O homem que sabe servir-se da pena, que pode publicar o que escreve e que não diz a seus compatriotas o que entende ser a verdade, deixa de cumprir um dever, comete o crime de covardia, é mau cidadão. Por Júlio Ribeiro.

FILHOS: Um projeto de educação racional para crianças e adolescentes - Por Flavio Faria


FLAVIO FARIA
2009

FILHOS:
Um projeto de  educação racional para crianças e adolescentes

SUMÁRIO

Prólogo
Sobre o Racionalismo Cristão
Objetivos
Sobre a Educação dos Filhos
Vida Moderna
O Casal
Tudo se Inicia na Gravidez
A Culpa
A Educação Permissiva
Formando-se a Auto-Estima
O Comportamento dos Pais
Comportamento Estilo Animal
Comportamento Estilo Humano
Ser Feliz
Felicidade Egoísta
Felicidade Familiar
Felicidade Comunitária
Felicidade Social
Gente Gosta de Gente
Infância: Aprendendo com os Outros
Educando os Pequenos
De Gregário a Social
Iniciando o Papel de Pai
Pai Integrado
O Bebê Nasceu
Sobre os Limites
A Comunicação com o Bebê
O Sono da Criança
O Sono da Mãe
Respeitar as fases de Crescimento
A Educação dos Filhos
As Bases Relacionais
A Higiene do Corpo
Arrumando a Bagunça
As Contingências
Filho Único
Crianças Distraídas
A Fase dos Por Quês
A Birra
O Choro
A Mentira
As Brigas
Auxílio Técnico de Profissionais
A Escola
Pais Separados
Sobre a Adoção
Educando as Crianças Pós-Modernas
A Precocidade na Adolescência
Educação Sexual
Mesada
Telefone Celular
Videojogos
A Vida nas Grandes Cidades
Filhos são como Navios
Prevenção às Drogas
Pais Maus
Apêndices
Biografias
Citações
Bibliografia

AGRADECIMENTOS

Ao amigo, jornalista Cléber Léo Bortolomasi, prof. Ferdinando Faria,
 à Dra. Jane Teixeira Carvalho Ota; ao militante José Carlos Ferro,
pelo precioso trabalho de revisão e orientação técnica,
ofertados graciosamente ao autor Flavio Faria.

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado às mães, aos pais,
aos educadores e responsáveis
pela adequada formação
das nossas crianças.

PRÓLOGO

            Surpreende-nos negativamente, hoje em dia, entrarmos em contato com notícias sobre uma mãe ou mesmo uma professora ou uma babá serem flagradas batendo numa criança.

            O que mudou? Pois até bem poucos anos, a criança podia apanhar; estava implícito um processo educacional nesta atitude. Em casa, mães e pais davam bofetões no traseiro, rosto, cabeça, costas enfim, aonde pudessem atingir. Atitudes comuns, em nome do “educar”.

            Palmadas, cintadas, chineladas, puxões de orelha e de cabelos; na escola, valia a vara, ajoelhar no milho, a palmatória com as calças arriadas, dadas por professores e diretores vigilantes. Quando uma criança se queixava, a mãe ou pai dizia que era porque merecia apanhar.

            E por acaso os pais amavam menos os filhos do que hoje?

            Falamos de uma época em que já existia televisão e se o programa exibisse na cozinha uma cinta pendurada, para quando se fizesse necessário usar, não chocava ninguém...

            Alguma coisa mudou sim. Içami Tiba(1), psiquiatra brasileiro especializado em trabalho com crianças e adolescentes, principal fonte de informações deste trabalho, chama a atenção para a grande transformação cultural da humanidade, marcada pela aquisição de poder da mulher. Poder para o controle da prole.

            Dr. Tiba chama a atenção para a cultura do filho único, que teria se propagado a partir dos anos 70 do século XX, tornando este (filho único) uma nova espécie de riqueza da família.

            Diferente dos séculos anteriores da humanidade, a abastança produtiva para a família, como ocorria nas proles numerosas que nasciam e morriam em grande número, mas uma riqueza instintiva, idealizada para garantir a conservação da espécie e espiritual, como realização humana.

            Chegamos, então, a novas gerações nas quais não existem mais irmãos, primos, tios e muito menos padrinhos.

            Como então castigar um filho único?

            As crianças, conforme Içami Tiba, passaram a ter proteção do Estado e uma super-proteção da família.

            Procuraremos mostrar como o processo educacional ficou distorcido e como os pais, vivendo o conflito contemporâneo dessas mudanças, juntamente com as experiências tradicionais pelas quais eles passaram, tendem, sem novos fundamentos, a confundir que basta amar, desvirtuando assim, a proposição de que amar é educar.

Com amor apenas, os filhos podem ser bem-criados, ou melhor, eles se criam se os pais não atrapalharem. No amor um filho se cria sozinho, mas por mais que seja amado, afirma Dr. Tiba, ele não se educa sozinho...

Teremos, portanto, um diagnóstico de como estamos hoje e de como poderemos melhorar para que os filhos se tornem pessoas racionais, éticas, felizes, autônomas, morais e competentes, recebendo uma educação integrada.

Através da Teoria da Integração Relacional, proposta por Içami Tiba,  que tem como diferencial incluir na saúde mental a disciplina, a gratidão, a moralidade, a cidadania e a ética desde tenra idade, consubstanciada aos princípios Racionalistas Cristãos, trabalho este feito pelo autor Flavio Faria. Assim, acredita-se ter chegado a um bom termo no que diz respeito à orientação aos pais no bom processo educacional dos seus filhos.

SOBRE O RACIONALISMO CRISTÃO

O Racionalismo Cristão é uma doutrina de caráter espiritualista, que de forma objetiva, ensina a viver melhor, através do uso otimizado da razão e do raciocínio lógico.

Respeita todas as religiões e seitas, bem como a maneira de pensar de cada um, não discrimina raça, postura sexual, e nem possui cunho político e/ou partidário.

Esta doutrina filosófica valoriza o pensamento, à vontade, a disciplina, o trabalho, a moral, preparando o adepto para, consciente de seu papel, tornar-se mais útil a si, à família, à pátria e à humanidade.

O Racionalismo Cristão difunde a afirmativa básica de que o Universo é composto basicamente por Força e Matéria.

De forma simples e objetiva, constata a existência de um princípio inteligente, compreendido pela maioria das pessoas como sendo Deus, que o Racionalismo Cristão denomina Força Criadora, Grande Foco ou Inteligência Universal, da qual somos uma partícula, que contém os mesmos atributos em forma latente, para serem desenvolvidos e aperfeiçoados, nas inúmeras oportunidades inerentes à vida na Terra. 

A Força Criadora mantém o Universo regido por Leis Naturais e Imutáveis, às quais estão sujeitos todos os seres, não admitindo, portanto, predestinações ou milagres.

Esta filosofia ensina que todos os atos de nossa vida decorrem do emprego do livre-arbítrio, da faculdade espiritual controlada pelo pensamento, do raciocínio e da vontade. Daí porque, conforme pensarmos, viveremos. Enfatiza, pois, a cultivarem os bons pensamentos, evitando-se sentimentos inerentes à raiva, inveja, malquerença, temores de toda espécie.

Fundado em 1910 por Luiz de Mattos e Luiz Thomaz, na cidade de Santos no Estado de São Paulo, o Racionalismo Cristão explana princípios que, se colocados em prática, animam, levantam almas e fortalecem corpos enfraquecidos pela dor e pelo sofrimento de toda a espécie, proporcionando ainda, através de princípios simples, a oportunidade de regeneração dos maus hábitos.

A Doutrina orienta, educa e espiritualiza as pessoas para serem justas, valorosas, honradas e verdadeiras.

As que se convencem e seguem as normas de conduta propostas alcançam êxito em seus empreendimentos.

Esta Doutrina Espiritualista não precisa valer-se de angariar recursos financeiros ou materiais de quem quer que seja, fora de suas próprias fontes. Portanto, sem quaisquer outros interesses.

Flavio Faria orienta os leitores a conhecerem a doutrina racionalista cristã, através da leitura das obras editadas disponíveis nas livrarias das Casas Racionalistas Cristãs, bem como na página da internet de endereço http://racionalismocristao.net/biblioteca/ no link biblioteca virtual, onde aproximadamente 40 títulos estão à disposição para serem baixados gratuitamente pelo internauta.

Recomenda-se ler dois livros essenciais: a obra básica, intitulada Racionalismo Cristão e, em seguida, o livro A Vida Fora da Matéria. A partir destes, aproximadamente 20 autores escrevem sobre o assunto em suas respectivas obras literárias.

Através da frequência às Reuniões Públicas, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 20 às 20h45min, as pessoas recebem orientação pratica para solução de problemas que decorrem de transtornos espirituais, e também participam da limpeza psíquica, importante para obter o equilíbrio interior.

A limpeza psíquica é uma prática de higiene mental, uma forma de obter equilíbrio interior e tranquilidade espiritual, recomendada pelo Racionalismo Cristão. Consiste ela na repetição de um conjunto de palavras, concebidas pelo codificador Luiz de Mattos, proporcionando adequada conexão mental ao Universo Superior e consequente desintoxicação mental, oriundas dos nossos maus pensamentos.

O Racionalismo Cristão sugere às pessoas que a façam diariamente em seus lares, às 7horas e as 20horas. Uma vez que seja impossível cumprir o horário indicado, escolha-se a hora mais conveniente. Pode ser feita em conjunto ou individualmente.

A limpeza psíquica no lar consiste em irradiar da seguinte forma e na sequência indicada a seguir:

* Fazer a Irradiação “A” uma única vez, e, em seguida;
* Fazer a Irradiação “B” durante cinco minutos;
* Em seguida, fazer uma Irradiação “B” dirigida ao Astral Superior, e, finalizando;
* Fazer uma Irradiação “B” dirigida ao Presidente Astral do Racionalismo Cristão, Antônio Cottas.

A Irradiação “A” deve ser proferida nos seguintes termos:

Ao Astral Superior.
Grande Foco! Força Criadora!
Nós sabemos que as Leis que regem o Universo são Naturais e Imutáveis, e a elas tudo está sujeito.
Sabemos também que é pelo estudo, raciocínio e crescimento derivado da luta contra os maus hábitos e as imperfeições que o espírito se esclarece e alcança maior evolução.
Certos do que nos cabe fazer, e pondo em ação o nosso livre-arbítrio para o bem, irradiamos pensamentos aos Espíritos Superiores, para que eles nos envolvam na sua luz e fluidos, fortificando-nos para o cumprimento dos nossos deveres.

A Irradiação “B” deve ser proferida nos seguintes termos:

Grande Foco! Vida do Universo!
Aqui estamos a irradiar pensamentos às Forças Superiores para que a luz se faça em nosso espírito e tenhamos consciência dos nossos erros, a fim de evitá-los e nos fortalecer para  praticar o bem...

O Racionalismo Cristão recomenda que se façam as irradiações, prestando bastante atenção ao significado das palavras, pois caso sejam feitas automaticamente, sem concentração e/ou reflexão, o efeito é minimizado.

Recomenda-se também, além da limpeza psíquica, fazer-se uso da água fluidificada.

A água potável pode ser fluidificada no lar, bastando para isso que fiquem uma ou mais pessoas diante dos recipientes com água, garrafões ou filtro, que farão uma Irradiação “A” e a seguir a Irradiação “B”, que deverá ser repetida por cerca de dois minutos. Esta prática pode ser feita sempre que se for abrir um garrafão e/ou encher o filtro de água em casa e mesmo no local de trabalho.

Por conter fluidos espargidos pelo Astral Superior durante as irradiações, a água assim fluidificada não deverá ser fervida, podendo ser conservada no filtro, garrafas ou garrafões, geladeira e usada sem restrição por todos, especialmente os que estejam sofrendo algum tipo de perturbação.

OBJETIVOS

Uma vez que tem sido frequentes as manifestações nas reuniões públicas na Filial Santos do Racionalismo Cristão, questionando os presidentes de sessão sobre o tema educação de filhos e a forma adequada de procedimento dos pais, Flavio Faria resolveu estudar algumas autoridades no assunto, citados ao longo deste trabalho, com ênfase em Içami Tiba, reconhecidamente competente nesta questão, através de pesquisa bibliográfica; promoveu uma releitura de duas importantes obras dele, compilando nesta, linhas de ações básicas no processo de educação da criança, que uma vez aceitas, poderão ser utilizadas pelos pais e/ou responsáveis.

Pesquisei, também, os escritos Racionalistas Cristãos pertinentes ao tema no codificador Luiz de Mattos e nos autores Pompeu Cantarelli, Olga B. C. de Almeida, Maria Cottas e Helmy M. de Almei   da Franco, implícitos nas colocações Racionalistas Cristãs ao longo dos capítulos.

Objetivei com este trabalho proporcionar indicações para os pais e também para os responsáveis, que estão no belo caminho de educar os filhos ao criá-los; sobre como possibilitar, desde o início de suas encarnações um modelo que proporcione serem responsáveis por sua felicidade e conscientes do seu papel em prol da sociedade na qual estão inseridos, otimizando seus respectivos processos evolutivos.

Como objetivo pretendi assim ajudar o leitor a exercer sua autoridade frente aos filhos, sem culpa, com segurança e bom senso.

Os filhos necessitam de pais para serem educados, assim como  os alunos de professores para serem ensinados. É fundamental que os educadores apontem, na medida certa, diz Içami Tiba,  os limites para que os filhos se desenvolvam bem e consigam situar-se adequadamente no mundo.

Este é um trabalho para os que creem na possibilidade de melhorar sempre o que já foi feito, de corrigir os erros passados, transformando assim, sonhos em projetos de cunho educativo-morais, ou seja, ter uma postura Racionalista Cristã ao longo do processo de educação dos filhos.

SOBRE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
REUNIÃO PÚBLICA DE 20 DE ABRIL DE 1934
Luiz de Mattos
      O grave problema da educação não deve ficar restrito à criança. A educação deve ir mais além; deve ir aos pais das crianças. Estas sofrem invariavelmente a influência
 Do lar.
           Elas imitam seus pais a falar, no andar, no viver, enfim, todos os seus bons e maus hábitos.
Logo, pais que tenham maus hábitos, maus costumes, vícios etc., estão contaminando os filhos; embora queiram dar educação, pregam muito, nada adiantam, porque a criança vai gravando mais o que vê do que o que ouve.
           Assim sendo, é de máxima necessidade a criação de escolas para pais e, isso feito, será meio caminho andado para a verdadeira educação da criança. Escolas para pais? Parecerá absurdo, mas não é, porque a escola poderá ser o teatro ou todo o recinto que por onde se façam preleções sobre a educação. Todos empregam esta palavra, mas pouco lhe dão valor que ela tem.

 Atualmente, então, com a demasiada liberdade que existe, com a falta de disciplina nas escolas, com a pouca ou nenhuma ideia de educar, a criança vai se educar de uma maneira assaz desenvolta, sem raciocínio, tendo tudo o que quer, agindo quase instintivamente, sem saber ainda o que deseja a vontade e quando é preciso educá-la para o bem, para o domínio de si mesma.

            A criança precisa de liberdade sim precisa dar expansão a sua inteligência, a sua vivacidade, e a vivacidade é um sinal de saúde, de bem estar, de equilíbrio, mas a par dessa liberdade, dessa vivacidade, deve estar o respeito ao seu semelhante, aos seus professores, e hoje é que menos existe; as crianças não sabem respeitar, não sabem obedecer e crescem sem saber sofrear a vontade.

           Tudo evolui, não há duvida, mas a educação não tem evoluído, pelo contrário, quanto mais inteligência, quanto mais vivacidade vai tendo os espíritos que encarnam, menos freio existe para eles, razão porque tantos se perdem.

           É necessário, pois, procurar educar os pais para que eles corrijam os seus filhos, dando-lhes primeiramente exemplo, corrigindo-se a si próprios, vivendo de uma maneira racional e inteligente, procurando guiar as crianças com carinho, mas com energia, não sendo déspota, não lhes batendo bárbara e estupidamente, mas procurando corrigir os seus vícios e defeitos, pois eles se vão arraigando nos seus espíritos, e essa corrigenda se faz castigando-as moralmente, tirando-lhes aquilo do que mais gostam. Se assim fizerem os pais, conseguirão bem mais do que as castigando moralmente.

           As escolas precisavam também de ter um pouco mais de disciplina; os seus professores um pouco mais compostura. Hoje em dia, as crianças governam os pais e procuram também desrespeitar os professores. Um colégio sem disciplina e sem método, que aceita as observações insensatas de pais que se deixam levar pelas vontadinhas dos filhos, é pernicioso, porque não tem autoridade, não tem disciplina, e um colégio sem disciplina não é recomendável.

           É preciso que haja atividade, expansão de inteligência, esporte, ginástica, enfim, tudo quanto o corpo e o espírito necessitam, mas é preciso que não falte a disciplina, o respeito, a ordem, que infelizmente periclitam dia a dia, deve haver intimidade entre alunos e professores, mas dentro de todo o respeito, do contrário não haverá amizade, e sim confusão.

           Desejamos tudo fazer em prol da criança. Nesta casa, a criança tem regalias, pois esta Doutrina se destina às gerações vindouras, e eis que de vez em quando nos batemos pela educação da criança, afim de que os pais tomem medidas enérgicas para reprimirem os seus maus hábitos, reformando usos e costumes.

           A criança precisa de quem a guie, moralmente agora em que os espíritos que encarnam vêm cheios de luz, ansiosos de progresso e, portanto, cheios de atividade e inteligência.

           É preciso, pois, muito cuidado; esclareça-se racional e cientificamente, para que todos saibam cumprir esse grande dever: o de guiar a criança na senda do dever e justiça e é necessário que  seja guiada desde pequenina para que mais tarde não venha a sofrer as consequências de uma falsa educação.

VIDA MODERNA

A mulher foi obrigada a sair para o mercado de trabalho em função do achatamento salarial sofrido nos últimos sessenta anos, sem deixar, contudo de ser mãe. E nem por isso os homens se tornaram mais pais.

Muito recentemente, alguns pais passaram a participar do processo de educação dos filhos.

A maior parte dos livros de educação destaca muito a importância da figura materna, nessa área.  Talvez seja este um dos componentes que perpetua tal sobrecarga para as mulheres, aliviando indevidamente a figura masculina.

Sem um pai, a mulher não pode ser mãe, da mesma forma que sem uma mulher, o homem não conseguirá ser pai.

A criança é fruto da associação de ambos, homem e mulher, ou então da mulher e do homem, sem se discutir quem é o mais importante. A herança genética está nos cromossomos.

Desde o nascimento, a criança absorve o modo de viver da família. Ela aprende naturalmente com as pessoas que a cercam, e no futuro transmitirá tal aprendizado a seus filhos, perpetuando o comportamento através das gerações.

Existem diferenças muito grandes e fundamentais entre ser mãe e ser pai.

A maioria dos comportamentos sociais que distinguem o homem da mulher, não foram inventadas. Eles têm bases distintas dentro de uma mesma espécie.

O ser humano socializou, educou e sofisticou seus instintos animais de sobrevivência e perpetuação da espécie.

Assim como os demais mamíferos, o humano masculino é fisicamente mais forte, porém menos elástico que o feminino. Logo, por mais eficiente que seja um dos pais, sozinho, não pode suprir completamente a ausência do outro.

Algumas diferenças colocadas pelo Dr. Tiba, mostrando comportamentos masculinos e femininos:

* A mulher consegue pensar, escutar e falar ao mesmo tempo; o homem por sua vez não fala enquanto pensa; falando geralmente depois que pensou; uma ação de cada vez...
* Ao estar em um restaurante, por exemplo, a mulher consegue reparar nos talheres, toalha, nos enfeites, nas unhas do garçom, nas pessoas, roupas, além do sabor da comida, teor calórico das sobremesas, etc. Já o homem repara no barulho, na demora em servir, no tamanho das porções, na educação do garçom e principalmente no preço a pagar.
* Numa refeição em casa, se o filho não quer comer, “ que não coma” pensa o pai. A mãe, porém, logo se dispões a encher o estômago do filho de qualquer forma, preparando outra refeição se for preciso.
* Quando o filho apanha de um colega, o pai se irrita, briga com ele, para que aprenda a se defender na rua. A mãe também fica furiosa e quer dar uns tapas em quem agrediu o seu filhinho.
* Na família, o pai tem dois filhos enquanto a mãe tem três: o filho “temporão” é o marido!

O CASAL

            Através da história, constata-se que a mulher é mãe a muito mais tempo do que o homem é pai.

            Na pré-história, a mulher cuidava instintivamente dos filhos como qualquer animal, até que a criança crescesse e se tornasse independente.

            Mais voltado ao nomadismo, o homem desconhecia a paternidade. Ela só surgiu a cerca de 12 mil anos, quando a mulher inventou a agricultura e os seres humanos fixaram-se mais na terra.

            As mulheres são mães há mais de 300 mil anos. Os homens continuaram em movimento, saindo às vezes para caçar, lutar em guerras, conquistar territórios. Construíam castelos para a família e quem permanecia com os filhos era a mãe.

            O homem, portanto, conquista e defende um território, mas quem o transforma em lar é a mulher.

            Desse modo, é até natural que a mulher seja muito mais apta que o homem para cuidar das crianças.

            O mundo mudou. Existem casais experimentando novos arranjos familiares; porém a velha divisão de papéis insiste em se manter, sendo o pai o trabalhador e por isso “não precisando” participar da educação das crianças, sendo responsabilidade da mãe.

            Para o homem, a casa é o “repouso do guerreiro”. Para a mulher que trabalha fora, é seu segundo emprego, até mais desgastante que o primeiro, porque lhe sobra pouco tempo para dar cabo de todas as tarefas: ver se os filhos não estão machucados ou doentes, se fizeram o dever da escola, se a casa está arrumada, se não falta nada na despensa e ainda preparar o jantar para receber o guerreiro cansado.

            O homem ainda tem muito que desenvolver no papel de pai.

            A mulher começa a avançar em seu papel de mãe já durante a gravidez; acompanha o desenvolvimento do bebê, sente seus movimentos, observa suas mudanças corporais, etc. Cada vez mais, a mãe vai conhecendo o bebê e construindo um vínculo com ele, enquanto isso, o pai observa tudo de fora, confuso, sem saber como participar mais ativamente dessa construção.

            A participação de alguns homens na gravidez limita-se aos cuidados com a grávida.
           
            O “grávido” preocupa-se mais com as despesas do recém-nascido do que em aprender como se troca uma fralda, de como se prepara uma mamadeira ou como se dá um banho. Ele age assim não por má vontade, mas porque desconhece outros caminhos. Porém, como qualquer ser humano com inteligência, ele é capaz de mudar.

            O pai é mais ligado na companheira do que nos filhos; e a mãe muito mais ligada nos filhos que no companheiro.

            O papel de mãe avassala o de esposa.

Essas diferenças se manifestam muito claramente quando um casal se separa. Ele fica com os bens materiais, entenda-se dinheiro. Ela fica com os bens afetivos, entenda-se filhos!

A mulher mantém mais a estrutura familiar. Uma família sem mãe sofre muito mais risco de desagregação que uma família sem pai.

O homem separado praticamente abandona a família. Vira um nômade atrás de novas companheiras. Felizmente há exceções e nem tudo é desgraça. Já a mulher, só aceitará um novo companheiro caso ele demonstre que será um bom pai para os filhos dela, e a estrutura familiar sobrevive.

TUDO SE INICIA NA GRAVIDEZ

Desde a gravidez, diz Içami Tiba, ou seja, ainda protegida pelo útero materno, a criança já está imersa na dinâmica do casal, simplesmente pelo fato de já existir e pode ser alvo de aceitação como de rejeição.

Em geral, quando o casal tem um bom vínculo, o filho é muito bem recebido. É entendido como uma concretização desse vínculo; onde antes haviam apenas dois elementos, agora, surgiu um terceiro, formado por componentes de ambos.

Caso uma das partes dominar a outra, não cabe um filho. O vínculo pressupõe igualdade de condições.

Uma interdependência tão grande entre o casal, típica dos estados de paixão, onde um parece não sobreviver sem o outro, não cabem amigos, parentes, não cabe ninguém, nem filho. A presença de outra pessoa ameaça a integridade do casal.

Certos casais, ao invés de cultivarem um relacionamento de adultos iguais, são como se o homem se casasse com a filha ou com a mãe. Nesse caso, aparecem problemas quando surgem os filhos. Aquele que não está agindo como adulto, certamente competirá com a criança.

O marido que funciona como um filho e entra em rivalidade com o bebê, disputando as atenções da mãe/esposa.

Só existirá espaço para criança quando o casal já formou um vínculo, em outras palavras, há uma hora certa para ter filhos.

Supondo que a gravidez ocorra precocemente, e como o ser humano tem uma capacidade incrível de adaptação, esta sequência pode ser maravilhosa se ambos desejam o filho.

Do contrário, quando o casal só estava interessado em sexo e houve a concepção, talvez aí já tenha ocorrido certa indisciplina. O que prevaleceu, neste caso, foi o determinismo biológico da gravidez, instintivo, em detrimento do uso da inteligência e raciocínio lógico. Descuidaram-se!

Está aí um exemplo do que pode nos acontecer, quando negligenciamos o pensamento lógico, tão enfaticamente colocado por Luiz de Mattos, na codificação da doutrina Racionalista Cristã, como instrumento auxiliador nas tarefas cotidianas que se nos apresentam ao longo de uma encarnação na Terra, este planeta-escola.

Por mais que pareça ter sido apenas uma pessoa indisciplinada, convém realçar, que a indisciplina é do casal e houve concordância de todos.

Caso a gravidez não seja interrompida intencionalmente, tudo transcorre no interior do organismo feminino. Embora a gravidez siga o seu ritmo biológico, é a parte psicológica que vai torná-la gratificante ou não.

Quanto mais próximo do nascimento, mais a criança segue seu ritmo biológico, e a disciplina deverá obedecer a esse ritmo, não o inverso.

Um dos ritmos mais importantes, estabelecido desde os primeiros dias de vida, é o da alimentação, porque depende da interação com a mãe ou com a pessoa que a substitui.

O bebê, naturalmente, não sabe ainda falar, por isso chora quando tem fome. O auge da maternidade, acontece nesta hora; quando a mãe amamenta a criança e com ela inicia uma relação muito íntima.

Nessa interação, a mãe transmite o modo de ser da família, e isso é essencial para ajudar o filho a formar seu ser psicológico, pois a criança traz ao nascer, fundamentalmente, seu ser biológico.

O pai deve ter muita saúde psicológica para participar do gesto da alimentação. Afinal a criança não precisa só de leite.

O leite alimenta o corpo, o afeto irradiado, alimenta a alma. Criança sem alimento fica desnutrida; e sem afeto, pode entrar em depressão.

Sempre querendo acertar, as mães buscam informações sobre a melhor maneira de atender às necessidades de seus filhos. Lidar com esse ritmo biológico de um modo que não o desrespeite, é a primeira providência para obter disciplina. Posteriormente, orienta Içami Tiba, conforme os filhos forem crescendo, mais recursos terão os pais de adequar o ritmo biológico ao ambiente.

Entendida como o conjunto de comportamentos que leva ao melhor resultado possível, beneficiando a todos, a disciplina estabelece seu caminho nos primeiros meses de vida da criança.

