nas normas espiritualistas, onde tem a
sua posição de destaque na apuração dos valores morais. A estrutura do espírito
recebe, com o reforço desta prática e o exercício da razão, maior
fortalecimento e melhores disposições para o trabalho nas atividades
superiores.
A razão é,
assim, integrada no domínio do espírito, uma faculdade de elevação aos planos
transcendentes da espiritualidade, onde ela se reúne aos gerais atributos da
Força Criadora.
24. A Constância
A constância é
uma virtude indispensável a qualquer realização. Ela se sobrepõe às
dificuldades e é fator decisivo das vitórias. A constância marcha ao lado da
convicção. Assim, quem é constante é convicto, e sabe para onde vai e o que
quer.
Ao contrário
do volúvel, que é um indeciso, um incoerente, podendo chegar a ser leviano, o
constante é compenetrado, seguro e conseqüente.
É preciso
haver constância nos estudos, no cumprimento dos deveres, na pontualidade, na
afetividade, nas tarefas de levar por diante os bons cometimentos.
A constância é
baseada no raciocínio e no critério, e surge como medida sensata e equilibrada.
É pela constância que as obras de repercussão futura são mantidas e animadas.
Não fosse pela constância, o Racionalismo Cristão não permaneceria,
persistentemente, incutindo a luz da Verdade em espíritos renitentes uns,
retardatários outros, em assuntos espirituais.
A constância é
tolerante e paciente, não se alterando diante da indiferença ou do descaso, por
ter o seu caminho traçado e seguir por ele. Pouco importa o vozerio do mundo
insensato e imprudente, se o espírito constante, apoiado em madura compreensão,
não se deixar levar pelas dissonâncias do ambiente.
Obras que não
se concluem, recebem o golpe da inconstância e deixam entrar em cena o
enfraquecimento, a desunião, a falta de compreensão. O memorável exemplo de
Jesus é um hino de glória à constância, pois ninguém o demoveu do seu propósito
de predicar em favor da sua doutrina, embora soubesse, de antemão, a que
extremos o levaria a sua constância.
Os grandes
Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz foram outras duas figuras inflexíveis na
constância de levar a bom termo, na Terra, a implantação da Doutrina
Racionalista Cristã. As dificuldades e os sacrifícios que tiveram de enfrentar
foram muitos, mas, como espíritos de alta classe, não se desapegaram da
constância triunfante.
Quem se
dispuser a ter constância não pode ser comodista, desatento, parcialista, mas,
ao contrário, tem de ser ativo, eclético e idealista. A sua linha de conduta é
firme, e os traços de sua personalidade não deixam dúvidas quanto à sua
definição moral.
A constância
fortalece a firmeza de caráter, enobrece a alma e dá exemplos de segurança. Na
realidade, o ser afeito à constância apóia-se em argumentos, em relações
fundamentais, em conclusões abonadoras. Por isso não torce nem para a direita
nem para a esquerda, mas prossegue num mesmo sentido, coerentemente.
O indivíduo
nasce constante ou volúvel, porém os que nascem volúveis precisam corrigir-se
dessa falha, e os que vieram à Terra já com a virtude da constância devem fazer
tudo para fortalecê-la.
Essa
circunstância de mostrar o indivíduo, em tenra idade, as tendências para ser
constante ou volúvel, é uma conseqüência do que foi em encarnações pretéritas,
e depende do que nelas mais alimentou. Se nada fez para não ser volúvel,
adquiriu, de fato, essa tendência que, segundo o grau com que se manifesta,
pode exigir o esforço de várias encarnações, para dela se libertar. As más
tendências criam raízes profundas, de difícil e demorada extirpação. As boas,
como, no caso, a da constância, devem ser cultivadas, porque conduzem ao
aperfeiçoamento espiritual.
Sempre que a
criança revelar certa má tendência, como nos maus hábitos, esta deverá ser logo
eliminada. Para isso, usa-se o bom-senso comum, o critério, o tirocínio, a
prudência e o raciocínio como armas de efeito sumário. Estes escritos são
endereçados àqueles que se acharem amadurecidos para a espiritualidade, e os
puderem absorver com entendimento.
É pela
constância nos estudos que se formam os cientistas, que se preparam os
inventores, que se descobrem e extraem as riquezas do subsolo; é, ainda, pela
constância que se aperfeiçoam os métodos de cultura, de trabalho, e os demais
que induzem ao progresso.
Vê-se, pois,
que a constância tem uma importância capital na vida humana, e que deve ser
cultivada por todos que quiserem participar de melhores dias. Ela é
construtiva, benéfica e altamente compensadora.
Diz, com
sabedoria, um aforismo que "errar é humano, e que o mal está em persistir
no erro". Ora, uma vez verificado o fato de que tal ou qual diretriz é
condenável, imediatamente se terá que tomar novo rumo, antes que a criatura se
venha a tornar vítima das conseqüências. Por isso, todos, no mundo, têm que andar
alerta, cuidadosamente, espreitando o inimigo que surge ou pode estar escondido
onde não se espera.
São esses
cuidados terrenos que apuram as qualidades morais e fazem com que as criaturas
mais experimentadas passem de aprendizes a conselheiras. Convém então ouvir os
sábios conselhos das pessoas idosas, bem vividas e sensatas, especialmente
quando foram delicadas e eficientes preceptores, marcadas pela constância.
A constância é
um atributo indispensável à formação moral de cada ser. Ninguém pode imaginar
um Espírito Superior volúvel; seria um completo absurdo tal idéia. Assim, não
se chegará a uma escala Superior de evolução, enquanto não se possuir o
atributo da constância para aplicá-lo nas atividades, compromissos e
realizações. Todos têm que seguir na vida um código de princípios morais, se
quiserem bem aproveitar a encarnação, e, dentro desse código, não pode faltar a
prática da constância, pelo seu grande valor, pelos exemplos que poderá
oferecer e pelos bons resultados que se farão sentir.
Proceda-se a um
exame do valor da constância nos acontecimentos cotidianos, e se verá como
aqueles que a adotam conseguem triunfar, pois em torno da constância
construtiva formará uma corrente astral que a protege e mantém a fim de que o
objetivo para o qual ela existe, seja, invariavelmente, alcançado.
A constância,
na busca de um elevado fim, estabelece vibrações permanentes em favor da sua
consumação. Como as correntes afins se unem, compreende-se a forma pela qual
entram em contato aquelas com as do mesmo gênero firmadas no Astral, que as
revigora e sustenta, materializando-se os seus colimados fins.
Os pensamentos
do Astral Superior são construtivos, pois que nele tudo converge para a
evolução, em todos os aspectos. Ali, a constância, na manutenção desses
pensamentos, é uma verdade, que não se modifica enquanto os planos traçados não
se converterem em realidade positiva. Deste modo é que os ideais humanos, os
programas terrenos de elevação moral e as soluções que concorram para o
benefício espiritual da humanidade encontram reforço naquele ambiente Astral,
pela associação das correntes afins, e, como resultado automático, externam-se,
no campo físico.
O Racionalismo
Cristão é um exemplo desse fenômeno psíquico, dessa coordenação de pensamentos,
da constância com que a idéia é mantida até à sua consecução. São ainda os
pensamentos afins, as vibrações sintonizadas em caráter constante, que
asseguram o êxito dos trabalhos no Racionalismo Cristão, onde há uma fusão
completa dos elevados ideais comuns dos planos físico e Astral.
A constância
tem sido, pois, uma força favorável ao resultado feliz dos empreendimentos, e
será tanto mais consistente quanto mais firme se apresentar no curso da sua
duração. Ela concentra, em si, um poder em potencial que apenas aguarda a
ocasião para demonstrar a sua magnitude.
Ser constante,
firme, imperturbável nas suas convicções, é atributo que compete ao
espiritualista desenvolver e, por isso, o terá presente nestas disposições
doutrinárias. Atende-se, assim, ao fornecimento de meios para que os estudiosos
do Racionalismo Cristão possam dar expansão às suas possibilidades inatas, e
conseguir, mais depressa, alvejar a meta.
Ao adotar a
constância como um hábito, abre-se ao indivíduo um caminho novo na vida, por
via do qual outras perspectivas se revelam, para melhorar a sua rota. Para ser
constante, não basta querer, mas também agir, empregar esforço, controlar-se e
educar-se para esse fim. Exige a tarefa força-de-vontade, decisão e
entendimento racional, pois ninguém deixará de ser constante, desde que
compreenda a sua razão de ser, a sua força espiritual.
Dê-se à
constância inteligentemente o mérito que ela tem, para que dessa disposição
resulte uma firme usufruição de resultados compensadores. O que se quer
atingir, é um viver mais proveitoso, mais útil, mais benéfico aos interesses
evolutivos da comunidade, voltada para o lado da espiritualização.
25. O Raciocínio
O raciocínio
conduz a criatura a soluções racionais. Quem raciocina, pensa, argumenta,
compara, pesa, deduz e conclui. A faculdade de raciocinar é inerente ao ser
humano, e o habilita a conjeturar com lógica.
O critério é o
resultado do trabalho do raciocínio bem orientado. O indivíduo criterioso é
sensato, ponderado, firme e seguro nas suas conclusões. As vacilações
desaparecem diante do critério sereno e imparcial.
Enquanto há
criaturas que pouco uso fazem do raciocínio, optando por soluções desavisadas e
levianas, outras existem também que apóiam as suas decisões no vigor do
raciocínio, nada resolvendo sem submeter todos os problemas ao exame dessa
faculdade.
A prática do
raciocínio deve repousar em exercício sistemático, em que, em lugar de serem
considerados os fatos superficialmente, pela rama, pelas exterioridades, se
aprofundem no estudo das questões, investigando todos os ângulos, separando os
prós dos contras, medindo-os, até dissecarem toda a matéria em apreciação. Esta
é a maneira de se encontrarem a razão e a justiça no interior dos fatos.
A palavra
"racionalismo" é derivada da expressão "racional", surgindo
ambas da aplicação do raciocínio, que se deseja sempre claro e conciso.
Quanto mais se
raciocina, mais se aprende, porquanto se extrai dos assuntos toda a substância
assimilável capaz de aumentar os conhecimentos. Os cientistas são pessoas que
chegam com o seu raciocínio às minúcias, estendendo-se, em suas pesquisas, em
todas as direções, ganhando assim profundidade, altura e amplidão, sempre que
devassam uma área em estudo. Por isso, descobrem e inventam.
A criatura que
se habitua a raciocinar erra menos do que aquela que, afoitamente, vai
resolvendo ou complicando as suas tarefas. Há quem tenha preguiça de
raciocinar, e os maus efeitos dessa indolência não se fazem esperar. Se o ser
humano chegou a conquistar o atributo da faculdade superior de poder
raciocinar, não deve, de modo algum, desprezar tal conquista como se ela não
tivesse valor.
Se os erros
campeiam tão abundantemente pela Terra, pode-se afirmar que a sua causa
principal é o descaso pelo uso do raciocínio, que leva os seres a atuarem,
precipitadamente, sem a indispensável prudência e moderação.
Por falta de
raciocínio penetrante, deixa-se de reconhecer a verdade da lei da reencarnação.
Veja-se, fora dessa lei, se há explicação racional para um nascer nababo, em
berço de ouro, em palácio, cercado de abundância, enquanto outro nasce, filho
do mesmo Criador, para ser lixeiro, coveiro, para viver, miseravelmente,
desprovido de todos os bens; enquanto uns se apresentam com uma inteligência
fulgurante, sábios, cientistas, virtuoses, poetas, escritores brilhantes, outros
são desprovidos de intelectualidade, e têm dificuldade de aprender coisas
elementares. Uns desfrutam, outros amargam a vida.
O raciocínio,
a lógica, a razão esclarecida mostram como essas citadas discordâncias se
justificam, à luz do espiritualismo. No entanto, preferem os indiferentes à
verdade não se aprofundar na questão, não usar convenientemente o raciocínio,
para não terem de reconhecer a real e dura situação em que se encontram no
cenário tumultuoso da vida.
O raciocínio
representa uma chama a iluminar os passos de cada um. É pelo raciocínio que se
descobrem os perigos, os riscos quando se toma este ou aquele rumo. Os que não
raciocinam, com acerto, sobre os processos reencarnatórios, estão perigosamente
andando por caminhos incertos, sujeitos a sofrer as conseqüências. Todos se
devem convencer que é aqui mesmo, na Terra, o lugar para onde todos voltam, em
circunstâncias dolorosas, para renovar a lição não aprendida, e que as
criaturas podem fechar os olhos e deixar de combater muitas falhas às quais não
costumam dar importância, confiados na promessa do perdão.
Não fossem
suficientes todas as provas existentes que evidenciam a lei das reencarnações,
ainda se poderia contar com esse poder demonstrativo, que tem os seus
fundamentos na força do raciocínio. Esta faculdade bem utilizada produz certeza
e convicção, e por esse meio é possível chegar-se aos mais seguros resultados.
O estudo
facilita o desenvolvimento do raciocínio. Os que raciocinam bem, sem demonstrar
grande erudição, dão sinal de que se estão valendo da bagagem que trouxeram de
vidas anteriores, quando acumularam cultura. Para raciocinar bem é
indispensável saber ordenar os pensamentos e desenvolvê-los cronológica e
dedutivamente. São as ciências matemáticas as que melhor coordenam os elos de
uma cadeia, e permitem armar o problema numa equação de possível solução.
A criatura, em
geral, não se lembra do que aprendeu nas vidas percorridas, mas o
desenvolvimento que obteve manifesta-se, parcialmente, de vários modos,
inclusive nesse de raciocinar bem.
Os exercícios
de concentração também concorrem para expandir o raciocínio. Tome-se um tema,
fixe-se nele o pensamento, revolva-se-o, penetre-se profundamente na matéria,
procurando dissecá-la ao máximo e tirando e retirando todo conhecimento que possa
oferecer. Com esta prática, ver-se-á quão numerosos são os elementos
constituintes de um tema aparentemente banal.
Vencem melhor
na vida os que raciocinarem com mais acerto, e souberem argumentar
racionalmente. Quando o indivíduo puder apresentar proposições irretrucáveis,
estará em condições de levar de vencida a sua causa. Os que possuem o dom de
convencer são aqueles que dispõem de uma capacidade ampla de raciocínio. Todos
podem conseguir essa capacidade, desde que se resolvam a desenvolvê-la.
No plano da
espiritualidade, não se pode deixar de raciocinar. O joio terá de ser separado
do trigo à custa de raciocínio. O "crê ou morre" já foi uma sentença
atroz, nos tempos do "Santo Ofício". Infelizmente, algumas seitas
ainda a conservam: são aquelas que afirmam haver Jesus vertido o seu sangue na
cruz para os salvar. Os que crerem nessa afirmativa estarão salvos do inferno,
mas os que não crerem receberão a condenação eterna. Eis a sentença viva do
"crê ou morre"!
Para esses,
quem crê não precisa raciocinar, mas apenas crer. O espiritualista não crê,
simplesmente, mas vai além: ele sabe, conhece, tem convicção, através das
revelações cabais e do raciocínio. Por falta de espiritualidade, de raciocínio,
há os que crêem na existência do inferno, do céu, do perdão. Por isso, a
situação espiritual do mundo é deplorável, por causa do raciocínio escasso. Os
que crêem no perdão são os maiores responsáveis pela degradação moral que se
observa, e podem, segundo pensam, praticar crimes, abusos e toda a sorte de
delitos, porque no fim o perdão lava tudo. Neste cenário enquadram-se os
indivíduos que apenas crêem. Quando o raciocínio conduz a conclusões que
desagradam, preferem não raciocinar.
O Racionalismo
Cristão é Doutrina que exalta a força do pensamento, o valor do critério, o
poder do raciocínio. É seu lema raciocinar sempre, da melhor maneira possível.
O raciocínio esclarece, ilumina, representa uma segunda visão. Não se deve
restringir o conhecimento somente ao que se vê com os olhos físicos, mas ainda
perceber o que a luz do raciocínio desvenda. Para isso se dispõe dessa
faculdade, a fim de fazer-se bom uso dela.