Os pais decifrando qualquer choro como sendo necessidade de mamar, sempre oferecem comida. Caso o choro seja causado por um outro incômodo, a comida acaba proporcionando certo alívio, embora não seja o remédio certo. No entanto, comer é sempre um forte instinto de sobrevivência, e a boca é a primeira zona de prazer estimulada em nosso organismo, daí porque, a comida sempre ser aceita, trazendo consequentemente prazer, ainda que em certos casos, inadequada.

No início, a mãe funciona como o cérebro do bebê. Nesta fase, ele limita-se a manifestar seus incômodos, enquanto a mãe faz a leitura dos sinais, usando principalmente a intuição e a adivinhação para elaborar suas respostas. O desenvolvimento e a própria sobrevivência da criança dependem da capacidade materna de reconhecer e de atender às necessidades do filho; tal capacidade, portanto, é imprescindível.

Se traçarmos uma linha direta sem interferências, a criança cujos pais têm este tipo de conduta, pode tornar-se um adulto que, diante de qualquer contratempo, irá procurar comida, cigarro, bebida, ao invés de tentar resolver o problema.

Içami Tiba afirma e Flavio Faria endossa, que a raiz da obesidade e mais tantos outros problemas sérios que podem acometer o ser humano, pode estar aí. A fixação oral tem a ver com a indisciplina nesse desenvolvimento e pode se refletir posteriormente também nas demais dependências (cigarro, bebidas, drogas e tudo que der prazer na boca), já citadas.

A origem deste problema está muito mais ligada no “como somos” dos pais, que originam dificuldades para os filhos, como se fosse uma herança, absorvida pela convivência, pelos exemplos dados. A filosofia Racionalista Cristã reforça sempre que possível, a importância dos bons exemplos dos pais, no processo de formação dos filhos.

A indisciplina, no exemplo acima, está presente no desrespeito ao desenvolvimento biológico por parte dos pais. Motivados pelo amor, pelo desejo de satisfazer todas as necessidades dos filhos, alguns pais não modificam seus comportamentos nem suas ofertas à medida que a criança cresce.

A CULPA

A ligação da mãe com o filho é tão forte que muitas vezes supera a razão. Ela tende a perder um pouco a objetividade na hora de avaliar o que a criança está fazendo por causa do “instinto” materno.

Içami Tiba destaca, dentre os vários tipos de mães, dois extremos:

* As superprotetoras; acham que tudo que o filho faz é maravilhoso, é o melhor do mundo. Os errados são os outros.
* As cobradoras; só reparando no que o filho faz de errado. Ela não aguenta ser criticada pelo que o filho faz.

As crianças precisam ser protegidas e cobradas, de acordo com suas necessidades e capacidades. Protegidas nas situações em que elas não conseguem se defender e cobradas naquilo que estão aptas a fazer.

É comum a mãe abrir mão da razão em defesa do filho, mas essa atitude pode provocar muitos desarranjos no relacionamento. A criança se aproveita; sente-se liberada para cometer uma grande delinquência, depois é só agradar um pouco a mãe e nada acontece.

Todo delinquente só vai em frente porque encontra o terreno livre e é um sedutor.

Existem crianças que batem nas mães. Só fazem isso depois de falar mal. E só falam mal depois de desobedecer, ou seja, diz Flavio Faria, os problemas presentes são frutos de um processo inadequado de relacionamento.

Quanto mais a criança for educada em seus primeiros passos, maior será a eficiência da educação. Portanto, a mãe não deveria permitir desobediência. Para isso, o maior segredo é a mãe obedecer a seus próprios nãos, ou seja, dar exemplos!

A obediência fica garantida pelo respeito que a mãe exige do filho.

Se a criança for mal na escola, a mãe passa a noite em claro, achando que a culpa é sua. E tudo pode piorar se o pai ainda disser: “Ah, mas onde você estava que não viu que ele não estudou?

Se o filho jovem se envolve com drogas, é comum o marido cobrar a mulher, que também acaba se cobrando: “ Quem sabe, se eu não estivesse trabalhando fora, isso não teria acontecido...”

A mulher precisa tomar muito cuidado para não transformar seu amor de mãe numa doação, que atropela o filho, em vez de educá-lo.

A grande armadilha da culpa origina-se exatamente em não abrir mão dessa tripla jornada, assumindo responsabilidades que extrapolam a capacidade de ação e reação da mulher. É querer ser onipotente.

Boa parte das mulheres deveria aprender a colocar limites em suas próprias ações e a desenvolver capacitações nos diversos componentes da família, para a realização das tarefas que não cabem, obrigatoriamente, só a ela.

Não é o fato de trabalhar fora que prejudica a mulher, a criança e a família. Na eventual postura de culpa, que a mãe assume ao voltar ao lar, é que podem se implantar os desajustes.

A mulher que trabalha fora deve exercer outro tipo de papel como mãe e administrar a casa de modo diferente. Não pode exigir de si o mesmo que se espera de uma mãe que ficou o dia inteiro no lar.

A mulher integrada propõe Içami Tiba, faz com que o ambiente doméstico seja diferente, com os filhos mais independentes e cooperativos, que podem ajudar no andamento da casa e da rotina familiar.

Enquanto ela está fora, a responsabilidade de manter a casa em ordem cabe aos filhos que lá ficaram. Em vez de arregaçar as mangas e arrumar a bagunça, a mulher integrada exige que os filhos arrumem tudo e que a próxima vez a casa esteja em ordem quando ela chegar.

Mesmo ausente, é comum a mãe querer se sentir presente na atividade do filho.

Em geral, crianças pequenas gostam de contar suas experiências aos pais. E a mãe aproveita bastante. Quanto mais o filho fala, mais noção ela vai tendo das perguntas que deve fazer. A mãe quer ter a visão global.

Quando o pai faz uma pergunta, busca uma resposta focalizada. Como foi? Foi bem, então, ponto final.

Respostas longas às vezes incomodam o pai. Ele acha esse tipo de conversa com o filho muito superficial, poucas prática e objetiva. O que agrada a mãe incomoda o pai.

Os filhos homens tem a tendência de achar a mãe chata, pois tendem a repetir o modelo dos pais, agindo mais do que falando. Não gostam de ficar contando dos amigos, ao contrário das meninas, que adoram!

O pai é mais legal para o filho porque ele não precisa falar muito. E isto permite que o pai seja manobrado. É mais fácil enganar em duas ou três perguntas do que num questionário.

O trabalho ocupa um espaço enorme na vida do pai. Quando é interrompido, pela aposentadoria ou por um afastamento compulsório, o pai se sente morrer, porque sua autoestima cai e ele entra em depressão.

Existem mulheres que também se sentem, não só atrapalhadas, mas ameaçadas pela presença masculina em casa. Elas raramente se dedicam apenas ao trabalho; elas tem afazeres diários; mesmo que se aposentem, têm muitas coisas que as mantém vivas.

Existem também homens que ajudam em casa quando estão desempregados, porém, quando arranjam novo emprego, voltam a encarar o lar como o repouso do guerreiro. Daí porque não ser estranho deixarem a educação dos filhos por conta da mulher.

Educar dá trabalho, pois é preciso ouvir os filhos antes de formar um julgamento, nem sempre claros para ajudá-lo a tempo; identificar junto com o filho onde ele falhou, para que possa aprender com o erro; ensiná-lo a assumir as consequências em lugar de simplesmente castigá-lo, por mais fácil que seja; não resolver pelo filho o problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar; não assumir sozinho a responsabilidade pelo que o filho fez, por exemplo, ressarcir prejuízos provocados por ele ou pedir notas aos professores.

Se pais machos soubessem educar, seus filhos também saberiam educar, e não teríamos hoje esta geração de jovens tão bem-criados, porém tão mal-educados.

A grande vantagem do ser humano sobre os animais é a possibilidade de modificar seu comportamento, criando soluções para o que lhe prejudica ou não lhe satisfaz.

Um pai integrado propõe Içami Tiba, tem de superar o machismo e ser uma pessoa verdadeiramente interessada em educar o filho.

O interesse e o empenho em educar o filho devem ir além da informação. Não é fácil levar a teoria na prática; a maior dificuldade surge quando conflitos internos dos pais interferem nas ações educativas e isso não depende da idade dos filhos.

A omissão que permite à criança fazer tudo o que tem vontade, ou a explosão diante de qualquer deslize do filho, além de não educar, distorcem a personalidade infantil, tornando a criança folgada, sem limites, ou sufocada, reprimida. No futuro, ela poderá se rebelar contra o opressor; portanto, é importante que os pais busquem ajuda quando não conseguirem fazer o que sabem que tem que ser feito.

A boa educação deve pautar-se pelas necessidades de cada filho. Mesmo que o casal tenha três filhos, cada um deve ser tratado como se fosse único, embora os três tenham a mesma genética, o que impera é a individualidade.

Os resultados imediatos da boa educação podem vir como flores; bonitos e agradáveis para todos, porém, os verdadeiros e duradouros resultados são aqueles que pertencem à formação da personalidade. O que garante uma boa educação são seus frutos, materializados nos comportamentos duradouros, que valem para qualquer situação.

O que faz as flores evoluírem para frutos são os princípios da coerência, constância e consequência.

Educar é uma obra-prima, uma obra, realmente artesanal, cujo resultado é a futura felicidade dos filhos e de todos a sua volta.

Filhos são como navios, os pais como estaleiros...

Nos estaleiros os navios são construídos. O lugar mais seguro para os navios é o porto, mas eles não foram construídos para ficar nos ancoradouros do porto e sim para singrar nos mares...

Os pais podem achar que o lugar mais seguro para os filhos é junto deles, mas os filhos não nasceram para isso e sim para singrar os mares da vida!

A EDUCAÇÃO PERMISSIVA

A mãe deve ter a capacidade de entrar no ritmo da criança. A pressa não é uma característica infantil. A criança tem muito mais prazer durante a realização de um trabalho, do que apenas vê-lo pronto. Daí porque, imediatamente depois de empilhar várias caixinhas, ela derruba tudo e começa de novo. A criança gasta muito mais tempo empilhando, do que admirando o trabalho pronto. O prazer não está no produto final.

Ao atropelar o ritmo da criança, a mãe pode transmitir-lhe a sensação de que é incapaz. A extrema solicitude da mãe estimula o filho a cruzar os braços, como se fosse impotente, e pode levar a criança, ao deslocamento da sensação de prazer que seria obtida realizando, para o mero receber.

Nenhuma criança nasce folgada, ela aprende a ser. A indolência constante não é natural, mas resultado da dificuldade de realizar seus desejos por si mesmos. A criança só pode ser considerada folgada, quando conhece suas responsabilidades e não as cumpre.

A responsabilidade é consequência da confiança que a mãe deposita no filho, para a realização de algo que lhe cabe naturalmente. A mãe não deve só reconhecer tal capacidade, como a contar com ela com frequência.

Os estudiosos do comportamento humano reconhecem e Içami Tiba exemplifica que figuras paternas frágeis e mães hipersolícitas transformam os filhos em “parafusos de geleia”.

Se levarem um apertão, espanam. Não aguentam ser contrariados, não foram educados para suportar o “não”.

O parafuso de geleia, conforme Dr. Tiba, é comumente encontrado nesta sequência: avós autoritários, pais permissivos, netos sem limites!

Quando foram pais, os avós mostraram-se muito autoritários, tendo sido mais adestradores de crianças que educadores. Bastava o pai dar aquela olhada e o filho tinha de obedecer, do contrário os pais abusavam da paciência curta, da voz grossa e da mão pesada.

Os filhos desses pais se revoltaram contra o autoritarismo. Sofreram tanto com esse método de educação, que quiseram dispensá-lo, ao se tornarem pais. Então, trataram de negá-lo, fazendo o contrário; tornaram-se extremamente permissivos.

A permissividade é a outra face do autoritarismo regada a ocasionais crises autoritárias. O pai permissivo deixa, deixa, até um ponto em que não aguenta mais e explode: “ Agora chega!” De repente, manifesta um comportamento que não condiz em nada com a permissividade. É a perda de referência educativa.

Os filhos desses pais, portanto, os netos dos avós autoritários, tornam-se onipotentes com pés de barro. Sentem-se fortes, mas são parafusos de geleia, isto é, não suportam os “apertões” que a vida naturalmente dá em todos os seres viventes.

O “sim” só tem valor para quem conhece o “não”. Mas a geração parafusos de geleia desconhece o “não”, pois tudo para eles é permitido, e a permissividade não gera um estado de poder.

Os parafusos de geleia têm baixa autoestima porque foram regidos pela educação do prazer.

Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo o que desejam, não estão lhes ensinando noções de limites individuais e relacionais, utilizados todo o tempo na vida, também não estão passando noções corretas do que podem ou não podem fazer.

Os pais para justificarem utilizam diversos argumentos para isso, tais como, “são muito pequenos para aprender”, “eles não sabem o que estão fazendo”, “vamos ensinar quando forem maiores”, “sabemos que não devemos deixar”, “mas é tão engraçadinho”...

É necessário lembrar, que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Caso tenha agradado, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação.

Portanto, cada vez que os pais aceitam uma contrariedade, um desrespeito, uma quebra de limites está fazendo com que os filhos não compreendam e rompam o limite natural para seu comportamento em família e em sociedade.

Deixar que as situações inadequadas transcorressem sem uma intervenção clara, constitui grave erro e a certeza de problemas e responsabilidade futuros.

Cabe aos pais transmitir aos filhos, através de seus atos, a diferença entre o que é aceitável ou não, adequado ou não, entre o que é essencial e supérfluo e assim por diante.

É essencial à boa educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessária uma autoridade saudável, no que Flavio Faria e a doutrina Racionalista Cristã está inteiramente de acordo com Içami Tiba. Autoridade é algo natural e que deve existir, sem as descargas de adrenalina, seja para se impor ou para se submeter, diferente do autoritarismo.

O segredo da diferença entre autoritarismo e autoridade está no respeito à autoestima.

FORMANDO A AUTOESTIMA

A autoestima começa a se desenvolver numa pessoa quando ela é ainda um bebê. Os cuidados e o carinho dispensados vão mostrando à criança que ela é amada e querida.

Nesse começo de vida, ela está aprendendo como é o mundo em sua volta e, conforme se desenvolve, vai descobrindo seu valor, a partir do valor que os outros lhe dão. É quando se forma a autoestima essencial.

A autoestima continua a se desenvolver conforme a pessoa se sente segura e capaz de realizar seus desejos e, futuramente, suas tarefas. É a autoestima fundamental.

Para os pais, o amor incondicional que sentem pelos filhos está claro, mas para os filhos nem sempre esse amor é tão claro assim.

Toda criança se preocupa em agradar à mãe e ao pai, acreditando que ao fazer isso estará garantindo o amor deles. Para ela, o sorriso de aprovação dos pais é amor e a reprovação com um olhar sério ou uma bronca é não amor.

É importante que fique claro para a criança que, mesmo que a mãe e o pai reprovem determinadas atitudes dela, o amor que sentem por ela não está em jogo.

Para que a criança se sinta amada incondicionalmente é necessário, acima de tudo, que seja respeitada.

Dr. Tiba escreve que respeitar os filhos significa:

* Dar espaço para que tenham seus próprios sentimentos, sem por isso serem julgados. O que pode ser reprovado é a expressão inadequada da raiva, como bater em alguém.
* Aceitá-los como são, mesmo que não correspondam às expectativas dos pais. Precisam ter os próprios sonhos, pois não nasceram para realizar os dos pais.
* Não os julgar por suas atitudes. Crianças erram muito, pois é assim que aprendem. Mãe e pai podem e devem julgar as atitudes, mas não os filhos. Se a atitude for egoísta, o que deve ser mostrado é o egoísmo, mas não consagrá-lo dizendo “você é muito egoísta”. Frases do tipo “ Você não tem jeito mesmo” ensinam a criança que ela é egoísta, terrível e não tem jeito mesmo. Portanto, essas “qualificações” passam a ser sua identidade.

Com respeito à criança, devem demonstrar que ela é amada, não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir. Sentindo-se amada, ela se sentirá segura para realizar seus desejos. Portanto, deixá-la tentar errar, sem ser julgado, ter seu próprio ritmo, descobrir coisas permitem a criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Falhar não significa uma catástrofe afetiva; assim a criança vai desenvolvendo a autoestima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades.

O que alimenta a autoestima é sentir-se amado incondicionalmente e, também, o prazer que a criança sente de ser capaz de fazer alguma coisa que dependa só dela. Não o prazer ganho.

O filho desenvolve a autoestima quando brinca com o que ganhou, interage e cria novas brincadeiras; guarda o brinquedo dentro de si, sente sua falta e, principalmente, cuida dele.

O brinquedo ganho adquire, então, significado para ele. Crianças que ganham uma infinidade de brinquedos que mal conseguem guardar não têm como desenvolver autoestima suficiente para gerar felicidade.

O presente que vai alimentar a autoestima do filho é aquele em que sente que foi merecido. Sem dúvida, é muito prazeroso para os pais dar presentes que agradem aos filhos. Todos ficam contentes, os pais por dar e os filhos por receber. O princípio educativo, porém, é que os filhos sejam pessoas felizes e não simplesmente alegres.

A alegria é passageira e a capacidade de ser feliz deve pertencer ao filho.

O prazer do sim é muito mais verdadeiro e construtivo quando existe o não!

Se uma criança é aprovada porque os pais contrataram para ela um professor particular, o mérito da aprovação é dos pais. O filho pode até sentir prazer por ter sido aprovado, mas no fundo sabe que o mérito não foi todo seu. Isso diminui a sua autoestima. Quando é aprovação porque estudou e se empenhou, sua autoestima cresce. Ele adquire responsabilidade.

A autoestima é a fonte interior da felicidade.

Uma dica que Içami Tiba da aos pais se refere à proibição imposta de alguma coisa. Devem encontrar algo para que o mesmo possa fazer no lugar. A simples proibição é paralisante. A educação é mobilizar a criatividade para o bem comum.

O COMPORTAMENTO DOS PAIS

O comportamento estilo vegetal, concebido Içami Tiba, é o utilizado por pessoas, como se as mesmas fossem plantas; ou seja, aguardando o mundo em volta se movimentar para atendê-las.

A planta possui a força da sobrevivência, porém são os outros que lhe dão as condições de vida.

Os humanos vivem fisiologicamente esta etapa, quando são recém-nascidos, estão em coma ou perdem a memória na fase senil. Caso não recebam cuidados, podem morrer, apesar de ter dentro de si a força de sobrevivência.

Às vezes, porém, pessoas que não se incluem nesses casos apresentam comportamentos que remetem ao estilo vegetal. Isso ocorre, sobretudo quando deixam por conta do acaso algo que poderiam elas mesmas fazer.

A mãe que permanece indiferente enquanto suas crianças se engalfinham é um exemplo desse comportamento. O pai pode ser atacado pelo mesmo mal quando nada faz. Observa tudo calado, pensando: quando crescer, passa! Equivale a dizer que é o tempo que resolverá o problema e não ele.

Somente esperar ao invés de agir é um comportamento estilo vegetal. O ser humano se caracteriza por agir para mudar o que não está bom. Ficar apenas “filosofando” não resolve a questão e nem supera conflitos.

O homem assume também o estilo vegetal quando, por se julgar suficientemente bom e trabalhador, uma figura de projeção social, acha que não precisa fazer mais nada pela educação dos filhos. Sua condição já lhe parece suficiente para que as crianças o respeitem, sigam seu exemplo, sejam obedientes, responsáveis e bem-criadas. Porém, o fato é que o filho nem sempre aprende o que o pai deseja ou espera.

Os bons exemplos, enfatizando, são importantíssimos para a boa educação dos filhos, ressalta Flavio Faria, porém, não se deve restringir todo um processo educacional, que leva anos de dedicação, apenas aos bons exemplos dos pais, relativos ao sucesso profissional até então alcançado. A vida é mais do que isso!

Faz-se necessário o acompanhamento constante durante as diferentes fases de crescimento dos filhos, ou seja, requerem atitudes voltadas ao bem, atitudes que sejam fruto de um processo de bem pensar, evitando-se tanto o marasmo vegetal como as atitudes bruscas e instintivas, melhor explicadas no tópico a seguir.

Ser um homem bom e trabalhador é apenas características de uma área. Transmitir estas características na dinâmica da vida requer empenho, estudo e raciocínio.

A vida pode ser comparada à mão, que traz na palma a personalidade e nos dedos os diversos papéis que um ser humano desempenha.

 Quem é bom apenas numa área tem um dedo imenso e os demais atrofiados. Sobrevive-se com um único dedo, claro, mas a vida será tanto mais rica quanto mais relacionamentos saudáveis uma pessoa tiver.

COMPORTAMENTO ESTILO ANIMAL

Este, conforme Içami Tiba é um estilo um pouco mais elaborado. Os animais tem movimento próprio e usam  estratégias para saciar os instintos. Suas ações são repetitivas porque estão inscritas em seu determinismo genético. Todos os animais de uma determinada espécie têm comportamentos e recursos semelhantes, portanto sobrevivem guiados pelos mesmos instintos.

A necessidade traz um desconforto que motiva o animal a buscar a saciedade.

O animal vive dentro do ciclo necessidade-saciedade e prazer-desprazer. Suas vontades são ditadas pelos instintos.

Os humanos adotam o comportamento estilo animais, quando:

* Não usam sua racionalidade;
* Repetem os mesmos erros;
* Fazem só o que foi aprendido e não criam novidades;
* Suas vontades estão acima da adequação;
* Agem impulsivamente, mesmo que depois se arrependam;
* Agem egoisticamente, sem pensar nas demais pessoas;
* Desrespeitam a ética relacional e suas normas sociais;
* Pirateiam e danificam o meio ambiente;
* Usam a lei do mais forte.

Assim, pais que exploram, negligenciam ou violentam os filhos estão manifestando seu comportamento animal.

O pai ou a mãe assume um comportamento estilo animal quando, na expectativa de que o filho se modifique, insiste sempre na mesma bronca. Diante do garoto que não estuda, ele ou ela repete a advertência ou conselho, que invariavelmente começa com as fatídicas palavras: “ Eu, quando tinha a sua idade...” Nunca acrescenta ao discurso algo novo, capaz de mobilizar o adolescente. Diz sempre a mesma coisa e com isso obtém sempre o mesmo resultado.

Portanto, a adolescência paterna não serve de modelo para um filho que tenha sua sobrevivência garantida, boas condições de vida, um cérebro que funciona ignorando o que não lhe agrada e tenha o privilégio de poder estudar sem precisar trabalhar.

A mãe, que por sua vez se dispõe a arrumar o quarto do filho pela “milésima e última vez”, espera que, ao vê-la arrumando, a criança aprenda a arrumar. Esta mãe está apenas e tão somente tendo um comportamento animal. O que a criança aprende apenas que a mãe arruma o quarto para ela...

A criança só aprende a arrumar o quarto arrumando!

A doutrina Racionalista Cristã, codificada por Luiz de Mattos a partir de 1910, tem por premissa, o desenvolvimento da racionalidade no ser humano, seja homem ou mulher. Aponta os diversos malefícios, através de inúmeras situações exemplo, que acometem os seres em função de se deixarem dominar pelos instintos.

A condição de ser-racional, única presente em todas as espécies que habitam o planeta Terra, graças ao uso do pensamento, há que ser desenvolvida em níveis máximos por todos os seres humanos.

Os instintos estão presentes em nossas vidas para serem vencidos pela inteligência e pelo raciocínio lógico, sempre que se fizer necessário. O Homem racional, de moral elevada, conectado às correntes do bem, haverá que vencer a besta que traz dentro de si.

Esta é a fórmula para que se processe a esperada evolução das partículas do Grande Foco, em nosso planeta, no melhor ritmo possível, diz a filosofia Racionalista Cristã.

COMPORTAMENTO ESTILO HUMANO

Este estilo descreve Içami Tiba, busca a felicidade, e para isso as pessoas que o adotam integram disciplina, gratidão, ética e cidadania com vistas a sua sobrevivência, perpetuação da espécie, preservação do meio-ambiente, formação de grupos solidários e construção adequada da civilização. Postura esta muito semelhante à preconizada pela doutrina Racionalista Cristã.

Senhor da condição mais desenvolvida mentalmente, na escala animal, o ser humano tem inteligência e criatividade para superar conflitos, encontrar soluções novas para os problemas cotidianos, sofisticar a saciedade dos instintos e transformar o meio ambiente em busca de melhor qualidade de vida.

Faz parte do instinto de perpetuação da espécie os pais cuidarem dos filhos, mas é a educação que os qualifica como seres civilizados.

Se tiverem uma infância sofrida, não vão desejar que suas crianças passem as mesmas privações. Tentam proporcionar o que não tiveram.

Na infância, os pais sofridos comiam a asa e o pescoço da galinha enquanto o seu grande e autoritário pai se fartava com o peito e a coxa. Pois agora esses pais dão o peito e a coxa aos filhos.

As crianças que nunca receberam asa e pescoço, acham natural ter direito a peito e coxa e não valorizam o gesto dos pais.

Diante da desordem do quarto do filho, a mãe estilo humano se propõe a ajudá-lo a arrumar a bagunça; jamais ela mesma arregaça as mangas e põe mãos à obra.

O filho arruma o que pode e a mãe apenas observa. O que ele não conseguiu arrumar sozinho, a mãe arruma, mas junto com o filho, ensinando-o. O que importa é mostrar ao filho como cuidar dos seus pertences e do ambiente em que vive em nome de uma educação integrada.

Crianças gostam de um elogio merecido, pois esse é o verdadeiro alimento da autoestima. Elogiar gratuitamente desvaloriza a pessoa.

É bastante comum a mãe não conseguir manter a nova postura por muito tempo. O seu “ não ligar” dura até o dia em que não aguenta mais, quando ela se põe a arrumar o quarto feito um animal raivoso.

O que o filho pode aprender com isso?

Aprende que, se tolerar a bagunça mais do que a mãe, um dia ela acaba arrumando para ele. Quem está sendo inteligente?

Esse é o jeitinho que deseduca...

No que pode se referir aos estudos, o pai precisa buscar soluções mais eficazes do que simplesmente achar que, por frequentar uma boa escola, o filho está aprendendo.

A aprendizagem depende do que ele quer aprender, se ele acha gostoso ter conhecimento. Aprender é como comer.

Estudar e comer não são caprichos, mas obrigações. A comida alimenta a saúde física e o estudo alimenta a saúde social.

O ignorante sofre quando percebe que algum conhecimento lhe falta, mas não consegue aprender o que precisa; caso diferente dos adolescentes que não sentem a necessidade de aprender o que não lhes interessa. Os adolescentes são interesseiros, por isso os pais devem explorar essa característica deles para negociar os estudos.

Uma das formas de não afastar do comportamento estilo humano é ter sempre em mente a distinção entre o que é supérfluo e o que é vital.

* Aprender é vital.
* Comer é vital
* Ter amigos é vital
* Voltar tarde não é vital
* Usar drogas não! Mesmo que todos os amigos usem...

O pai e a mãe se perdem justamente neste ponto. “Todos ganham um celular, porque meu filho não ganhará?” perguntam-se. E dr. Tiba pergunta: será que ganhar um celular é realmente vital?

Até os animais fazem uma seleção natural entre o que é supérfluo e o que é vital. Quando comer é vital, a proteção pode se tornar supérflua. A melhor caça é a que está faminta: cai em qualquer isca!

O vegetal sobrevive
O animal sacia seus instintos
O ser humano deseja ser feliz...