Muito embora
todos pensem que sabem raciocinar bem, a realidade é que muitos raciocinam mal,
sem base e sem lógica; notam-se, nestes, a falta de profundidade nas suas
argumentações e a fraqueza das suas conclusões. Para bem raciocinar, é preciso
ter adquirido o atributo correspondente, que não se forma de um momento para
outro. Em cada vida, em cada encarnação, há necessidade de esforço para
acumular cabedal que o raciocínio precisa.
Os que não
procederem deste modo perdem um tempo precioso, que muita falta lhes vai fazer
em futuro próximo, quando verificarem o que deixaram de conquistar nesta
existência, com o fim de melhorar a sua capacidade de raciocínio. Substitua-se
a crença inexpressiva pelo raciocínio lógico, concludente, assimilável, pois
que as recompensas dessas permutas se farão sentir.
26. A Disciplina
O Universo é
todo disciplina. A pontualidade com que os astros fazem os seus movimentos é o
resultado dessa disciplina. Um Universo sem disciplina seria caótico. A
disciplina estabelece a ordem, e esta sustenta o progresso. O lema da bandeira
nacional do Brasil, "Ordem e Progresso", é bem expressivo a este
respeito.
Um programa de
trabalho, um método de ação são disciplinas que presidem atividades. Os
empreendimentos vitoriosos são aqueles que se firmam em bases disciplinares. A
disciplina educa o espírito, economiza, reduz o esforço e aumenta o rendimento
do trabalho, dando-lhe eficiência e aperfeiçoamento.
A disciplina é
observada até na vida dos insetos. Veja-se como procedem as abelhas e as
formigas na luta pela vida, pondo em execução simples regras da disciplina.
Toda organização se baseia na disciplina.
A disciplina
põe ordem nos pensamentos, coordena a argumentação, estabelece escala para as
tarefas e ocupações e conduz a conclusões seguras, no desempenho de qualquer
atividade.
O indivíduo
indisciplinado se prejudica, quando nele se constatam gestos de desperdício de
energias, inconstância de vontade, irregularidade de ação. O indisciplinado é,
geralmente, impontual — outra característica que contraria a boa formação
moral. Ele, além de ser desorganizado, comete o abuso, não raro, de faltar com
o respeito a si mesmo, pois é descuidado com a sua pessoa e desatencioso na
convivência social, pela força do hábito de não se manter em dia com os seus
compromissos.
A
espiritualidade reclama a presença da disciplina na interpretação de seus
postulados. Os horários, os tratamentos, as dietas estão subordinados à
disciplina. A vida disciplinada é uma garantia para a saúde e para o progresso.
Todo ser disciplinado inspira respeito e acatamento. No exercício da vida
funcional, tomam os primeiros lugares, na seleção, os indivíduos que
demonstram, pela disciplina, a consciência do dever.
A disciplina
não se afina com o "mais ou menos", o "pode ou não pode
ser", com a instabilidade, com a incerteza e a vacilação. Ela é positiva,
segura, imprime confiança e traduz decisão e obediência. Se houvesse maior
disciplina no ritmo da vida humana, o rendimento seria maior e os resultados
mais compensadores.
É de boa
compreensão, acerca dos afazeres, das imposições, que o mundo faz, que a
disciplina se torne uma prática essencial, desde que se queira proceder
corretamente e tirar da vida terrena o melhor proveito possível.
Exemplo de
disciplina se constata nas Casas Racionalistas Cristãs, em que o regimento
interno obedece a instruções superiores. Ali está, com a disciplina, uma das
diferenças entre uma organização eminentemente espiritualista, supervisionada
diretamente pelo Astral Superior, e as organizações pseudo-espiritualistas,
dirigidas pelos homens com as suas falhas e imperfeições.
A disciplina é
norma de retidão. Não há desculpa nenhuma para alimentar a displicência gerada
pela indolência e irresponsabilidade.
Ninguém é
indisciplinado por fatalismo ou "débito a saldar", mas pela
negligência do espírito, por comodismo doentio, por deficiência pessoal.
Os que se
afastam da disciplina contrariam as leis naturais, agem desarticuladamente,
alteram a ordem cronológica e concorrem para a orgia dos trabalhos, para o
tumulto das obrigações e para os distúrbios que se verificam na marcha das
operações laboriosas.
A
indisciplina, que gera mal-estar, contrariedades, reclamando esforços
retificadores, absorve tempo e energias, gastos inúteis e traz desassossego ou
intranqüilidade.
Ninguém tem o
direito de malbaratar valores, como os que se prendem ao aproveitamento das
atividades planejadas com disciplina, e que, totalmente ou em parte, se venham
a perder por insuficiência de ordem, método e responsabilidade.
Os atos de
disciplina doméstica não precisam ser pautados dentro de um rigorismo
extravagante, com instituição de penalidades pesadas, pois o caso mais se
ajusta à educação que se deve ministrar com afetividade.
A educação
disciplinar areja a mente, de vez que, controlados os pensamentos, deixam as
criaturas de meditar dispersivamente, podendo, como convém, orientá-los num
sentido construtivo, elevado e digno de ser focalizado.
A mente
arejada concorre para a higiene da alma e para a saúde do corpo. Assim, a
disciplina introduzida no esquema dos hábitos e costumes ecoa em todos os
setores da atividade humana, sacudindo as tendências viciosas de indolência e
de desordem.
Sem fanatismo,
a disciplina deve ser observada com critério, com a tolerância de alma
generosa, mas sem permitir, por questão de fraqueza, pieguice ou enganosa
bondade, que as concessões esporádicas abram precedente para desmoralizar a
ação disciplinadora.
O indisciplinado
não se apresenta, no plano astral, quando chegar o momento, com fisionomia
tranqüila e a expressão descansada de quem se portou na Terra à altura dos seus
indeclináveis deveres. Esta circunstância deve ser encarada com atenção, pois é
de grande importância para todo indivíduo que, ao apresentar-se diante de almas
evoluídas, não se tenha de envergonhar das suas ações desordenadas.
Os atos
terrenos precisam ser pesados com discernimento, devendo estar todos certos de
que eles produzirão os frutos, mais tarde, da natureza das sementes. Semear
indisciplina significa formar canteiros variados de muitas essências venenosas
e intoxicantes, que passarão a ser absorvidas pelo próprio agente. A semeadura
é voluntária, mas a colheita é obrigatória no terreno das leis de
causa-e-efeito.
Ninguém se
deve portar no mundo como um irrefletido, um inconsciente, que nada procura ver
com os olhos da visão astral. Uma vez que todos são espíritos, embora
encarnados, devem fazer esforço para enxergar com os olhos espirituais, que são
reais, que estão presentes e que não iludem; essa visão é iluminada pela mente,
pelo raciocínio claro, pela sensibilidade psíquica e pela espiritualidade.
Os seres
esclarecidos sobre a verdade exposta ao alcance de todos não se deixam iludir
pela falsa retórica de apoio à indisciplina. Há os que se gabam de não se
submeter a ela, por parecer-lhes, erroneamente, que toda subordinação é uma
restrição à liberdade. Todos, até a Força Criadora, estão subordinados,
voluntariamente, às leis naturais e imutáveis, e quem quiser quebrá-las,
passando desdenhosamente por cima delas, sofrerá as conseqüências torturantes
da transgressão.
A disciplina
faz parte de um dispositivo legal das leis supremas, e aqueles que a adotam e
praticam, colaboram com o movimento harmônico das Forças do Bem, do Progresso,
da Evolução.
27. A Felicidade
Há três
importantes condições que entram no cômputo da felicidade: saúde, paz e
prosperidade.
A saúde deve
ser conservada a todo o custo, tanto a do corpo físico quanto a mental. A
moderação dos hábitos contribui para manter a saúde. A criatura deve ser
morigerada na alimentação, no trabalho, no próprio descanso. Descansar demais é
prejudicial. O trabalho exercita o físico e a mente.
Para manter a
saúde, é preciso também adquirir o hábito da serenidade. Não deixar que o
sistema nervoso se altere de maneira nenhuma. Ninguém resolve nada com
nervosismo. É costume dizer-se que o que não tem remédio está remediado. Depois
do fato consumado, o que resta a fazer é dominar os nervos, para melhor poder
pensar e agir.
Educar o
pensamento, ou a forma de pensar, é uma necessidade para que se possa meditar
com serenidade. Os abalos morais descontrolam as células do organismo e
predispõem o corpo à doença.
Na vida, todos
estão sujeitos a passar por dissabores, a receber notícias desagradáveis, a
desgostar-se com as injustiças dos menos esclarecidos. Essas contrariedades
afetam a saúde, provocando distúrbios internos que, muitas vezes, só se
manifestam tempos depois.
Por isso, é de
bom alvitre estimular o bom-humor, procurar ser otimista em termos razoáveis,
dar o devido desconto aos fatos sensacionais, de vez que estes somente produzem
efeito nos primeiros momentos em que são conhecidos, caindo, logo depois, na
rotina da vida.
Quando os
insucessos passam, verifica-se que não houve motivo tão forte para que
trouxessem tanto sofrimento, que o próprio tempo se incumbe de apagar. Neste
mundo, às vezes caótico, em que as desgraças e a dor se escondem em cada moita
do caminho, vale preservar a saúde para se poder resistir aos embates.
Uma vez se
conheçam os perigos que ele oferece, perigos que todos os encarnados têm
condições para enfrentar e vencer, melhor é entrar na liça com corajosa
serenidade, vencendo o nervosismo.
É evidente que
a humanidade tem feito pouco progresso espiritual nestes dois mil anos, após a
vinda de Jesus, este revolucionário do bem, que trouxe consigo tão gloriosas
mensagens. Estas não foram aprendidas, pelo mau uso do livre arbítrio dos
povos, faculdade de dois gumes, que tanto pode elevar, como degradar. Não quis
a humanidade fitar a luz refulgente do Farol, preferindo ocultar-se nas sombras
da noite, para dar expansão aos atos da matéria. Esta é uma das razões de haver
tão profusa disseminação de moléstias, das mais variadas origens, que afetam
todos os seres.
O atraso na
evolução espiritual do mundo é grande. Neste século vinte, implantou-se na
Terra o Racionalismo Cristão, com árdua missão de restabelecer as verdades
cristãs para apontar à humanidade o verdadeiro caminho da vida.
Somente por
meio do espiritualismo poderá haver sanidade moral e física, com o declínio,
até desaparecerem, das insidiosas doenças que abatem o ânimo, destroem as
energias e sacrificam os lares.
O estado
endêmico das coletividades é um reflexo ponderável do materialismo
predominante, a que tantos ficam sujeitos. Quanto mais se dedicarem os seres à
busca sôfrega das oferendas mundanas, apaixonadamente, mais se firmará a
corrente materialista, com os seus funestos resultados, sendo a doença
generalizada um dos frutos.
Não pode haver
felicidade sem saúde, e como quase não há saúde perfeita, a felicidade completa
fica em plano inferior. Um indivíduo sozinho não pode modificar a situação
geral. Esta é obra para muitos. Cada um terá de fazer a sua parte, em benefício
do conjunto humano. Conduzir os seres para o caminho da espiritualidade é o
maior anseio, a solução do problema, a conquista do ideal. A felicidade
almejada virá, então, como todos esperam, desde que afastadas as causas
materialistas que a mantêm à distância.
A paz é o
atributo componente da felicidade. Paz quer dizer consciência tranqüila,
deveres bem cumpridos, obrigações em dia. A paz predispõe o espírito a receber
intuições das altas camadas espirituais. Ela é eminentemente construtiva.
Desejar a paz,
é empreendê-la; é saber sentir os seus efeitos. Há um movimento de paz no
Universo, que se manifesta pelas vibrações dos Espíritos Superiores, e urge
sintonizar com essa corrente, para receber dela as efluviações condizentes.
Não pode haver
espiritualidade sem paz. Ela é confiança, convicção, certeza. Confiança na sua
imutabilidade, convicção nos métodos que a sustentam, certeza nos benéficos
resultados que dela advêm. A paz é sustentáculo dos fortes, daqueles que
conhecem a marcha da evolução e podem dar a sua participação eficiente em seu
favor.
A paz é uma
segurança para o equilíbrio das funções de relação na vida social. Ela não
acomoda a injustiça, o desgoverno, a malquerença. Ao contrário, firma-se na
ponderação, na lógica da razão, nos princípios do Amor, e é harmônica com
respeito à felicidade dos povos e ao entendimento das Nações.
A paz reside
no interior das almas justas, bondosas, valorosas e amigas, que sabem vibrar no
regozijo com a felicidade alheia. Saúde e paz varrem as preocupações do espírito
e, quando associadas à prosperidade, completam o ciclo da felicidade.
Na realidade,
a prosperidade é outro fator que predispõe o indivíduo a considerar-se feliz.
Todos almejam prosperidade nos negócios, nos estudos, nos vários ramos da
atividade. A prosperidade é o resultado do êxito, do acerto, do merecimento. A
prosperidade vem ao encontro do laborioso, do esforçado, do metódico, do
diligente, daquele que não desfalece diante dos óbices a vencer. A prosperidade
prende-se a vários cordões da cadeia do sucesso, e está ligada a certas normas
disciplinares aceitas pelo espírito.
A prosperidade
só é válida, só tem base firme, só representa uma verdadeira conquista, quando
se esteia na honestidade, quando não é reflexo do egoísmo, quando, para
alcançá-la, não se pisa sobre o semelhante. A prosperidade não significa,
simplesmente, riqueza material; ela, na realidade, é muito mais do que isso;
ela é parte integrante do tesouro do espírito e o acervo de valores morais.
A saúde, a paz
e a prosperidade, ao comporem a felicidade, demonstram a posição de quem segue
pelo caminho da espiritualidade. A felicidade real, verdadeira, permanente, só
é possível, na Terra, com a espiritualização geral. É preciso que este tema
importante seja reconhecido. Nada adianta bater a cabeça pelo mundo, de
encarnação em encarnação, sem o menor proveito para o espírito. Milhares são as
almas que não têm feito o menor progresso espiritual no curso dos séculos. O
atraso espiritual do mundo é um atestado patente, aos olhos de quem pode ver.
Depois de dois mil anos da vinda de Jesus, a Terra é, ainda, um mundo de
guerras, revoluções, massacres, morticínios, assaltos, roubos, perversões,
pompas e ostentações, rapinagens, espoliações, falsidades, agressões,
mexericos, adultérios e traições!
Em matéria de
espiritualização, está quase tudo no mundo por fazer. Dois mil anos são
decorridos sem que se estabelecesse, nesse tempo, um regime disciplinar de
ensinamentos cristãos. Foi preciso implantar o Racionalismo Cristão para esse
fim. Sofre a humanidade em conseqüência da sua ignorância espiritual. Os males
que a atormentam têm a sua origem nessa lacuna.
A ânsia de
usufruir felicidade preocupa cada membro da família humana. Falta-lhe, no
entanto, o archote, a luz esclarecedora, o ensinamento espiritualista. Assim,
às escuras, procura, em vão, nos prazeres ilusórios da matéria, aquilo que
somente pode ser achado no plano das forças espirituais.
A felicidade,
no entanto, não é uma fantasia no cenário da vida terrena. No meio de tantos
riscos de viver-se infeliz, há um caminho intercalante de pleno contraste com
os painéis da dor, da insegurança e da angústia, que se pode chamar "o
caminho da felicidade".
Ele existe,
realmente, no recôndito da agitação tumultuosa, na voragem que consome ou
subverte os recursos morais em meio do lodo das misérias humanas, ou seja, no
desprezo aos deveres espirituais. Por entre essas degenerescências humanas,
desenvolve-se sinuosa, ampla, iluminada, a estrada da felicidade.
É, porém,
preciso encontrá-la, e saber como descobri-la. Não é cultuando o materialismo
escravizador que se há de chegar a desvendá-la. Ela está no interior de cada
um, perfeita, intacta, pronta a servir de acesso aos mais altos cumes da
gloriosa jornada.
A felicidade
começa a ser sentida com a descoberta do seu caminho, e vai se revelando,
ampliando, intensificando à medida que se for seguindo para a frente, na sua
direção, com segurança, perseverantemente, cada vez mais consciente pela
capacidade interna de realização dos valores espirituais.