Devem os pais, portanto, buscar o equilíbrio no seu viver, pois são exemplos vivos a serem imitados por seus filhos. O comportamento denominado por dr. Tiba de “humano” é o ideal e, coincidentemente, o que procura ensinar a doutrina Racionalista Cristã, desde 1910, por Luiz de Mattos através de seus escritos, aconselhamentos, palestras, recados estes que veem sendo emitidos há alguns milênios por personalidades de destaque na história da civilização, tais como Hermes Trimegistrus no antigo Egito, Krishna na Índia, Confúcio na China, Sócrates na Grécia e Jesus!

SER FELIZ

A busca da felicidade, que inclui a liberdade, é uma característica exclusiva de o humano ser. Esta é uma satisfação da alma. Pode ser alcançada, mesmo que em termos relativos, a partir do uso incansável do cristianismo prático, ou seja, incentivando-se atitudes morais desde tenra idade. Entenda-se por atitudes morais àquelas voltadas ao bem de todos.

Felicidade não se dá e nem se vende. Cada ser precisa antes amadurecer para alcançar a almejada felicidade.

Os pais podem e devem fornecer aos filhos a base para formar a felicidade, seja do ponto de vista material, oferecendo condições básicas de sobrevivência, seja psicologicamente, através da educação, seja espiritualmente, irradiando o bem, dando exemplos e fornecendo orientações sempre que necessário.

Maria Cottas(2), escritora do Racionalismo Cristão, faz interessante colocação a respeito do elogio feito pelos pais à criança e as maravilhas no viver dos pequenos, que tal atitude promove.

Diz Maria Cottas que elogiar é estimular, principalmente quando o elogio é feito a uma criança.

Considera ela e Flavio faria endossa que constitui grande erro dos pais negar elogios aos seus filhos quando praticam uma boa ação ou se esforçam nos estudos, pois o elogio exerce sobre eles o mesmo efeito que nos adultos.

O elogio eleva e inspira. Como a alavanca de Arquimedes, move o mundo inteiro.

 Todos nós, adultos, sabemos que não há incentivo mais poderoso que o elogio de nossos entes queridos, para que executemos o nosso trabalho com boa vontade, e, no entanto, numerosos pais adotam a teoria de que a melhor maneira de corrigir uma criança é repetir-lhe o dia inteiro que é malcriada, desobediente ou preguiçosa.

Podem pensar alguns pais, que as palavras elogiosas sobre a boa conduta dos filhos lhes despertam uma perniciosa vaidade; ao contrário, diz Maria Cottas, o elogio é um grande estímulo e valioso auxiliar para a educação da criança.

 As censuras constantes às crianças, alerta Maria Cottas, podem fazer surgir complexos de inferioridade e incompetência, de que se ressentirão mesmo depois de adultos.

É certo que os pais que se habituam a repreender constantemente os seus filhos, por vezes, até asperamente, não são cruéis; eles amam os seus filhos e por muito lhes quererem e ansiar a sua perfeição é que acham que devem exigir deles o máximo, exibindo, diante de seus olhos, todo um cortejo de seus defeitos e fraquezas.

Não compreendem, orienta Maria Cottas, cegos, por falha conceitual do dever, que causaram a seus filhos danos, fazendo surgir em seus espíritos complexos de inferioridade que poderão conduzi-los a fracassos, mais tarde.

Os pais se esquecem de que são para os filhos, o público, do qual esperam deles o julgamento de uma conduta. Quando não recebem o aplauso esperado, se sentem tão magoados como o autor cujo livro ou obra fracassou.

Matar em embrião a personalidade de uma criança é um crime, alerta Maria Cottas. E são não raros os pais, cegos até pelo muito quererem a seus filhos, que podem assim proceder.

É certo que o elogio, como tantas outras coisas boas, deve ser concedido à criança com inteligência, em medida certa, e só quando merecido, alerta Maria Cottas.

 Deve ser usado como reconhecimento por um trabalho bem feito para ser estímulo e servir como uma esperança que inspirará na criança o desejo de continuar melhorando sempre. Trabalho este que normalmente é imitação da postura adequada dos pais!

Em uma palavra se dirá à criança, quando boa, que pode ser melhor ainda, e quando de mau temperamento, que pode melhorar.

Não regateemos, pois, elogios aos nossos filhos quando os merecerem destaca Maria Cottas, porque mais tarde no-los recompensarão.

FELICIDADE EGOÍSTA

Dr. Tiba atenta para as pessoas que desfrutam esse tipo de felicidade, buscando atender somente às próprias necessidades e vontades. É um bem estar primitivo, quase vegetal, pois leva em conta apenas a própria sobrevivência. Suga todos os nutrientes do solo, enquanto se espalha para pegar o máximo de luz, mesmo que com isso abafe outras plantas.

Conseguirá, desta forma, apenas e tão somente um prazer momentâneo, pois desprovido do conteúdo ético-moral necessário, logo, esta falha de planejamento se fará sentir, através dos dissabores advindos de tal ou tais gestos.

Uma criança muito pequena, naturalmente, busca esse tipo de felicidade, porque nessa fase de desenvolvimento o egocentrismo é natural. Aos poucos, à medida que vai descobrindo as demais pessoas, ela supera a necessidade de ser o centro do mundo e se interessa mais pelos outros.

Aos oito meses, aproximadamente, o bebê costuma estranhar pessoas que não pertençam ao seu cotidiano e pode até chorar diante delas.

Quando um filho usa drogas, também está buscando a felicidade egoísta. Só ele sente o efeito prazeroso da droga, sem se preocupar com os prejuízos que ela provoca, com o sofrimento dos pais e das pessoas que o amam.

Quando os pais “sofrem” de felicidade egoísta, estão educando os filhos pelo “como somos” a também serem egoístas.

Novamente, Flavio Faria enfatiza, através da exemplificação fornecida, da necessidade dos bons exemplos de conduta, como sendo obrigação dos pais, no processo de formação educacional dos filhos.

A doutrina Racionalista Cristã, através de um método na vida simples de ser seguido e eficiente, codificado em suas obras literárias, uma vez adotado pelos pais, abreviarão muitos dissabores pelos quais os desavisados podem passar em suas jornadas aqui na Terra.
FELICIDADE FAMILIAR

Todo o interesse da pessoa volta-se para o bem-estar exclusivo da família. Pouco importa o que acontece com as outras famílias. É como um animal protegendo a prole.

Essa família se considera perfeita. Pai e mãe acreditam piamente nos filhos como se eles nunca mentissem e atacam ferozmente todos os que ousarem mexer com eles.

Fora de casa, não têm pruridos em se aproveitar de posições vantajosas e explorar os funcionários, a comunidade e até mesmo o social para trazer benefícios somente para a própria família.

Essas famílias educam suas crianças para a transgressão social, pois reforçam suas delinquências. Conforme a visão Racionalista Cristã, ao invés de uma encarnação podendo resgatar dívidas morais acumuladas no passado, ao contrário, só fazem acumular mais e mais débitos, com as desagradáveis consequências para os que adotarem tal postura, proposital ou herdada via processo educacional.

As crianças precisam sentir que pertencem à família, elas carregam esse amor dentro de si para onde forem inclusive nos seus primeiros passos na escola. A sensação de pertencer à família as defende de ser adotados por traficantes, bandos de delinquentes ou fanáticos de qualquer espécie.

Por sua vez, a noção nos pais de que a família está inserida num contexto social mais amplo e a felicidade de um, esbarra no limite do outro, é fundamental para a boa evolução geral.

Diz a doutrina Racionalista Cristã, desde os primeiros escritos de seu codificador Luiz de Mattos, que as ações são precedidas dos pensamentos e estes devem estar conectados às correntes do bem, ao Universo Superior, para que possam ser os mais eficientes, norteando as melhores ações, a cada caso. Pensar antes de agir!

O bem pensar é pensar com serenidade otimista, com moral. A Moral, esclarecendo,  é o bem comum; neste caso, de todas as famílias ao invés de uma só!

As consequências do bem ou mal pensar são certas em nossas vidas!

Fazer o bem, não importa a quem. Todos ganham com isto.

FELICIDADE COMUNITÁRIA

Uma pessoa que sente este tipo de felicidade faz questão de ajudar os outros de sua comunidade para torná-los mais felizes. Ultrapassa os limites da própria família, os interesses materiais e o individualismo.

É a sensação de bem-estar e prazer em pertencer a uma comunidade e participar dela como se fosse sua grande família.

Podem ser pessoas que passaram pelas felicidades egoísta e familiar e depois amadureceram para a felicidade comunitária.

Crianças abandonadas pelos pais, mas adotadas e criadas por instituições de caridade, absorvem o calor humanitário e, com frequência, desenvolvem no futuro trabalhos comunitários.

A educação das crianças deve abranger também a busca da felicidade comunitária.

Elas podem acompanhar as atividades comunitárias desenvolvidas pelos pais. Mesmo porque são hipersensíveis aos sofrimentos alheios. Quando um bebê chora, os outros também choram. Se um adulto traz uma expressão de sofrimento, a criancinha franze o cenho.

Aborda-se muito na doutrina Racionalista Cristã a Lei da Atração. Pensar o bem, e o bem atrairemos na nossa vida, assim como o contrário!

É fundamental a boa conexão mental, pelo maior tempo possível, atraindo o bem no nosso viver; exalando-o, como bom perfume, onde e com quem estivermos principalmente os filhos. Para eles, enfatiza Flavio Faria  somos a boa fonte; a que deve ser seguida!

FELICIDADE SOCIAL

Aqui, consideram-se todos os seres humanos iguais em essência, não importando cor, etnia, raça, credo, nível social, preparo cultural, poder econômico, cargo político, fama, origem, aspecto físico, capacitação ou habilidade, aliás, maneira pela qual a doutrina Racionalista Cristã explica a nossa condição, enquanto partículas do Grande Fóco, Vida do Universo.

A pessoa fica feliz em poder ajudar outro ser humano a ser feliz. Empenha-se em tornar este mundo melhor, com pequenos gestos, desde o ato de deixar o banheiro limpo para o próximo usuário até grandes ações, como se mobilizar quando um semelhante ou um povo inteiro estiver sofrendo um revés em qualquer canto do planeta.

Assim como se regozija com a felicidade alheia, também sente na alma os sofrimentos dos homens. É um ser grato, solidário e sua ligação com o próximo transcende o tempo e o espaço, superando diferenças geográficas, ideológicas, políticas, sociais e religiosas.

A felicidade social é a expressão máxima da saúde relacional social, pois se eleva acima das felicidades anteriores, afirma Içami Tiba, em outras palavras, é o que também almejam os que implantaram a doutrina Racionalista Cristã e seus seguidores.

Tolerância, solidariedade, compaixão, sabedoria, fazem parte da felicidade social. Grandes guias filosófico-religiosos procuram ser a expressão máxima disso. Luiz de Mattos, o codificador do Racionalismo Cristão, ressalta Hermes Trimegistrus, Krhisna, Confúcio, Sócrates, Jesus e tantos outros.

 É lastimável, no entanto, que boa parte da humanidade tenha ficado pelo caminho, caída no radicalismo religioso.

Se desde a mais tenra infância os pais começassem a ler passagens interessantes e pitorescas dos grandes homens da humanidade e depois estimulassem um pequeno e simples debate sobre a vida deles, provavelmente as crianças seriam pessoas melhores para si mesmas, para a família, para a escola e, futuramente, para o mundo.

O que não vale é errar na dose e fanatizar o tema.

Não seria interessante a criança identificar o que ela fez de bom para qualquer pessoa? Incentivar a falar a verdade, sem exageros, e elogiá-la, reforçando o que ela fez de positivo em seu dia; são medidas que não exigem tanto e produzem grandes resultados: contribuem para a formação de uma boa autoestima.

Os filhos adoram saber que os pais apreciam o que fazem. Se eles vivem naturalmente a felicidade social fazer o bem, não importa a quem seus filhos também a viverão!

GENTE GOSTA DE GENTE

O ser humano nasce predisposto a ter companheiros. Nossa condição ao nascer é de total dependência da mãe. Nascemos já nos relacionando com nossos geradores e cuidadores. Nenhum ser humano é indiferente a outro ser humano. Ele se aproxima, agride, finge não ligar ou se afasta, mas percebe sua presença sempre!

A força relacional é praticamente instintiva na espécie humana.

Os animais têm seus companheiros, porém de forma primitiva. Os bandos são movidos pela ética da sobrevivência: tudo o que fazem tem a finalidade de defender a vida e garantir a perpetuação da espécie. Um animal ataca o outro quando se sente ameaçado física ou territorialmente. O que vale é a lei do mais forte.

A doutrina Racionalista Cristã orienta o ser humano a desenvolver tanto a intelectualidade, através dos estudos acadêmicos, como também a espiritualidade, através do uso incansável das atitudes morais no cotidiano do ser, ou seja, aquelas atitudes que levem em conta o bem da pessoa e de toda a sociedade.

Não adianta o ser humano desenvolver só a inteligência, pois assim como a força física, pode ser usada tanto para o bem como para o mal.

É inegável que o grande traficante de drogas é inteligente, porém falta-lhe a moralidade amalgamada no seu ser; estaria em tal condição, conforme a doutrina Racionalista Cristã, vinculada ao grau de espiritualidade adquirido nas sucessivas encarnações, arcando o indivíduo, portanto, com as responsabilidades de seus atos, perante si, o que levará a terríveis sofrimentos quando no seu mundo de estágio espiritual e nas próximas encarnações, até que a moral seja apreendida em níveis correspondentes à continuidade da sua evolução.

É fundamental que os pais, através dos exemplos de vida, minuciosamente observados pelos seus filhos desde tenra idade, assim como os aconselhamentos, sejam fartos de conteúdo moral, permitindo a apreensão pelo ser, desde pequenino; já que acreditamos num certo “potencial para o bem” que já acompanha o pequeno ser desde o nascimento e deve ser fomentado, incentivado sempre e sempre pelos pais, assim como os responsáveis pela formação dos pequeninos até a maioridade!

A filosofia de vida é importantíssima neste processo de formação da moral e ética social e a doutrina Racionalista Cristã, possui as orientações necessárias aos seres de boa vontade, desejosos de praticarem o bem, para viverem uma jornada terrena de excelência.

Estão aí as dezenas de obras disponíveis gratuitamente pela Internet, através da página já mencionada www.racionalismocristao.org ou então para serem adquiridos em qualquer uma das Casas Racionalistas Cristãs espalhadas pelo planeta.
Flavio Faria reforça também, a pertinência de se fazerem acompanhar, nas atividades cotidianas, com a presença da musicalidade suave no ar, de excelência, encontrada também na web rádio mantida pelo Racionalismo Cristão, que pode ser sintonizada no endereço eletrônico www.radioarazao.com.br.

O feto, quase sempre, é produto do amor entre duas pessoas. Depende totalmente da mãe para se desenvolver. Mesmo depois, fora do útero, a criança prossegue dependendo integralmente da mãe ou de seus substitutos. À medida que cresce e vai se tornando autossuficiente, ela conquista aos poucos sua independência.

A arte de ser mãe e pai é desenvolver os filhos para se tornarem independentes e cidadãos exemplares do mundo.

Quanto mais competentes os pais forem nesta missão, menos necessários eles se tornarão para os filhos, e o vínculo afetivo será mantido eternamente, em nome da saudável integração relacional.

INFÂNCIA: APRENDENDO COM OS OUTROS

Assim como as crianças aprendem o idioma, absorvem também os costumes e padrões de valores.

As brigas, diz Içami Tiba, transmitem emoções negativas que ficam registradas na memória vivencial, mesmo que o bebê ainda não esteja amadurecido neurologicamente para ter memória consciente.

No Racionalismo Cristão,  trabalha-se esta questão, ou seja, das brigas entre os seres, como sendo fruto do contato mental prolongado no universo da raiva, intoxicando-nos e, como consequência, os desentendimentos de toda ordem, transtornos psicológicos, mentais e físicos na vida do ser.

Enfatiza a necessidade de estar ligado mentalmente às boas fontes existentes no Universo inerente aos bons pensamentos. Além do mais, propõem-se a prática de uma atividade denominada “limpeza psíquica”, que deve ser feita em dois momentos do dia, logo cedo, após levantar-se, e à noite; de preferência as 7horas e às 20horas, diariamente, por cinco minutos, conforme as orientações contidas no início deste trabalho, assim como, nos folhetos explicativos distribuídos gratuitamente nas Casas Racionalistas Cristãs, obras editadas e disponíveis no portal do Racionalismo Cristão, no endereço eletrônico já citado, promovendo assim a higienização mental necessária para uma vida sadia.

Não cabe à criança, porém, executar tais práticas, em função de não compreendê-las direito. Ela aprende pelo relacionamento afetivo que outro ser humano estabelece com ela e, principalmente, com o que presencia do relacionamento entre seus pais.

Crianças precisam brincar com crianças, tanto faz se com meninos ou meninas, as diferenças de gênero não tem muita importância.

É através do convívio com outras crianças que elas se veem, trocam olhares e se identificam, formando uma autoimagem de si mesmas.

As crianças adoram comerciais de televisão, pois os mesmos têm movimentos, vozes, lugares, músicas, coloridos, alegres e bonitos, feitos para agradar ao telespectador e lhe oferecer de tudo, prendem sua atenção.

Devido ao forte poder de influência que a música exerce no ser humano, principalmente nas crianças, aconselha-se estarem todos ligados à boa música ao longo do dia, perpetuando os estados de alegria, promovendo bons conselhos através de letras adequadas, tão necessários no processo de formação dos pequenos.

Crianças maiores costumam brincar no corpo-a-corpo, até mesmo brincar de brigar. Estão se avaliando, formando padrões comparativos com outros do mesmo tamanho.

EDUCANDO OS PEQUENOS

            Às flores, seguem-se as frutas na produção das árvores. O ser humano maduro, produtivo, que trabalha se compromete seriamente com outra pessoa, tem filhos, constitui sociedades, estabelece territórios, etc.

            Para produzir o máximo, uma ajuda complementar é bem-vindo.  Nem sempre a mulher consegue dar o máximo de si no trabalho, porque os filhos vêm sempre em primeiro lugar e ela ainda tem de cuidar do marido. É a mulher globalizada, mas ainda não integrada.

            O casal pode eventualmente até se separar, mas se teve filhos, os dois sempre serão pai e mãe, nunca ex-pai e ex-mãe. Há alguns ex-cônjuges que se comportam como ex-pais de seus filhos, tornando-se pais apenas dos filhos do segundo casamento. Daí se pode concluir que o homem desloca sua condição com muito mais facilidade que a mãe.

            Mesmo que os homens atinjam sua maturidade profissional com grande notoriedade e recompensa monetária, diz Içami Tiba, isso não significa que tenham atingidos a familiar, principalmente aqueles ex-cônjuges que se transformam em ex-pais. Podem ser globalizados, mas estão longe de ser integrados.

            Raramente a mulher abandona o vínculo mãe/filhos e, mesmo que se separe do marido, costuma levar consigo as crianças. Para a maioria das mulheres, sem dúvida, o vínculo mais forte é com os filhos.

            É muito grande a diferença entre ser pai e ser mãe. Em hospitais, nos estudos, nos passeios, geralmente a mãe cuida física e psicologicamente mais dos filhos que o pai. Nos passeios, é o pai que perde de vista as crianças mais comumente que a mãe.

            Geralmente o período da maturidade é o que ocupa mais tempo na vida do ser humano. Em média, uma pessoa trabalha aproximadamente de 30 a 45 anos. Pode ter filhos pequenos, adolescentes e adultos já produtivos; portanto, a relação filial varia muito. Os mais maduros têm misturados o papel de avô e o de pai quando tem filhos pequeninos.

            Existem pessoas que podem ser bons pais de crianças, mas maus pais de adolescentes, por não terem amadurecido suas funções. Existem também os maus pais de crianças que se revelam ótimos pais de adolescentes. Os excelentes pais de crianças têm maior chance de serem ótimos pais de adolescentes.

            Existem os que não se casam, mas dedicam a força de sua espiritualidade à comunidade, à sociedade.

DE GREGÁRIO À SOCIAL

Animais que andam em bando em geral são gregários. Apesar de estarem juntos, cada um se protege como pode contra o predador, baseado no instinto de sobrevivência.

            O bando tem seu líder, que é o macho mais forte. Ele defende sua(s) fêmea(s) e respectivas crias. Seu reinado é mantido à força, até surgir outro macho que o desafie e o derrote. É a lei do mais forte.

            Nos grandes centros urbanos, às vezes os cidadãos agem como se estivessem num bando: cada um por si. Num assalto à mão armada, por exemplo, quem está vendo o crime nem se mexe, para não ser a próxima vítima. É a lei do mais forte, e o revólver confere a quem o empunha a condição de predador invencível.

            O cidadão, um ser social e civilizado, deve usar outros recursos para lutar contra os assaltos, não deve reagir e infringir a lei do mais forte. Como ele pertence a uma sociedade, para se defender tem de utilizar os instrumentos que a sociedade lhe oferece.

            O ser humano inteligente, gregário, moral, ético e criativo construiu a civilização e nela mãe e pai têm papéis importantes. Estes valores é que devem nortear o dia-a-dia das famílias.

            A história da humanidade mostrou  que o ser humano evolui. O homem é um ser integral, superior. Se fizer apenas o mínimo que se espera dele, empobrecerá.

            Tanto o pai como a mãe deve fazer o possível em benefício da família. Se o filho está chorando, de nada adianta o pai gritar lá da sua poltrona para que a mulher vá atendê-lo. Este ranço machista, tão ante educativo, só aumenta a confusão.

            Seria muito mais inteligente e ético aplicar a energia para atender a criança do que gastá-la num grito e no mal estar de ouvir o choro do filho. Além de o pai ganhar a proximidade do filho, terá a admiração da esposa, porque não há mulher que não retribua generosamente a quem trata bem seu filho.

            A mulher, ao ouvir o choro de um filho, só não o atende quando lhe é realmente impossível.

            O choro pode ser manifestação de sofrimento, de perigo! Antropologicamente, ou a mãe socorria a criança ou a criança era comida pelos animais. O homem forte para defendê-la, estava ocupado, ferozmente caçando esses mesmos animais, para eles comerem.

            A caçada era tarefa para os mais fortes. Quem caça não cuida de crianças; assim os machos deixaram de cuidar das crianças.

            Nos tempos de hoje, o homem já não precisa caçar para trazer comida, mas nem por isso passou a cuidar das crianças. A mulher também começou a participar das caçadas, mas nem por isso abriu mão de cuidar das crianças.

            Será que o homem tem dificuldade para atender ao choro da criança? Não, porque na ausência da mulher, ele atende. Quem não tem competência não faz nunca, por maior que seja a necessidade. Este tipo de homem, portanto, acomodou-se na globalização, mas não evoluiu para um relacionamento integrado.

            As funções do homem em casa não deveriam se restringir a apenas arrumar torneiras, trocar lâmpadas e resistência de chuveiro, matar baratas, etc. É vital que se interesse pelo passeio que o filho fez no domingo, por exemplo; não como um detetive para ver se fez burrada, mas para acompanhar mais as atividades infantis, “participação” em vez de cobrança.

            Quando chegar em casa, arregaçar as mangas para ajudar a mulher. Ter vontade de ajudar é uma manifestação de amor.

            Os bons exemplos aos filhos sempre são bem-vindos e certamente serão imitados sempre que houver oportunidade.

INICIANDO O PAPEL DE PAI

A participação do pai na educação do filho já pode começar na gravidez!

É importante que o pai se instrua lendo, ao menos, livros sobre o que está acontecendo com o bebê e saiba como ele está se desenvolvendo, sinta seus movimentos, converse com ele ainda na barriga da mãe para que a futura criança vá se acostumando com a sua voz.

Futuramente, afirma Içami Tiba, será possível o recém-nascido acalmar-se nos braços do pai, embalado por sua voz já há muito tempo conhecida e reconfortante, isto, nos momentos em que a mãe não puder estar com ele.

A mulher sabe ser mãe há aproximadamente trezentos mil anos. Só há doze mil anos, o homem descobriu sua paternidade; daí porque a maternidade estar mais desenvolvida que a paternidade.

A fecundação é dos dois, porém a gravidez, por muito tempo, foi só da mãe.

O homem virava pai só a partir da hora do nascimento. A mulher sentia a criança e sempre experimentou no corpo as mudanças que o homem se limitava a observar externamente.

Hoje com os grandes avanços no campo da obstetrícia, a ultrassonografia e outros exames que dão uma espiada no ninho permitem à mãe associar a sensação com a imagem do feto na barriga e ao pai estar mais próximo ao filhinho.

Em geral, a gravidez pega o homem num momento de muita luta para o estabelecimento profissional, e sua mulher grávida pode dar mais trabalho do que antes, quando era uma parceira disposta a tudo. Ela agora está cheia de desejos; olha primeiro o bebê na barriga e depois o companheiro.

Afora os caprichos, os desejos da grávida tem alguma razão de ser. Existem carências nutricionais e afetivas, que podem ser transformadas em desejos para suprir o que lhe falta no organismo ou no relacionamento.

A mulher integrada busca informações, marca exames, faz ginástica, massagem, cuida bem da alimentação. Os grandes problemas são as grandes limitações naturais da gravidez; pois o corpo muda. Ela sabe disso e encara a verdade; gravidez não é doença e nem paralisa ninguém.

O amor transforma o critério estético de apreciação do companheiro neste período. Faz da grávida uma mulher bela e o mundo a homenageia, enaltecendo e  enchendo-a de cuidados.

No entanto, existem homens que não evoluíram para a paternidade e não conseguem ver na esposa, futura mãe, seu objeto de desejo. Os estágios de evolução espiritual propostos por Luiz de Mattos na codificação do Racionalismo Cristão, trazem uma luz, explicando lógica e  racionalmente esta questão e merece ser estudada mais profundamente pelo leitor; além da questão relativa à ma educação e conseqüente formação moral do sujeito!

Maridos imaturos sentem-se rejeitados pela esposa grávida. Após o parto, quando esperavam que a situação melhorasse, ressentem-se quando ela tem de se dedicar muito mais ao bebê.

Os homens, que não têm saúde emocional para suportar períodos de dificuldade, costumam abandonar a mulher e a criança, muito mais preocupados com as próprias satisfações, do que em oferecer companheirismo à necessitada mãe de seu filho; cometem grave falta perante si mesmos, adquirindo débitos significativos de ordem moral a serem resgatados futuramente, esclarece a doutrina Racionalista Cristã.

PAI INTEGRADO

Um marido integrado, além de entender que nesse período a esposa grávida não pode lhe dar tanta atenção quanto antes, começa a dedicar maior atenção a ela. Olha também para a criança, o que faz passar longe do sentimento de rejeição.

Por mais independente que a mulher seja, a grande transformação da gravidez torna-a mais sensível e necessitada de maiores cuidados. Mesmo as mulheres que se sentem extremamente bem energizadas, com a aproximação da data do parto, têm também a necessidade de um apoio muito cuidadoso e compreensivo.

Muitas acabam recorrendo à própria mãe ou sogra, em vez de apelar para o marido. Um marido não integrado pode se sentir rejeitado.

Para muitas mulheres, a ajuda da mãe ou da sogra traz segurança e conforto. Pode ser um momento muito importante para o relacionamento entre elas. Para as futuras vovós, pode ser uma espécie de “revivência” da maternidade e para as futuras mães é a chance de se reaproximar da própria mãe.

Nessa fase, muitas mulheres passam a ter curiosidade sobre como eram quando bebês, como suas mães agiam e coisas assim. Vão se aquecendo para desempenhar o papel de mãe.

O homem integrado, ao invés de se sentir rejeitado, tem a mesma oportunidade de se aproximar de seus pais.

Isto é comum acontecer com as futuras mamães e papais, e costuma ser importante para a formação dos papéis maternos e paternos.

Com o nascimento, o “time” das mulheres, compreendendo avós, mães, cunhadas, tem um tipo de preocupação diferente do que tem o “time” dos homens, ou seja, avós, pais, irmãos.

Elas querem participar dos cuidados diários do bebê, enquanto os homens preferem vê-lo apenas de vez em quando, costumando ser mais observadores do que cuidadores. Quanto mais o bebê cresce e começa a dar retornos agradáveis, como sorrir, falar, andar, fazer gracinhas, mais eles se envolvem.

De modo geral, o homem participa bem menos dos cuidados iniciais com o bebê, que ocupam a mãe praticamente 24 horas por dia. E algumas ainda têm de aguentar maridos que se sentem rejeitados. 

O nascimento deve ser compartilhado também pela grande família. A mãe ou a sogra, quando não atrapalham, são extremamente úteis. O marido precisa entender isso e não hostilizar a sogra, tampouco sua mãe.

Se acompanhar bem de perto a mulher que espera um filho seu, diz dr. Tiba, o marido conhecerá melhor as necessidades dela e saberá compreendê-las. Sua participação também fortalece o vínculo entre os dois.

O homem integrado, proposto por Içami Tiba, além de mais responsável pela criança, sente-se grato à mulher por lhe dar um filho, tornando mais saudável o relacionamento entre todos os envolvidos.

Este tipo de pai “integrado”, que não passa pelo processo biológico da gravidez, mas por ter um comportamento estilo humano, pode abstrair e imaginar o fato, mais ou menos como fazia no tempo de namoro; projetando sonhos e fantasias, desta vez com uma criança; transforma o homem macho em um ser masculino.

Esta postura humana está em perfeita sintonia com os princípios ético-morais, codificados por Luiz de Mattos, a partir de 1910, quando do surgimento da Doutrina Filosófica Racionalista Cristã.

O BEBÊ NASCEU!

O parto é um acontecimento tremendamente biológico, isto é, animal. O ser humano, porém, diz Içami Tiba, cercou este momento de tantos cuidados, que hoje, somos capazes até de fazer cesariana com hora marcada.

O que deveria ser privilegiado para a vida da criança é o momento da amamentação. A mãe precisa estar lá para oferecer o peito ao filho. Bebês têm que ser nutridos e alimentados. Nutridos de corpo e alimentados de alma.

O leite da mãe, como já foi dito, alimenta o corpo; o afeto alimenta a alma.

Amamentar faz parte do instinto da mãe, portanto, é natural que as mães tenham leite para oferecer aos filhos.

É fundamental que a mulher se informe e se prepare para amamentar com sucesso. Uma amamentação mal sucedida pode levar a mãe sentir-se culpada, o que pode interferir significativamente na formação do vínculo mãe/bebê.

Existe, também, o aspecto psicológico da amamentação. Uma mulher estressada é capaz de produzir leite, mas não é capaz de liberá-lo nem que o bebê sugue corretamente.

A melhor maneira de o marido ajudar na amamentação é manter um clima afetivo favorável para a companheira.

A amamentação é fundamental para a saúde do bebê e também para o estabelecimento do vínculo mãe/bebê.

Os casais que se preparam durante a gestação costumam amamentar com muito sucesso. Aprendem que:

* Amamentar não dói (se doer é porque o bebê não está pegando corretamente);
* Não há mulheres que não tem leite (se o bebê sugar, o leite será produzido);
* Não existe leite fraco (cada mulher produz o leite ideal para seu bebê, mesmo que não esteja em condições ideais de nutrição);
* É fundamental haver um ambiente tranquilo para a mulher amamentar.

Caso não seja possível amamentar, o aleitamento materno pode ser feito com alimentação por mamadeira. Mesmo sem amamentar no peito, a mãe pode fazer o aleitamento.

Isso é feito quando a mãe oferece a mamadeira nas mesmas condições afetivas nas quais ofereceria o peito, ou seja, num clima de tranquilidade e irradiando muito carinho. Em casos assim, o pai pode também “dar mamadeira”, oferecendo ao bebê tudo o que ele precisa, os nutrientes para o corpo e o alimento afetivo para a alma.

Na prática, o cuidado com o filhinho concretiza o amor paterno. A emissão de bons pensamentos satisfaz mais ao pai; é fundamental também o contato físico, o abraço, o carinho que toca a pele da criança, pois ela identifica mais ativamente os sentimentos e as boas intenções.

O bebê requer muitos cuidados. Ele ainda tem um comportamento estilo vegetal; nada conseguindo fazer sozinho. Tem força para sobreviver, mas depende totalmente de alguém que zele por ele.

Por vezes, a mãe pode sentir dificuldade em lidar com a criança, achando-se incapaz, chora e morre de preocupação. Estes sentimentos são altamente prejudiciais e certamente afetarão sua vida, podendo chegar a um quadro de depressão pós-parto.

O Racionalismo Cristão, através da prática diária de seus princípios, fazendo-se uso da limpeza psíquica, proposta pelo codificador Luiz de Mattos, já exemplificada, além do cultivo de bons pensamentos, não dando guarida aos pensamentos inerentes à tristeza, sempre que identificados, pode evitar, bem como restabelecer completamente a mãe dos quadros mais avançados de desequilíbrio. A mãe também pode ser  levada às Reuniões Públicas de Limpeza Psíquica, em qualquer das 166 Casas Racionalistas Cristãs, espalhadas pelo Planeta.

 Caso esta vá também com o pai, tanto melhor serão os efeitos para todos!  É aconselhado, também, o estudo das obras editadas pelo Racionalismo Cristão, também disponível para serem baixadas gratuitamente na página da Internet, cujo endereço é http://racionalismocristao.net/, no link biblioteca virtual.

SOBRE OS LIMITES

Desde o início da vida do bebê, os pais devem começar a orientação quanto aos limites.

O bebê nasce já com a capacidade de sucção. Dentro da barriga da mãe, já é capaz de sugar o polegar. Depois do nascimento, esse é o reflexo responsável pela alimentação do mesmo. Para mamar, ele deve ser ativo. A mãe lhe oferece o peito, mas é ele quem tem de sugar.

O bebê logo aprende que o momento da mamada é extremamente prazeroso. Ele sacia a fome e ao mesmo tempo recebe carinho e a atenção da pessoa que é, para ele, todo o seu mundo. Além disso, o ato de sugar lhe dá também um enorme prazer, uma grande tranquilidade.

Quando o bebê chora, está se comunicando. Pode estar com fome, com fralda suja, sentindo frio ou calor ou simplesmente querendo o aconchego de um colinho. É a mãe que vai ensiná-lo a diferenciar estas sensações.

Se a mãe oferece o peito a cada choro do bebê, estará ensinando a ele que todo desconforto deve ser resolvido daquela maneira, porém, como nem sempre o bebê está com fome, começará a usar o peito da mãe como chupeta.

Existe uma grande diferença em “mamagem” e “chupetagem”, orienta Içami Tiba. Tudo o que vai para a boca, agrada nessa fase em que o centro do Universo é a própria boca. Portanto, é natural que o bebê se acalme ao usar o peito da mãe como chupeta, mesmo que a causa do desconforto não seja a fome.

É nesse momento que a mãe começa a impor limites, educando o instinto biológico da fome. A mãe deve estabelecer intervalos de aproximadamente três horas entre uma mamada e outra e, conforme o bebê for crescendo, se possível, aumentar este intervalo para quatro horas durante o dia e seis durante a noite. Ninguém deve ser massacrado pelo relógio na tirania das mamadas nem deixar que o processo corra solto, sem critério!

Ao estabelecer os intervalos entre as mamadas, a mãe respeita o ritmo biológico do bebê. Assim, aos poucos, ele irá organizando a leitura automática da própria necessidade e aprendendo a lidar com o ciclo fome/saciedade.

Os limites também devem ser estabelecidos pela mãe, também no momento da mamada. Ela não deve esperar que o bebê largue sozinho o peito, porque mesmo quando já saciado, pode querer permanecer agarrado ao peito só pelo prazer de sugar.

Em muitos casos, a mãe precisa ensinar o bebê a mamar; não a sugar, pois isso ele já sabe. Deve ensinar que aquele momento é para se alimentar. O carinho, a atenção, o prazer também fazem parte, mas o objetivo daquele instante é a alimentação.

Quando a mãe percebe que o bebê não está mais sugando com eficiência e ainda não mamou o suficiente, deve estimulá-lo; mexer seus pezinhos, falar com ele e até mesmo tirar uma peça de roupa da criança para evitar que ela se aqueça demais, o que acaba favorecendo o sono durante a mamada.

Além disso, pode fixar um tempo máximo para ele permanecer no peito. Esse limite o próprio bebê ajudará a estabelecer. Existem aqueles que sugam com muita eficiência, e dez a quinze minutos em cada peito podem ser suficientes e existem os que sugam mais devagar e podem precisar de mais tempo, de vinte a trinta minutos em cada peito.

Quando o bebê suga com eficiência, dificilmente a mãe tem problemas de rachaduras nos peitos. Na maioria dos casos, em que a mãe fica com os bicos rachados, e até mesmo feridos, podem ocorrer, porque o bebê fica mais tempo do que o necessário para se alimentar e o está usando como chupeta, ou então, não está pegando corretamente.

Às vezes, a mãe pode achar mais fácil oferecer o peito ou a mamadeira, do que investigar a causa do choro. Se o mesmo sempre for agradado pela boca, pode não superar o problema real e querer “comer” a qualquer hora.

A obesidade infantil pode estar começando já nas primeiras mamadas!

A maior manifestação de saciedade de um bebê é seu sono tranquilo.

As atividades previstas no decorrer do processo de acompanhamento médico (pré-natal) é o que deve ser feito, tanto pela mãe como pelo pai, proporcionando o adequado grau de conhecimento da situação a ser enfrentada pelos futuros pais e mesmo relembrada, caso a gravidez se repita.

A COMUNICAÇÃO COM O BEBÊ

Os pais precisam aprender a linguagem do bebê. Este se expressa não só pelo choro mas também pelo corpo.

Quando o bebê dá o sinal de alarme, através do choro, os pais podem seguir cinco passos básicos:

Estes são os passos propostos por Içami Tiba e devem ser usados durante “toda a educação” dos filhos, obviamente, com as devidas adaptações aos diversos estágios da vida.

Ao ouvir o bebê chorar:

1-     PARE! Volte à atenção para o bebê, ele está comunicando algo a você;

2-     OUÇA! O que esse choro em particular quer dizer? Fome? Sono? Fralda suja;

3-     VEJA! Como o bebê está se movimentando? Ele se contrai? Ele se estica? O que mais acontece em redor dele;

4-     PENSE! Considerando suas informações e o histórico do bebê, o que ele está comunicando;

5-     AJA! Faça o que for necessário para o bebê. Alimentá-lo, distraí-lo, trocá-lo, agasalhá-lo...


Estes cinco passos propostos se assemelham à postura do adepto racionalista cristão, pois esta doutrina filosófica orienta as pessoas a buscarem em suas vidas um estado de serenidade-mental-otimista, que facilita a identificação das situações-problema, permite o melhor estado mental para buscar, com a lógica-racional adequada, o acesso às melhores soluções para cada situação.

Preconiza também esta filosofia um balanço diário pelo ser, através da higienização-mental denominada limpeza-psíquica, já comentada, procurando identificar as eventuais falhas das nossas ações realizadas no período, identificando-as com intuito de corrigi-las e preveni-las, mantendo-nos sempre prontos ao bom atendimento.

O SONO DA CRIANÇA

A criança deve ter o seu sono respeitado. Não é porque o pai chegou em casa, que deve pegá-la. Deve, sim, esperá-la acordar e depois ajudar a cuidar dela, enquanto acordada.

Seguindo a mesma linha de raciocínio e atitudes, não há porque acordá-la, pegá-la e passá-la de colo em colo só porque chegou visita, como se os pais quisessem exibir o “brinquedo novo”.

Criança que dorme bem é mais feliz, pois não sofre com a irritação constante de não conseguir dormir. É também mais independente. Quando chega o sono, ela se entrega e dorme onde estiver, seja num restaurante, seja numa festinha, seja com visitas em casa.

Ainda sobre o sono e onde deve dormir o bebê, após um levantamento das condições da família, quando existir um quarto disponível só para ele, e ser possível perceber o que acontece com ele ali dentro, ao natural, com as portas abertas e comunicação fácil, pode-se colocá-lo então, sem problemas.

Se esta condição não for possível, o bebê inicialmente dormirá no quarto dos pais, mas o ideal, para a segurança dele, é que não seja na cama dos pais. Isso é importante, inclusive para que o casal não perca a privacidade.

Note-se que, não é porque o filho nasceu e se separou do corpo da mãe que tem que se afastar totalmente dela. Nos primeiros meses, para facilitar as mamadas noturnas, é mais prático que a mãe que o bebê fique no quarto dormindo num carrinho, cestinho ou mesmo num berço.

O ideal é que o bebê aprenda desde cedo a dormir em seu lugar, mesmo que seja muito mais gostoso aninhar-se entre os pais.

Já as crianças maiores, que já andam, devem ter um lugar próprio para dormir. Mesmo que ocasionalmente adormeçam na cama com os pais, é importante que sejam levados à sua cama para que acordem lá. Não devem adquirir o hábito de dormir na cama dos pais.

Deve-se ter cuidado é com a forma de lidar com estas situações. Uma vez que os pais tomem conhecimento destas práticas e queiram alterar a situação presente, devem evitar indiretas, espremer a criança na cama, assustá-la, constrangê-la, pois pode fazê-la sentir-se rejeitada.

Ter paciência e falar claro, em bom tom, olhando seguramente nos olhinhos dela; “cada coisa no seu lugar, cada pessoa na sua cama!”

Quando a criança percebe que o limite é coisa séria e vai ser cumprido, procura se ajustar.

É salutar cada qual ir para a sua cama, pois dá o sentido de território para a criança. Ajuda a compor o ritual do sono. É necessário haver regras claras.

A organização interna dos filhos fica prejudicada se o dormir ou não na cama dos pais se transformarem numa possibilidade que depende apenas do humor deles ou de quanto o filho se recusa a dormir sozinho.

Por isso, é importante que a criança aprenda a gostar do seu cantinho.

Os pais podem deixar o filho no berço e brincar com ele dali mesmo, ensinando que é um lugar gostoso de estar.

Quando o bebê acorda, não deve ser retirado imediatamente dali. Muitas vezes acorda numa boa, sem choro e os pais por puro hábito, tiram-no logo do berço. Esta atitude acaba ensinando o filho que berço é um lugar apenas para dormir e quando o mesmo acorda, começa logo a chorar para sair imediatamente dali.

Quando o bebê acordar, aproxime-se dele, fale com ele, deixe-o se movimentar dentro do berço e só então o pegue no colo. Dessa maneira, você estará ensinando o bebê a ser paciente quando acorda e a esperar quando não há ninguém por perto para pegá-lo no exato momento.

Criança é muito sensível ao toque. Acariciar suavemente um bebê que está no colo, com as mãos quentinhas, traz a ele tranquilidade. Embalar também; no entanto, alguns adultos extrapolam.

O embalar, o ninar, o cantarolar, o tocar o bebê, tem de ser tanto mais suaves e doces quanto mais novinho ele for.

O bebê se sente bem com os movimentos semelhantes aos que vivia na barriga da mãe. Movimentos lentos, para frente e para trás, por exemplo, são familiares e trazem tranquilidade ao bebê.

Flavio Faria lembra nestes casos, a importância da adequada postura mental dos pais. Para o pensamento não há distância, diz o Racionalismo Cristão. Eles são irradiados pelo ser e captados perfeitamente, com a reação correspondente.

Devem ser evitados, portanto, pensamentos inadequados, inerentes aos afazeres da vida material, quando for embalá-los ao sono.

Aconselhamos a manutenção da serenidade, pensamentos de carinho, cantarolar as melodias de ninar, nem é preciso proferir a letra... em poucos minutos, eles dormem!

O SONO DA MÃE

Um dos problemas a serem enfrentados pela mãe, na maternidade, é a falta crônica de sono, sua dificuldade em dormir bem. Depois que a criança nasce, a mulher passa a não dormir direito, o que aumenta o cansaço podendo aflorar doenças e dificuldades que eram impedidas pelo bom sono.

O sono é um grande reparador para a saúde.

Imediatamente após o parto, a mãe fica tão ligada no bebê que nem dorme direito. Seu sono agora é descontínuo, portanto nada reparador.

O marido, não só pode, como deve colaborar com a mulher, na difícil fase do pós-parto, período que pode se estender por cerca de seis meses, após o nascimento.

O apoio e a compreensão são fundamentais, tanto para benefício do casal como do bebê. A chegada do bebê traz muitas transformações à vida do casal, principalmente para a mulher ,e é normal que se gerem desequilíbrios ocasionais.

Alguns homens se propõem a dormir na poltrona da sala ou em outro quarto; no entanto, isso pouco serve de ajuda à mulher.

 Outros, despertam com o choro do bebê, mas ao invés de levantarem para atendê-lo, preferem acordar a mulher para que ela mesma vá ver o filho.

O marido não integrado só agrava os problemas da mulher com o bebê. O esforço de integração do marido com a mulher é um gesto de amor que ajuda muito nesse período.

A filosofia Racionalista Cristã busca através dos seus bons conselhos, exarados em suas obras, orientar os seres a terem uma postura na vida, bem semelhante a do ser integrado, proposta por Içami Tiba.

RESPEITAR AS FASES DE CRESCIMENTO

Muitos pais, por ansiedade, já querem transformar bebezinhos em companheiros de viagens, farras, festas, restaurantes. Munidos de mamadeiras, fraldas, carrinhos e bebês-conforto, passam horas se divertindo. E os pequenos juntos!

Isto quebra a rotina infantil, tirando a criancinha do ritmo e do ambiente que seriam naturais à sua idade. Lugares e situações como estas são contra indicados para crianças de colo.

Deve-se dar uma passadinha rápida em algum lugar apenas para cumprir a obrigação social.

As crianças que tem o desenvolvimento biológico respeitado, mais tarde, também respeitam o que os pais lhe dizem ou pedem.

Crianças hiperestimuladas podem se tornar agitadas mais facilmente. Depois os pais reclamam.

O sorriso é uma das primeiras manifestações infantis que dão grande alegria aos pais. Por volta dos três meses, os bebês começam a sorrir para o mundo. É o orgulho dos pais; vai ser uma criança simpática!

Estudos mostram que a criança sorri porque reconhece rostos, figuras humanas; como se gostasse das pessoas e, consequentemente, do agrado delas.

Os pais devem aproveitar esta fase e reforçar positivamente estas atitudes. Como sempre nos disse Maria Cottas, autora Racionalista Cristã, através de seus escritos, elogios são muito mais eficientes que repreensões. Os bebês conseguem perfeitamente guardar a sensação de que são bem recebidos e começam a interagir assim.

Enquanto o bebê ainda depende totalmente dos adultos, a responsabilidade dos pais é muito grande.

Quando a criança começa a mostrar vontade própria, pode contrariar os pais, recusando, por exemplo, a papinha; aproximadamente entre quatro e cinco meses de idade.
O ideal seria que o bebê mamasse exclusivamente no peito até o sexto mês e só então as papinhas fossem sendo introduzidas devagar.

A partir do sexto mês, o aparelho digestivo do bebê está mais maduro e há menores riscos de cólicas com a introdução de novos alimentos.


Na hora da alimentação, os adultos devem ser pacientes e não encarar o estranhamento da papinha como rejeição.

No começo, a criança não sabe comer.

O comer representa um dos primeiros gestos ativos da criança; muito diferente de mamar com a mamadeira ou no peito, o que preenche toda a boca. Tudo é estranho para a criança; a textura, a temperatura, o sabor... Além disso, comer exige da criança um esforço neuropsicomotor, pois ela ainda não sabe engolir, acaba deixando a comida escorrer pela boca.

A reação instintiva do bebê é tentar sugar a colherinha. Só aos poucos vai descobrindo como funciona o ato de comer. É uma fase de socialização elementar, aprendendo coisas que, mais tarde, terá que fazer sozinho.

Os primeiros professores de um bebê são as pessoas que lhe oferecem cuidados. É com elas que ele cria seus primeiros vínculos. A troca constante de cuidadores, portanto, dificulta a formação de vínculos, que são o caminho por onde passa o amor dos pais.

O amor que chega ao bebê já começa a compor uma parte de sua auto-estima, este, um dos componentes principais da felicidade da pessoa.

O dia a dia do bebê é cheio de surpresas. A cada dia ele aparece com uma nova conquista. Seu desenvolvimento neuropsicomotor vai lhe proporcionando novas habilidades, que ele testa com os objetos e as pessoas que o cercam.

Primeiro o bebê consegue segurar, depois aprende a movimentar as mãos e rapidamente adquire a capacidade de arremessar os brinquedos para longe. O próximo passo será jogar a comida lá do alto do cadeirão!

Se a criança joga e os pais sempre a pegam, essa passa a ser uma brincadeira bastante divertida para o bebê e bastante cansativa para quem a recolhe. Jogar e obter de volta é, para o bebê, uma maneira de conhecer o mundo. Faz parte de seu desenvolvimento.

A criança não deve levar bronca por jogar a comida no chão, mas também não deve ser estimulada a transformar aquilo num divertido jogo de pais-gandulas.

Quando a criança atira longe um objeto e percebe que algumas coisas voltam e outras não, esse comportamento arremessador não é estimulado e tende a desaparecer com o desenvolvimento.

A alimentação para a criança deve ser um momento gostoso, porém o prazer deve vir da convivência familiar durante a refeição e não das brincadeiras com a comida.

Seu primeiro aprendizado em relação à alimentação é que hora de comer não é hora de brincar.

Mãe e pai precisam ensinar o filho que não se deve jogar coisas na hora de comer. Dificilmente a criança entenderá isso desde o princípio, portanto, não se pode agir com brutalidade, dar tapinhas e nem gritar com ela.

Neste momento da vida, a criança não está querendo desobedecer aos pais, mas apenas explorar uma situação.

O bebê conhece o mundo experimentando, fazendo, testando.

Para aprender a não jogar comida, a criança precisa antes aprender o sentido do “não”, o que leva algum tempo.

As reações dos pais ensinam a criança a distinguir o sim do não. Quando a criança brinca no seu quarto, faz gracinhas, os pais riem e brincam junto; isso é um “sim”. Quando está no cadeirão e tenta fazer o mesmo, os pais devem olhar para ela com expressão séria e dizer “não”. Diferente de dar bronca, é apenas para delimitar uma situação.

A criança fica muito alegre quando brinca e interage, sua auto-estima melhora, é verdade. Mas nem por isso a autoestima diminui ao ouvir um não!

O sim e o não estabelecem limites para a criança, que aprende o que pode e o que não pode fazer. O que é prejudicial é repreendê-la por algo que ainda não sabia que não podia fazer. Poder sempre, não é bom. O sim só faz sentido se existir o não!

Saber a diferença entre sim e não confere a criança poder de decisão sobre suas escolhas, poder que alimenta sua autoestima. Portanto, não são o “não” nem o “sim” que traumatizam a criança, mas o mau uso deles.

Não é o sim que alimenta a autoestima, muito menos o não que a enfraquece. O que deixa a criança feliz é o saudável poder de decisão entre o sim e o não que ela desenvolve.

Criança feliz sente prazer e, ao mesmo tempo, é capaz de propiciar prazer a si mesma. Ela precisa dizer muitos “nãos” às próprias vontades que não podem ser realizadas e dizer um “sim” ao que tem capacidade de realizar. É nesse poder de decisão que se baseia sua felicidade.

Felicidade não é fazer tudo o que se tem vontade, mas ficar feliz com o que se está fazendo.

Muitos pais proporcionam alegria, saciedade, segurança e proteção aos filhos, acreditando que assim se tornam felizes. Ninguém dá felicidade a ninguém. Se os filhos acreditarem que são felizes com o que ganham dos pais estarão confundindo felicidade com dependência.

Por ser dependente, já não é verdadeira a felicidade. Os filhos dependem primeiro dos pais, futuramente dependerão de outras pessoas, situações ou coisas para serem felizes.

A felicidade dependente é uma breve alegria, um prazer que deixa um vazio interior depois que passa. A pessoa cai numa furiosa birra ou depressão se não obtiver a próxima dose. Quem tem acessos de birra ou depressão não pode ser feliz.

As mais variadas dependências, como a de comida, calmantes, drogas, demonstram quanto às pessoas sentem muito mais a saciedade do que a felicidade, pois ficam infelizes quando não conseguem saciar essas dependências.

Daí, Luiz de Mattos, o codificador do Racionalismo Cristão, nos chamar a atenção para o desenvolvimento de algo além da materialidade, ou seja, dos prazeres efêmeros da vida material. Ele nos mostra conceitualmente a existência da vida espiritual, que necessita ser desenvolvida, se possível, da mesma forma com que se desenvolve física e intelectualmente a criança.

Os exemplos dos pais e o correto trabalho mental destes, preconizando a moral-racional, pensando firmemente para o bem, tendo adequado, força de vontade e disciplina no viver, fazem parte das boas referências, fundamentais para os filhos, desde tenra idade.

 EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Uma das queixas comuns dos pais, no “educar”, está no fato dos filhos não virem equipados com manual.

Talvez possam imaginar, estes pais, que seriam melhores se tivessem um manual, que lhes indicassem o que deve ser feito com o filho a cada momento.

Tal manual, felizmente, ainda não foi escrito. Afinal seria impossível colocar as particularidades de cada um dos milhões de filhos existentes no planeta.

Tempos atrás, as pessoas não ligavam um aparelho elétrico, enquanto não tivessem lido todo o manual. Os mais ousados se arriscavam a ligar, porém com o manual aberto, ao lado, seguindo passo a passo.

Atualmente, é raro ver um jovem ler todo o manual antes de mexer no telefone celular ou nos videogames. Os jovens aprendem a mexer, simplesmente mexendo.

Filhos não nascem com manual, pois é ele o próprio manual.

Embora os jovens também aprendam a usar a Internet simplesmente usando-a, precisam adquirir alguns conhecimentos básicos, como saber o que são e como funciona o e-mail, provedor, home-pages.

Os pais podem compreender muito os próprios filhos, aprendendo a se relacionar com eles. Precisam adquirir conhecimentos básicos do relacionamento com os filhos, aprender a linguagem deles.

Quando um jovem está navegando na Internet e se depara com algo que desconhece, tem a oportunidade de pesquisar. Já os pais, ao serem pegos de surpresa por muitas situações provocadas pelos filhos, não tem a chance de dizer “espere um pouco aí, filho, enquanto pesquiso como agir com você”.

É fundamental, portanto, que os pais estabeleçam as bases sobre as quais apoiarão a educação dos filhos. São os alicerces do que virá a ser construído. Como os filhos são diferentes entre si, cada qual terá sua especificidade, porém, sem alicerce, qualquer ventania ou temporal destrói a construção.

É no dia-a-dia que os pais aprendem como é cada filho. Para esse aprendizado, é fundamental que tenham consciência de que são os principais e insubstituíveis educadores de seus filhos.

Existe um procedimento básico que cada pai e mãe deve aplicar a cada filho, proporcionando, assim, um leque muito grande do desenvolvimento relacional.