A chave que
abre o portal que conduz ao caminho da felicidade e existe no âmago de cada
ser, indistintamente, é o espiritualismo, compreendido na sua expressão excelsa
e pura.
As normas
racionalistas cristãs, postas em prática no cotidiano, com conhecimento de causa,
induzem o indivíduo a encontrar a sua felicidade, primeiramente, porque não dá
valor exagerado às vantagens terrenas e, em segundo lugar, porque sabe extrair
de dentro de si um paraíso para a sua vivência, com o lapidar recurso das suas
eternas e indestrutíveis riquezas entesouradas na alma, desde os primórdios.
É
indispensável que se faça bom uso dos dons espirituais, para que eles se
revelem, cada vez de maneira mais límpida, translúcida e operante, no sentido
harmônico da vida.
A felicidade é
um estado emocional de alegria e conforto moral, que vibra com a consecução do
bem; é produto de condições inatas, que se apuram, sempre, com o exercício dos
preceitos da espiritualidade.
Todos são mais
ou menos responsáveis pela carência de felicidade, visto como estando ela ao
alcance de qualquer um, deixa-se de lado a aplicação dos meios com que
desfrutá-la, preferindo-se dar vazão a pensamentos e sentimentos que redundam
em prejuízo daquele alto propósito.
A serenidade,
a confiança em si, o equilíbrio na palavra e na ação, a compostura, a
generosidade, o respeito à dignidade humana, a disciplina educativa, o
comedimento, a discrição, a consciência do dever, a probidade, a atenção no
trato, a prática do bom-humor, são atributos cultiváveis, atributos inatos do espírito,
que, sendo revelados, atestam felicidade.
Quem possuir,
despertas, tais faculdades entra, realmente, no caminho da felicidade, e dele
não se afastará jamais, porque sabe que encontrou o tesouro da vida que a
"traça não corrói nem a ferrugem consome", no dizer do Mestre
Nazareno.
Só não crêem
na existência da felicidade, aqueles que se encontram mergulhados nas águas
profundas da incompreensão, em decorrência da própria vontade mal orientada,
quando o ser procura satisfazer-se, apenas, com os atrativos efêmeros e
perecíveis da matéria.
Aproveitem-se
da vida terrena os motivos agradáveis que dela se possam colher, desde que tais
motivos não sejam os que atentem contra a moral cristã, e não se descuidem, por
um só instante, de satisfazer o espírito das ansiedades superiores que ele
externa, através da voz sensível da consciência, no desejo de progredir na
escala espiritual.
Nenhum entrave
deve atormentar a consciência, no desempenho da missão que cada um tem de
servir ao Todo. Assim, afastando a infelicidade de um lado, e atraindo a
felicidade de outro, é a maneira certa que deve ser adotada no curso da
trajetória terrena.
Esse proceder
depende da vontade própria do ser, da sua disposição, da sua compreensão. É
esta compreensão que se procura reavivar nesta obra, por ser fundamental para o
encontro da felicidade.
A felicidade
existe para aqueles que norteiam a sua vida em consonância com os princípios
verdadeiramente cristãos, como os que se acham contidos na substância destes
temas que dizem respeito à vivência terrena de todos os seres.
Não só um
rigoroso e racional respeito à lei das conseqüências deverá imperar no trato de
interesses em curso; na vida de cada um, como um sentido filosófico da
felicidade, que afasta o contato incômodo e pernicioso da ordem de pensamentos
destrutivos, pessimistas e corrosivos, criada sob uma conceituação de
irrealidades decorrente de fatos ignorados, pela negligência na procura de
conhecimentos espiritualistas.
Que a
felicidade existe, é do domínio comum. Tudo depende da adaptação a ela, já que
não é privilégio de ninguém. Como um tesouro oculto, precisa ser descoberta no
interior de cada um; as chaves que abrem as portas do templo da felicidade
encontram-se à disposição daqueles que as quiserem. "Procurai a Verdade e
a achareis", é uma frase atribuída a Jesus, que se ajusta ao caso;
encontrar o caminho ideal é uma questão de orientação dentro de normas aqui
divulgadas. Por que não cultivar os dons espirituais com persistência, esforço
e dedicação?
Viver feliz na
Terra é alcançar o máximo que se possa desejar durante o curso experimental de
aplicação dos conhecimentos obtidos com a espiritualidade.
Coube ao
Racionalismo Cristão esta tarefa monumental de atrair a atenção dos estudiosos
das coisas do espírito para a conquista da felicidade, esse tesouro espiritual
que constitui o objetivo principal, nas diligências humanas.
28. A Economia
Consiste a
economia num senso de equilíbrio quanto aos gastos. Situa-se eqüidistante dos
extremos, quando esses extremos são a usura de um lado e a prodigalidade do
outro.
A economia
liga-se ao maior aproveitamento das riquezas, e deve ser empregada, de forma
educativa, com a consciência dos reais valores.
Os espíritos
que precisam encarnar, prefeririam ser ricos, se pudessem, mas, na realidade,
aqueles que não têm noção de economia fracassam, invariavelmente, quando
detentores de fortuna. Tanto os avaros como os perdulários têm a encarnação
perdida, e na volta, ou na seguinte, são obrigados a encarnar em meios pobres,
e lutar, até o fim daquela etapa terrena, sem a possibilidade de enriquecer.
É preciso ter
uma boa soma de requisitos espirituais para poder encarnar rico, sem risco de
acumular débitos pesados no correr da existência. Entre esses requisitos
espirituais, está o senso de economia. Esse senso é aplicado intelectualmente,
sem sentimentalismo, porque entrando em linha de conta o sentimento, o
equilíbrio econômico descamba para a esquerda ou para a direita.
Descamba para
um lado, quando o indivíduo começa a amar a riqueza, penetrando, com isso, na
área do sovinismo; descamba para o outro lado, quando se deixa explorar pela
paixão doentia, especialmente quando dominado pelo sexo.
O dinheiro
fácil leva a criatura ao desperdício e ao esbanjamento. Exemplificando, cita-se
o caso das boates, com ambientes propícios ao malbaratamento de valores morais
e materiais. O comércio dessas casas é feito à custa daqueles que não têm noção
de economia e se prestam ao ridículo de mostrar que podem gastar à larga. Por
ser um lugar em que o vício se sobrepõe aos bons costumes, não é de
estranhar-se que as explorações se revelem às escâncaras.
Os
freqüentadores contumazes das casas de jogo e de mundanismo sensualista, onde
os saldos das reservas são despejados, sem o menor controle, são criaturas
fadadas a renascer em meios de privança ou de penúria, a fim de se exercitarem
no trato da economia forçada.
O avarento, na
próxima encarnação, poderá, se for o caso, ver o seu dinheiro queimar-se nos
incêndios, sumir-se nos naufrágios, desaparecer, enfim, nas mais variadas
formas de imprevisão, para que aprenda a desligar-se dele, de conformação em
conformação. Para todas as deformidades morais, há na Terra lições adequadas.
Os seres não
espiritualizados estão, geralmente, no grupo dos gastadores ou no dos
miseráveis, quando servidos pela fortuna. É o conhecimento da vida espiritual
que dá à criatura o critério justo das coisas, por meio do qual se mantém
economicamente na posição de equilíbrio.
A economia é
feita, não para guardar riquezas que embolorem, mas para que se use o
necessário e se apliquem as sobras na produção do trabalho, no desenvolvimento
das ciências e das artes, ou ainda, na melhoria ou no aperfeiçoamento do gênero
humano, nas múltiplas formas de progresso, inclusive, e principalmente, o
espiritual.
O patrimônio
material, intelectual, moral e espiritual do indivíduo deve ser aplicado em
favor do semelhante, com inteligência, não devendo, por isso, ser disperso de
maneira improdutiva, ou em prejuízo da comunidade.
As riquezas
materiais são do mundo, e todos têm acesso a elas, cabendo a alguns dirigi-las
nesse bom sentido. Sempre que houver desvirtuamento desse dever, é a
coletividade que sofre, privada de uma melhoria, embora imponderável, que foi
dispersada.
Em se tratando
de um caso isolado, pode parecer que a influência do desperdício não fira o
conjunto dos seres, mas como os perdulários são numerosos, os danos se tornam
apreciáveis e as restrições a que terá de sujeitar-se a massa humana terão de
ser proporcionalmente aumentadas.
A economia
deve ser olhada no seu sentido filosófico, doutrinário e espiritualista. Ela
decorre de uma disciplina, da compreensão que se tem da unidade humana, em que
todos se agrupam debaixo de uma só bandeira — a bandeira da comunhão
espiritual.
Não se deve
deturpar o sentido elevado da ordem econômica, que visa o maior bem geral, o
respeito à necessidade do próximo e a consideração aos que sofrem de carência.
Este lado moral, por ser abstrato, não é alcançado pelos gozadores que não
apreciam teorias estranhas aos seus gostos, mas também estes escritos não são
para eles, pois ainda terão uma estrada longa a percorrer, muitas experiências
a colher, antes que se sintam amadurecidos para as coisas do espírito.
A economia
precisa ser encarada com visão superior, com desprendimento, com renúncia, com
grandeza de alma. No entanto, para fazê-la, não deve o ser privar-se de coisa
que lhe seja útil e agradável, desde que os recursos lhe bastem, podendo
cercar-se dos bens que o mundo oferece, cultivando o belo e promovendo a
felicidade. Estes benefícios não significam que, com a posse deles, o
equilíbrio econômico tenha de ser alterado.
O cuidado que
deve ter o indivíduo é para não sair, na sua conduta econômica, do ponto
eqüidistante dos extremos. Sentindo a tendência para tornar-se excessivamente
rigoroso nos gastos, têm de entrar em ação o controle, o raciocínio e o
critério, para que nada se perca neste esforço de manter a linha que convém na
conservação do sistema econômico.
O zelo pela
economia terá de fazer-se sentir tanto no viver doméstico e pessoal, como na
vida pública, no comércio, na indústria, em qualquer setor da atividade humana,
e deve ser cultivado como hábito, por uma questão de princípio.
Há os que
deixam de mostrar-se econômicos, pelo receio de que os maus julgadores os
ridicularizem, em virtude da incapacidade inata de alcançarem a elevação da
medida. Porém, tal receio não passa de uma fraqueza moral que deve ser
energicamente combatida. Quando existe convicção para sustentar uma atitude,
precisa o ser tomar-se inflexível.
Outros há que
se revelam econômicos, com receio da miséria. Esse receio não deverá ser o meio
destinado a alcançar o objetivo. O receio é um mal que, como todos os males,
precisa ser combatido. O receio da miséria pode fazer com que ela realmente
venha; os espíritos do astral inferior, que se contam aos milhões, espalhados
por toda parte, estão sempre atentos às oportunidades que se lhes oferecem, por
sentimentos de fraqueza, para consumar os seus planos sinistros.
A educação
econômica exige que a prática desça aos pormenores; apanhar do chão um
alfinete, uma agulha, um prego, e guardá-los para que sejam utilizados em tempo
oportuno, longe de constituir um ato desprezível, é uma ação consciente,
compreensiva e de muito maior alcance do que aparentemente se pode imaginar.
Para bem se
saber aplicar o senso da economia nos grandes empreendimentos, é preciso ter
noção exata de tal processo, de modo que as iniciativas de ordem econômica
devam manifestar-se nos atos de menor significação, como atestado da sua vigência.
À custa de ser
bem aplicada a ciência econômica, muitos benefícios têm sido espalhados,
numerosos seres têm podido instruir-se e colocar-se na vida em posições
elevadas, e deste modo, tem sido possível fazer marchar o progresso em certos
setores, onde, sem ela, estaria paralisado.
Saber
economizar é uma virtude e, como tal, deve ser disputada por quantos queiram
aprimorar-se na senda do espírito. É assunto que merece ser considerado com a
máxima atenção, em vista da sua importância. É um tema para ser aprofundado, em
meditações, a fim de que se descubra o seu verdadeiro valor. Ninguém se deve
esquecer que é a soma de práticas salutares que conduzem a alma a planos
superiores. A ciência econômica é uma parcela valiosa dessa soma e, por isso,
deve ser colocada, em lugar de destaque, no currículo das matérias que
constituem a aprendizagem terrena.
29. O Lar
O lar é o
recanto íntimo da vida; é o lugar aconchegante onde vivem os membros de uma
família, solidários uns com os outros, nas dores e nas alegrias. É um templo de
respeito, que não deve ser violável; é onde se formam os homens e as mulheres
de amanhã.
Os seres
criados sem lar, ao léu da vida, sofrem os reflexos dessa falha, e dificilmente
se integram no meio social de maneira correta e louvável.
Daí a grande
importância do lar, quanto ao poder de amoldar os espíritos ao trato comum, de
desenvolver o sentido da ajuda e de estimular o interesse pela solução dos
problemas internos, que têm por fim a defesa e o benefício do conjunto que o
compõe.
O indivíduo
consciente da sua parte na composição dos membros de um lar precisa subjugar os
impulsos egoístas em favor dos menos aquinhoados do seu grupo familiar,
exercitando os indispensáveis atos de renúncia e fortalecendo os laços da
amizade, no convívio cotidiano, ao receber, dos seus, provas de carinho, de
solidariedade e de amor fraterno.
Dentro do lar,
recolhido na sua intimidade, pode o indivíduo, no silêncio da sua paz interior,
revolver o acervo das suas conquistas espirituais, meditar sobre os problemas
da vida real, fortalecer as suas convicções acerca da sua contribuição no
concerto da evolução universal e tirar conclusões sábias de orientação, de
governo e de conduta.
O lar é o
refúgio num campo de batalha. Fora, é a luta, o desenvolver de esforços, as
atividades de sobrevivência, em constante desgaste de energias físicas. No lar,
conquanto os trabalhos sejam permanentes, há os momentos de sossego, de repouso
e de comunhão com a vida eterna.
Dentre os
deveres mais relevantes que o ser há de cumprir na Terra, está o de dar ao lar
a importância que lhe cabe, mantendo-o íntegro, saudável, unificado,
perfeitamente constituído. Por duras provas de sofrimento terão de passar
aqueles que cometerem o crime de desprezar o lar, infelicitando-o, conspurcando-o
e levando-o ao esfacelamento.
Um elemento
corrupto em atividade dentro do lar faz o papel de um câncer no corpo físico,
como nos casos de adultérios, de prevaricação, de degeneração e desonestidade.
Não há razão,
em hipótese alguma, que justifique o mau procedimento. Ninguém veio ao mundo
para proceder mal; este é o produto da ignorância, das falhas de educação e do
livre arbítrio. Também não é possível atribuir a terceiros a culpa do mal que o
indivíduo praticou; o autor do mal — e mais ninguém — é o único responsável por
ele.
O cultivo das
qualidades morais de um lar é, pois, uma exigência de ordem moral que se impõe,
e que o acompanha até a desencarnação. Essa exigência foi estabelecida no Plano
Astral e se grava no subconsciente para ser cumprida. Daí a gravidade quanto à
quebra dessa imperiosa obrigação.
O ser humano
possui, ao encarnar, condições de conservar na mente consciente os preceitos
morais que devem, intransigentemente, orientar a sua vida.
O bom
procedimento habilita o ser que queira fazer bom uso do seu livre arbítrio e
dar ouvidos à sua consciência, a processar, normalmente, a sua evolução com
aproveitamento da encarnação. Os que assim procedem não travam lutas inglórias
na Terra, e têm assistência astral assegurada em favor da sua emancipação
espiritual.
É no lar que
se atestam as disposições do indivíduo de ser fiel consigo mesmo, não traindo
seu compromisso de fazer valer os recursos morais de que dispunha, antes de
encarnar. Infelizmente as criaturas, na maioria dos casos, abandonam-se às
seduções do mundo, sufocando a voz da consciência.
"Vós os
conhecereis pelos seus atos", assim se manifestava o Nazareno, quando
chamava a atenção dos prevaricadores.
Viver
espiritualmente não é, apenas, cumprir uma rotina devocional, mas antes
satisfazer obrigações exemplarmente; é conduzir-se com retidão e firmeza; é
manter limpos o caráter e a dignidade; é ser operoso e prestativo, atento e
justiceiro. Os lares que se apoiarem nestas normas enquadram-se nos princípios
espirituais, e a sua estrutura permanecerá sólida e inexpugnável. Os seus
membros, integrados nessa ordem, colherão os frutos substanciais necessários ao
crescimento espiritual.
Não há
diversões, passeios e festas que valham o suficiente para justificar o descaso
pelo lar. Podem, entretanto, fazer estas diversões, estes passeios e festas,
desde que organizados de tal forma que o lar permaneça intocável, na sua
natureza sublimada. A maior riqueza que o ser humano pode desejar é a obtenção
de um lar formoso, sadio, bem constituído, harmônico e respeitável. Nesse lar
desabrocham flores espirituais de grande valor, e nele todos crescem para o
alto ao encontro de elevadas inspirações.
Havendo boas
condições físicas, todos têm o dever de instalar o seu lar, para dar
oportunidade aos espíritos encarnantes de nele baixarem, beneficiando-se dessa
instituição. Assim, cumpre o lar o papel educativo da vocação espiritual inata,
que precisa ser estimulada e desenvolvida; nesse meio sadio, pode a criatura
encontrar os recursos para atingir a sua meta.
Bem compreendida
a finalidade do lar, fica apto o casal a não se descuidar, empregando os
melhores esforços para que a parte que lhe toca na tarefa honrosa seja
fielmente desempenhada.
Os trabalhos
do lar são árduos, cansativos, rotineiros e de extrema responsabilidade, mas o
ser encarna para isso, para enfrentar essa situação. A vida é mais de
sacrifício do que de prazeres, sendo preciso abandonar a idéia de que este
mundo deve ser só de gozos. O importante é que na hora de sacrifícios haja
compreensão, em lugar de choros e lamúrias. Quem não estiver contente com a sua
posição, faça tudo de bom e do melhor que puder para merecer aquele estado que
almeja.
Não convém
alimentar ilusões firmando-se na falsa suposição de que, voltando à Terra,
poderá viver num paraíso, se esse for o seu desejo; o processo evolutivo faz-se
lentamente, e uma vida tormentosa pode ser transformada em amena pelo
merecimento conquistado. Isso não significa, porém, que essa amenidade não seja
acompanhada de compromissos, trabalhos e preocupações.
O lar é uma
forja modeladora de caracteres, quando o objetivo é atingido, e somente a
inclinação humana por atos condenáveis tem impedido que ela se apresente na
Terra conforme o original. Todos, em geral, têm a consciência desse modelo, mas
muitos preferem esquecê-lo.
Desde os
primórdios, é o lar sentido na sua concepção fundamental; nos seres de
civilização primária, encontra ele a sua definição humana. Os requintes de uma
civilização materialista têm desvirtuado a imagem do lar, na sua pureza, e é só
o espiritualismo que há de restabelecer a sua forma ideal. Como se vê, sem um
entendimento estruturado na moral cristã, esse elemento básico da
espiritualidade, que é o lar relativamente perfeito, não chega a
concretizar-se.
Em defesa da
purificação dos lares, e empenhado na restauração dos seus valores abalados,
está o Racionalismo Cristão pugnando, sem cessar, confiante nos resultados
desta ação persistente e espiritualizadora. A sanidade de um povo depende da
sanidade dos lares componentes. Logo, o trabalho de espiritualização precisa
começar nesse núcleo humano de atividade vital, o lar. Cada integrante dele,
deve participar dessa responsabilidade, aceitando-a, com entendimento, para o
êxito da missão.
O esforço
feito reverterá em beneficio do próprio agente, que não faz favor a ninguém. É
necessário triunfar sobre os hábitos maus e acelerar a evolução geral. Todos
ganharão com isso, porque mais depressa se conseguirão libertar dos
padecimentos rudes que só atingem aqueles que se opõem à espiritualização.
A alegria, a
felicidade, a bem-aventurança e a riqueza estão ao alcance dos que se
dispuserem a viver de acordo com as normas apresentadas por esta doutrina; com
isso os brindes virão, em obediência rigorosa à lei de causa e efeito.
A ignorância
destes fatos tem contribuído muito para que a displicência e a indiferença
tenham tomado corpo, levando os indivíduos a se entregarem à dilapidação de
seus próprios valores morais. As realidades, porém, estão sendo reveladas, com
clareza, pelo Racionalismo Cristão, e não podem os delinqüentes apresentar mais
desculpas invocando a ignorância em seu favor, na hora em que cada um presta
contas a si mesmo.
Urge
despertar, abrindo os olhos da alma, para ver o que convém; e sabendo que não
se sairá do primeiro plano de evolução (de onde se voltará a encarnar em baixas
condições espirituais), enquanto não se resolver a dar o primeiro passo de
criar no lar o ambiente honrado, de entendimento saudável, harmônico,
fraternal, e de amor e respeito.
30. As Obrigações Domésticas
No lar, cabe à
esposa superintender os afazeres domésticos; quando nele há fartura e riqueza,
os problemas são, apenas, de direção, mas em se tratando da classe média e da
pobre, a dona-de-casa tem de participar, diretamente, da intensa faina
cotidiana.
Fiquem cientes
as moças casadoiras de que se o futuro esposo não for ao menos remediado, a
luta será grande. Dos afazeres de um lar muitos são cansativos e rotineiros.
Algumas moças enfrentam, com estoicismo, a situação, enquanto outras se
desesperam e chegam até a maldizer o casamento.
Uma coisa é
cuidar das tarefas caseiras, junto da mamãe que, quase sempre, para poupar as
filhas, arca com a parte mais pesada dos encargos; outra, é assumir, ela mesma,
a responsabilidade de dar conta do recado, até sem ajuda.
O que mais
cansa no lar é a rotina; de manhã à noite, semana após semana, mês após mês,
ano sobre ano, sempre o mesmo serviço braçal, extenuante, de hora marcada, sem
cessar, a exigir o esforço, a dedicação e a resignação da esposa.
Os filhos
começam a aparecer, pela ordem natural das coisas, e é quando redobra o
trabalho. É lindo ver-se um bebê limpo e bem arrumado, mas só a mãe sabe quanto
isso lhe custa; vale muito, no caso, o amor materno para amenizar um serviço a
mais.
Algumas jovens
noivam, sem se aperceber do que as espera após o casamento; levam os dias a
alimentar as mais poéticas ilusões, como se fossem ficar ao lado do bem-amado,
embaladas pelas mais doces melodias de amor, sem maiores preocupações do que as
de receber carícias do seu eleito. Daí o fato de despertarem êxtases as fábulas
de príncipes encantados!
A alma da
mulher não esclarecida é, geralmente, romântica e sonhadora, mas tanto o
romance como o sonho não passam de ficções, de enganosas figuras mentais que
fogem, inteiramente, à realidade.
O que deve
interessar na vida é a realidade, porque diante dela é que todos têm de viver.
Quando se está preparado para enfrentar a realidade, fica-se em melhores
condições para vencer as dificuldades da vida, ao passo que a desconhecendo, se
sentirão as criaturas vítimas, na hora amarga das desilusões.
Ninguém
quererá ser vítima; portanto, resta reagir contra as ilusões e os sonhos, e
encarar os problemas com realismo e valor, para evitar maiores sofrimentos.
As moças que
não se prepararam para a vida de casadas e não sentiram, de antemão, a sua
verdadeira missão de esposas e mães, frente às agruras que sobrevirão, ficam
desnorteadas com o impacto, queixam-se, sem saber de quem, e às vezes se voltam
contra o marido, por não terem podido satisfazer aqueles enlevos imaginários
que alimentaram, dos quais ele sempre se conservou alheio.
Dessa falta de
preparo, surgem as discussões, o mau-humor, o enfado, o desgosto, a
contrariedade, a insatisfação, o dengue de se fazer de vítima, a infelicidade,
a doença, o martírio, a desgraça, enfim.
As noivas, em
geral, pensam que o casamento é um paraíso, esquecidas de que na Terra tal
paraíso não existe. A Terra é um mundo depurador, em que todos são imperfeitos,
e é do convívio permanente de uns com os outros que se desgastam as arestas
contundentes e, conseqüentemente, cada qual vai ficando melhor, mais educado,
mais tolerante, mais compreensivo.
Muitos
desastres ocorrem após o casamento por falta de compreensão, de preparo, por
não haver sido encarado o problema à luz da realidade. Todos, podendo, devem
chegar ao casamento, por precisarem das experiências que nele se colhem, e sem
as quais ninguém se aprimora na vida para atingir a melhores condições
espirituais.
A vida exige
sacrifício e renúncias, de cada ser, e com a compenetração dessa Verdade é que
as moças precisam encarar as suas obrigações domésticas. Chegará o tempo em
que, por merecimento e por maior evolução, todos alcançarão um estado de
felicidade que não é conhecido na Terra, mas enquanto esse dia não chegar, é
indispensável que se saibam portar condignamente diante das circunstâncias
adversas.
É necessário
que as obrigações domésticas não perturbem a paz do espírito, não diminuam o
afeto pelo marido, não transformem as boas disposições morais, não provoquem
discussões, queixas, gemidos e lágrimas de arrependimento. Só a incompreensão e
o egoísmo podem gerar uma situação desagradável, diante do quadro imposto pelas
obrigações domésticas.
Às vezes,
certas moças teimam, por capricho ou por outro motivo, em unir-se, pelo
casamento, a quem não devem, impressionadas por dotes físicos ou por palavras
embaladoras, sem que a razão pese no assunto, e o resultado é um desajustamento
incorrigível.
A moça,
dispondo-se a dar ao lar essa contribuição valiosa, que é o senso das
obrigações domésticas, deve reservar essa virtude para quem mereça, para quem
possa apreciar essa qualidade, para quem tenha dotes morais elevados, para quem
saiba corresponder a esse atributo.
Previamente
preparada para a reencarnação, traz a criatura traçado o seu caminho, em linhas
gerais, cabendo submeter-se aos trabalhos que escolher para realizar. Uma vez
que adotou o sexo feminino, para ser esposa e mãe, em condições mais ou menos
modestas, veio para desempenhar o seu papel, do qual não se deve procurar
esquivar. Quando assim não procede, os débitos se avolumam.
Importante é
que ninguém se esqueça deste ponto fundamental: o mundo, ao invés de ser um
éden, é uma prisão, um hospital, integrado, na sua maioria, de elementos
humanos plenos de falhas e imperfeições; é uma escola de sofrimento renovador,
de aparentes injustiças, de ilusões e conseqüentes desilusões, de trabalho
físico árduo, espinhoso e desgastante.
Não é
desfrutado gostosamente, senão por instantes, só para saber-se avaliar o valor
do que é bom e do bem, para que se prossiga em sua permanente busca.
Com esta idéia
da realidade dos fatos, cabe às jovens meditar sobre este tema, dispondo-se a
enfrentar, corajosamente, a trajetória terrena, que é, apenas, mais uma vida
seguida a tantas outras. Embora pareça muito longa, uma existência de setenta
ou mais anos pouco representa no conjunto da vida eterna.
Se as
obrigações domésticas forem bem cumpridas, boas perspectivas se abrem para o
futuro, quando outras atribuições mais leves, mais agradáveis, estarão
reservadas.
Um dos males
está em a criatura crer falsamente que a vida se resume nesta curta permanência
terrena, e que por isso deve aproveitá-la materialmente ao máximo.
Não precisa a
moça pobre ter inveja da rica, porque também será rica, um dia, e então verá
que a felicidade não está na riqueza; não precisa lamentar-se por não possuir
jóias, porque as poderá ter, até em abundância; não precisa amargurar-se por
não poder viajar pelo mundo, porque esse dia vai chegar, e há de sentir esse
desejo saturado. Tudo quanto for desejado, ardentemente, será convertido em
realidade. Evidentemente não faltarão reencarnações em número suficiente para
que todas as aspirações terrenas sejam consumadas.
Uma vez, pois,
que não faltará tempo e ocasião para a satisfação de todos os anseios,
materiais ou não, faça-se em cada encarnação o máximo que se puder em prol da
evolução, dentro ou fora do quadro das obrigações domésticas.
Todos devem
obedecer docilmente às imposições da vida, sem esperar que ela se submeta a
essas imposições, aceitando o mundo como ele é, e não querendo transformá-lo,
da noite para o dia, naquele mundo imaginário e ideal que os sonhos acalentam.
No palco da vida, todos têm o seu papel, e cada qual precisa esforçar-se para
representá-lo bem, não de acordo com o seu egoísmo, mas conforme a orquestração
geral e as normas de respeito ao próximo, incluindo as que envolvem o interesse
sadio da coletividade.
A criatura que
se obstina em não dar a sua participação às salutares solicitações terrenas,
como no caso das obrigações domésticas, torna-se um elemento negativo na
organização humana, e a omissão do seu trabalho repercutirá, profundamente, na
sua existência futura, colocando-a em níveis mais baixos de atuação. O
insubmisso, o rebelde, o faltoso perde a confiança que nele se havia
depositado, e nada o poderá socorrer na hora em que estiver resgatando os seus
erros e omissões.
As obrigações
domésticas não foram criadas a esmo, mas com uma finalidade superior.
Não se procure
comparar a tarefa da mulher com a do homem. Surgem dessa comparação, não poucas
vezes, discussões estéreis. Ambos, com obrigações importantes a desempenhar,
sofrem os seus impactos morais, cada qual a seu modo, conforme o campo de ação
de cada um. Convém se lembrarem de que o espírito não tem sexo, e que a
condição de encarnar como homem ou mulher, é unicamente para atender a
conveniências evolutivas.
A mulher
honesta, que se entrega criteriosamente às obrigações domésticas, poderá
ganhar, em evolução, bem mais do que o homem, sujeito a descuidar-se em atos de
prevaricação e de apropriação indébita, pelas facilidades que a natureza e os
momentos lhe oferecem, do que lhe acarretarão custosas delongas na trajetória
espiritual futura.
As esposas não
devem, por isso, comparar a sua posição na vida, quando entrosadas nas
obrigações domésticas, com as do esposo, como que se amargurando por uma
pretensa desigualdade. As leis da vida, que são sábias, atuam em benefício e
não em prejuízo de qualquer um. É a compreensão espiritualista que esclarece
todos esses pormenores, mostrando a sabedoria com que foram traçadas.
As criaturas
que se sentirem infelizes, por se julgar em condições inferiores às de outras,
aguardem, paciente e consoladamente, a sua vez, empregando os melhores meios para
se tornarem merecedoras de alcançar o que aspiram. Façam jus à felicidade,
adquirindo valores patrimoniais para o espírito, cumprindo, com agrado, ou
conformadamente, as suas tarefas, por mais espinhosas que sejam, como, no caso,
as obrigações domésticas.
Há moças que
nasceram em lares ricos e que, por circunstâncias adversas, viram-se na
contingência de tomar sobre os seus ombros os pesados encargos das obrigações
domésticas e, como verdadeiras heroínas se portaram, dando cabal cumprimento à
sua missão, solidárias com o marido, dele amigas em todas as horas, e
compreensivas e estóicas.
A completa
falta de compreensão dos deveres do lar e da família tem dado, como resultado,
o divórcio, a separação do casal, os adultérios e os filhos que se transviam,
numa verdadeira convulsão no sistema social.
Não tenham
dúvida as esposas que trocam os superiores encargos representados pelas
obrigações domésticas que lhes estão afetas, por levianas aventuras prazerosas
ou maneiras fáceis de conseguir vantagens materiais, que estão traindo a si
mesmas, descendo os degraus do infortúnio, preparando um futuro martirizante,
especulando com a felicidade e renegando a assistência das Forças Superiores,
que é reservada aos seres de boa conduta moral, desejosos de evoluir.
Muitas moças,
pelo fato de serem bonitas, acham que precisam realçar artificialmente a
beleza, e que não podem fazer certos serviços caseiros que prejudiquem a
silhueta, criando, com isso, uma situação incompatível com as obrigações
domésticas. O sentimento que nasce em suas almas nem sempre lhes mostra se o
eleito está em condições ou não de satisfazer as suas exigências ou pretensões.
Grande
responsabilidade assumem as moças fisicamente bem dotadas, por estarem mais
expostas a fracassar na sua elevada missão, caso não ponham em uso a sua
têmpera moral. A beleza faz aflorar a vaidade escondida nos recônditos da alma,
e a vaidade é sempre inimiga das obrigações domésticas. A mulher deve conhecer
até que ponto está satisfazendo ou iludindo a sua indeclinável missão.