Esse procedimento vale para qualquer relacionamento entre pessoas de qualquer idade, de fundamental importância na formação da autoestima, se aplicado pelos pais desde que a criança nasce.

Lembrando sobre o atendimento integral da criança, cinco são os passos que os pais devem seguir:

* parar o que estiver fazendo ou pensando e dar atenção à criança;
* ouvir é a parte relacional. Não se deve adivinhar e sim fazer com que ela se expresse;
* olhar é a parte instintiva. Tudo o que for percebido visualmente é considerado;
* pensar todos os elementos percebidos devem fazer parte da resposta a ser dada;
* agir de forma clara e objetiva.


Quem atende uma criança, vai adquirindo prática, e sua ação integradora surgem quase automaticamente. Respostas impulsivas servem mais a quem atende do que a criança.

Não há necessidade de largar tudo e sair correndo para atender a criança. Esta será mais imediatista quanto mais imediatistas forem os pais. É preciso que a criança entenda o que é essencial e o supérfluo.

As crianças, desde cedo, podem ser comparadas a carros de corrida, pois vivem correndo em volta ou próximo dos pais e fazem alguns “pit-stops” quando precisam abastecer de cuidados, carinhos, beijinhos, ser ouvidas, vistas, etc.

É nos “pit-stops”, diz Içami Tiba, que os pais devem aproveitar para praticar o atendimento integral e seus cinco passos. Quanto melhor for este atendimento, menos tempo a criança fica parada no pit-stop.

A autoestima é o combustível que vai sustentá-la cada vez mais, fazendo-a dar voltas cada vez maiores e mais demoradas.

Quanto maior for o tempo parado no boxe, maior será a encrenca do carro. Quanto mais os filhos solicitam a atenção dos pais, maiores são suas carências.

Quando os pais impedem as brincadeiras, correrias, é como se não permitissem o carro de corrida andar pela pista. Não se admite um carro de corrida pela pista, acompanhado de perto pela oficina e mecânicos.

Com o crescimento, as voltas vão se tornando maiores até que chega a adolescência e os filhos passam a circular em território próprio. Os pais não conseguem mais acompanhar os próximos percursos, nos quais a sociedade oferece pit-stops bons e ruins. Os piores são os “postos de venda de drogas”, que escapam ao controle dos pais.

Quanto melhor for a autoestima, menos os filhos aceitarão parar nesses pit-stops ruins para a qualidade de vida.

Educar não é deixar a criança fazer só o que quer. A criança é regida pela vontade de brincar, de fazer. A cada movimento está descobrindo coisas, num processo natural de aprendizagem. Junto, entram os valores.

A construção dos valores é muito mais simples que a reforma ou remodelação.

Quando deseja fazer alguma coisa, a criança observa a reação dos pais; se ouve um não, insiste. Quer testar se o que dizem é mesmo para valer, até incorporar a regra. Leva algum tempo, mas ela aprende.

É interessante notar, como desde tenra idade, a simples repressão já não funciona. É necessário estabelecer uma diferença ao incentivar o comportamento certo; a simples aprovação é uma recompensa para a criança, como o silêncio é uma permissão.

Quando já adquiriu movimentos próprios, a criança precisa aprender o que pode e o que não pode fazer. Ao cair no chão, no processo dos primeiros passos, os adultos não precisam sair correndo, desesperados para socorrê-la, a menos que se machuque seriamente. É importante avaliar o que aconteceu, pois pelo simples fato de estranhar o que aconteceu, a criança pode chorar sem nem mesmo estar sentindo dor. Use o método pare, escute, olhe, pense e aja!

Crianças pequenas podem cair por não saberem ainda parar. Ficam em pé, andam, disparam mas não sabem brecar; então se jogam no chão para parar. Ela tem que aprender que poderia não ter caído ou esbarrado no móvel. Àquele tapinha que os pais dão no chão ou mesa: chão feio! Isso passa uma ideia errada, de que o agrado tira a dor, e dá a falsa sensação de que a criança estava certa...

Içami Tiba também não aconselha a limpar o caminho da criança, tirando-se os móveis para que ela não se machuque. Ela pode se chocar uma ou duas vezes, mas aprenderá a ter cuidado rapidamente.

O que pode atrapalhar realmente é a atitude de brigar com os móveis, por exemplo. Nas voltinhas futuras que os filhos vão dar, na escola, os pais poderão dizer “escola feia”, cada vez que os mesmos não se saírem bem. Na adolescência, as voltinhas sociais maiores e cada vez mais longe das vistas dos pais poderão dizer que os errados são suas más companhias.

Quando seus pit-stops em casa já não os satisfizerem, os filhos farão paradas em outros lugares, então dependerão muito mais do que tem dentro de si mesmos que dos pais. Poderão encontrar combustíveis melhores ou piores e um dos mais perigosos são, como já foi dito, as drogas.

Flavio Faria ressalta a necessidade dos pais estarem sempre que possível juntos, acompanhando o processo evolucional e, principalmente, fornecendo os exemplos adequados, que nortearão a vida dos filhos.

É necessário que os pais sejam vistos sempre executando algum tipo de tarefa, inerentes à vida cotidiana, no lar e mesmo de lazer. Quanta coisa há por fazer em casa.

A postura racional-lógico-científica, mantendo a pessoa serena e otimista no antes-durante e depois de cada tarefa a que nos propusermos  realizar, das mais simples às mais complexas, ao invés do sempre-cansado pai ou mãe, em frente ao aparelho de TV, acompanhando fanaticamente a programação, com o copo de cerveja ou porção de salgadinhos nas mãos até dormir...

É muito importante deixarmos estampadas na memória visual dos filhos, em suas mentes, que tudo pode ser conseguido com trabalho, das pequenas às grandes coisas, da maneira correta e da incorreta também, e suas consequências depois.

Incutir os valores clássicos da moral cristã é uma maneira  eficiente, conforme  Flavio Faria, de se conseguir sucesso no processo de formação dos seres que estão sob nossa responsabilidade.

A filosofia Racionalista Cristã, muito bem codificada, implantada por Luiz de Mattos, hoje sendo espalhada pelos continentes através das diversas Casas Racionalistas Cristãs, do jornal mensal A Razão, dos livros, palestras, do portal na Internet http://racionalismocristao.net/, da web rádio www.radioarazao.com.br, da web TV A Razão o método de vida, que ao ser adotado pelos simpatizantes, evitarão problemas na vida material, minimizarão os efeitos dos já encontrados. Com o método, pode-se reverter às situações de sofrimento, atraídas por nós mesmos através do uso inadequado de uma poderosa força a nossa disposição desde o nascimento, o Pensamento! 

AS BASES RELACIONAIS

Assim que o bebê nasce, recebe as impressões da vida biológica pela boca e carinho pelo corpinho.

Quando ele começa a demonstrar mais iniciativa e perceber o mundo em volta, passa a esticar os braços em direção ao que deseja.

Assim que aprende mais, já levará o que deseja para a boca, que continua sendo seu principal meio de conhecer o mundo.

Quando ele não gosta do sabor, já o identifica como algo ruim e o rejeita. Ele está adquirindo conhecimento e tem de ser respeitado.

Quando o mesmo engatinha para frente ou para trás, seu alcance fica maior e com isso aumentam as chances de colocar na boca tudo o que encontrar pela frente. Em geral, nesta fase ele já começa a repetir algumas reações dos pais.

É importante que os pais fiquem atentos. Eles devem ser firmes, mas não bravos ou violentos, ao dizer “caca”. Em seguida, devem pegar o objeto perigoso e jogar no lixo.

Muitos bebês, ao verem a “caca”, imitam a cara de reprovação dos pais ao pô-la na boca.

É natural a vontade de agradar a uma criança, comportamento este que ocorre em quase todas as espécies animais. Nasce o filhotinho e todo o bando se aproxima para dar uma cheiradinha.

Pessoas são mais curiosas; gostam de pegar, agradar, brincar e cutucar.

Existe, porém, uma diferença básica entre o ser humano comum e os pais. Estes têm que saber se o que estão fazendo é educativo ou não!

É desagradável para um pai ou uma mãe receber críticas de outras pessoas sobre o modo como educam os filhos. Caso tenham acostumado a criança a ter satisfeitas todas as suas vontades, ela provavelmente fará o que quiser onde não deve, como em restaurantes e locais públicos, e alguns pais costumam distorcer a realidade para manter a inadequação do filho, para poupá-lo,  jogam a culpa nos outros.

Os pais devem acostumar-se a examinar suas reações, pois o filho irá copiá-las.

Na doutrina Racionalista Cristã é proposto ao simpatizante, dois momentos do dia para um exercício de autoanálise, denominado limpeza-psíquica, já comentado.

Depois de uma briga entre irmãos, os pais erram quando fingem bater no maior, para que o menor tenha a sensação de que foi vingado. Esta é uma maneira de se perpetuar a violência, com a “lei do mais forte, com o machismo”.

As crianças possuem uma sabedoria natural, brincam, competem de acordo com os conhecimentos e as capacitações de que dispõem.

É mais fácil para o pai brincar como se fosse uma criança e deixar o filho ganhar sempre. Este comportamento pode dar a criança uma visão irreal do que é jogar, pois se ganha umas vezes, e perde-se outras.

Essa dinâmica deve ser transmitida ao escolher ora atividades em que o pai é bom, ora atividades em que o filho é melhor. Por exemplo: o pai joga damas como ninguém e o filho perde: parabéns para o pai. Num videogame, o filho ganha e o pai perde: parabéns para o filho! Assim, se aprende que as pessoas são boas em algumas coisas, mas não em tudo.

Mães e pais podem fazer de tudo para agradar a seus filhos, mesmo que os deseduquem!

Colocá-los no colo enquanto dirigem, por exemplo, dá a falsa impressão à criança de estar no comando do automóvel; um poder irreal, que não corresponde à verdade.

Caso a criança dirija um carrinho de brinquedo, sentir-se-á toda poderosa e com toda razão. No colo dos pais, porém, a sensação de poder é falsa, pois dirigir ainda é inviável para ela.

Problemas surgem quando ao quatorze ou quinze anos de idade estes filhos já querem sair com o carro do pai.  Por que não, se quando crianças podiam?

A HIGIENE DO CORPO

Içami Tiba coloca que é bastante comum ser interpelado pelos pais a cerca da dificuldade de se fazer a meninada escovar os dentes ou mesmo tomar banho.

As crianças tem grande prazer de entrar em contato com a água. Os pais devem usar essa característica para estimular o banho e mostrar como é gostoso ficar limpinho.

Por ser obrigatório, o banho não deve tornar-se chato. Tudo depende do clima do momento. Se quem for dar banho no filho estiver com pressa, não dará certo. Deve haver tempo para que a tarefa seja prazerosa. É bastante conveniente e educativo a criança aprender a tomar o banho corrido de cada dia e um banho mais demorado de fim de semana.

Pode acontecer de a criança dormir antes, enquanto os pais ainda estão envolvidos em suas tarefas diárias. Normalmente, a mãe, maníaca por limpeza, acorda a criança para o banho. Esta não é uma medida recomendada; ficar um dia sem tomar banho não mata ninguém.

A criança também fica satisfeita quando toma banho sozinha. É importante dar liberdade para ela se ensaboar e apenas ir guiando seus passos: “não esqueça atrás das orelhas”, “limpou a sola dos pés?” e não o pequeno ficar brincando enquanto é ensaboado!

É necessário também estabelecer um prazo no chuveiro e sempre avisar alguns minutos antes do tempo se esgotar. Em seguida, “vamos saindo. Vou contar até três..., no 3 ele já saiu.”

Este limite de tempo é muito importante.

Com relação à limpeza dos dentes, o procedimento é o mesmo, ou seja, ensinar desde cedo a ter este procedimento saudável. Existem mães que se mostram ótimas “escovadeiras” até que o filho complete 20 aninhos. Antes dos cinco ou seis anos, será difícil para a criança fazer tudo sozinha, pois não tem muita coordenação, porém já pode começar a aprender.

O adulto deve acompanhar e orientar, do contrário as crianças escovam sempre o mesmo lugar.

Quanto mais paciência tiverem para ensinar, maiores serão os benefícios, pois a criança responde desenvolvendo o gosto de ter os dentes limpos.

Dizer simplesmente “se você não escovar os dentes, vai ter cáries” não funciona. Ainda não estão claras na cabeça da criança, as relações de causa e efeito. Cabe a mãe e ao pai organizarem a rotina da criança.

O ser humano tem a possibilidade de tornar brincadeira hábitos que são obrigatórios.

ARRUMANDO A BAGUNÇA

Naturalmente, as crianças não gostam de bagunça. Elas gostam de reunir coisas, enfileirá-las, por ordem nelas, encaixar; entretanto, elas se acostumam com o que vêem na casa.

Quando o que predomina é a desordem, passam a achar que o natural é a bagunça. Portanto, podem passar a achar que o natural é a bagunça. Acabada a brincadeira, então, pai e mãe devem determinar: “agora vamos brincar de arrumar”. Não adiem!

A criança aprende imitando e não sob orientação verbal. O que não se deve é dizer a um filho: “você é um bagunceiro e não tem jeito”. Ninguém está condenado a ser como é para o resto da vida nem a aceitar de forma passiva ou conformada a inadequação.

Para ser feliz, a criança precisa desenvolver no dia a dia um critério interno do que é certo ou errado, adequado ou inadequado e do que é essencial do que é supérfluo.

Uma criança saudável suporta bem as obrigações e sabe tirar bom proveito daquilo que aprecia.

Quando a criança, mesmo tendo conhecimento de que deve guardar seus brinquedos, recusa-se a fazê-lo, está na hora de aplicar o “sistema coerência de educação.”

Castigo, como primeira medida, não educa uma criança folgada. O que educa é assumir as consequências de seus atos.

Assim que perceber que a criança não guardou o brinquedo, ou não quer guardá-lo, é preciso dizer em tom sério: “ vou contar até três para você guardar este brinquedo. Se quando eu chegar ao três você ainda não tiver guardado, vamos dar o brinquedo para uma criança carente. Se você não quer cuidar dele, tem gente que eu sei que quer esse brinquedo.”

Geralmente a criança guarda antes de se chegar ao três; mas se não guardar, pegue o brinquedo e deixe-o num lugar inacessível a ela. Na primeira oportunidade, acompanhe seu filho para que ele faça a entrega do brinquedo a uma criança carente. A consequência é perder o brinquedo do qual não se cuidou!

O que não é aceitável é deixar que a criança corra para guardar o brinquedo depois que a contagem ultrapassou o três. Perdeu o prazo, que arque com as consequências. Tudo na vida tem limites. Não cuidou do que é seu, Perdeu!

Contar até três, pausadamente, dá tempo para a criança largar o que está fazendo, refletir e tomar a atitude.

O grande aprendizado é saber que quem não cuida do que tem vai perdê-lo!

Uma atitude adequada, tomada em relação a um filho, nem sempre é percebida na hora, sim, pelos resultados que se observam ao longo do tempo.

Outra situação comum nos dias de hoje é quando a mãe volta para casa, após uma exaustiva jornada de trabalho e encontra tudo na maior bagunça!

A mulher integrada, ao chegar em casa após um dia inteiro de trabalho, tenha ou não marido, não deve arrumar a casa que os filhos bagunçaram, tampouco ignorar o caos e partir para tantas outras tarefas domésticas.

Sendo os filhos já autossuficientes o bastante para ficarem em casa sozinhos, também devem sê-lo para cuidar dela, portanto a mulher integrada deve educar os filhos para que deixem a casa arrumada. O machismo histórico é quem diz que é a mulher quem deve arrumar a casa.

Não é justo que a mulher, que já cumpre a sua parte trabalhando fora, tenha de enfrentar outra jornada de trabalho ao chegar em casa. Se tem marido, ambos têm o direito de repousar, assim como a obrigação de cuidar da casa onde moram. Caso não  tenha marido ou companheiro, esse é um motivo a mais para os filhos também ajudarem a mãe, no mínimo, deixando a casa em ordem quando ela chegar.

Quando a mãe se põe a arrumar a casa freneticamente, os filhos ficam folgados. Na educação integrada, proposta aqui, todos devem participar dos cuidados da casa, inclusive os filhos. Caso nunca tenham feito nada, está na hora de os pais combinarem que dali em diante, a casa deverá ser arrumada por eles até que os pais cheguem do trabalho.

Como título de sugestão apenas, Içami Tiba mostra que tem funcionado quando os filhos mostrarem-se resistentes à arrumação da casa, a mãe chegar na hora da janta e perguntar que sanduíche querem que ela lhes prepare.

 Os meninos que continuarem em frente à  televisão, quarto ou na atividade que for, depois de pronto o delicioso sanduíche, que para os famintos estará inundando a casa com o aroma maravilhoso, a mãe chama as crianças para a mesa e após a chegada dos mesmos, voando, encontram um único sanduíche; e é a mãe quem o come, pois ela merece.

Os pimpolhos comerão quando arrumarem a casa.

Educar dá trabalho e os bons frutos, na grande maioria dos casos, são tardios.

Uma criança feliz não é chata, é como um carro de corrida: só faz pit-stop com os pais, para se abastecer.

Quanto mais saudáveis forem os filhos, mais exploram o mundo em velocidade condizente com o local e menos desastres provocam na loja de cristais.

AS CONTINGÊNCIAS

Quando muito envolvidos com o trabalho e as obrigações diárias, mãe e pai às vezes, perdem o fio da meada educativa.

A doutrina Filosófica Racionalista Cristã chama a atenção dos seres de maneira geral para a necessidade de se educarem espiritualmente, pois as obrigações inerentes à vida material avassalam as da vida espiritual, sempre com consequências nefastas aos que não atentam devidamente para este fato.

O ser humano encarnado não deve perder de vista, jamais, a necessidade de cultivar pensamentos inerentes ao bem de todos, sem exceção, e as consequentes atitudes, sob pena de recebermos de volta toda a indiferença, mal, dor e /ou sofrimento provocados a terceiros, mesmo que, por vezes, não tenhamos intenção de prejudicar alguém. Cada qual é fruto de si mesmo e atrai para si, tudo de bom e de ruim que acontece.

Os pais se surpreendem com eventuais ações e reações inesperadas dos filhos, que podem começar com quase nada e chegar a proporções catastróficas.

São várias pequenas situações que podem vir a se desenvolver e se transformando em dificuldades. A família vai se acomodando e absorvendo tais dificuldades pelo anestesiante convívio cotidiano. As dificuldades simplesmente acomodadas e não resolvidas vão se acumulando sob o tapete da rotina.

Para evitar este tipo de situação, Luiz de Mattos, o codificador do Racionalismo Cristão, recomenda o exercício de autoanálise, denominado limpeza psíquica, já comentada, conforme orientação contida no livro base, intitulado O Racionalismo Cristão. Espera-se, dessa forma, que as pessoas não acumulem mais consequências negativas, advindas dos pensamentos negativos e atitudes inadequadas também.

É sabido que tudo que se acumula, um belo dia transborda. É a famosa gota que faz entornar o caldo! Numa família, não é diferente. Não é na ultima prova do ano que o aluno é reprovado. Desde as primeiras provas, o inteligente, mas folgado filhinho vai deixando para estudar nos últimos instantes e acaba mal. Repete este mesmo esquema em outras provas e, no final do ano, não há mais tempo de recuperação!

O mesmo ocorre, com os primeiros “nãos” que o danado do filhinho não ouve. Depois não atende ao que lhe é pedido. Ele ganha um apelido, folgado, e tudo vai se acomodando; afinal um “folgado” não tem jeito mesmo! Essa folga é a semente da delinquência...

As dificuldades podem ser resolvidas muito facilmente enquanto são pequenas. Entretanto, diz Içami Tiba, sejam quais forem as situações críticas, existe sempre uma forma adequada de enfrentá-las e buscar a melhor solução. Flavio Faria, recomenda a adoção do método Racionalista Cristão de viver.

A chegada de um irmãozinho, por exemplo, pode significar uma contingência para a criança. É importante, nesta fase, a participação das outras crianças da casa nesta chegada.

Mesmo que os pais não contem, o filho percebe o rebuliço e se for deixado de fora, sente-se traído e enganado. O melhor é enfrentar a situação e ir ajustando as coisas com tempo. Um bom preparo antes do nascimento alimenta o carinho pelo irmãozinho posteriormente.

Todas as mudanças devem ser feitas, de preferência, antes de o bebê chegar. Desse modo, o mais velho não associa o fato à chegada do bebê. “Tive que abandonar meu reinado para ser tomado por outro!”

Todos os presentes que os pais quiserem dar para o filho maior, que deem dizendo que foi o bebê mais novo quem mandou entregar.

Sentindo-se garantido em seu território, o mais velho não hostiliza o mais novo nem o encara como ameaça.

Os pais podem deixar o mais velho pegar o irmãozinho no colo com todo o cuidado e pedir inclusive que ele ajude, um pouco, a cuidar do menor.

Os problemas em geral surgem quando o mais novo começa a mexer nas coisas do mais velho.

Os pais devem, então, lembrar ao primeiro filho que ele sabe coisas que o menor ainda não sabe, e os três juntos, pai, mãe e filho, criam uma estratégia para que o pequeno não mexa mais nas coisas do mais velho.

Os pais devem estar conscientes de que nem tudo o que aconteceu com o primeiro acontecerá com o segundo. Logo, o que foi bom para o maior talvez não sirva para o menor. Mesmo nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, os filhos nunca são iguais. Cada um dos filhos deve ser tratado como se fosse único.

Os pais facilitam muito o convívio entre os irmãos quando conseguem resistir à tentação de comparar os dois. Em geral esta comparação é lamentável, pois sempre um sai ganhando e o outro perdendo.

É comum os pais comentarem: “Não sei por que esse filho me dá tantos problemas se teve a mesma educação que os outros”. Ficam atordoados, pois pensam ter feito tudo certo, mas o resultado não é o esperado.

A base deste raciocínio é que está errada. O primeiro filho não teve um irmão mais velho e nem o segundo é o mais velho. Cada filho tem um modo diferente de ver o mundo e de estar nele.

FILHO ÚNICO

Atualmente, existem aproximadamente dez milhões de filhos únicos no Brasil. As dinâmicas internas das famílias brasileiras estão mudando. Os pais, que trabalham fora, já não convivem tanto tempo com o filho, por isso no pouco tempo em que estão juntos querem agradá-lo. Tornam-se desta forma, muito mais recreativos que educativos.

O filho único, nesta dinâmica, recebe tudo, tanto de bom quanto de ruim, que seria repartido com os irmãos, caso os tivesse. Esta situação se amplifica quando o filho único também é o neto único de quatro avós vivos.

Muitas dificuldades poderão surgir, como ser supermimado, superdependente, tornar-se o centro das atenções, querer tudo para si, achar que os outros estão ali para servi-lo, só comer guloseimas, não ter ritmo para nada, ser incapaz de superar dificuldades sozinho, chorar, gritar, agredir, embirrar quando contrariado, agir por impulso, querer sempre ter razão.

Pais adequados dão o que os filhos precisam e não o que têm o poder de dar. Já os pais inadequados costumam dar dinheiro no lugar de diálogo, convivência, acompanhamento do dia a dia.

É muito mais fácil dar dinheiro do que educar, mas o sorriso de uma criança não se compra...

Dois adultos que trabalham para dar tudo a um só filho podem facilmente cair no exagero, atrapalhando a educação da criança.

O que um filho deve ter, não deve ser medido pelas possibilidades de atendê-lo, mas do que o filho necessita, merece.

Nenhuma criança consegue ser feliz atropelada pelos presentes que chegam todos os dias. Ela poderá se tornar uma obesa de brinquedos. Fica estimulada por uma fome de brinquedos nessa idade e, mais tarde, sentirá fome de outras coisas.

Mesmo que um dos pais tenha todo o tempo do mundo não deve ficar grudado no filho. Para crescer, a criança precisa de algum tempo só dela.

Seria ótimo se os pais pudessem favorecer o convívio do filho único com outras crianças: primos, vizinhos ou mesmo amiguinhos da escola ou clube. Essa convivência favorece uma formação mais saudável.

CRIANÇAS DISTRAÍDAS

Os filhos com dificuldades de digerir informações não devem estudar sozinhos no quarto, pois podem distrair-se facilmente, com qualquer outra atividade.

Normalmente, é isso que os pais fazem, colocando o distraído isolado no quarto para se concentrar. Melhor seria colocá-lo perto de alguém que o auxilie: pai, mãe ou outra pessoa qualquer que assuma o papel de ouvinte ou mesmo aluno dessa criança, questionando-o quando não entender algo, sorrindo ou mesmo fazendo observações inteligentes.

O distraído tem de fazer leituras em voz alta e explicar o que acabou de ler, pois tal atividade obriga o cérebro a transformar símbolos visuais em sons articulados, dando-se o início do processo de concentração. O som emitido também ajuda na memorização daquilo que está sendo estudado.

É normal nos pais, cujos filhos são considerados hiperativos e/ou com déficit de atenção, preocuparem-se com a necessidade de cuidados médico-psicológicos especial. O que Içami Tiba tem observado, na sua larga prática profissional nesta área, é que a maioria dessas crianças são, na verdade, mal-educadas, apesar de bem-criadas.

Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhes todas as vontades. Educar, ressalta, é trabalhoso! Trata-se de prepará-la para viver saudavelmente em sociedade, o que significa não ser apenas inteligente; a criança precisa ter internalizada a moral e a ética.

Quando se atende a todas as vontades dos filhos, cria-se um animalzinho, pois pertence aos animais fazer o que tem vontade, ou seja, fugir quando tem medo, dormir quando tem sono, comer quando tem fome, etc. São os instintos em ação!

Diz a D
doutrina Racionalista Cristã, através dos escritos de Luiz de Mattos e seus seguidores, que o trabalho do ser humano é aprender a dominar “a besta” que existe dentro de si, ou seja, “os instintos”; prevalecendo-se o ser racional, lógico, moral, ético e o exemplo dos pais na vida cotidiana da criança é básico, assim como a adequada orientação e cobrança de atitudes morais e éticas desde cedo, faz parte do bom processo de evolução a que todos estamos sujeitos.

A criança tem de ser educada para saber o que deve e pode comer, como e quando; a que horas deve dormir e acordar, etc. O mesmo deve ocorrer com as demais atividades.

Uma criança fala por meio das suas atividades mais do que por intermédio das palavras que pronuncia. Elas são naturalmente ativas. É a má educação que provoca uma verdadeira “diarreia” de ações. Vão realizando uma série de atividades sem digerir as ideias e os valores morais nelas implicados, acarretando um grande desgaste para a sua formação.

Muitas crianças e adolescentes mal-educados estão sendo medicados com Ritalina, alerta Içami Tiba. Medicamento este que se destina ao tratamento do distúrbio do déficit de atenção (DDA), uma disfunção psiconeurológica, que provoca dificuldade de concentração ou déficit de atenção ou ainda hiperatividade.

A Ritalina, explica Içami Tiba, não atua sobre mal-educados. Diagnósticos apressados e equivocados têm feito pessoas mal-educadas ficarem à vontade, sob pretexto de que estão dominadas pelo (DDA). O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento impróprio.

Tanto o portador de DDA como o mal-educado são irritáveis, por falta de capacidade de esperar. A espera é um exercício. São impulsivos por falta de capacidade de se controlar. São também agressivos, pois em vez de reagir adequadamente é mais fácil liberar a agressão, um dos primeiros mecanismos de defesa do ser humano.