Aqui na Terra
é muito fácil esconder as inclinações e intentos secretos, mas para os que se
encontram no Plano Astral nada é possível ocultar. Deste modo, os que estiverem
descumprindo as suas obrigações não encontrarão justificativas para atenuar o
seu procedimento.
Se as
obrigações domésticas não forem realizadas, corretamente, o conjunto familiar
sofre as conseqüências, as necessidades não são atendidas, as providências
oportunas e acauteladoras não são tomadas. O resultado é criar-se uma série de
defeitos, falhas e erros, que deveriam ser evitados. Há um ser responsável por
isso, responsável, perante si mesmo, perante a família e perante o Todo.
Pode-se então facilmente depreender o alcance da irresponsabilidade e avaliar
os seus efeitos. Ninguém pode, impunemente, abandonar o seu posto sem incorrer
nas sanções das Leis Eternas.
Nota-se uma
grande falta de responsabilidade na massa humana. Quase ninguém procura saber
as conseqüências de tal ou qual ação, e quais os verdadeiros motivos de
determinadas obrigações. Pouca gente sabe que tem um papel importante a
desempenhar na vida, que não consiste, apenas, em prover o pão de cada dia,
dormir e passear. Em se tratando das obrigações domésticas, o lado substancial
desse encargo é a educação social, é a formação moral, é o espírito revestir-se
da têmpera de que precisa nos atos de renúncia, de desvelo, de sacrifício
relevante; é o esforço de espiritualização da prole, de lapidação do caráter,
de incentivação e de glorificação do trabalho, e a estimulação ao sentimento
fraternal do amor, do respeito, da solidariedade, da cooperação, da ajuda, da
defesa e do amparo. A criatura que cuida das obrigações domésticas está atenta
a todo esse quadro de movimentação espiritual, e quando bem esclarecida sobre a
finalidade da vida, no plano físico, oferece uma contribuição eficiente e
valiosa ao seu conjunto humano. Dentro desse aspecto, estão os luminosos
deveres maternos, que culminam na exaltação da Mãe — figura máxima da
humanidade que inspira e anima os mais profundos sentimentos de Amor.
31. O Homem
Sempre que
possível, deverá o homem constituir a sua família. Na idade de casar, não lhe
faltará uma jovem para unir-se a ele, pronta a compartilhar das
responsabilidades para a instituição de um lar. Na dependência disso, também
há, no plano astral, os que aguardam a possibilidade de um renascimento no
mundo físico, para poderem recuperar uma posição perdida ou resgatar débitos
contraídos.
A união
conjugal é uma decisão que o casal toma, em pleno gozo de seu livre arbítrio,
sabendo ambos que assumem compromissos mútuos, de rigorosa validade. O homem e
a mulher incorporam, nesse ato, direitos, deveres e responsabilidades que se equivalem
e que terão de ser respeitados, com leal compreensão. A vida do lar deverá ser
o motivo principal de todas as atenções, cuidados e dedicações.
Tudo deve
fazer o homem para manter o equilíbrio material, moral, sentimental e
espiritual no seu conjunto, para o que precisa ser criterioso, dedicado, hábil,
não estranhando que os demais sintam a vida de maneira diferente da sua. Para
isso, no entanto, é necessário que os seus membros não abram discussões, pois o
seu dever é acatar as opiniões uns dos outros. Não se façam imposições,
exigências, recriminações que possam magoar. Não há perfeições na Terra; todos
têm os seus defeitos, mas cultive-se a amizade pura, dentro da qual as
diferenças se compensam com espírito de tolerância, benevolência e conciliação.
Depende de
cada um firmar-se no propósito inabalável de não destruir a felicidade relativa
que deve imperar no lar. Este esforço terá de ser de cada dia, de cada
instante, como resultado de uma ação vigilante e controlada.
O homem age
melhor com o intelecto, enquanto a mulher com o sentimento. Muitas vezes, os
problemas não podem ser resolvidos sentimentalmente, mas é sempre bom ouvir
falar o sentimento antes de uma decisão cabal. Todos são humanos, e no âmago
desta expressão já se encontra a vibração do sentimento.
O homem, na
luta a que a vida o obriga, não pode ser um sentimental. Por isso, quando o
espírito vem à Terra para exercer as suas atribuições masculinas, prepara-se,
antes, para deixar o sentimento parcialmente em repouso. O sentimentalista é
explorado pelos vampiros, escroques, chantagistas, aventureiros e
inescrupulosos, podendo tornar-se vítima desses miseráveis.
Cabe ao homem
preparar os seus filhos para a luta pela vida, propiciando-lhes a melhor
instrução que puder, atendidas as vocações. Estas nascem com o indivíduo,
porque estão ligadas ao seu patrimônio espiritual e são o resultado da
aplicação, na especialidade, de continuado treinamento, em encarnações
sucessivas. Assim, não se deverá forçar a criatura a ser o que ela não deseja.
Os filhos devem ser orientados pelos pais, mas sem fazerem estas imposições
quanto à escolha de suas futuras atividades.
Compete ao
homem entreter conversação com os seus filhos, quando meninos, sobre a vida, o
modo de proceder e a maneira de conduzir-se no lar, na escola, nas diversões,
em qualquer parte onde estiver. O sistema de educar palestrando e ilustrando as
cenas com exemplos é o mais proveitoso. Os pais precisam conhecer os seus
filhos profundamente, para poderem melhor corrigir as falhas que apresentem e
que diferem de um para o outro. Por isso, não se pode adotar uma fórmula única
e rígida de educação para todos, porque cada qual possui a sua individualidade
específica e o tratamento que serve para um pode não ser indicado para o outro.
Os maridos
devem ajudar as esposas na parte educativa da prole, especialmente em se
tratando dos meninos. Estes contam muito com a benevolência das mães e tiram
partido disso, levando as suas peraltices aos mais perigosos lances. Os
pirralhos precisam contar com a energia e a firmeza do pai para a correção de
certos males que poderão desenvolver-se. A carga educativa, mormente quando os
filhos são muitos, é pesada demais só para a mãe, razão por que a ajuda do
esposo torna-se imprescindível.
Estas
recomendações têm por finalidade a apuração da tarefa familiar, pois tudo
quanto de melhor for alcançado nesse plano de ação reverterá em benefício da
coletividade e da elevação moral do mundo.
Alguns pensam
que vale a pena não fazer nada, porque os outros também nada fazem. É erro
pensar assim, primeiramente porque os outros não têm nada que ver com os nossos
próprios encargos de consciência, e em segundo, porque não há justificativa
possível para querer alguém espelhar-se na negligência alheia.
O lar é a
célula fundamental de um povo. Somente os que se dedicam ao espiritualismo
sentem, a fundo, toda a amplitude dos deveres dos componentes do lar, na
articulação das peças que compõem o conjunto mavioso da sociedade humana. O
objetivo da ação espiritualizadora é fazer com que todos, ou o maior número
possível de pessoas, sigam esse movimento renovador para que a humanidade
modifique a sua mentalidade, afastando-se do materialismo dominante, e se
decida a ser cristã, não na forma unicamente, mas especialmente no conteúdo, na
realidade.
Pessoas há que
deixam de praticar o mal para não serem punidas; outras temem ser pilhadas em
flagrante, quando querem passar por melhores do que realmente são. Isso
demonstra que a força do mal ainda está latente nesses indivíduos, e só não se
manifesta, porque há uma contenção. A espiritualidade provinda do
esclarecimento tem o dom de eliminar o desejo de praticar o mal, induzindo a
criatura a repeli-lo, espontaneamente, sem necessidade de ter de lançar mão da
contenção.
Uma vez
compreendam bem os homens o papel da mulher e o respectivo esforço a que se
entregam para realizar a sua missão dedicada e compenetradamente, tudo precisam
fazer para corresponder a essa dedicação, não se tornando inferiores
moralmente, mas dignos da companheira que possuam. O inverso desta medalha, com
respeito às atribuições da consorte, deve encontrar plena e idêntica
configuração.
É preciso que
a esposa constate em seu marido qualidades admiráveis, que lhe sirvam de
estímulo e exemplo; às vezes essas qualidades estão escondidas e precisam ser
descobertas ou provocadas. Todos têm boas qualidades inatas. Acontece, porém,
não fazerem bom uso delas por faltar alguém que os ajude, mas quando a união é
bem conduzida e o auxílio é mútuo, de ambos os lados podem florescer magníficas
virtudes.
Vigilância
permanente deve ser feita aos próprios atos e atitudes, para se evitarem
descuidos, choques e decorrentes lástimas. A vida exige de cada um atenção
constante, estado de alerta, preocupação de não molestar com palavras e gestos,
porque todos, em regra geral, merecem consideração, muito embora, vez por
outra, cometam algum deslize.
Certos maridos
se ressentem da educação precária que receberam na infância, mas uma vez
ingressando no espiritualismo, têm tudo nas mãos, e sem grande esforço poderão
preencher a lacuna trazida desde o berço, e se tornarem ótimos cidadãos e
maridos exemplares.
Seja para a
esposa, como para os filhos e o pai, o caminho da espiritualidade é a estrada
que conduz à satisfação do melhor que aspirem; é uma estrada sem curvas, que
vai logo à meta. Vejam que a felicidade é o maior bem que todos procuram alcançar,
e é ela que se encontra no alvo de quem palmilha por esta vida.
Vale a pena
insistir na demonstração de que a vida sem felicidade é tormentosa; então, se a
espiritualidade pode levar o indivíduo à felicidade, logicamente nenhum motivo
deve existir para impedi-lo de seguir esse rumo. Isto é racional. O homem,
colocado na vanguarda de seu grupo familiar, deve tudo fazer para conciliar o
sentido desta verdade com a prática do cotidiano, em que prevaleçam os métodos
espiritualistas da moral cristã.
A união conjugal
do esposo e da esposa é feita através de amor, de fraternidade, de compreensão,
de afinidade, de renúncia e amizade; ainda há um elo fortíssimo que os une: a
prole. O empenho máximo do casal, em todos os momentos da vida, deve ser o de
alimentar aqueles citados laços afetivos, para que não enfraqueçam em hipótese
alguma. Desde que o par esteja disposto a defender, intransigentemente, a sua
união espiritual, mantendo acesa aquela chama das virtudes cristãs, nenhuma
força contrária alterará os resultados de tal disposição.
O casal, desde
o primeiro dia da sua união, precisa bem compreender o novo estado, aceitá-lo,
com satisfação, e viver inteiramente para ele. Muitos dos hábitos de solteiro
precisam, desse dia em diante, ser sepultados e não mais revividos, nem em
imaginação. As recompensas da vida de casado são muitas, em meio de novas
alegrias, novos afetos, e, sobretudo, pela satisfação de contribuir o casal,
com a sua parcela, para a constituição da rede familiar, que é o sustentáculo
de uma Nação.
O homem de boa
conduta moral vê aumentado o seu prestígio pessoal, pois que a sua contribuição
para a sociedade é de vários modos assinalada, tanto pelo fato de dar
oportunidade aos filhos que lhe foram confiados, como pelo apoio material e
moral que oferece à sua companheira de jornada. Firme-se, pois, na sua posição
varonil, não se afastando do caminho da espiritualidade, para bem alcançar os
seus objetivos e altear-se no meio em que vive.
A esposa,
aliada a um marido de excelente formação moral, dispõe de um amigo para todas
as horas, com quem partilhará os bons e os maus momentos; essa companheira
solidária traz conforto à alma e novas energias para prosseguir no campo das
atividades e realizações.
As moças que
se casam devem confiar plenamente nos seus eleitos, mas é preciso que estes não
as desiludam, deixando de ser o que foram no período do noivado, até o fim da
vida. Isso depende de ambos, e não é coisa impossível. O Racionalismo Cristão
apela para todos os casais no sentido de se entenderem bem, de se estimarem
muito, de se revelarem indulgentes sempre, de um para com o outro. Não percam a
oportunidade de fazer o intercâmbio da amabilidade, em palavras e atos. Esta é
uma das maneiras de aliviar-se o peso da vida, quando ele se fizer notar, de
suavizar momentos dolorosos que ninguém escapa de os ter, e de despertar o
gosto pela vida.
Todos apreciam
ser tratados com a devida consideração e respeito, para sentirem-se estimulados
em ver os seus esforços reconhecidos, o que atesta criteriosa compreensão, e se
alegram com as provas de amizade que fazem o ambiente tornar-se harmônico e
agradável.
É tão
importante viver-se feliz no seio da família, com os deveres em dia e em uso
das vocações, que nenhum esforço realizado visando alcançar esse objetivo
deverá ser dispensado. Os que atingirem, na Terra, a plenitude dessa
satisfação, podem dizer que viveram neste mundo com o melhor aproveitamento
possível, e conquistaram, no Espaço, uma posição nunca dantes alcançada. Neste
planeta, galgam-se os degraus da evolução, podendo-se, no entanto, parar por
muito tempo num deles, por falta de decisão e esforço, mas não se retrocede. O
acervo espiritual é indestrutível, nunca se perde e só se acumula; é, portanto,
um tesouro imperecível.
Pena é que o
homem não se aperceba, mais depressa, dessa verdade, para ganhar tempo,
aumentar os seus haveres espirituais, distribuir conhecimentos, dar maior
auxílio aos membros da família no tocante ao desenvolvimento das virtudes e,
por fim, contribuir, com a sua força interior, para a elevação da comunidade.
O homem é uma
potência mais ou menos adormecida, pelo fato de ignorar as reais possibilidades
do seu espírito, que só se revelam no exercício diário das práticas cristãs. Se
quiser despertar e enveredar pelo caminho da espiritualidade, verá que os rumos
da vida terão de ser alterados, para que se enquadrem nos ditames de uma nova
ordem, que é toda de sentido purificador e regenerador.
Sem entrar a
humanidade nessa ordem nova, nenhum progresso espiritual sensível se há de
notar, e permanecerão os desmandos, a corrupção, as desavenças e as
degladiações.
O homem apenas
ocupado com as riquezas materiais precisa parar para meditar. Na realidade, ele
reconhece que as coisas andam mal, mas não se quer dar ao trabalho de ver onde
está o erro, se nas suas próprias mãos, ou na associação feita com os espíritos
do astral inferior.
Sem se
preocupar com o que os outros dizem, fazem ou pensam, o dever de cada um, mesmo
que se julgue só, é o de fazer a sua parte na vida terrena, honesta e
compenetradamente, custe o que custar, não se afastando nunca daquela linha de
conduta real, positiva, como bem assinala e ensina o Racionalismo Cristão.
32. As Mães
O homem
necessita ter cuidados distintos, no seu preparo para a vida. Desde criança,
manifesta tendências masculinas que precisam ser encaminhadas racionalmente. É
quando entra em ação o grande papel da Mãe. A educação materna, se bem
orientada, é decisiva na formação da estrutura moral do ser.
Os meninos, no
convívio de uns com os outros, absorvem, com muito mais facilidade, os maus
costumes, especialmente quando em encarnações pretéritas viveram desordenada e
descontroladamente.
A Mãe, uma vez
consciente das leis da reencarnação, está em melhores condições para reconhecer
no filho o reflexo dos maus hábitos que cultivou em vidas anteriores que irão
dominar, novamente, os atos da sua trajetória, se não tiverem repressão.
Por aí se vê a
grande responsabilidade que há no desempenho da missão materna, por ser ela
considerada como a mais elevada do setor terreno. A mulher-mãe, no verdadeiro
sentido, é digna do maior respeito e admiração, e deve sempre merecer do homem
a mais completa demonstração de cortesia, amparo, defesa e superior
acolhimento.
Precisa, pois,
a mulher procurar tornar-se uma verdadeira Mãe, centro das atenções dos demais
seres humanos, que bem procedem se procurarem incutir no ânimo dos adolescentes
essa concepção relevante do amor filial.
As Mães se
sentirão encorajadas na sua áspera missão com o respeito que lhes for tributado
por todos, sem exceção. E precisam desse encorajamento para poderem vencer os
momentos de desânimo a que estão sujeitas com o rigor das provas por que têm de
passar.