Podemos identificar, por exemplo, algumas diferenças entre um portador de Distúrbio do Déficit de Atenção e um mero mal-educado. O portador de DDA continua agitado diante de situações novas, isto é, não consegue controlar seus sintomas; já o mal-educado primeiro avalia bem o terreno e manipula situações, buscando obter vantagens sobre os outros.

Voltando ao tema distração, orienta-se que para ensinar a lição ao aluno é preciso organizar lhe os pensamentos e ajudá-lo, explicando o que não entendeu. Um dos motivos mais comuns da distração é justamente não entender a matéria.

Caso seu filho tente explicar uma matéria a outra pessoa, e não conseguir, estará expondo sua dificuldade, que deve ser trabalhada. Entendendo o assunto que está sendo estudado, terá um motivo a menos para se distrair.

A FASE DOS POR QUÊS

A criança nem sempre pergunta para saber. É importante que os pais expliquem bem sempre que possível, mas se as perguntas continuarem, das duas uma: ou os pais são maus explicadores ou estão respondendo com palavras, quando deveriam agir.

Um dos motivos das perguntas infindáveis é o filho perceber que vai conseguir o que quer desde que ignore as respostas e insista no “porquê”.

Perguntar já é uma ação. Pouco importa a resposta. Os olhos demonstram irritação, não curiosidade. A intenção é vencer o adulto pelo cansaço, para se conseguir o que quer.

Ação se responde com ação; palavra com palavra.

Nestes casos, a orientação é agir de duas formas:

- A primeira é detectar; “filho, você tem direito a mais uma pergunta”. Pare, escute, veja, pense e responda. Em seguida, vire as costas e vá embora, encerrando a questão!

- A segunda é inverter o jogo; “agora, filho, é você quem me responde. Por que me pergunta tanto? Ficar aguardando a resposta; enquanto ele não responder, não vai ficar porquezando”...

Contrariar adequadamente uma criança, não a faz infeliz; estabelece, sim, o necessário limite para se viver bem.

Quem não tem limites, sofre pelo que não tem, pois acha sempre que poderia ter mais.

A BIRRA

Quando os pais se recusam a atender uma vontade do filho, ele se debate, grita e faz escândalo. É a birra! Surge com o nítido objetivo de contrariar uma ordem, não importa se justa ou injusta, com a finalidade de tirar vantagem das pessoas.

Dr. Tiba fala sobre a birra de ordem material; quando a criança deseja mais e mais brinquedos é também a birra comportamental, por querer divertir-se mais e mais, por exemplo, e o método do chacoalhão para enfrentá-las.

Existe também a birra afetiva, quando então, o método é diferente, pois nenhum ser humano gosta de se separar das pessoas a quem ama principalmente para ficar num lugar desconhecido ou onde se sente pouco a vontade; situação esta que fica evidente no oitavo mês de gestação.

Não importa o grau de parentesco com o bebê; se ele estranhar essa pessoa em dado momento, é porque ainda não a identificou e sua reação de estranhamento, é natural.

O adulto tem memória do bebê, mas este ainda não conta com esta maturidade. Basta, por exemplo, o pai se ausentar por alguns dias para que o bebê o estranhe. Com a convivência, isto tende a desaparecer.

Segurança e firmeza dos pais geram confiança no filhinho para ele ficar na escola, por exemplo.

Assim também, nos primeiros dias na porta da escolinha, o filhinho pode apresentar dificuldade. É fundamental, diz Içami Tiba, que ele sinta que os pais confiam na escola e o estão deixando com pessoas super legais que vão cuidar dele. Portanto, é muitíssimo importante que os pais conheçam bem o local e os profissionais com quem vão deixar o filho. É necessário que ele sinta na pele que os pais confiam na escolinha.

Para os adultos a separação é difícil, para o filhinho é ainda pior, pois ele não desenvolveu ainda a noção de tempo, para entender que aquele distanciamento é transitório.

A birra da separação  ataca a criança que não quer ficar com outras pessoas que já conhece e com quem já ficou, dificultando ou impossibilitando, por exemplo, a saída dos pais para o trabalho.

Os pais, nestas horas, devem olhar no fundo dos olhos do filhinho e dizer, calma mas firmemente que, se pudessem até ficariam, mas eles têm que trabalhar. A hesitação dos pais gera insegurança no filho e pode despertar nele a sensação de que consegue convencê-los a ficar.

O CHORO

Dois são os tipos de choro: o que expressa dor e o que busca poder.

Se o filho descobrir que pode usar o choro como fonte de poder, os pais estão perdidos! Ficará difícil saber quando é dor ou poder. Daí a importância de os pais ficarem atentos para não serem manipulados.

A melhor forma de saber diferenciar um ou outro choro é acertando e errando mesmo!

Os pais têm muito medo de errar, preocupam-se muito, temendo que um erro deles traumatize a criança pelo resto da vida.

Se trauma infantil matasse, a humanidade estaria extinta há muito tempo. Não existem filhos que não tenham sido contrariados; a imensa maioria deles tem condições de agüentar contrariedades.

Pais extremamente solícitos acabam não traçando um bom e seguro trajeto para seguir, e a criança geralmente torna-se insegura, pois perde a confiança neles.

Um erro cometido pelos pais, desde que não seja baseado na violência,  em surras, socos, pontapés, não traz problema nenhum.

Estes tipos de atos descarregam a raiva, mas não têm força educativa, pois violência só irá gerar violência.

Flavio Faria lembra, que nos exemplos anteriores, as atitudes instintivas de todos os envolvidos geraram os problemas. Daí porque, recomendar o método Racionalista Cristão em suas vidas, treinando, aperfeiçoando o contato mental às boas fontes, aos estados mentais inerentes à “supraconsciência” ou ao “Astral Superior”, para que as induções de serenidade, segurança, lógica-racional, possam estar presentes nos momentos certos dos seus adeptos.

Vale a pena,  portanto, reforça o autor, o estudo e pesquisa do que está codificado a respeito da Doutrina Racionalista Cristã.

A MENTIRA

Quando se percebe que um filho começa a contar muita mentira, é preciso fazer uma acareação, um confronto com a realidade, interpretar o contexto ao invés de acreditar em tudo, para que o mesmo não seja estimulado a mentir ou exagerar ainda mais.

Existem mentiras que servem para o filho se safar de uma situação, para não ter que arcar com as consequências de seus atos. Outras servem para fazer a criança se sentir grande, valorizada e conseguir a atenção das pessoas.

A mentira é um recurso que requer inteligência, mas antiético, de quem inventa histórias, procurando saídas diferentes das reais. Não deve, portanto, ser estimulada de forma nenhuma, orienta Flavio Faria.

A criança que esconde uma prova, um boletim escolar ou falsifica a assinatura do responsável está contando uma mentira. Se faz necessário avaliar, porém, se de fato, ela iria levar uma bronca tão grande ou violenta, cuja mentira teve a intenção e protegê-la de um medo real. Se for o caso, talvez os pais estejam exigindo o que o filho não pode dar, ou então, o filho pode mesmo ser um folgado.

Os pais devem perguntar qual é o maior medo do filho e conversar com ele, mostrando que o caminho escolhido foi ainda pior.

Se ir mal nas provas já era um problema, a mentira acrescentou uma dificuldade, isto é, só acabou agravando o problema original.

Em vez de entrar automaticamente o castigo, o ideal seria buscar outra saída para enfrentar a situação sem que os pais nem os professores se sentissem enganados com a mentira.

As consequências que a criança deveria assumir podem ser o reconhecimento de que foi mal nas provas, estudar mais para a próxima e parar de mentir. Os pais, neste caso, poderiam ajudá-lo a se organizar mais, para que todos os dias,  estude um pouco; o filho, posteriormente, pode dar aulas para o pai ou a mãe, reproduzindo para eles, com as próprias palavras, as lições aprendidas na escola aquele dia.

Usar as próprias palavras, neste caso, é essencial para o correto aprendizado. Decorar é a indigestão do aprendizado.

Os pais não devem aceitar jamais uma mentira como verdade, só para poupar o filho, pois intimamente ele sabe que mentiu. Este tipo de proteção  pode ter o intuito de privá-lo de sofrimentos, mas se os pais buscam realmente a felicidade do filho, devem educá-lo para enfrentar as diversidades da vida.

AS BRIGAS

É normal irmãos discutirem, entrar em conflito e não raramente, partirem para a briga.

A orientação, neste caso, é que pai e mãe ou qualquer adulto próximo deve interferir. Os pais devem separar os briguentos dizendo em alto e bom som: “não admito briga”. Não é com palmadas ou cascudos que se acaba com uma briga.

Ânimos serenados, os pais devem propor atividades em comum para os irmãos em que cada um faz uma parte e que os obriguem a repensar ou pelo menos a arcar com o mal estar causado pela briga: estudar no mesmo quarto, lavar e enxugar a louça, ver televisão na sala com a família.

Não adianta isolar o agressor no quarto, pois dificulta a correlação entre o castigo e o ferimento que causou. O agressor ajudará a fazer os curativos no ferido, caso tenha acontecido.

As crianças não são indiferentes a outras crianças. Falam-se, tocam-se, provocam-se, agridem-se. O filho único nem sempre pode exercitar-se desta forma. Às vezes, não sabe brincar.

Existem muitos casos de filhos pequenos que não obedecem aos pais; basta, porém, os adultos recuperarem a autoridade inerente à função de educador para os filhos melhorarem. Muitos pais acabam perdendo o poder e a autoridade sobre o filho ao ameaçá-lo com regras que não são cumpridas.

Os que aprenderam a ter lucros nas pequenas delinquências precisam começar a terem prejuízos para que o equilíbrio se restabeleça.

Várias medidas podem ser adotadas, como estipular que a criança não desfrute do brinquedo preferido, fazendo-a entender que este não usufruir é de sua exclusiva responsabilidade.

É muito natural as crianças tentarem de várias formas, recuperar o que foi perdido através do choro, depressão, agressão, cara fechada, mau humor, chutes, raiva. Elas têm o direito de reagir. E os pais devem dizer: “Tudo bem você reagir, mas sua reação não vai mudar o que estabelecemos, pois você está recebendo o que mereceu”.

A explicação educativa dessa medida, é fazer a criança sentir a perda que um mau comportamento traz.

O ser humano se ressente de dois tipos de perdas; a material e a psicológica. Só a perda material (ficar privado de um objeto) não é eficiente.
Quando, porém, todos os recursos já foram utilizados pelos pais e derrubados pelo filho, resta ainda uma última e drástica medida: a de perder a liberdade e o conforto material. Isso equivale a usar um lavabo como prisão para que ele reflita sobre o que fez.

Essa prisão domiciliar tem efeito educativo. Não deve, portanto, ser acompanhada de raiva, gritos e violência. Os motivos e os objetivos pelos quais o filho está sendo punido devem ser explicados com firmeza, olhos nos olhos, para que ele possa compreender e se modificar.

O lavabo costuma ser um bom lugar, pois não tem material e nem condição para distração das crianças. Assim, ele pode esfriar os ânimos e reconsiderar a situação. Este período não deve ultrapassar os cinco minutos, pois a criança pode até adormecer se for maior ou achar outras formas de se distrair.

Caso a criança ficar gritando, ofendendo, chutando a porta, a contagem dos cinco minutos será zerada e começará novamente.

Mãe e pai devem assumir a condição de educadores e fazer o filho entender que está sendo mal educado, grosseiro e antiético.

O pai que descarrega um palavrão ou um tapa na orelha do filho deixa de usar o melhor de si mesmo, os infindáveis recursos espirituais, para lidar com a pessoa que mais ama, o próprio filho.

AUXÍLIO TÉCNICO DE PROFISSIONAIS

Depois que nasce o filho, o ficar ou não em casa constitui um drama para as mães. Em geral, a sobrevivência fala mais alto que a educação. Geralmente, a mãe e o pai trabalham e precisam contar com a ajuda de terceiros para cuidar do filho e zelar por ele. Este que toma conta  pode ou não ajudar na educação. Babás, avós e escola são as três opções de apoio aos pais.

Existem babás conscientes, dedicadas e amorosas, assim como existem as péssimas.

Antes de empregar alguém como babá, se deve verificar suas referências conversando com os pais de crianças das quais cuidou.

Muitas mães sentem-se culpadas ao retomar o trabalho por perceber que a babá as substitui, o que gera ciúme e até medo de que a criança se apegue demais a ela.

Se a criança não se apega, este pode ser um sinal de que a babá desempenha suas funções de maneira mecânica. Para a criança, não é bom ser tratada desta forma; é necessário carinho e empenho ao longo do dia.

A boa babá é aquela que estabelece bons relacionamentos e, com seu apego à criança, torna-se uma aliada da família.

Quando esta é uma aliada da família, mesmo que depare com uma situação para a qual não foi orientada, age em benefício da criança cuidando dela e protegendo-a. Embora o envolvimento seja importante, a mãe e o pai devem orientar a babá para que ela entenda os limites de sua participação na família.

As babás também devem receber orientação sobre a educação da criança. É preciso que os pais orientem na imposição de limites explicando como dizer não e agir no caso de comportamentos considerados inadequados. A sugestão aos pais é para  fazerem um caderno de rotina da criança, para que a babá anote os períodos de sono, refeições, lanches, quantidade de alimentos ingeridos, funcionamento do intestino, etc.

Em geral, as babás são apenas mal orientadas, no entanto, caso comecem a desconfiar que algo não está correndo bem, devem trocar de babá, pois confiança nela é fundamental.

Os pais também devem ter cuidado com o uso da televisão, fazendo papel de babá eletrônica. Desde pequenas, as crianças ligam sozinhas as televisões e prestam muita atenção em comerciais porque chamam sua atenção por serem alegres cheios de som, cores e movimentos. Com cenários, pessoas e objetos maravilhosos.

Suas mensagens nem sempre são apropriadas às crianças, entrando pelos olhos e ouvidos, passam a fazer parte dos conteúdos de sua mente. Quanto mais tarde a criança se iniciar no mundo da TV, melhor. O mesmo se recomenda com relação ao mundo dos videogames.

Existem situações nas quais os pais colocam os filhos em creches. Se faz necessário que os mesmos conheçam a creche, seu espaço físico, seus recursos, ambientes onde as crianças ficam, banheirinhos, salas de repouso, etc. Tomar informações sobre as pessoas que lá trabalham, passar algumas horas no local, de preferência, perto do local do trabalho da mãe.

Sobre os avós, tanto podem assumir o papel de salvadores ou vilões. A educação é responsabilidade dos pais; os avós devem curtir os netinhos. Normalmente, os pais proíbem e os avós permitem. Os pais cortam a mesada como castigo e os avós dão trocadinhos que rompem com estes esquemas.

Os avós vivem um outro momento da vida; diante dos filhinhos dos filhos, têm tempo livre, afeto disponível e às vezes dinheiro para dar aos netos.

Os avós podem ser, ao mesmo tempo, esperança para tomar conta do neto e também depositários das culpas e responsabilidades se lhe acontece algo de ruim, especialmente da parte de genros e noras.

Os pais, na luta pela sobrevivência financeira, não tem tempo de transmitir tradições nem a cultura familiar. A disposição dos avós de ouvir a criança é diferente. Portanto, eles desempenham papel de complementação da educação, contando as histórias da família aos netinhos.

Os pais que deixam tudo por conta dos velhos, sem nada especificar a cerca do processo educacional, costumam voltar e depois ficar criticando as atitudes dos avós. É natural que eles ajam diferentemente dos pais.

Os maiores problemas surgem quando os avós discordam do sistema educacional adotado pelos pais.

Quando não existe a possibilidade de acordo entre os pais e avós sobre a educação dos filhos, uma boa solução é estabelecer o dia dos avós. Tudo que os avós permitem só é valido na casa deles e neste dia, ou então, quando eles estão com os netos.

Caso fique constatado que os avós realmente atrapalham a educação dos netos, convém organizar sua rotina sem eles. Os pais devem expor  a situação sem brigas, liberando-os da obrigação.

A ESCOLA

Hoje em dia, quando os pais trabalham, as crianças vão para escola cada vez mais cedo, com dois anos em média.

Há três décadas, os estudiosos do desenvolvimento infantil dividiram a socialização em três etapas:

a) Socialização elementar: fase até os dois anos, quando a criança aprendia a reconhecer e a educar as necessidades fisiológicas;

b) Socialização familiar: até cinco ou seis anos, quando aprendia a conviver com o pai, mãe, irmão e demais membros da família;

c) socialização comunitária: a partir dos seis anos, quando começava a vida escolar.

Hoje em dia, o contato social é muito precoce. Ainda sem completar a educação familiar, a criança já está na escola. O ambiente social invade o familiar não só pela escola mas também pela televisão, internet, etc.

Com esta mescla do ambiente familiar e comunitário, as crianças tem dificuldade de estabelecer limites claros entre família e a escola, principalmente quando os próprios pais delegam à escola a educação dos filhos. Estes pais, costumam cobrar da escola o mau comportamento em casa; esta ideia não pode prevalecer.

A educação com vistas à formação do caráter, da autoestima e da personalidade da criança, ainda é, na maior parte, responsabilidade dos pais.

A escola sozinha não é responsável pela formação da personalidade, mas tem papel complementar ao da família. Por mais que a escola infantil propicie um clima familiar à criança, ainda assim é apenas uma escola.

A escola oferece condições de educação muito diferentes das existentes na família. A criança passa a pertencer a uma coletividade, que é a sua turma, sua classe, sua escola. É um crescimento em relação ao “eu” de casa, pois em casa, a criança é praticamente o centro.

Em casa, não se percebe certas dificuldades e outras facetas na criança, pois são menos observadas e avaliadas em relação à escola.

Portanto, para que os pais possam conhecer realmente seu filhinho, é importante estar bem informados de seu comportamento na escola.

A voz da experiência da escola, bem ouvida, pode ser bastante útil num momento em que a família está totalmente perdida sobre a maneira como deve proceder com o filhinho.

Quando a escola, o pai e a mãe falam a mesma língua e possuem valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não quer jogar a escola contra os pais e vice-versa.

Quando o filho se queixar de algum professor, ou de alguma injustiça praticada pela escola, antes de acreditar piamente no que ele diz, é melhor que os pais tomem conhecimento de outras informações sobre o mesmo fato.

Aconselha-se aos pais buscarem outras informações, além das fornecidas pelo filho, para evitar que o filho minta.

Os pais devem sempre preparar a ida para a escola com observações como: “você vai brincar, fazer coisas que não faz em casa, ter amiguinhos, pintar, ir ao parquinho. Depois você conta tudo pro papai/mamãe”.

Quando a criança sabe que poderá contar tudo aos pais, sente-se mais forte e participativa. É a mentira de estar presente, mesmo ausentes!

Ao arrumar a mochila escolar, permita, sempre que possível, a criança ajudar. A mãe ou responsável pode oferecer opções de lanche e deixar que ela escolha, pois lhe dá sensação de domínio da situação. A criança deve carregar o que puder e a mãe ou quem for levar e buscar, o restante; nunca deixá-la de braços abanando e correndo na frente.

A mãe não deve confundir o desejo de ajudar com o de fazer pelo filho.

Flavio faria alerta sobre o “deseducar” a criança. O fato de a mãe carregar tudo faz a criança acabar acreditando que  carregar as mochilas da vida é obrigação da mãe, usufruindo, assim, uma liberdade dependente. Há de aprender que a liberdade é fruto do seu esforço; caso contrário, teremos o típico “folgado”.

Geralmente, a repetência escolar dá sinais evidentes desde as primeiras provas do ano letivo, quando o aluno vai mal em alguma matéria.

O importante é recuperar-se o quanto antes, sem deixar para estudar na última hora, daí a necessidade do monitoramento constante dos pais, quanto ao desempenho do filho na escola.

As crianças e os adolescentes tendem a largar a atividade que rende pouco ou mal.

Acompanhando o rendimento do filho na escola, os pais poderão identificar precocemente, tais tendências.

A tarefa de estudar é do filho, só dele. Deve-se deixá-lo escolher o método de estudo e o horário, porém, só poderá fazer outra atividade, quando der uma aula aos pais sobre o que estudou, usando as próprias palavras e não decorando. Esta aula é a parte mais importante do estudo, pois comprova seus conhecimentos.

O saber é essencial na vida do ser humano e, portanto, não se deve negociar estudo. O filho tem de estudar e ponto. Como vai estudar? Aí sim, cabe a possibilidade de conversar e negociar horários, etc.

Um dos melhores estímulos para aprender é a curiosidade. Criança gosta de demonstrar conhecimentos bem como de exibir suas habilidades manuais.

É inegável que vive melhor quem tem cultura, pois está mais capacitado a superar obstáculos e resolver problemas do cotidiano. Quem possui diploma universitário ganha bem mais que aquele que cursou somente o ensino fundamental.

Possibilidade de ganhar mais, não garante uma boa educação. Não é à toa, que os pais devem exigir que os filhos tenham educação.

Se o filho sabe estudar, aprendeu estudando. Ninguém pode estudar por ele.

Estudo é progressão. Crianças precisam de apoio quando vão mal. Se vão bem, dispensam esse apoio, pois aprendem depressa. Essa é uma boa oportunidade de ensinar aos filhos que existem diferenças entre as pessoas; mostrar que ele pode estar ruim em uma coisa e bem na outra. Não é porque vai mal em uma disciplina, que irá mal nas outras, no entanto, se abandonar a que já está mal, a situação vai piorar.

No estudo, se a criança for deixar para depois a matéria de que não gosta, será mais difícil estudá-la quando não tiver mais disposição.

Ela apresenta dificuldade de pintar? Não importa. A pintura ficou feia? Deixe seu filho levar um trabalho ruim para a escola. É deste ponto que começa a melhora.

Se a mãe fez o trabalho, qual é a base do filho para dar o passo seguinte? Caso a mesma deseje ensinar o filho, deve fazê-lo em outra folha e não na da escola. Nessa folha avulsa, ela pode escrever, pintar e desenhar. A folha da escola é responsabilidade da criança.

A criança sabe da verdade: não foi ela quem fez. Sente a autoestima quebrar-se dentro dela e julga-se cada vez mais incapaz de fazer o que poderia.

Nos primeiros passos na escola, os pais não devem contratar professores particulares. Devem levar a dificuldade à escola, contando com os professores para ajudar o filho a superá-la e não com recursos extraescolares.

Na medida em que a criança cresce, a autoestima se alimenta da capacidade de realização alcançada. Cada vez que ela consegue encaixar um objeto de seu brinquedo pedagógico no lugar correto, sente um grande prazer e o manifesta num sorriso ou até mesmo batendo palminhas, numa espécie de auto aplauso. Assim se forma a autoestima fundamental.

Ao encaixar objetos, fazer as próprias lições e até mesmo futuramente enfrentar desafios, a autoestima dela se fortalece. Ao praticar ela aprende mais que ouvindo. A memória da ação é mais intensa que a da compreensão.

PAIS SEPARADOS

A maneira como o pai e a mãe enfrentam a separação, e suas consequências, pode influir na vida futura dos filhos. Alguns casais prometem nunca se separar após o casamento, custe o que custar. Outros, separam-se com facilidade doentia diante de qualquer contrariedade.

O melhor caminho sempre é a verdade. Quando não existir mais condição de convivência, está na hora do casal resolver a situação, o que não devem é envolver os filhos nos seus problemas.

Pode ser que eles resolvam separar-se. Serão ex-cônjuges, mas ele continua sendo pai e ela mãe dos filhos. Não devem tornar-se ex-pais, pois os filhos são para sempre.

A separação de um casal sem filhos, em geral é tão simples, como o fim de um noivado ou de um namoro. O casal sofre, mas não envolve muito outras pessoas; e a separação de bens quase sempre já está prevista no contrato de casamento.

Quando o casal tem filhos, a coisa se complica. É preciso, ao conversar com eles sobre a separação, seguir algumas regras claras e sensatas em relação às questões básicas; explicando o motivo da separação, sem muitos detalhes, informar quando e como será, explicar o que acontecerá com eles, dar guarida a todos os sentimentos, responder a todas as perguntas pertinentes e reforçar o fato de que não serão ex-pai nem ex-mãe.

O momento mais adequado de comunicar aos filhos é depois da separação ser decidida e assumida pelo casal.

Mesmo que afetados, os filhos não devem viver a situação conjugal. A maneira mais eficiente é a conversa do casal com todos os filhos presentes, evitando-se que cada um receba a notícia de maneira diferente.

Caso resolvam conversar separadamente com os filhos, devem  ter cuidado para não deixá-los na posição de árbitros ou de prêmio.

Convém ressaltar que o filho não vai sair fortalecido se um dos pais for massacrado, justa ou injustamente, pelo outro. A própria casa é o melhor lugar para este tipo de conversa.

Às vezes, ao receber a notícia da separação, os filhos a aceitam sem reação e engolem o sapo. Digerido ou não, com o tempo, ele será eliminado. Podem surgir, porém, reações aparentemente inesperadas, com comportamentos que escapam ao controle, como a queda do rendimento escolar, grande apatia, insônia, isolamento e até mesmo somatizações como dores de cabeça, estômago e mau funcionamento intestinal. É o corpo chorando as lagrimas que os olhos contiveram.

Os pais devem deixar bem claro que os filhos não têm culpa, nem poder de separar ou unir o casal, e que a responsabilidade de pai e mãe e essa relação afetiva não se desfazem jamais. Contudo, como ex-cônjuges, eles terão de fazer modificações que afetarão a vida familiar.

Que fique bem claro que não há forma possível de evitar o sofrimento dos filhos com a separação.

Nas gerações passadas, os filhos de pais separados eram considerados problemáticos e até segregados de forma preconceituosa.

Hoje se sabe que os problemas dos filhos surgem em função dos desajustes dos pais, sejam ou não separados. Geralmente uma boa separação pode ajudar mais os filhos que a conservação de um mal casamento.

O homem descasado se ufana da nova independência e autonomia. Logo arruma companheiros (as) para a farra. Enquanto isso, a mulher ainda se sente desvalorizada se não tem um companheiro ou uma relação estável. E talvez compense a frustração afetiva conjugal com o exagero no papel de mãe. Essa compensação pode prejudicar os filhos, devido a hiper-solicitude e a desvalorização da figura feminina, totalmente transformada da mãe.

O contrário também se observa, através de mulheres que ficam muito mais soltas e saem à noite, viajam com amigas, realizam sonhos antes impossíveis, inclusive assanhamentos, até há pouco, impensáveis.

Em geral, a mulher fica com os filhos e mantém a dinâmica familiar. Se arruma um namorado, eles entram numa família constituída. Portanto, ela continua no esquema familiar, enquanto o ex-marido volta a vida de solteiro.

Viver sozinho por aventura pode ser gostoso, mas por obrigação torna-se difícil. Não raro o homem descuida da roupa, alimenta-se mau e desorganiza, às vezes, até a vida profissional.

A sensação de independência e autonomia logo se transforma em solidão e ele fica mais sujeito a doenças psicossomáticas, ao abuso de drogas e até ao suicídio. Estes são geralmente os sintomas de um ex-pai, alerta Içami Tiba.

Daí a importância, segundo Flavio Faria, da pessoa cultivar sempre os bons pensamentos e rotinas salutares de vida. A doutrina Racionalista Cristã, oferece, como já foi dito anteriormente, maneiras simples e eficientes para que o ser possa se portar mental e at http://racionalismocristao.net/mente, frente aos percalços da vida, equilibrado e bem intuído, evitando-se os contratempos citados no parágrafo anterior.