A ação das
Mães não é restrita apenas a esculturar a peça moral dos filhos; esse trabalho
se multiplica, através dos seus descendentes, e se espalha no raio de ação dos
mesmos. Depois de deixar o mundo físico, os acordes instrutivos da verdadeira
Mãe continuarão ressoando pelos novos rebentos, que saberão entoar, com
entusiasmo e gratidão, o alto padrão moral daquela que tão bem serviu na Terra.
As Mães, sem o
saberem, têm nas mãos a chave da remodelação do mundo. Não podem fazer, no
entanto, essa operação numa só encarnação, mas com o correr delas. Cumpre
reconhecer que, conquanto as crianças não possam ser, de repente, transformadas
em "santas", quando trazem, de trás, uma soma mais ou menos
considerável de falhas e imperfeições, poderão, no entanto, ser amoldadas para
melhor, com o esforço e o sacrifício das verdadeiras mães.
Mesmo que se
considere que a maioria das Mães também é vítima da falta de preparo das suas
genitoras, forçoso é concordar, até mesmo por uma questão de lógica, que com
uma orientação cristã segura, o trabalho de remodelação se processa,
regularmente, e com o maior êxito, de encarnação em encarnação.
A moral cristã
estabelece princípios que não deixam margem a deturpações no modo de viver. Ela
repudia a leviandade em atos e palavras, condena a ociosidade, repele a
maledicência, o desrespeito e a desonra; por outro lado, cultiva e estimula o
amor fraterno, a consciência dos deveres, a humildade, a disciplina, o caráter
e a probidade.
Por esta
análise, conduz-se o raciocínio à única conclusão segura e certa de que o
cristianismo puro e verdadeiro precisa entrar no âmago dos lares, para que as
esposas e Mães possam fazer de seus filhos os homens de que o mundo carece —
maridos ideais, honrados administradores, pais exemplares, impolutos
educadores.
Assim é que o
homem preso aos salutares ensinos da sua prestimosa genitora, há de procurar
respeitá-los, para satisfação íntima, em obediência à sua própria consciência e
em homenagem àquela que nele soube fazer vibrar as cordas uníssonas da
espiritualidade.
No lar, a Mãe
tem a principal função educativa de preparar os filhos para o futuro; o homem,
em trabalho fora de casa, tem menor contato com a prole, e se encontra menos
apto a participar da ação educadora. No entanto, cabe-lhe também auxiliar,
tanto quanto possível, a companheira, na espinhosa tarefa.
Esta
compreensão precisa ser avivada em todos os espíritos, para que os resultados
comecem a aparecer. Não só as meninas têm que ser preparadas para se tornarem
verdadeiras Mães, mas os meninos, de índole mais difícil de domar, devem
encontrar mão forte, ação esclarecedora, aconchego fraterno dentro do lar,
amizade e interesse, além de solidária participação em todos os seus problemas,
que terão de ser encarados com naturalidade, carinho e confiança.
Os filhos
precisam aprender a encontrar nos pais e irmãos, não os acusadores e
recriminadores implacáveis, mas os seus maiores amigos, os amigos de todas as
horas, prontos a auxiliar a remover os impasses, as complicações, os enredos em
que habitualmente se envolvem.
Devem eles
também aprender a abrir as suas almas aos seus pais, para que melhor os ajudem.
A vida arma muitas situações difíceis, não só para os adultos, como
principalmente para os menores. Escondem os filhos dos pais muito do que lhes
sucede, com receio de reações violentas, de repressões exaltadas e também de
castigos físicos. Os rebeldes não podem ficar isentos de penalidades, de
preferência morais, mas a persuasão, a palavra conselheira, os exemplos
edificantes, a doutrinação corretiva, o estímulo emocional, sempre que
possível, deverão constituir o fundamento da ação educativa.
Os criminosos
de uma existência têm de reencarnar e necessitam encontrar abnegadas Mães para
os tornarem melhores do que foram na encarnação anterior. Essas Mães devem ser
duplamente enfermeiras, para tratar-lhes o físico, quando eventualmente doente,
e a alma, já nascida enferma, porque é esta a situação do criminoso em
expiação.
O fim, na
educação doméstica, é sempre mostrar os deveres que recaem sobre os ombros de
todos os seres humanos, que precisam ser desempenhados com boa vontade, com
resignação, com entendimento e com a possível perfeição. A serenidade, o
controle sobre si mesmo, a reflexão, a ocupação em coisas úteis, deverão
constituir uma preocupação constante.
A vida é
tarefa, é obrigação que exige compenetração e participação ativa. Ela tem um
fim que precisa ser alcançado, custe o que custar. Então vale a pena alcançar
esse fim, sem ser pela força, ou seja, pela imposição do sofrimento. O fim de
que se trata é a evolução, o desenvolvimento espiritual, a entrada na corrente
do amor e da felicidade.
A contribuição
da Mãe é de um valor inestimável no sentido de dar aos filhos um grau a mais de
bom-senso comum, de iluminação, para que vejam o futuro por um prisma real e se
ajustem aos problemas que surgirem, sem revolta, sem desânimo, com a
indispensável receptividade, sempre prontos a completar a obra humana, onde ela
se mostrar falha e imperfeita.
Enquanto a
mulher se revela de maneira delicada, de físico mais frágil e dependente do
amparo masculino, cabe ao homem tratá-la como Mãe ou futura Mãe, sempre a colocando
naquela posição de recato, de respeito e de admiração, pela nobre missão de que
é detentora. A sua função na família ou no meio social sadio é insubstituível,
e quanto mais se aprofundar o raciocínio no mérito do que é ser Mãe, tanto
maior será a sua glorificação no conceito espiritualista.
Aquelas Mães
que não sentem o seu nobre dever, desvirtuam a sua missão, sacrificam uma
existência, tornando-a inútil, e candidatam-se a uma vida futura de maiores
sacrifícios, em dolorosas operações de resgate, pelo descaso verificado.
As mulheres
encarnam, ordinariamente, para ser Mães, inteiramente conscientes da função a
enfrentar e dos problemas planejados para a sua própria redenção. As dores, as
angústias, os sofrimentos por que passam foram previstos, e figurando como
meios eficazes na cicatrização de chagas morais produzidas por erros cometidos
no passado. Umas padecem mais do que outras, já que os sofrimentos são
proporcionais aos delitos.
Evidentemente,
a Mãe que em uma encarnação representou o seu verdadeiro papel, não pode, na
encarnação seguinte, passar pelas agruras e tormentos que ficaram reservados
àquela que desprezou esse papel e feriu o seu próprio meio social com a sua
desventurada ação.
Mãe alguma
poderá sentir-se feliz prevaricando, comprometendo a estabilidade e a sanidade
do lar e enchendo de ignomínia os membros de sua família. As que assim procedem
descem até o degrau mais baixo da desonra, e o seu crime importará num resgate
penoso na encarnação seguinte.
Mães que
tenham recursos financeiros devem preencher as suas horas vagas com estudos
literários e de música, de artes em geral, evitando a ociosidade, por ser esta
geradora de vícios. Dediquem-se, sempre, à orientação do lar, acompanhando o
progresso intelectual, moral e espiritual dos filhos. Esta prática é uma
exigência que vem de trás, e que não pode ser descuidada.
Algumas
mulheres sentem-se surpreendidas com a perspectiva de se verem Mães, como se a
maternidade não lhes dissesse respeito. Desenvolveu-se nelas, pela vida que
levaram, uma auto-sugestão de um falso estado de sua condição de mulher, como
se tivessem entrado num desvio existente na caminhada pela vida. Urge evitar
que caiam num logro desses, de tão funestas conseqüências.
A mulher
precisa ser preparada para a sua missão de Mãe, desde a infância. A própria
natureza ajuda a alertá-la, e a genitora completa o trabalho educativo. A
instituição familiar é um modelo de organização em que os espíritos encarnantes
deveriam encontrar, se ali imperasse a verdadeira espiritualidade, os meios
apropriados e firmes para a realização dos programas que trouxeram dos seus
mundos astrais.
Cada criatura,
seja qual for a sua condição social, tem o seu programa de ação na Terra
previamente estabelecido, sem exceção alguma, e as Mães assumiram compromissos
da mais alta valia, com respeito ao encaminhamento dos filhos, na parte tocante
à sua condição de genitoras, educadoras e preceptoras.
O tempo não
pode ser desperdiçado, e é preciso que, ao cabo de cada dia, possam as Mães
recordar o trabalho feito, para verificar se não houve falha, se todas as
medidas foram tomadas, oportunamente, em favor da conduta correta. Assim
proclama o senso-de-responsabilidade de quem deseja dar boa conta do seu
mister. Ninguém deve, no entanto, ir ao exagero na aplicação das normas
recomendadas.
As Mães que
desempenham bem a sua missão são as criaturas que mais podem fazer em benefício
de terceiros, a elas ligados, e que, com isso, conquistam predicados
valiosíssimos para a sua evolução.
Muitos
espíritos, ao escolher a sua trajetória terrena, inclinam-se para a missão de
Mãe, não obstante as desvantagens que terão de suportar, contanto que essa
condição lhes dê, como de fato dá, desde que se tornem verdadeiras Mães,
oportunidade excepcional de galgar, mais rapidamente, posições superiores na
vida Astral e nas encarnações futuras. As recompensas, assim como as
penalidades, são na lei de causa e efeito, distribuídas generosamente.
33. Os Filhos
Os filhos
também têm na vida a sua parcela de responsabilidade e ação bem definidas,
mesmo sendo menores. Logo que começam a caminhar, devem dar os primeiros passos
na direção da ajuda e da ordem. Nessa idade, podem transportar miudezas, juntar
objetos do chão, chamar alguém, obedecendo ao mando. Assim se desperta neles a
noção de utilidade, de serviço, de colaboração.
À medida que
crescem, ainda pequeninos, é a ordem que tem de entrar no plano das cogitações.
Não deixar que atirem ao solo as peças do vestuário, que desarrumem, sem
arrumar, que façam os outros de seus escravos. As crianças voluntariosas querem
impor, quando encontram frouxidão, e às vezes se estragam com o demasiado
enlevo pelas gracinhas que fazem.
A educação dos
filhos é uma arte difícil de executar e, por isso, grandes falhas morais que se
observam nos adultos, têm a sua origem na ineficiência da orientação inicial.
Muita coisa se
deixa passar sob a alegação de que às crianças tudo se desculpa. Desculpar não
deve significar que se dê pouca importância aos atos reprováveis. Desculpar
pode ser não aplicar castigos, mas não se pode dar de ombros diante de falhas
cometidas. As tendências más ou boas, trazidas das vidas anteriores,
manifestam-se desde cedo, e devem ser analisadas.
Os espíritos
que encarnam em meio civilizado são geralmente almas velhas, milenárias, com
grande número de reencarnações, nas quais colheram, sucessivamente, as
tendências que demonstram. É recomendável não esquecer esse aspecto do
problema, que deve orientar a ação educativa do adolescente.
Não sabem
muitos que muitos erros que se revelam estão entranhados, profundamente, na
natureza espiritual do pequeno ser, e a extirpação deles requer engenho,
paciência, raciocínio e muita compreensão.
Todos
escolhem, de antemão, as provas que desejam suportar na Terra, sabendo quais
são aquelas que melhor atendem às imperiosas necessidades da evolução
individual.
Essas provas
variam de pessoa para pessoa, ou seja de espírito para espírito, e, como é
sabido, quanto maior for a carga suportável tanto mais rápida será a ascensão a
planos mais elevados, onde a felicidade acena, de maneira fascinante, razão
porque os seres se dispõem, na maioria, a enfrentar experiências aqui neste
campo de luta e dor, no máximo das suas possibilidades.
Os filhos
exigem sempre de seus pais uma grande dose de abnegação, trabalho, esforço,
renúncia, sacrifício, dedicação, cuidado. Sem essa submissão pessoal e
obrigatória, deixam os pais de pagar uma dívida seriamente contraída, ou de
resgatar um compromisso assumido, e as conseqüências aflitivas virão depois,
acrescidas dos reflexos dos danos originados com a má educação adquirida pelos
filhos moralmente desamparados.
Parte da
responsabilidade nos desmandos dos filhos na Terra recai sobre os pais, razão
pela qual devem estes evitar a desatenção, a indiferença e o descaso na
educação da prole. Muito embora seja a tarefa cansativa ou mesmo estafante, nem
por isso pode haver condescendência com o rigor das obrigações.
Há crianças
peraltas, irrequietas, plenas de energia, arteiras, sôfregas, que não podem
ficar um momento sequer fora da vista da pessoa acompanhante para não fazerem
uma travessura perigosa. É de avaliar-se, pois, a preocupação das mães por
filhos tão irrequietos. A mãe esclarecida, porém, tem mais força moral para
suportar o embate, para se conformar com a partilha, sabendo que a alguém
deveria ser confiada a tarefa que lhe coube.
Há maior
merecimento para a mãe que souber recuperar um filho nascido com débitos de
extrema gravidade, do que para outra cujos filhos pouco têm que resgatar.
Verdade é que a primeira mais necessita do que a segunda, para a sua evolução,
daquela prova, pela qual a outra já devia ter passado.
Tudo na vida
está bem pensado e bem distribuído. Embora seja difícil, às vezes, compreender
como um fato ocorrido, aparentemente mau, possa redundar em bem, na realidade
isso se dá, porque acima dos horizontes humanos está a ilimitada visão astral.
Filhos
ansiosos de progresso, inteligentes, dinâmicos, varonis, que poderiam ter as
suas reservas de energia aproveitadas, com grande rendimento, no caminho da
espiritualidade, por falta de orientação inicial dos pais sem esclarecimento ou
insuficientemente esclarecidos, seguem outro rumo, atraídos pelo mundanismo
imperante, tornando-se servos do dinheiro, do sexo, da ostentação, do luxo, da
vaidade, e perdendo, por esse modo, os anseios latentes que trouxeram. São
numerosíssimos os casos dessa espécie.
As mães, que
estiverem fazendo todo o possível para dar aos filhos a assistência espiritual
que eles precisam, não se devem afligir quando não atingirem a remodelação
total, nem mesmo a que aspirem, porque as transformações são paulatinas e
levam, em certos casos, algumas etapas ou existências para se operarem
radicalmente.
O importante,
porém, é que em cada encarnação se faça o máximo em favor do delinqüente em
potencial, para que as suas tendências de má índole sejam substituídas pelas
boas ações, pelos bons pensamentos, pelo sentimento de fraternidade.
Nas brigas
entre irmãos, já se pode, quando ainda pequenos, analisar as suas causas,
observando como cada um encara o problema, que dose de egoísmo ou de vaidade
está influenciando a discussão. A razão pode estar dos dois lados, ou num
deles, ou em nenhum dos dois.
É preciso que
pessoa de maior entendimento esclareça o assunto, destruindo ressentimentos,
evitando ofensas e fazendo prevalecer o espírito desportivo de franca
camaradagem.
As crianças
precisam aprender que, acima dos socos e pontapés, dispõe o homem de
inteligência, lógica, capacidade de argumentação racional, com que se resolvem
todos os problemas. A arma superior é a razão. Ela precisa ser descoberta com o
raciocínio bem trabalhado, e do lado em que estiver, estará a solução do
problema, o ganho de causa, a justiça que todos precisam respeitar. Bom será
que os adolescentes aprendam que nada se deve procurar resolver pela violência,
pela força bruta, pois estas asseguram uma vitória apenas passageira que traz,
quase sempre, uma série de outros agravos de difícil solução.
A falta de
compreensão desta verdade, na infância, faz com que surjam adultos déspotas,
briguentos, intolerantes, violentos, dispostos a resolver as menores
divergências por processos físicos da mais recriminante atuação.
Há pais
inconscientes que insuflam os seus filhos a resolver as suas pendências na rua,
recomendando-lhes que não tragam desaforo para casa; os valentões, então, se
ufanam disso. Todas as pelejas musculares, agressivas, insolentes provocam ódio
e malquerença, e isso é uma inferioridade de sentimento difícil de anular.
A falta de
contenção dos impulsos que conduzem às vias de fato, generaliza esses desfechos
de luta física, de esforço, de desagravo e de vingança. Os agressores devem ser
contidos à força, como se estivessem dominados pela loucura, o que na realidade
se dá, porque se encontram, naquele momento, debaixo da ação de espíritos obsessores,
e precisam então ser tratados, humanamente, como perturbados, com energia, sem
se deixar enredar pelas maléficas correntes que envolvem os que estiverem
operando em seu favor.
As guerras são
provocadas e alimentadas por indivíduos que, quando crianças, resolveram as
suas contendas a murros, e não tiveram nenhum preparo espiritual feito no
sentido de eliminar antagonismos à luz da razão, do bom-senso, do raciocínio e
com sentimento cristão. O indivíduo se superioriza não fazendo uso da força física
para castigar, como fazem os verdugos. Toda ação que fomentar o sentimento de
ódio é anticristã e, portanto, condenável.
Não é preciso
discutir acaloradamente, quando desse calor saem muitas vezes termos impensados
e palavras ofensivas. A opinião alheia deve ser respeitada, e ninguém tem o
direito de querer impor a outrem o seu ponto-de-vista. A educação deverá estar
voltada sempre para o lado do acatamento, da consideração e da fraternidade.
A educação
cristã não dispensa, de forma alguma, o procedimento pacífico e lhano, as
atitudes nobres e dignas e a ação consciente e controlada. O Nazareno nunca
ofereceu a menor reação física contra os que a apedrejaram. Por meios
pacíficos, Gandi levou a Índia à sua aspirada independência. O grande Duque de
Caxias tornou-se o maior dos generais brasileiros pela sua índole de
apaziguador.
Ensinar
cristianismo às crianças não é fazê-las decorar ladainhas, mas instruí-las
sobre as boas ações, em cada dia, em cada hora, em cada instante, e fazendo-as
amar umas às outras, em gestos espontâneos de cortesia, em atos de fidalguia e
demonstrações de solidariedade. Embora não se consigam ajustamentos ideais
dentro desse propósito, em cada existência qualquer conquista nesse terreno
representa uma vitória.
Se todos os
pais se empenharem na disposição firme de algo fazer em prol desse desiderato,
haverá uma soma considerável de êxitos, que se multiplicarão pelo futuro.
Cuide, pois, cada um da sua pequena parte, lembrando-se de que de pequeninas
gotas são formados os oceanos.
Procurem as
crianças ser fortes, física e moralmente; exercitem os seus músculos, aprendam
a defender-se com a melhor técnica, e nunca façam uso desse poder e
conhecimentos adquiridos, senão para dominar o contendor mal-educado,
imobilizá-lo sob uma ação irradiativa benéfica e cristã. O infeliz que se
exaspera, que se inflama de rancor, que não se pode dominar, precisa,
urgentemente, de apoio moral e de auxílio espiritual a fim de que se possa
livrar de uma angustiosa situação psíquica.
Só os que
estudam espiritualismo sabem de que maneira precisam agir nessas delicadas
circunstâncias. No entanto, tudo deve ser feito para que, desde pequeno, o ser
humano se habitue a considerar o seu companheiro, o seu colega, o seu amigo,
com igualdade de direitos perante o Todo, e digno do melhor trato, idêntico
àquele que deseja receber.
Nunca é demais
insistir que os bons como os maus hábitos, adquiridos em criança, acompanham o
ser como uma sombra acolhedora ou funesta durante a existência. Crianças bem
educadas, inimigas de brigas, incapazes de proferir impropérios, habituadas a
se controlarem, respeitadoras, atenciosas, prestativas e aplicadas, darão
adultos de grande valor moral e espiritual, com capacidade para intervir,
vigorosamente, na evolução da grei humana.
É preciso
plasmar o caráter da criança dentro dos bons exemplos que os pais precisam
oferecer. Daí a razão pela qual a educação não pode ser só de palavras que não
encontrem apoio nos exemplos pessoais dos preceptores. Precisa, cada um, viver,
o melhor possível, racionalmente preso ao sentido das responsabilidades que lhe
cabem.
O ideal é que
cada um se torne um bom cristão, modelando o seu viver nos postulados do Mestre
Nazareno, reavivados no Racionalismo Cristão por Luiz de Mattos. Cumpram-se
estes preceitos, e teremos a transformação do mundo, a abolição da maior parte
do sofrimento e a melhoria da vida no plano material.
As crianças de
hoje governarão o mundo de amanhã, e é preciso que se preparem para assumir,
conscientemente, essa responsabilidade, na posição que lhes couber. Tenham por
norma, por uma questão de princípio e de honra, agir pacificamente nas ocasiões
mais tumultuosas, para que se forme o hábito de serenidade, de segurança e de
controle.
Uma vez
difundida tal disposição, criar-se-á uma nova mentalidade edificante,
promissora e renovadora. Os seres humanos, de posse dessas novas armas, serão
hercúleos, e o mundo se curvará, submisso, à nova técnica cívica de imperar por
meio do intelecto, da razão e da força espiritual.
As meninas têm
a sua missão distinta; precisam conhecer os trabalhos de agulha, da culinária,
da boa apresentação do lar, o qual deve ser atraente e convidativo, mesmo
quando pobre. Devem apresentar-se com boa educação e instrução, para
representarem o seu papel no cenário da vida com naturalidade, arte e bom
gosto.
Encarem as
jovens a vida, humanamente, não vendo no seu realismo qualquer forma dramática,
antes procurando notar beleza e encanto existentes em toda a obra do Criador.
As meninas precisam encontrar compreensão por parte de seus irmãos, ser
tratadas com a delicadeza rivalizante da sua natureza sensível e fisicamente
frágil. O ser feminino espera que o masculino o ampare, o defenda, o proteja,
honradamente, nos vendavais da Terra, e nunca deverá ficar desiludido quanto a
esse dever, que deve partir dos seus próprios irmãos.
Também se
precisa esforçar por merecer a melhor das atenções, elevando, o mais alto
possível, a sua conduta de mulher, a sua feminilidade, a sua ocupação
específica, a sua posição predominante dentro do lar. Nenhuma razão deve
existir para modificar essa norma. Desde pequenas, devem as meninas começar a
despertar esse sentido, com o auxílio de suas mães, para que nada se perca da
planificação de suas vidas.
As mulheres
são todas damas do lar, que ornamentam e alegram com a sua presença. São elas
que manipulam as flores nos vasos, e os arrumam, enfeitam, limpam e perfumam;
são elas que vibram as cordas harmônicas do som, com a música de instrumentos
ou com a sua voz; são elas que amenizam, inspiram, agradam, sorriem e dão à
vida o colorido gracioso da mãe espiritual, por serem elas que trazem ou podem
trazer ao homem felicidade, paz, bem-estar, aconchego, repouso, conciliação,
estímulo, consolidação, reconforto e muitos outros fatores de concórdia,
amenização e alento. Como não as revestir de todas as atenções que merecem
neste mundo repleto de antagonismos e decepções?
A mulher deve
ser colocada nesse papel estelar, firmando-se nele, desde a infância, o que não
lhe será difícil, conhecido o fato de trazerem elas, de seu plano astral, toda
essa disciplina modelarmente cunhada no seu subconsciente. Intimamente, todas
reconhecem, no fundo abstrato do seu sentimento, aquele valor ardente da sua
personalidade feminina, com todas as características inerentes.
As meninas de
hoje serão as mães de amanhã que irão incutir em seus filhos as lições
melhoradas que receberam na infância, para assim se apurarem as condições
espirituais da raça. O mundo precisa que as meninas se preparem para o futuro,
porque serão elas que, mais tarde, na qualidade de mães, hão de esculpir o
caráter dos filhos, os futuros maridos, pais e dirigentes da sociedade nos
postos administrativos do país.
Em geral, as
meninas nunca pensam nisso, alheias, completamente, à sua verdadeira e elevada
missão, a qual precisa ser despertada, avivada e posta em foco. Elas se
sentirão honradas, se meditarem sobre a importância das suas atribuições para a
remodelação do mundo, quando se tornarem adultas. Repousa em suas mãos uma
grande parte do êxito que se espera da aplicação dos princípios cristãos,
interpretados racionalmente.
O Racionalismo
Cristão está trazendo à luz essa realidade, e procura divulgá-la, na certeza de
que milhares de moças desejarão fazer valer os seus dotes e as suas virtudes,
na consumação desse grande objetivo.
A vida terrena
serve exatamente para isso, ou seja, para que o patrimônio moral de cada ser
venha a ser usado, com proveito, na evolução geral da humanidade.
Individualmente, ninguém deseja outra coisa, ninguém firmou outro compromisso antes
de encarnar, e se aqui não realizou o prometido ou o estipulado, deve-se o
risco dessa falha, em parte, à falta de esclarecimento e de preparo dentro do
lar, que não estando defendido, tem as portas abertas para a penetração das
forças contrárias ao bem, saturadas de mundanismo, de excitações sensualistas e
de florificações materializadas.
Urge que todos
enveredem pelo caminho da espiritualidade para ganhar em evolução, para se
tomarem mais felizes, para merecer as bem-aventuranças que a todos estão reservadas,
para alcançarem aqueles ideais que a alma acalenta e que se concretizarão, mas
que, pela visão terrena, podem parecer inatingíveis.
Não se deve
deixar a criatura absorver inteiramente pela vida material. O ser encarnado é
sempre espírito e, portanto, a vida verdadeira é espiritual. Logo, é preciso
que, embora na Terra, se procure viver espiritualmente, sejam relegadas a
segundo plano as solicitações terrenas, que se apresentam convidativas e
empolgantes, especialmente na fase inicial da existência no planeta.
Viver
espiritualmente não significa andar o tempo todo a elevar o pensamento para o
Alto, mas aplicar na vida prática, no cotidiano, os conhecimentos cristãos, que
são de ótima moral, que resolvem as dificuldades terrenas e preparam um mundo melhor.
Não se quer
dizer que as crianças não se devem divertir. Longe disso. O divertimento é útil
e necessário, desde que se saiba escolhê-lo para se eliminarem os perniciosos.
O cristianismo ensina a separar o joio do trigo, ou seja o mal do bem, e assim
todos se podem preparar para seguir na vida somente pelo caminho do bem.
Todo ser
humano possui um sexto sentido, que é o da percepção — uma faculdade mediúnica
ordinariamente mais desenvolvida na mulher do que no homem —, e as meninas
devem saber tirar dela todo aproveito, em benefício da sua evolução. Elas
sabem, através dessa percepção, o quanto são apreciadas na sua aplicação, no
devotamente à vida, no ramo da sua especialidade feminina.
Nos processos
futuros da remodelação, pode-se esperar mais das meninas do que dos meninos,
porque aquelas convivem mais tempo no lar, em contato permanente com suas mães,
onde podem, mais facilmente, estruturar a sua conduta, com base sólida nos
ensinamentos da suprema doutrina cristã.
O papel da
mulher na vida terrena começa a ser importante na infância, e se faz sentir em
todo o curso da vida, até à etapa final, quando avó ou bisavó.
Esta concepção
deverá constituir-se numa imagem bem nítida, que todos se devem esforçar por
manter permanentemente diante de seus olhos, para que não se esqueçam num só
instante, da grandeza do espírito manifestado em corpo de mulher, em moça, em
menina, que nas três fases precisa de ajuda e do apoio da contraparte, do ser
masculino, para, nesse duelo harmônico e homogêneo, ser glorificada a obra da
Natureza.
34. As Irradiações
Como é sabido,
pensamentos são vibrações e, portanto, irradiações. O espírito, quando pensa,
emite vibrações. Assim, quando se pensa em determinado lugar, essas vibrações
são emitidas naquele sentido, o mesmo acontecendo sempre que se focalize a
imagem de uma pessoa.
No
Racionalismo Cristão as duas irradiações regimentais são dirigidas ao Astral
Superior, e captadas pelos Espíritos luminosos que dirigem as suas correntes.
Elas servem para estabelecer contato e formar campo magnético propício a essas
vibrações espiritualizadoras.
Eis uma das
Irradiações:
AO
ASTRAL SUPERIOR
"Grande
Foco, Força Criadora! Nós sabemos que as leis que regem o Universo são naturais
e imutáveis, e a elas tudo está sujeito. Sabemos também que é pelo estudo, o
raciocínio e o sofrimento, derivado da luta contra os maus hábitos e as
imperfeições, que o espírito se esclarece e alcança maior evolução. Certos do
que nos cabe fazer, e pondo em ação o nosso livre arbítrio para o bem,
irradiamos pensamentos aos Espíritos Superiores, para que eles nos envolvam na
sua luz e fluidos, fortificando-nos para o cumprimento dos nossos
deveres."
"Ao Astral Superior, Grande Foco, Força
Criadora", são expressões que definem a direção das Irradiações, sendo
que o Astral Superior é toda a região vibratória acima do astral inferior.
Grande Foco e Força Criadora, são o símbolo do luminoso Poder Criador Absoluto,
do qual todos os seres são partículas integrantes, dispondo, por isso, de
capacidade de vibração harmônica e sincronizante com aquele Foco, ao qual estão
permanentemente ligados os Espíritos do Astral Superior, por vibrações
concordantes.
"Nós sabemos que as leis que regem o
Universo são naturais e imutáveis, e a elas tudo está sujeito". É uma
afirmação peremptória, indicativa de que os que irradiam estão esclarecidos
sobre a Verdade, e sustentam que no Universo não há o acaso, o imprevisto,
porque todos os fatos obedecem a uma ordem geral, segundo determinações prévias
de causa-e-efeito.
Logo, o que
acontece tem a sua razão de ser, clara ou oculta, contra a qual ninguém se deve
rebelar, tanto mais que as leis que regem o Universo foram traçadas somente
para o bem, para o progresso, para a evolução, muito embora, aparentemente,
pela dor incompreendida, possa parecer que o sofrimento seja um ato
inconseqüente.
"Sabemos também que é pelo estudo, o
raciocínio e o sofrimento, derivado da luta contra os maus hábitos e as
imperfeições, que o espírito se esclarece e alcança maior evolução".
Ninguém pode prescindir do estudo das questões espirituais, aplicando nele o
raciocínio bem conduzido, se quiser ser alertado sobre as ilusões do viver
terreno e, deste modo, precaver-se de andar por mau caminho. É pelo sofrimento,
derivado do esforço que cada um terá que fazer para não se aproveitar das
facilidades criminosas que o possam beneficiar, que o espírito consegue
aumentar o seu acervo espiritual, manifestado em esclarecimento progressivo e
conseqüente evolução.
"Certos do que nos cabe fazer" é a
declaração que traduz o senso da responsabilidade no que concerne ao
cumprimento dos deveres cotidianos, o qual deve ser revelado com a maior
compreensão, exemplarmente, como satisfação que se deve dar à própria
consciência.
"E pondo em ação o nosso livre arbítrio para
o bem" é o compromisso que o ser assume, consigo mesmo, de não
praticar o mal, visto que, sem esse propósito, as portas por onde penetram os
maus pensamentos não estarão fechadas. O livre arbítrio foi concedido ao ente
raciocinante com o fim de ser aplicado para o bem, mas é por falta de
esclarecimento espiritualista que os desvios ocorrem e os delitos aparecem;
ninguém pode defraudar, sem arcar com as penosas conseqüências da lei suprema
da liberdade, da lei do livre arbítrio.
"Aqui estamos a irradiar pensamentos aos Espíritos
Superiores." Desde que o objetivo é o de estabelecer contato com o
Astral Superior, é aos Espíritos de Luz, ali sediados, que as irradiações se
dirigem; pouco importa quais sejam, porque qualquer deles está animado de um só
desejo, que é o de promover a evolução; este ponto comum une todos os que
estiverem integrados nas correntes do bem, e por isso são as irradiações
proferidas, elos de ligação às forças espirituais.
"Para que eles nos envolvam na sua luz e
fluidos." Assim como a limalha do ferro, atraída pelo ímã, fica
debaixo da sua ação magnética, os seres, unidos por vibrações aos Espíritos
Superiores, ficam, igualmente, sob a ação de sua luz e fluidos, mas é
necessário não esquecer que todos são partículas integrantes da Força
Universal, e que quanto mais evoluídas forem essas partículas, maiores poderes
espirituais podem ser revelados. É o caso dos Espíritos Superiores que dispõem
de Força suficientemente desenvolvida para transmitir aos semelhantes as suas
vibrações benéficas, em forma de luz e fluidos.