É bastante comum que o pai separado compre o perdão dos filhos com passeios e viagens. Arma-se, então, o modelo clássico do pai recreativo e da mãe sacrificada.

A mãe acompanha as tarefas da escola, leva ao médico, cobra disciplina. Acaba se tornando a mãe chata. O pai faz grandes gestos, aparece na frente dos amiguinhos, leva o filho e toda a turma à lanchonete e faz festa com tudo; e aquele folgado que se transforma em pai show.

Quando um cônjuge assume a responsabilidade pela separação, pode sofrer acusações e cobranças de todos da família, que descarregam sua raiva nele. Se os pais não tiverem uma postura firma, de educadores, essa situação poderá atrapalhar a formação dos filhos.

A dinâmica familiar mudou nas últimas décadas. Existem casais que reúnem sob o mesmo teto os filhos do atual e dos antigos relacionamentos, constituindo assim uma grande e saudável família.

O homem aceita ser substituído pelo padrasto, mas a mãe geralmente se recusa a abrir mão da maternidade. A maioria dos homens não aceita ser desrespeitado por crianças, mas tudo muda quando se trata dos filhinhos da nova companheira. É bem melhor quando a mãe não aceita que os filhos abusem do novo companheiro e reconhece nele uma autoridade saudável e capacidade de liderança.

O segundo casamento tem melhor chance de dar certo do que o primeiro, já que o casal aprende com os erros e sofrimentos anteriores.

Na realidade, quando o novo casal age mais racionalmente, as crianças aprendem essas disposições relacionais no cotidiano, obtendo excelente qualidade de vida.

Agora, se o casal nada aprendeu com o primeiro casamento, pode repetir os erros e assim viver, de relacionamento em relacionamento, percorrendo uma jornada que dificilmente deixará os filhos felizes.

Existem mães que têm coragem de sair de casa com os filhos ou expulsar dela esse pai prejudicial. Mas ainda assim se subestimam. Consideram-se inferiorizadas e nem sempre assumem a autoridade educativa que poderiam ter. Podem deixar-se consumir pela culpa e responsabilidade de ter tirado o pai das crianças.

A incoerência, a insegurança e a inconstância são venenos mortais para a boa educação, dando margem a que as crianças não assumam as responsabilidades e queiram impor suas vontades independentemente de consequências.

A delinquência surge da falta de autoridade. Quando a mulher globalizada, que conquistou o mundo, trata de assumir sua verdadeira força, cobrando, exigindo responsabilidades e fazendo os filhos assumirem as consequências de seus atos, a família começa a se organizar.

SOBRE A ADOÇÃO

Existem diversas correntes de pensamentos que tratam da adoção. Por vezes, os pais não contam a verdade à criança porque não sabem quando e como falar. Existe o receio de traumatizá-la com a informação, por ser tão pequenina.

Aconselha-se que o filho deva saber a verdade, pois não é possível manter o segredo eternamente. Alguém da família ou um amigo acaba soltando a língua, por maldade ou ingenuidade.

O melhor momento para falar sobre isso é quando a criança pergunta sobre gravidez, parto, nascimento. Cada criança pergunta conforme sua curiosidade e capacidade. Volta a perguntar mais tarde enquanto não estiver satisfeita com a resposta. É natural ela querer saber de onde veio.

O pai, normalmente, consegue dizer ao filho que ele é adotivo com mais tranquilidade. A mãe sofre muito, diz Içami Tiba, porque parece que a responsabilidade por não ter tido filhos é dela.

A adoção é um gesto maravilhoso; crianças adotadas são filhos de coração, o que muda é a origem. Para a criança, não importa se ela veio do útero ou do coração, pois não tem na cabeça a figura do pai e da mãe biológicos; estas são preocupações dos adultos.

Entretanto, por mais que a família procure lidar naturalmente com a situação, chegará a hora em que a criança vai entender o  que é adoção e é sempre um choque.

Quando um filho sabe que é adotivo, pode usar este fato como arma e fazer ameaças para conseguir o que quer ao sentir-se contrariado, principalmente quando percebe que este é o ponto fraco dos pais.

É necessária muita calma para enfrentar estas situações, e dizer olhando nos olhos do filho: “então vai! Agora! Com a roupa que estiver vestindo! E em seguida abrir a porta da rua. Raramente, diz Içami Tiba, o filho sai de casa sem ter pra onde ir. Alguns de fato vão até a porta para intimidar mais os pais. Elas continuarão ameaçando enquanto sentirem que obtém resultados vantajosos.

Caso saiam, pai e mãe devem ser firmes e acrescentar: “Você só voltará se reconhecer seu erro, pedir desculpas e nunca mais dizer que vai embora. Se sair outra vez, nem pedindo desculpas você volta!”

Não se pode viver ameaçado por chantagens. Quem as enfrenta não as alimenta. Pelo contrário, acaba com elas.

Muitos filhos naturais também fazem armações com os pais quando estão na fase da rebeldia, do “eu não pedi pra nascer”. É bom lembrar que uma boa integração relacional pode contribuir muito para ajudar a superar todos esses conflitos.

Não deve haver diferenças na educação de filhos adotivos e naturais. Quanto maior for a saúde relacional, menores serão os conflitos resultantes da adoção. É esta naturalidade que dá segurança afetiva ao adotado.

EDUCANDO AS CRIANÇAS PÓS-MODERNAS

            Reconhecemos que as crianças hoje são muito mais inteligentes que no passado. Estimuladas desde cedo por brinquedos interativos, televisão, computadores e um volume gigantesco de informações, elas estabelecem maior número de ligações entre os neurônios.

A diversão hoje envolve desafios mentais, e mesmo brinquedinhos têm finalidades psicopedagógicos apropriadas às diversas idades. Para lidar com tantas novidades, pai e mãe têm de se preparar. Não é mais possível ser um educador silvestre.

As crianças hoje já nascem com telas interativas diante dos olhos. Ao invés de olhar pela janela, que não oferece atrações participativas, exceto a possibilidade de jogar objetos nos passantes, veem telas na sua frente.

Enquanto dá certo, permanecem no jogo. Quando não conseguem superar obstáculos, ao invés de fazer novas tentativas, simplesmente mudam de tela. As crianças fazem isso, descartando jogos difíceis, preferindo brincar com aqueles em que vão melhor.

Surge disso o grande problema dessa geração; a incapacidade de lidar com frustrações, que se transpõem para os relacionamentos sociais. Caso não der certo com uma pessoa, as criancinhas a agridem deixam-na de lado, buscam outra. Descartam-na como se fosse videogame; acostumam-se assim com a quantidade e a superficialidade.

Esta é uma das más tendências do mundo moderno que mais prejudicam a sociedade. Pessoas descartam umas às outras; pais abandonam filhos com facilidade. O que vale é satisfazer o objetivo pessoal reina o individualismo.

Pessoas vangloriam-se de quanto namoram e beijam; abandonando quem não mais os satisfaz, passando a agir como piratas, extraindo o máximo que podem de pessoas e situações, terminado o saque, mudam de alvo. Não preservam o quarto, o local de trabalho, a família. Detonam tudo pelo caminho.

Quando existe, porém o amor, capacitação, boa vontade e, principalmente, educação, o rumo da história pessoal pode ser melhorado e muito!

A PRECOCIDADE NA ADOLESCÊNCIA

Hoje em dia, devido principalmente à influência da televisão, através de sua programação diária, estimular o namoro entre as crianças precocemente, despertando a curiosidade, sobretudo das meninas, pode gerar problemas indesejáveis.

Ao brincar com bonecas, desde cedo, as meninas treinam relacionamentos. Já as brincadeiras de menino, como jogar bola, exercitando a competição, a habilidade e a exibição, tornam o ponto de vista relacional secundário. Primeiro querem mostrar desempenho. Na infância, eles são menos amadurecidos que as meninas da mesma idade.

Porém, a culpa não é só da mídia, os pais incentivam assim como as escolas também.

A cumplicidade dos pais na precocidade sexual dos filhos surge, sobretudo, quando um ou ambos se realizam através deles.

Nesta mesma linha de raciocínio e constatação, a antecipação da adolescência pode custar caro. Assim como as plantas possuem um ciclo de crescimento, criando raízes, desenvolvendo o tronco, depois as folhas, dá flores e finalmente frutas, o ser humano também tem seu ciclo.

Os adolescentes são como flores fortemente coloridas, que se reúnem em bandos na parte mais alta e vistosa da árvore, perfumando o ambiente e buscando a luz do sol.

Hoje em dia as meninas começam a namorar cedo, trocam de namorado com facilidade, liberam muito a parte biológica sem ter controle e a adequação de seus impulsos.

Um dos grandes avanços da vida gregária é a educação do instinto sexual, canalizando-o adequadamente. Quem não aprende a evitar a gravidez, será surpreendido por ela.

O simples “ficar” é usar, enquanto o relacionar-se é viver.

Quando os filhos perguntam se podem namorar, orienta Içami Tiba, a resposta deve ser sempre negativa, pois a pergunta já enuncia a existência de dúvida. Liberar e deixar que as crianças façam só porque pediram é educar mal. Mesmo porque, lembra, quando elas querem realmente não perguntam e ninguém as segura... Da mesma forma, quando perguntarem se podem beijar, a resposta deverá ser não!

EDUCAÇÃO SEXUAL

As crianças estão mais sabidas e têm mais acesso a toda sorte de informações sexuais.

A curiosidade é natural, logo não dá para escapar; mais dia, menos dia, o assunto entrará em pauta.

Não existe idade certa, e sim, o momento adequado para falar de sexo com os filhos.

A conversa deve acontecer sempre que surgir uma oportunidade. O importante é responder especificamente o que se pergunta, pois tira o foco da pergunta só aumenta a curiosidade infantil.

Relembra-se, aqui, a atitude do pit-stop; se a parada for satisfatória, ela segue na corrida, caso contrário, já na próxima volta terá de parar, até estacionar completamente.

Usar as palavras ao alcance do entendimento da criança, fornecendo a resposta de que ela precisa, mesmo porque, ela poderá fazer este pit-stop com outras pessoas.

MESADA

A mesada ajuda a criança se organizar, pois é algo com o que ela pode se responsabilizar, por ser quantificável.

Crianças que aprendem a administrar bem a mesada, tendem a ter melhor qualidade de vida no futuro, que aquelas que gastam mais do que podem.

É salutar que a família se organize para dar mesada, que deve ser encarada como um processo educativo. Ela deve ser destinada aos gastos do dia a dia da criança, além dos supérfluos como figurinhas, adesivos, canetinhas coloridas, etc. Este dinheiro não deve suprir despesas essenciais, como mensalidade escolar, lanches, roupas, etc.

O dinheiro do lanche não deve ser guardado. Caso a criança não gaste totalmente o dinheiro do lanche recebido, o troco fica para o lanche do dia seguinte ou é devolvido. Não é correto a criança guardar o dinheiro do lanche como se fosse dela. Aprendendo a devolver, ela absorve o sentido de propriedade: “este dinheiro não é meu, é dos meus pais”.

Em termos educativos, vale mais a pena dar o dinheiro do lanche todos os dias para que a criança aprenda a lidar com a moeda em vez de abrir uma conta na cantina escolar sem limite de gastos. Este “comprar fiado”, pode ser cômodo para os pais, porém, é ruim para a educação!

Assim que a criança aprender a lidar com este dinheiro, pode receber a mesada, apesar de o termo não ser muito adequado. Devem-se começar dando uns trocados a cada três dias; se a criança conseguir administrá-lo bem, passa a receber por semana, que já requer noção de tempo.

Caso ela não tenha noção de valores, chegando com as moedas e perguntando: “isto dá pra comprar figurinhas?” ainda não é hora de dar mesada. Este aprendizado ocorre mais rápido do que nós adultos imaginamos!

Apesar do dinheiro da mesada ser da criança, é interessante que, no início, os pais supervisionem seus gastos. Este aprendizado será muito útil no futuro próximo.

É preciso cuidado especial quando os filhos começam a fazer vales com os avós, principalmente. A fonte de dinheiro deve ser só dos pais; quando acabar o dinheiro, acabou!

Quando a criança consegue o dinheiro por meio de vales, ela pode ficar muito satisfeita, mas não tem a preocupação de pagá-los. Este é o caminho para os desequilíbrios financeiros do futuro!

TELEFONE CELULAR

Este tem sido um assunto discutido nos dias de hoje. Muito se tem escrito sobre o uso dos celulares na infância. Afinal, não são as crianças quem compram, muito menos pagam as contas. Se dependesse apenas dos pais, eles dariam sempre!

Muitos pais tem dado aos filhos um celular com limite de crédito, o chamado pré-pago. Mais interessante de se saber quanto é observar com o que a criança gastou os créditos. Quando acabar, ganha outro cartão? Em quanto tempo? Os pais têm que discutir e supervisionar o uso.

Se o filho for viajar e os pais quiserem notícias, é bom que saibam que os adolescentes não atendem o celular se estão fazendo o que não devem nem contam o que fizeram por telefone.

VIDEOJOGOS

Atualmente, este é um dos brinquedos que mais distraem as crianças. Pode também, segundo especialistas, representar perigo, o do vício.

É importante saber quando o filho está passando dos limites saudáveis. Os excessos podem ser percebidos quando o mesmo apresentar dificuldades em parar; qualquer oportunidade que apareça, ele começa a jogar; atrapalha a convivência familiar; fica sem tempo para fazer os deveres escolares; avança no horário de se deitar e apresenta dificuldades de acordar; dá brigas porque invadiu o horário dos outros, etc.

Quando se identificam excessos, é porque a criança perdeu o controle. Então, é preciso que alguém, principalmente a mãe ou o pai, a ajude a recuperá-lo.

Estabelecer um horário para se jogar é uma forma. Nunca se deve “esperar um pouquinho até acabar o jogo”. O combinado é parar no horário tal e ponto!

Caso a criança não aceite esse horário, nem deve começar a jogar.

Quanto maiores forem os prejuízos à suas atividades menores deve ser o tempo estipulado para o jogo.

Como não se trata de castigo, e sim de arcar com as consequências do jogo, à medida que os prejuízos são recuperados a criança pode ganhar mais minutos para jogar.

Existe uma corrente de pensamentos que acredita no estímulo à violência, através de certos tipos de videogames. Existem situações que este tipo de atividade promove o descarrego violento de adrenalina e neurotransmissores, semelhantemente aos descarregados em brigas reais.

Existem pessoas que já nascem com um grau de agressividade maior que outras. Estas, quando crescem em ambientes favoráveis à violência, podem realmente, se tornar mais violentas que outras. Então, conclui-se que estes games podem agravar a situação e devem ser evitados mesmo!

A teoria Racionalista Cristã, escreve Flavio Faria,  chama a atenção para a importância de nos ligarmos mentalmente às boas fontes, ou seja, às correntes do Bem ou Universo Superior; o que não é possível, quando estamos conectados com violência, mesmo em se tratando de jogos de computador.

Atraímos sem perceber a influência nefasta deste tipo de contato mental. Uma infinidade de problemas de ordem psicológica, e posteriormente física, nos atinge, já que o ser humano, em geral, desconhece o poder da força mental, tanto para o nosso bem como para o nosso mal. Não nos cansaremos de recomendar os hábitos salutares de vida, recomendados por Luiz de Mattos quando da codificação do Racionalismo Cristão, tais como a higienização mental, através da limpeza psíquica, conforme  proposta e o cultivo de bons pensamentos, leituras, raciocínio lógico e atividades morais.

As pessoas do “mal”, podem usar jogos de computador para se aperfeiçoar na prática de suas delinquências.

Flavio Faria, vai mais além afirmando que não só as pessoas do mal, mas também os descuidados que, a partir do contato mental prolongado, podem tornar-se do mal, em função das influências advindas destes universos, esperando um contato nosso para assim derramar sobre os que se conectaram seus fluidos maléficos.

A VIDA NAS GRANDES CIDADES

As crianças de hoje, principalmente as das grandes cidades, precisam aprender a sobreviver nesta selva de pedra; pois se antes eram poupadas, hoje são alvos preferidos.

Entre as medidas que precisam aprender, está a maneira de atender ao telefone. Todos de casa devem ser orientados a não oferecer informações como o nome dos moradores, atividades, rotina, horários, itinerários, etc.

Ao atender ao telefone, deve-se perguntar diretamente com quem quer falar, em vez de dizer o número. Ainda que a família more em prédio, não permitir que a criança corra para abrir a porta assim que tocarem a campainha. Abrir a porta de casa tem de ser tarefa de adulto!

A juventude não costuma valorizar a vida. Isto se revela no uso de drogas, na preferência por esportes de alto risco.

Analisando-se o histórico de vida dessas pessoas, descobriu-se que na infância elas também foram muito expostas a perigos ou extremamente reprimidas. Acabaram se acostumando e correm risco de subestimar o perigo. É o que precisa para se tornarem vitimas dele. Na grande maioria das vezes, são os autores dos acidentes.

Desde cedo, a criança tem de aprender a se preservar. Os pais devem ensiná-la a não se exibir tanto na escola, mostrando os tênis de grife.

Ninguém é sequestrado pelo que é e sim pelo que têm!

Não espere que o governo destaque um segurança para cada criança; cada um tem de se mobilizar para fazer este trabalho.

Perceba se não estás jogando fora algo que pode ser aproveitado pela sociedade. É o critério de felicidade social.

FILHOS SÃO COMO NAVIOS

O grande ensinamento educativo que Içami Tiba e Flavio Faria pretendem passar é que a criança não deve fazer simplesmente o que tem vontade, mas deve aprender a administrar essa vontade.

Içami Tiba enfatiza que, quem ama educa e tem de educar a vontade para se proteger e dar condições à criança cuidar da sua própria segurança.

O lugar mais seguro para ficar o navio é o porto, porém, essa não é a sua finalidade. Para um navio bem construído, o mundo é pequeno!

Os pais são um porto seguro para os filhos até que eles se tornem independentes. Embora possam pensar que o lugar mais seguro, para as crianças é junto deles, os filhos devem ser preparados para navegar mar adentro, enfrentando, tanto o bom como o mau tempo para atingir seus objetivos.

A criança deve ser educada e preparada para ser seu próprio porto seguro. Assim, o mundo também será pequeno para ela, porque mais amplos serão seus horizontes!

Nem sempre os navios vão para o lugar que seus fabricantes imaginaram. Não se consegue garantir os caminhos escolhidos pelo filho, mas, seja pra onde for, deve levar dentro dele os valores éticos e principalmente morais, humanidade, humildade, honestidade, disciplina, força de vontade, gratidão, dispondo-se a aprender sempre e a transmitir o que puder, com vistas a estabelecer relacionamentos integrais com todas as pessoas, independentemente de sua origem, cor, credo e condições socioeconômicas e culturais.

O filho nasceu dos pais, porém é um cidadão do mundo!

PREVENÇÃO ÀS DROGAS

Quem não cuida do seu quarto e dos seus familiares, não tem porque cuidar do social e de outros cidadãos.

Uma das maiores causas da transformação dos filhos em predadores é a má educação e o uso de drogas.

A chance de um jovem entrar em contato com drogas é muito grande hoje em dia.

A melhor maneira de prevenção é dando formação ao filho para que tenha força de enfrentar as mais diversas situações ao longo de sua vida.

Um dos principais motivos do jovem usar drogas é seu despreparo para viver.

São muitas as razões que podem levar os adolescentes a experimentar drogas. A seguir, destacaremos as questões educacionais familiares, com alguns posicionamentos que podem predispor o adolescente a usar drogas:

* Extrema liberdade;
* Achar que o gostoso é sempre bom;
* Não ter de arcar com as consequências do que faz;
* Não ter obrigações a cumprir;
* Ser egoísta;
* Ser freguês de modismos;
* Falta de moral.

PAIS MAUS

Finalizando este trabalho, Flavio Faria, traz para os pais uma adaptação do texto do Médico Psiquiatra Carlos Hecktheuer(3).

Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães,  hei de dizer-lhes:

- Amei-vos o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

- Amei-vos o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer vocês saberem que aquele novo amigo não era boa companhia.

- Amei-vos o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: "Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar".

- Amei-vos o suficiente para ter ficado em pé junto a vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

- Amei-vos o suficiente para deixá-los ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

- Amei-vos o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade por suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, amei-vos o suficiente, para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em momentos até odiaram).

 Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também!

E em qualquer dia destes, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos vão lhes dizer:

"Sim, nossos pais eram maus. Eram os piores do mundo..."

* As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que tomar leite com café e comer pão com manteiga;

* As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas;

* E eles nos obrigavam a jantar a mesa, bem diferente dos outros pais, que deixavam seus filhos comerem vendo televisão;

* Eles insistiam em saber onde estávamos a toda hora (tocava nosso celular de madrugada e "fuçavam" nos nossos e-mails);

* Tinham que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles;

* Insistiam que lhes disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles violavam as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho, que achávamos cruéis;

* Achávamos que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer;

 * Insistiam sempre conosco para que lhes disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade;

* E quando éramos adolescentes, conseguiam até ler os nossos pensamentos;

* A nossa vida era mesmo chata. Eles não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que bater à porta, para que eles os conhecessem;

* Enquanto todos podiam voltar tarde da noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aqueles chatos levantavam para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar);

* Por causa deles, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por qualquer crime;

FOI TUDO POR CAUSA DELES
.
* Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "pais maus", como eles foram conosco.

APÊNDICES

SOBRE O AUTOR

            Flavio Faria, nascido em 13 de dezembro de 1960 na cidade de Santos-SP, é o segundo de três filhos que o casal Fernando Faria e Sonia Paronetto Faria.

            Sua formação acadêmica iniciou-se na “Escolinha da Tia Augusta” com aproximadamente cinco anos de idade. Posteriormente, no “Parque Municipal Martin Afonso”, onde ele e seus vizinhos, todos na mesma faixa-etária não se adaptaram, principalmente pelos lanches de qualidade duvidosa aos quais eram obrigados a fazer.

            Aos sete anos, é matriculado no Colégio Marista de Santos, onde permanece até o terceiro ano colegial.

            Submete-se em 1979, ao processo seletivo para o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) da Infantaria do Exército, onde escolhem-se 30 dentre mais de 2 mil candidatos.

            Forma-se Aspirante a Oficial de Infantaria do Exército Brasileiro; submete-se ao estágio probatório e é promovido a 2º Tenente da Reserva em 26 de dezembro de 1980.

            É aprovado em 1979 no exame vestibular para o curso de Engenharia Civil na Universidade de Taubaté-SP.

 Percebe grande influência, no seu desempenho escolar, dos estados emocionais advindos dos processos de relacionamentos pessoais; a ponto de convencê-lo a mudar de carreira. Estamos aí no primeiro quinquênio dos anos 80 e o mesmo entra no mercado mobiliário (Bolsa de Valores) por influência de seu primo e também do tio; obtendo significativo sucesso.

Em dado momento, diversificando seus ganhos, entra para o comércio. Analisou cuidadosamente qual ramo lhe proporcionaria o melhor retorno financeiro, facilidade na gestão e ainda, estivesse dentro da legalidade. Optou por adquirir uma Casa de Café Expresso. Junto com um colega de infância e também companheiro de Engenharia; adquiriram a primeira casa, chamada “ Café Society”.

Um ano após, adquiriram uma segunda Casa; foi onde o mesmo percebeu que era solicitado sempre pelos frequentadores, pedindo-lhe conselhos, aos quais não sabia como proceder... O questionamento sobre a vida e o viver, advindo do espiritismo, budismo, ocultismo e mesmo do racionalismo cristão, colocavam-no a se questionar do por que estar aqui! Apenas para adquirir mercadorias e revendê-las com lucro? Especular na Bolsa de Valores? Haveria de achar algo mais útil, com maior retorno espiritual.

Foi quando começou a cogitar a possibilidade de fazer Psicologia.

Fez curso pré-vestibular no regime intensivo, para recordar conhecimentos escolares e treinar o convívio harmônico com os futuros colegas de classe dez anos mais jovens em média.

Passou no vestibular para Psicologia na Universidade Católica de Santos e, ao dar por si, terminava o mesmo.

É especialista em Terapia Regressiva Vivencial Peres, pelo INTVP. Também especialista em Neurolingüística pela UNAERP, é practittioner e Máster-Practittioner em Programação Neurolingüística, pelo Instituto Holon-SP.  Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Transpessoal. Especialista em Gestão Integrada do Trânsito. Aluno do curso de pós-graduação Lato-sensu em Neuropsicologia  na Escola Paulista de Medicina.

Exerce atualmente a função de Psicólogo Perito Examinador de Trânsito há 14 anos; credenciado em São Vicente-SP. Presta consultoria na execução de laudos técnicos de Psicologia, em processos de seleção, professor universitário nos cursos de pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Psicopedagogia Clínica, Gestão Escolar I e II. É também psicólogo clínico, dentro da abordagem Transpessoal.

Casado com a Sra. Gilmara Berndt Faria, dois casais de filhos, residindo em Guarujá-SP.

Atualmente, é Diretor de Biblioteca da filial berço do Racionalismo Cristão, em Santos-SP.

BIOGRAFIAS

            Este trabalho se inicia com uma doutrinação feita em 20 de abril de 1934 do codificador do Racionalismo Cristão, Luiz de Mattos, tratando da educação dos filhos.