"Fortificando-nos para o cumprimento dos
nossos deveres." O desejo manifesto de cumprir os deveres que ao
indivíduo assiste é acatado com o maior respeito pela consciência emanante, por
se achar enquadrado nos dispositivos das leis naturais e imutáveis, e merecer,
por isso, fraternal apoio. O empenho, que cada um deve conservar, no sentido de
dar o melhor cumprimento possível aos deveres, deverá ser uma aspiração
constante que se reafirma em cada irradiação proferida, e que tem o dom de
fortificar o espírito na luta pela vida.
A
OUTRA IRRADIAÇÃO É A SEGUINTE:
"Grande
Foco! Vida do Universo! Aqui estamos a irradiar pensamentos às Forças
Superiores para que a luz se faça em nosso espírito, e ele tenha a consciência
dos seus erros, a fim de evitá-los e nos fortalecer para praticar o bem”
"Grande Foco, Vida do Universo!"
Esta invocação alerta o ser para a realidade do fato de que a Força Criadora
também é Vida e, como tal, penetra todo o Universo; a Vida está realmente em
toda parte, e aquilo a que se dá o nome de morte é, apenas, uma transformação
nas condições do corpo material que passa ao domínio das leis químicas,
decompondo-se, quando a força (o espírito) o deixa. Vida do Universo é, pois,
uma expressão que afirma ser o Universo cheio de intensa Vida emanante do
Grande Foco.
"Para que a luz se faça em nosso espírito, e
ele tenha a consciência dos seus erros, a fim de repará-los e evitar o mal."
Sabe-se que o desejado esclarecimento dá a cada um a consciência dos seus
erros, das suas falhas, das suas imperfeições, como ponto de partida para a
reparação dos mesmos e para evitar que eles se repitam.
Conforme se
vê, as irradiações não são um agrupamento de palavras para serem repetidas
maquinalmente, mas encerram um elevado sentido espiritual e concentram, em
síntese, na sua essência, um resumo doutrinário, que se poderia dizer
instantâneo, do Racionalismo Cristão. Não seria possível dizer mais em tão
poucas palavras, para que bem possam ser conservadas na memória. Faça-se, na
vida prática, o que elas indicam, e tudo irá bem. Quando as irradiações se
elevam com convicção, atingem, invariavelmente, a meta, e as Forças receptoras
a que são dirigidas captam as suas ondulações, inteirando-se da marcha dos
acontecimentos. Conquanto não sejam rezas nem orações, são, no entanto,
manifestações de almas que se procuram corresponder, principalmente quando no
desempenho de trabalhos ou missões.
Veja-se,
ainda, nas Irradiações um método disciplinar de obter-se limpeza psíquica e de
manter-se o espírito liberto de influências más. As suas palavras, uma vez
pensadas, transformam-se em vibrações, em energia, e a energia pode ser
considerada uma força em potencial. A sua aplicação se faz na consolidação das
correntes fiuídicas e magnéticas que se entrelaçam umas com as outras, tanto as
que se formam pela irradiação dos seres encarnados, como as que se estabelecem,
nos mundos de luz, pela coordenação dos Espíritos Superiores. Ambas se atraem,
se unificam para um mesmo fim, inclusive a sustentação dos princípios codificados
pelo Racionalismo Cristão.
Sem
necessidade de fazer nenhum apelo, formular qualquer pedido, numerosas pessoas
filiadas à Doutrina, conhecedoras dos efeitos das Irradiações, têm se livrado
de situações angustiantes, em momentos aflitivos, pela intervenção oportuna e
imediata dos Poderes Espirituais ocultos. Não ocorre, nestes casos, nada de
sobrenatural, como poderá parecer aos limitados cultivadores da fé, mas as leis
da atração, movidas pela força do pensamento, em ligação permanente com as
correntes do bem.
Um poderoso
desejo superior que vibra em consonância com as leis do progresso, da evolução
espiritual, atende aos casos em que as vibrações aspirantes se entrosam com a
sua ciclagem. Quando esse fenômeno se opera, dá-se a transformação, pela ordem
natural dos fatos espirituais.
Os Espíritos
do Astral Superior não têm dificuldades para ajustar as suas forças pensantes
às vibrações do Poder Supremo, quando fica o impossível reduzido a nada.
Entretanto, essas forças pensantes são controladas pelo próprio ente das quais
emanam, de maneira a não alterar a marcha normal dos acontecimentos e a lei de
causa-e-efeito.
As irradiações
revelam o estado da alma de cada ser, no momento em que são feitas. Todo
interior da criatura é devassado, então, pela visão penetrante do Astral
Superior, que dispõe da grande sabedoria que lhe permite agir, não de acordo
com a vontade terrena, mas com as conveniências espirituais, que visam sempre a
melhor solução.
As irradiações
têm um valor inestimável. Vale a pena participar sempre delas, nas horas em que
são emitidas pelas Casas Racionalistas Cristãs. O seu uso deve ser regular, e
feito com a consciência do que se está fazendo. Elas constituem elo de ligação
com as Forças Superiores, e ninguém pode prescindir dessa união espiritual, se
quiser vencer na Terra os obstáculos da vida material à sua evolução, como
esclarece o Racionalismo Cristão.
A sua
repetição, durante alguns minutos, impõe-se para permitir a fixação e
coordenação dos pensamentos da coletividade envolvida, dando oportunidade ao
Astral Superior de exercer uma série de atividades relacionadas com a
purificação do ambiente, de maneira a se estabelecerem condições propícias ao
desempenho dos trabalhos espirituais.
Conclusão
A humanidade
vive em constante estado de insegurança e intranqüilidade, face aos
acontecimentos de cada dia, em que a surpresa desconcertante e a dor se acham
irmanadas.
Os erros, as
irreflexões, os desmandos campeiam por toda parte, envolvendo uns e outros,
indistintamente, em vertiginosa onda avassaladora.
Quase ninguém
sabe como defender-se dos ataques que recebe, dos imprevistos que se sucedem,
em circunstâncias as mais diversas, quando são atirados os indivíduos uns
contra os outros, sem o menor trato de fraternidade.
A vida está
sendo vivida num clima ora de angústia, ora de desespero, tais os problemas que
se apresentam, da mais variada ordem e difícil solução, que envolvem, não
poucas vezes, o quanto há de mais apurado pelo indivíduo.
Há necessidade
de suavizar a vida, por meio de paz e tranqüilidade, a fim de que cada um possa
representar o seu papel com a serenidade indispensável ao êxito.
As religiões
pouco podem fazer nesse sentido, por faltar-lhes a segurança básica que só se
encontra no conhecimento da verdade sobre os fatos que rodeiam a vida.
As religiões
não dispõem de recursos para explicar, de maneira racional e até científica,
como se processa a continuação desta vida física em plano astral, e, por isso,
não podem preparar e orientar os "rebanhos", com essa finalidade.
Os requisitos que
devem ser observados por quem se dispuser a seguir pelo caminho da
espiritualidade estão condensados nas obras doutrinárias do Racionalismo
Cristão, e merecem ser meditados.
Não há a menor
intenção, ali, de impor idéias ou de fazer prosélitos. O fim único é o de
esclarecer as criaturas sobre a verdade da vida, distribuindo, com
generosidade, os conhecimentos dos quais está de posse o Racionalismo Cristão.
Não se espera,
com isso, a menor recompensa material, e a retribuição espiritual que houver
está subordinada ao dever de praticar o bem, e ajustada à lei de
causa-e-efeito.
Caso não seja
possível a alguém concordar, sinceramente, com tudo o que nestes estudos se
apresenta, não se deverá molestar por isso, porque é realmente difícil derruir
um amontoado de conceitos e preconceitos ilusórios armazenados durante longo
passado.
É sabido
também que há na Terra um contingente valioso de pessoas que está aguardando
contato com estudos desta natureza, para melhor se poderem firmar nas suas
convicções espiritualistas.
É preciso
reconhecer que a palavra escrita é meio eficaz de divulgação de idéias, e por
isso aqui está este livro para apresentar uma série de estudos espiritualistas,
baseados no Código de Princípios Racionalistas Cristãos.
O objetivo é o
de auxiliar a evolução de cada um, de modo que ela não estacione, como pode
acontecer, mas que se processe aceleradamente.
O mundo
precisa passar por uma renovação de costumes, e esta só se consumará pela
espiritualização das massas. Logo, a doutrina racionalista cristã sendo, como
é, eminentemente espiritualista, tem de tomar parte ativa nesse movimento, e os
seus dirigentes a conduzem com a mais decidida convicção de estarem operando em
ótimo sentido, na direção desse objetivo.
Pode parecer,
aos menos avisados, que a Doutrina Racionalista Cristã é mais uma filosofia
entre tantas, mas, na realidade, ela foi estruturada pelos Espíritos do Astral
Superior, que se serviram dos fundadores Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz,
como esteios (não médiuns) e intermediários dos seus pensamentos.
A moral cristã
foi estabelecida na Terra há cerca de dois mil anos, e o que se deseja, com o
maior empenho, é vê-la restabelecida no mundo, com as suas cores reais,
absorvida pela maioria dos seres, se não puder ser pela totalidade.
O esforço da
espiritualização precisa ser comum a todas as criaturas. Os que atingiram o
esclarecimento devido, não devem faltar com a sua participação, para que outras
alcancem os conhecimentos que possuem, mas sem imposição, sem nenhum ato que
possa parecer impertinência.
Estas obras
não podem ser distribuídas a esmo. O despertar brota espontâneo, e não se deve
coagir ninguém a aceitar o que não deseja. Se a evolução não puder ser ativada
com a pressa que se almeja, dê-se tempo ao tempo, sem preocupações, na certeza
de que os acontecimentos do Universo estão controlados, e nenhum fato
programado se consuma antes da hora.
O que não é
permitido é parar, é estacionar indeciso, é apreciar, de braços cruzados, o
desenrolar da vida. Urge tomar parte nela, com a necessária e útil contribuição
pessoal. Tomando-se como bússola os ensinos racionalistas cristãos, ninguém se
perde ou anda às tontas, enveredando por mau caminho. Ao contrário, aproveita
bem a encarnação, deixa traços construtivos na Terra, marca a sua passagem e
prepara um futuro aventurado.
Vale a pena
ser espiritualista, desde que se tenha renunciado aos atrativos da vida
material, no sentido de não se viver para eles. Pode-se desfrutá-los,
prazerosamente, sem ambicioná-los com a ardência de uma ânsia incontida.
Enquanto houver ansiedade por usufruir um bem terreno, as reencarnações se
sucederão, até aquele anseio ser atendido e, finalmente, superado.
As crianças
sentem profundo encanto pelos brinquedos, mas quando chegam à idade adulta
perdem o interesse por eles; semelhantemente, há muitos adultos que se portam
como crianças, quanto ao encantamento que sentem pelas fantasiosas atrações
terrenas, mas quando chegam à maturidade espiritual, deixam para trás, com
indiferença, aquele prazer terreno que outrora tanto os empolgara.
Há quem
pergunte: por que evoluir? A resposta pode ser dada com outras perguntas: por
que nascer e viver? Por que trabalhar e sofrer? A Inteligência Universal
estabeleceu a lei da evolução, com base na sua sabedoria. Todos na Terra são ainda
principiantes que aprendem numa escola de recursos espirituais reduzidos, mas
de acordo com a sua capacidade de apreensão. Não se pode, tão cedo, penetrar
nos desígnios do absoluto, quando vivemos num meio de relatividades. Trate-se
de aprender o que está ao alcance das suas possibilidades, sem querer penetrar,
profundamente, no oceano de conhecimentos que somente poderão ser concebidos
pelos habitantes da Terra, daqui a milhares de anos, contando-se com a marcha
segura de evolução.
A Terra é uma
escola que oferece um mundo de ensinamentos. Há muito que aprender diariamente.
O importante é reconhecer essa verdade, e dispor-se a tirar todo o proveito
possível das lições postas à sua frente. Com todo o sofrimento que existe,
pode-se considerar um privilégio estar o indivíduo encarnado, porque fora
daqui, no seu plano de luz, não encontra os meios de evoluir que nesta esfera
estão à sua disposição.
Evoluir, este
é o tema que a todos deve absorver, mas evoluir espiritualmente, porque assim o
exige a lei Universal. Os que quiserem seguir as normas aqui contidas poderão
estar seguros de que hão de evoluir. Postas em prática, em cada dia, estas
diretrizes, ficarão asseguradas as credenciais que permitirão acesso ao plano
acima daquele, do qual se saiu para reencarnar.
A maior
ventura, o mais glorioso prêmio que uma alma pode receber, é poder passar para
o plano superior e seqüente de evolução. Nessa hora de maior iluminação para o
espírito, ele bendirá as agruras sofridas no mundo Terra, suportadas com
estoicismo, sem perder a linha moral que lhe dera a grande recompensa de poder
viver, daí por diante, num meio de maior beleza e suavidade, de maior
encantamento e sedução, experimentando a felicidade espiritual nos seus acordes
mais delicados.
Eis o que
deseja o Racionalismo Cristão a todos os seus estudantes, afiançando-lhes que
com essa meta hão de alcançar, se prosseguirem, sem esmorecimento, pelo caminho
da espiritualidade, a felicidade que almejam.
O patrimônio
espiritual que se pode manter num mesmo nível, se não houver esforço para
aumentá-lo, também não pode decrescer. A conquista obtida em favor da evolução
não só será eterna, como constitui capital para maior enriquecimento. Quanto
maior for o acervo espiritual obtido, tanto melhores serão as condições de vida,
não só em plano astral, como no planeta, na hipótese de ter de voltar à Terra a
criatura para tomar novo corpo físico.
Só por
ignorância do que seja a vida a criatura deixa de aumentar uma riqueza eterna
para, com prejuízo próprio, atirar-se avidamente à riqueza terrena efêmera,
ilusória e traiçoeira. O mundo é um campo de experiências, de provas, em que as
almas, são exercitadas. Aquelas que forem ricas em espiritualidade,
sobressaem-se entre as demais, deixando, na Terra, os traços de sua passagem, e
os seus exemplos são rememorados para a edificação de muitos.
Os que se
aproximarem do Racionalismo Cristão não devem deixar passar a oportunidade que
se lhes oferece, que pode não voltar tão cedo. Procurem tirar dele o máximo de
esclarecimento, e transformem seus ensinos em cabedal útil, de aplicação
diária. Este estudo oferece uma oportunidade de ordem expressa; ele traz uma
mensagem de afeto para os seus leitores; as palavras nele escritas são amigas,
conselheiras, alertadoras e sugestivas, além de sementes que procuram terra
fértil para medrar.
"A
Felicidade Existe" não é romance que uma vez lido vá para a estante e lá
permaneça, adormecido. Este trabalho convém seja relido e meditado para útil
reexame, focalizando-se, de cada vez, os assuntos que estiverem mais
relacionados com os problemas do presente. Não se espera que diga tudo o que
convém saber sobre o caso particular, mas abre a porta para o entendimento,
para a revelação superior, para o desdobramento do raciocínio.
Oxalá que
maior número de estudiosos encontre, neste texto, repasto espiritual para as
suas almas sequiosas de aprender, de desvendar a verdade porventura oculta, com
aquele desejo sadio de tornar-se melhor.
Milhares são
já os indivíduos que não suportam as vistas estreitas das escolas sectaristas,
e querem, ardentemente, conhecer o lado real da vida, sem o véu que encobre a
verdade. Para esses, os ensinos Racionalistas Cristãos vêm a calhar, por
satisfazerem a sua ansiedade, nortear o seu caminho e firmarem as suas normas
de proceder para alcançar a verdadeira fortuna eterna que os espera.
Sabe-se,
portanto, que as fileiras serão engrossadas no caminho da espiritualidade,
pelos novos adesistas à causa do bem, que sinceramente se coloquem ao lado
daqueles que por ali prosseguem, firmes nos seus propósitos, bem orientados nas
suas disposições e regozijantes por se sentirem iluminados pela luz do Grande
Foco, que os conduzirá, triunfantemente, ao ancoradouro da vitória.