            A história do Racionalismo Cristão se confunde com a história de Luiz de Mattos; sobre ele, resumidamente temos;
 
Nasce Luiz José de Mattos Chaves Lavrador, na Vila de Chaves, Província de Trás-os-Montes, Portugal, em 5 de janeiro de 1860; filho de José Lavrador, espanhol e de D. Casemira Julia de Mattos Chaves.
Aos 13 anos, em 1873, veio para o Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro, onde o esperava o seu irmão Victorino de Mattos Lavrador, negociante em Santos, que o internou no Colégio São Luiz, em Botafogo, para seguir os estudos.
O desejo de Luiz de Mattos era de vir para a cidade de Santos para ficar na companhia dos seus tios Victorino e João de Mattos Chaves.
Partiu assim, autorizado por seus tios, para Santos, empregando-se  numa importante casa de estivas – secos e molhados no atacado – e da qual se passou, mais tarde, para o comércio de café, desenvolvendo aí grande atividade.
Dotado de uma inteligência incomum, assimilou tudo com incrível facilidade, neste novo rumo de comércio, nada havendo que ele não soubesse fazer com perfeição, inclusive ensacar, empilhar, separar e qualificar o café.
Seus chefes, que muito o estimavam e admiravam, despacharam-no para o interior de São Paulo e Minas, com a incumbência de comprar e obter consignações de café.
Entregue a essa nova atividade, o fez as mais elevadas relações com políticos, fazendeiros, negociantes, industriais, literatos, etc., chegando a alcançar as maiores simpatias entre compradores e vendedores de café, sendo, em breve, o mais considerado dentre os seus colegas.
Despedindo-se da casa em que trabalhava, para se estabelecer, iniciou-se, como comissário de café; seu capital era pequeno, mas as excelentes relações que tinha no interior e a sua grande simpatia concorreram para que, ao saberem-no estabelecido, os fazendeiros mandassem-lhe a maior parte das suas colheitas, e assim foi fazendo uma casa importante, a ponto de tornar-se a maior casa portuguesa em Santos, naquela época, exportadora de café.
Conhecedor profundo da matéria, prestimoso e pontualíssimo na prestação de contas aos seus comitentes, alastrou-se a propaganda da sua casa de tal forma que os fazendeiros, mesmo os que não o conhecessem, lhe faziam grandes consignações.
Sempre ativo e trabalhador, Luiz de Mattos chegou logo a possuir considerável fortuna. Foi fundador de diversas empresas no Rio de Janeiro e em Santos; dentre elas a Companhia Industrial, a Companhia Carris de Ferro, etc. Convém observar que esta última foi organizada em época de grandes dificuldades financeiras. Só mesmo seu irresistível prestígio poderia conseguir traduzir em realidade uma ideia que demandava de pronto avultado capital.
 Além destas e outras empresas, Luiz de Mattos foi igualmente o fundador da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio, do Real Centro da Colônia Portuguesa, etc.
Entre outros serviços humanitários, destacam-se os que desveladamente fez à Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos. Achava-se em completa decadência essa instituição benemérita, quando Luiz de Mattos, ainda materialista, mas impulsionado pela grande generosidade de sua alma, pôs ombros à espinhosa e árdua tarefa de levantá-la da prostração em que se achava.
Foi tanta a sua dedicação, tão desvelado, tão intenso o ardor com que se atirou a esse trabalho, que em pouco tempo conseguia ver coroados do melhor êxito os seus nobilíssimos esforços. A Sociedade Beneficente de Santos ficou em ótimas condições, no mesmo pé de igualdade das mais importantes agremiações congêneres existentes no Brasil. Nessa sociedade teve ele o título de Benemérito.
Eleito diretor da Associação Comercial de Santos, por diversas vezes, a
ininterrupta recondução ao cargo era a melhor prova da estima que os brasileiros e portugueses lhe tributavam.
Benemérito, por índole, de tudo que dava não admitia alarde; os beneficiados, porém, não se podiam conter e de boca em boca tornavam conhecido o bem que ele fazia.
No Asilo da Infância Desvalida de Santos, desde jovem, foi ele incluído no número de seus grandes Benfeitores.
A todas as instituições humanitárias ele comparecia, com prazer, auxiliando-as tanto quanto lhe era possível.
Grande abolicionista, amigo dedicado de José do Patrocínio, Júlio Ribeiro, Chico Glicério, Campos Sales, Bernardino de Campos, Santos Pereira, Luiz Gama e outros, bateu-se sempre pela abolição. Quando promulgada a lei de 13 de maio, ele, o Dr. M. Homem de Bittencourt e outros brasileiros e portugueses realizaram em Santos esplêndidas festas em comemoração ao grande acontecimento, que fazia entrar definitivamente o Brasil no convívio das nações civilizadas.
Embora havendo nascido em Portugal, era tão brasileiro como os aqui nascidos, visto ter desde criança, acompanhado, com vivo interesse, o progresso e trabalhado pela felicidade do povo brasileiro, com ele e por ele se batendo ao lado dos nacionais honrados daquele tempo, que acima dos interesses do bolso sabiam colocar os da Pátria.
Esquivou-se, embora descontentando muito os amigos, de aceitar o lugar de representante do povo paulista, como Deputado, por não querer deixar o cargo de Vice-Cônsul de Portugal, que vinha exercendo, nobremente, desde 1887, e mesmo por entender que não devia naturalizar-se, pois um ato desse praticado por ele, naquele tempo, reputava indigno. Dizemos naquele tempo porque depois que descobriu a Verdade e passou a explanar a Doutrina de Cristo, compreendeu e se convenceu de que Pátria apenas uma existia – O Universo – e que a seleção de povos e raças era, como continua a ser, uma consequência da ignorância em que viviam, e vivem ainda, todos os povos do planeta Terra.
Como autoridade consular em Santos, deve-se a Luiz de Mattos o fim das cenas desagradáveis havidas naquela cidade, entre trabalhadores e praças de polícia ali destacadas. Com o entendimento havido entre ele e o Dr. Bernardino de Campos, então Chefe da Polícia, em São Paulo, viram-se serenar os ânimos, restabelecer-se a ordem e voltar à calma e ao trabalho a cidade de Santos, sendo Luiz de Mattos alvo de grande manifestação popular.
Na Capital Federal, tinha ele também casa filial à de Santos para negócios de café, cuja direção estava confiada a um seu irmão. Em café, por mais de uma vez, perdeu e ganhou fortunas.
Era um empreendedor, um criador, um reformador. No comércio de café, foi criador do hoje desenvolvido sistema denominado café “a termo”, que, executado dentro dos seus moldes, é um negócio lícito, inteligente, moderno e de grande vantagem para o lavrador, o intermediário e o comprador.
Entre comerciantes e corretores da Praça de Santos, nada era resolvido sem que primeiro fosse ouvido o Luiz, como na intimidade comercial de café o tratavam.
Qualquer negócio de vulto em café, não era resolvido sem o seu conselho. Era voz geral: “Vai consultar primeiro o Luiz”.
Deixou os negócios de café, mais tarde, para recolher-se à vida privada, comprando então grandes áreas de terras em Santos e no Rio de Janeiro. Homem de vistas largas, previdente com relação ao futuro, tinha a certeza do grande valor que iam adquirir os terrenos, quer urbanos ou rurais.
Estando ainda cheio de vitalidade, sentiu-se mal fora da atividade comercial, e daí o ter deixado Santos para organizar e criar, na Capital Federal, a Empresa de Lixo e o Monopólio das Carnes Verdes, empresas estas entre as mais importantes daquela época, que produziam rendas colossais.
 Confiava em demasia nos outros, e daí o ser por vezes furtado nos seus haveres e no seu sossego.
Luiz de Mattos era escravo dos seus deveres, quer para com os seus negócios, quer para com a sua família, e mesmo para com os amigos.
Quando fora dos seus negócios, vivia exclusivamente para a família. Nessas horas de repouso, entregava-se à leitura de obras de autores recomendáveis, e pessoa alguma era capaz de encontrá-lo sem uma ocupação útil.
Sua biblioteca era rica; aproximadamente 2 mil exemplares e já quando rapaz era mais fácil vê-lo agarrado a um livro, a devorar-lhe os ensinamentos, do que a palestrar.
A educação dos filhos foi esmerada; não consentia que lhes pousasse uma mosca. E não era só aos filhos, mas também aos sobrinhos que lhe eram entregues para, como homem de princípios, zelar pela sua educação e instrução.
Acompanhando o desenvolvimento de todos, ia fazendo um estudo psíquico de cada um. O seu enlevo, a sua preocupação era um filho varão, a quem ele queria preparar para o substituir nas suas grandes empresas.
Somente permitia a frequência à sua casa de pessoas portadoras de qualidades e virtudes comprovadas.
Era austero, mas de uma bondade sem limites, metódico e disciplinado. Tinha horas para tudo. Com os filhos brincava, fazia ginástica, ensinava-lhes tudo quanto era preciso fazer, quer para estar em sociedade, como para se defender dela e assim dos perversos, ensinando-lhes a manejar desde a arma branca até às armas de fogo.
Às filhas vestiam todas por igual. Mandava ensinar-lhes tudo quanto quisessem aprender, e esses ensinos eram ministrados em casa por professores ou professoras, na presença de uma pessoa de respeito, da família. A sós, com professores ou professoras, pessoa alguma era capaz de vê-las.
Tinha a noção exata da moral cristã. Suas filhas ou sobrinhas à rua não saíam sozinhas, nem tão pouco passavam dias em casa de família alguma, por mais íntima que fosse.
Desde o calçado ao penteado, tudo ele observava, e quando alguma coisa estava fora dos seus princípios, imediatamente mandava modificar.
À sua mesa de refeições, todos tinham que se sentar com compostura e ordem. Cada filha servia à mesa uma semana. Suas filhas sabiam tudo, desde a cozinha à pintura, à música e aos trabalhos de labor; sabiam manejar instrumentos, não só na cozinha, como na sala de visitas.
Em sua casa, nunca se podia estar sem uma ocupação: lendo, bordando, pintando, costurando, etc.
Não tinha religião alguma. Materialista que foi até aos 50 anos, analisou as diversas religiões, através da história, e concluiu que as que não eram filhas da mitologia eram animalizadas.
Luiz de Mattos, sendo um homem de ação, um lutador incondicional, não podia aceitar tamanha monstruosidade, e daí o quedar-se livre pensador, materialista honrado, criando para si a religião da família e do dever, para qual vivia.
Acometido de um colapso cardíaco, esteve às portas da sepultura alguns dias e noites, não vendo na sua frente mais que sete palmos de terra gélida, onde iria terminar o corpo. Questionou a vida e o viver, raciocinou e analisou que não era possível, na sepultura, extinguir-se a vida do homem; algo mais importante devia existir que era a alma: o que ela era porém, não sabia.
Melhorou ele, mas adoeceram seus filhos; o médico assistente, seu velho amigo Dr. Oliveira Botelho, aconselha-o a não lhes dar remédios e sim uma alimentação escolhida, pois era caso perdido, estavam tuberculosos, mas, se houvesse cuidado na alimentação, ainda poderiam prolongar a existência, mas por pouco tempo.
Entristecendo-se com que o seu velho camarada lhe disse, retrucou-lhe Oliveira Botelho: — Luiz, a Medicina nada sabe, vive ainda às apalpadelas e suposições; eu, se não fosse diabético e ignorasse que estou para morrer dentro de meses, ia estudar o espiritismo, pois lá algo de científico existe.
Luiz de Mattos, que abominava o Espiritismo ao ponto de fazer suas filhas copiarem obras contra o mesmo, censurou o médico, e disse-lhe que parecia ter perdido o juízo, pretendendo ser espírita. Botelho confirmou o que dissera, e aconselhou Luiz de Mattos a estudar o Espiritismo. Este, que já não suportava sectaristas e muito menos ainda espíritas, pois nessa gente via muitos bêbados, mostrengados, doidos varridos, julgou um absurdo o conselho de Botelho.
Andam os tempos, Luiz de Mattos estuda Medicina para curar os seus, e chega à conclusão de que o Botelho lhe dissera a verdade com respeito à Medicina, pois, analisando o corpo humano pelo estudo anatômico concluiu não passar este de uma série de engrenagens, tão artisticamente ligadas que a menor molécula afetada, todo o organismo tinha de ressentir-se.
O dentista Fonseca, de quem a família de Luiz de Mattos era cliente, frequentava assiduamente o Espiritismo Racional e Científico, e aconselhou-o a que tirasse lá receitas e que havia de colher resultado satisfatório, pois curas extraordinárias já se tinham constatado. Acedendo aos seus conselhos, foram as receitas tiradas sem que disso soubesse Luiz de Mattos, à medida que os enfermos iam usando os remédios, melhoras sensíveis obtinham.
Certo dia, o seu amigo M., negociante laborioso, proprietário de uma torrefação de café, o estava esperando para pedir-lhe que fosse com ele ao Espiritismo praticado por certa gente honesta, adiantando que curas importantes estavam sendo feitas. Disse mais, que tendo gasto uma fortuna com o tratamento de sua esposa, sem obter melhoras, estava esperançado de lá encontrar o remédio para curar o mal que avassalava a sua companheira.
Ouvindo-o, atentamente, Luiz de Mattos diz-lhe:
— Mas então tu M., queres perder toda a tua fortuna? Não sabes que os praticantes do Espiritismo são uma corja de patifes? Toma juízo M., e deixa-te disso; eu não te posso acompanhar a tais antros, onde só se encontram bugigangas, bêbados, exploradores e patifes da pior espécie. Não te metas com semelhante gente, que acabas mal.
O amigo ficou muito entristecido, mas não perdeu a esperança de conseguir a sua companhia.
Todos os dias Luiz de Mattos por ali passava, e sempre entrava para cumprimentar o amigo M. E assim é que no outro dia este volta a pedir-lhe, com insistência, que fosse com ele, não acedendo ainda desta vez Luiz de Mattos, que sustentou o que anteriormente dissera. Ao terceiro dia, como de costume, entra Luiz de Mattos no estabelecimento do amigo M.; sentado a ler o jornal encontrava-se Luiz Alves Thomaz, vindo de Portugal para tratar da saúde, que há esse tempo não mantinha relações íntimas com Luiz de Mattos, mas, assistindo à reiteração insistente do pedido que M. fazia a Luiz de Mattos, disse-lhe Thomaz:
— Se o Senhor Comendador Mattos for com o M., eu vou também. Mattos, à vista do exposto e da insistência, disse:
—Pois bem, eu vou. Às tantas horas passem lá por casa, para seguirmos.
Felizes pela resposta despediram-se, e à hora marcada partiram para a casa de Luiz de Mattos; este já estava preparado; saíram então a caminho do Espiritismo, ainda desconhecido por eles, movido mais por curiosidade do que pela vontade de praticá-lo.
Ao chegar à porta dum “casebrezinho”, já o estava esperando um homem que lhe diz:
— Sr. Comendador, o nosso Presidente Astral, Padre Antônio Vieira, ordenou-nos que, quando o senhor chegasse, lhe déssemos a Presidência dos Trabalhos.
— Está maluco, homem, eu não entendo disso, eu fico mesmo aqui da porta a presenciar. Mas, diante da insistência, quer do homem que o esperava à porta, quer dos seus dois amigos, lá foi ele para a cabeceira da mesa.
Aberta a sessão, feitas as preces (irradiações), atua o Guia Médico no médium sentado à direita, e lidos diversos nomes, a cada um eram prescritas instruções.
Curioso e investigador, Luiz de Mattos que, atentamente, presenciara tudo, pede, após o término dos Trabalhos, os originais das receitas levando-os para a sua casa, em cujo escritório se fecha e, dirigindo-se à sua mesa de trabalho, senta-se e procura concentrar-se, fechando os olhos para fazer o mesmo que havia visto; mal sabia ele que estava correndo um grande risco.
Examinando o que havia escrito, verificou que o que o médium deixara no papel estava escrito em ordem, os tt traçados, os ii ponteados.
Procurou fazer o mesmo, e não o conseguiu.
Principiou aí o início do seu raciocínio sobre a Força fora da Matéria. Ele conhecia medicina, era inteligente e nada pudera fazer, ao passo que o médium, quase analfabeto, tinha produzido trabalho admirável.
No dia seguinte, já não eram os amigos M. e Luiz Thomaz que precisavam pedir o seu comparecimento; era ele que, desejoso de estudar, os avisava para, às horas certas, não faltarem.
Chegada a hora, de novo partiram para o Espiritismo e, como anteriormente, havia ordem, no Centro, dada pelo Presidente Astral, para que assumisse a presidência Luiz de Mattos, logo que chegasse.
Assumida por ele a presidência, na hora dos Trabalhos, após o receituário e algumas instruções, o Presidente Astral pede que se concentrem e é dada, por escrito, uma comunicação em francês legível, livre de erros, causando sério espanto a Luiz de Mattos, e tanto, que este chegou a perguntar, após a Sessão, se o médium tinha ilustração, e mandando-o escrever, após os trabalhos, a fim de se certificar se era verdade ou não. Não fosse ser vítima de alguma mistificação…
Informado das condições morais, materiais e intelectuais do médium, certo ficou de que fenômeno importante se passava.
Conversando com Luiz Thomaz e outro amigo, disse-lhes que o que vinha observando causava-lhe grande espanto, forçando-o a meditar sobre a causa dos efeitos que observava.
Novamente, no dia seguinte, para lá foram.
Iniciados os trabalhos, pede ele receita para os seus filhos e, após receitar, o Guia Médico, Dr. Custódio Duarte, diz-lhe: “Já são meus enfermos, estão melhorando e hão-de ficar bons”. Admirou-se, e só nesse dia ficou sabendo que, de fato, já os seus se estavam tratando lá.
Dada também uma comunicação em inglês, ele a analisou e verificou estar claramente legível.
No fim da sessão que Luiz de Mattos, sem interrupção vinha presidindo, atua um espírito num dos médiuns ao lado dele e insulta-o barbaramente. Desconhecendo esse fenômeno e supondo fosse o médium o insultador, prepara-se para o devido revide, quando rapidamente fica atuado o outro médium, e falando-lhe Padre Antônio Vieira:
— Acalma-te! Pois então não vês que o médium é um simples porta-voz dos espíritos? Como querias agir por essa forma, se no espírito não podias atingir?
— Tem paciência, estuda, eu te ajudarei; porém, é a ti que compete doutrinar, não só esse, como tantos milhares de outros que te irão aparecer, e assim precisa ajudar-me a limpar a atmosfera da Terra dos jesuítas que nela se tem quedado para a prática, ainda mais desenvolvida de crimes, que também já praticavam quando encarnados. Acordaste tarde; era para aos 26 anos teres iniciado comigo estes trabalhos, mas já que despertaste agora, e foi preciso que te sacudisse o ataque cardíaco para te lembrares de que a vida não desce à sepultura e sim ascende ao Espaço, a ligar-se a outras vidas, não podes mais perder tempo. Ajuda-me, pois, meu filho, estuda, e outros a ti se juntarão para levar por diante a bela doutrina de Cristo.
— Esse espírito que acabou de manifestar-se é Ignácio de Loyola, teu e meu companheiro em diversas encarnações. Há 400 anos que ele se queda na atmosfera da Terra, como terrível obsessor e chefe de grandes falanges. Cabe a ti doutriná-lo e mostrar-lhe o erro em que vive.
            Acalmado tudo e encerrada a Sessão, não mais faltou Luiz de Mattos aos trabalhos, nesse Centro, pobre materialmente falando, mas riquíssimo de luz, de inteligência, de saber, enfim.
Nas sessões seguintes, novamente se manifesta Loyola e, prevenido que estava Luiz de Mattos pelo Guia Padre Antônio Vieira, deixou Loyola falar à vontade. De súbito, Luiz de Mattos entra numa longa dissertação da Natureza, referindo-se a Deus, não à semelhança do homem, mas como Inteligência Universal, a irradiar por toda a parte onde existe vida.
Loyola espanta-se do que ouve do seu ex-companheiro jesuíta, quando Frei Bernardo ou São Bernardo, e pergunta-lhe:
— Mas tu que, como eu, não acreditavas em Deus, tu que até a pouco eras ateu, eras materialista, como e onde foste aprender coisas tão belas, como as que me explicaste?
— Amigo, o grande Padre Antônio Vieira, de nós muito conhecido, disse-me ser preciso acordar, que no Universo apenas existem Força e Matéria e que na Terra, os encarnados são instrumentos simplesmente do bem ou do mal. Portanto, se o que eu te disse te espantou, eu nada mais fui que porta-voz das Forças Superiores, que a seu encargo têm a remodelação do planeta e tu a elas precisas pertencer.
Grande foi o diálogo havido, porém, o resumimos e damos apenas uma ideia de como se iniciou o Chefe do Racionalismo Cristão nesta bela doutrina:
Enquanto Luiz de Mattos dissertava, com a sua voz de trovão, de orador, de impulsionador, Loyola cada vez mais iluminava a sua alma e, rompendo o véu de negrura em que estava envolvido ia vendo, luminoso, radiante, o espírito de Luiz de Mattos, assistido por Antônio Vieira, Camões, São Pedro, Custódio Duarte e tantas outras almas suas conhecidas.    
Reconhecendo-se vencido pelas verdades que havia proferido Luiz de Mattos, pede-lhe que irradie sobre a sua alma, reconhecendo que foi o maior dos desgraçados, que se sentia sem coragem para olhar para o quadro das suas obras, já agora tão nitidamente gravadas na sua aura e que, ao rememorar o passado, não via outra coisa senão barbaridades; que o ajudasse, com sua irradiação de valor, pois queria, desejava, precisava, entrar em lutas para o bem geral, onde mais depressa pudesse descontar as suas faltas.
Retirando-se Loyola, esclarecido, havia dado Luiz de Mattos o primeiro passo para a explanação da Verdade, tão desejada por Cristo.
Os companheiros e amigos de Luiz de Mattos, presentes àquela Sessão, disseram-lhe que estavam impressionados com o que dele ouviram ao que ele respondeu não mais se recordar do que dissera, e que tudo aquilo lhe viera de momento, não sabendo mesmo explicar como se prestara a definir a Inteligência Universal, quando nem em Cristo ele acreditava.
Agora, porém, analisando a sua obra, concluía ter sido ele um homem lutador, valoroso e apto a reagir a todos os insultos no terreno da luta.
Além destes fenômenos, muitos outros foram precisos para que a alma investigadora de Luiz de Mattos não vacilasse. E assim levou ele ano e meio em consecutivos estudos, até que um dia o Guia, Pinheiro Chagas, lhe disse:
— Meu filho, é necessário que te disponhas a iniciar a Obra, pois estás demorando muito.
Nessa altura já o Centro não era no casebre, mas sim numa boa casa, de propriedade de Luiz Thomaz.
Luiz de Mattos, entretanto, ressentia-se ainda da prevenção que tinha com o baixo Espiritismo e, como via todos que nele se metiam acabar na miséria, pensava na Família, pensava no que era preciso despender com a criação de um Centro à altura de tão bela Doutrina, e receava não poder arcar com tamanha responsabilidade.
 O Astral Superior, vendo-lhe na aura a preocupação, insiste, por intermédio do Guia, Custódio Duarte, em que era preciso caminhar. Assim assediado, responde Luiz de Mattos.
—Sim… estou pronto para a luta, contanto que aos meus nada venha a faltar.
— Satisfaz-nos a tua resposta, disse Custódio Duarte, e certo podes estar, que nada te faltará a ti nem aos teus tudo há de aumentar e àqueles que junto de ti viverem nada faltará. A ti, a parte espiritual, a Luiz Thomaz, a parte material. Sois os dois responsáveis por esta Doutrina. Caminhai unidos, e por vós zelaremos, uma vez que em pensamentos procureis religar-vos a nós.
Assim foi iniciada a Doutrina da Verdade, em 1910, na cidade de Santos, construindo-se um edifício para a sua explanação na Avenida Ana Costa, 67, inaugurado em 1912, ano em que foi inaugurado também o Racionalismo Cristão, no Rio de Janeiro, na Rua Jorge Rudge, 121, para onde, por ordem Superior, passou a Chefia da Doutrina Racionalista Cristã, visto ser a Capital do país.
Compreendida esta Doutrina por Luiz de Mattos, a ela se entregou, de corpo e alma, como lutador incansável, sem a menor dúvida ou vacilação.
Luiz de Mattos desencarnou no dia 15 de janeiro de 1926, quando completava, exatamente, 66 anos e 12 dias de vida física.

            Esta bela história continua e encontra-se na íntegra no livro cujo título Assim Surgiu O Racionalismo Cristão, esta a disposição do leitor na internet, http://racionalismocristao.net/biblioteca/, no link biblioteca virtual.


     A partir de agora, um pouco da história da principal fonte de pesquisa deste trabalho. Trata-se do dr. Içami Tiba.
     Nascido em Tapiraí, em 15 de março de 1941, filho de imigrantes japoneses, sonhou um dia em ser motorista de caminhão, é um médico, psiquiatra, psicodramatista, escritor e palestrante.
      Há três décadas trabalhando com adolescentes e conflitos familiares, o psiquiatra Içami Tiba é hoje um dos maiores especialistas nessa área no Brasil. Graduado em Medicina em 1968, pela Universidade de São Paulo, Professor-Supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela Federação Brasileira de Psicodrama, ele soma mais de 65 000 atendimentos psicoterápicos ao longo de sua carreira.
   Professor em diversos cursos no Brasil e no exterior criou a Teoria da Integração Relacional, que facilita o entendimento e a aplicação da Psicologia por pais e educadores.
     Foi coordenador do grupo de prevenção às drogas do Colégio Bandeirantes e integrante do Fórum Nacional de Educação e Sexualidade. Atualmente é membro da equipe técnica da Associação Parceria contra Drogas e membro do Board of Directors of the International Group Psychotherapy.
      Depois de ter um quadro em programas da TV Record e da TV Bandeirantes por vários anos, hoje Içami Tiba participa com frequência de vários programas na televisão e no rádio.
     Desde 1985, ano em que lançou seu primeiro livro, ele já publicou outros onze, atingindo a marca de meio milhão de exemplares vendidos. Sua última obra, "Anjos Caídos", aborda a prevenção das drogas na adolescência.
      Produziu ainda diversos vídeos, entre eles "Adolescência, Drogas e Rebeldia" e "Onipotência Juvenil".
      Em pesquisa realizada em março de 2004, pelo IBOPE, entre os psicólogos do Conselho Federal de Psicologia, os entrevistados colocam o Dr. Içami Tiba como terceiro autor de referência e admiração; o primeiro nacional.
Uma autora conceituada do Racionalismo Cristão que também escreveu sobre educação foi Maria Cottas, sobre ela temos a informar:
Em 15 de setembro de 1900 nascia aquela que veio a chamar-se Maria Julia de Mattos do Nascimento Cottas, espírito de uma bagagem intelectual e moral tão extraordinária que, em seus 71 anos de vida física, tornou-se um exemplo de figura humana, sempre voltada à literatura, às artes, ao Racionalismo Cristão e à juventude — a quem amava sobremaneira e que compreendia tão bem.
Como mulher altamente esclarecida e voltada para o sentido mais evolutivo do viver, sempre se mostrou preocupada com os rumos do espírito encarnado em corpo feminino, porque sabia dos seus árduos deveres como criatura humana e da sua importância tanto para a vida do homem como para o futuro dos povos.
Referindo-se à importância do estudo para o desenvolvimento intelectual da mulher, diz Maria Cottas em seu livro Folhas Esparsas:
"O desenvolvimento intelectual da mulher não diminui nem atenua a sua superioridade moral. Pelo contrário, deve e pode aperfeiçoá-la muito mais. Se até hoje nem sempre assim tem sido, quem tem culpa não é o talento feminino, e, sim, o meio adverso que o homem prepara para não o deixar desenvolver nem medrar. A mulher intelectual será esposa experiente e mãe inteligente. A mulher ignorante será, apenas, uma máquina."
Esposa do Consolidador Antonio Cottas, ao deixar a vida física, em 30 de outubro de 1971, deixou uma lacuna difícil de ser preenchida, para habitar definitivamente nas páginas da história do Racionalismo Cristão, com merecido destaque que seu grandioso espírito conquistou, em todos os dias de sua permanência neste mundo.
Outra autora militante do Racionalismo Cristão, que escreveu sobre crianças foi a professora Helmy M. de Almeida Franco. Esta deixou-nos a bela obra intitulada Racionalismo Cristão para Crianças, também a disposição na biblioteca virtual, sessão dois no endereço eletrônico http://racionalismocristao.net/.

CITAÇÕES

1) TIBA, IÇAMI; QUEM AMA, EDUCA; Editora Gente, SP, 106ª edição, 2003.

2) COTTAS, MARIA; PÁGINAS SOLTAS, www.racionalismocristao.org/biblioteca, edição Internet, RJ, 5ª edição.

3) HECTHEUER, CARLOS, MÃES MÁS; texto livre, extraído do portal www.pensador.info em 12/03/2009.

BIBLIOGRAFIA

SOBRE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS, manifestação de Luiz de Mattos em Sessão Pública de 20 de abril de 1934, centro Redemptor no Rio de Janeiro.

-   QUEM AMA, EDUCA; TIBA, IÇAMI, Editora Gente, SP, 106ª edição, 2003.

DISCIPLINA, limite na medida certa; TIBA, IÇAMI; Editora gente, SP, 60ª edição, 1996.

- SABER VIVER, Pompeu L. A. Cantarelli, http://racionalismocristao.net/biblioteca/, edição Internet, RJ, 2ª edição.

- PRÁTICA DO RACIONALISMO CRISTÃO, Luiz de Mattos, RJ, ed. Internet., RJ, 12ª edição, 1989