CARTAS OPORTUNAS
sobre espiritismo
14a Edição
1991
Sumário
Prefácio
Ao reeditarmos esta
coletânea de artigos e cartas de Luiz de Mattos, publicados na imprensa desta
Capital, sentimo-nos no dever moral e de consciência de não calar a Verdade
pregada e praticada pelo fundador do Racionalismo Cristão, verdade que fere e
caustica muitas almas transviadas do bom caminho, para forçá-las a meditar
sobre as coisas sérias da vida, entre as quais a prática abusiva do
espiritismo.
Pelo seu conteúdo
eminentemente esclarecedor e, pois, de combate, não aos homens, mas aos seus
erros, compreende-se que este livro não possa ser bem acolhido nos meios
melosos do espiritismo não científico, cujos praticantes se sentem feridos na
sua vaidade de pontificadores de incautos.
Que nos importa,
porém, o que pensam esses pobres ignorantes da vida real, se a finalidade desta
obra não é fazer comércio, não é explorar a ignorância ou a credibilidade de
quem quer que seja ou alijar criaturas de certas posições, para que outras as
ocupem?
Cartas oportunas
é obra elucidativa que tudo esclarece sobre espiritismo, mostrando a espíritas
e não espíritas o perigo que representam as atuações desordenadas, ainda que
feitas com as melhores intenções.
Nos artigos e cartas
de Luiz de Mattos, reproduzidas neste livro, usou ele, em muitas delas,
linguagem causticante, para alguns dos seus críticos, demasiadamente forte. Mas
para quem, como ele, conheceu de perto os praticantes da Magia negra,
muitas vezes oculta insidiosamente sob a capa do espiritismo, tais expressões
se justificam plenamente, principalmente se levarmos em conta que almas
inveteradas no crime astral ou terreno só acicatadas pela dor despertam da
embriaguez em que vegetam, rompendo a nuvem negra que as envolve.
Luiz de Mattos foi
sempre, na sociedade e na família, um perfeito diplomata, um fidalgo no porte e
no trato, mas a sua alma boníssima era como a de todos que se batem por causas
justas: vendo a maioria da humanidade resvalar para a prática do mal, escrava
de paixões e sentimentos inferiores, dominada pela ideia do gozo puramente
material e movendo-se num círculo de honrarias e vaidades tolas, revoltava-se
contra tanta materialidade e deixava-se invadir por uma espécie de nostalgia,
um desejo de retornar – ele que era, e continua a ser, um espírito de elevada
evolução – ao seu mundo de luz.
Não fora um ser
esclarecido, com a consciência, já nítida, da missão que o trouxera à Terra, e
se teria deixado talvez vencer pela ânsia de desprender-se da matéria, para
ascender ao plano Astral Superior.
As duras verdades
contidas nesta obra não devem, pois, inspirar qualquer sentimento de revolta ao
leitor, seja qual for a sua maneira de encarar o problema, e não o inspirará,
certamente, se considerar que Luiz de Mattos não escreveu por simples
passatempo, mas para transmitir à humanidade um pouco do muito que sabia da
vida.
Se a sua palavra
parecia seca, dura, causticante, a sua alma era transbordante do calor e vida
com que envolvia a todos, porque só o bem desejava ao próximo.
Ele verberava para
fazer doer e curar, e por isso aqueles que se sentiam atingidos pelas suas
verdades, que não podiam refutar, o chamavam de inimigo. Não deixavam de ter
certa razão, porque se não era inimigo das criaturas, era-o do que elas
praticavam: a mentira e a exploração em nome de Jesus.
Luiz de Mattos deve
ser visto, através desta obra, como o Pai austero que censura o filho por vê-lo
transviado do bom caminho, mas que, sabendo-o em sofrimento ou já regenerado,
vai ao seu encontro, e só se lembra do que precisa fazer para proporcionar-lhe
felicidade e bem-estar.
Despeitos, prevenções
e ideias preconcebidas devem, pois, ser postos de lado, quando se lê esse
livro.
OS EDITORES
O espiritismo não deve ser manto de imoralidades
Racionalismo Cristão
(Espiritismo Racional e Científico Cristão), que se pratica no Centro Redentor
e suas Filiais, tem por base a Força e a Matéria, únicos elementos de que se
compõe o Universo, nomeadamente o ser humano e tudo o que tem vida.
Nas Sessões Públicas
de Limpeza Psíquica, realizadas três vezes por semana, nas segundas, quartas e
sextas-feiras, às 20 horas (horas da noite), para desobsedar criaturas mal
assistidas ou atuadas por espíritos perturbados, encontra o observador sensato
e estudioso fenômenos que o obrigarão a pensar e raciocinar, para convencer-se
de que, de fato, somos alguma coisa mais que o monte de carne que vemos e
apalpamos, e que, enquanto nos causa a matéria asco e repulsa, após a morte, o
espírito, quando desce do seu verdadeiro mundo até nós, com a luz que lhe é
própria, nos inebria.
Pelo reflexo do que os
assistentes pensam, e pela atuação dos espíritos obsessores que avassalam os
médiuns ignorantes ou perversos, praticantes da magia negra,
e, ainda, pela manifestação do Astral Superior, que preside as Casas
Racionalistas, fácil é a compreensão da vida fora da matéria e da razão por que
Jesus disse: “Sereis o que pensardes”.
E assim é: pelo
pensamento, engendramos a nossa desgraça ou felicidade material e espiritual, a
saúde ou a enfermidade, as boas ou más relações sociais, o progresso ou a ruína
dos negócios, quaisquer que eles sejam.
O que são as leis
comuns e naturais, a força em si e a matéria em si, como causa e efeito de
tudo, quer de ordem material, quer espiritual, não têm querido saber os
espíritas não esclarecidos, porque a eles não interessa o espiritismo sobre
base racional e científica, por faltar-lhes disposição moral para submeter-se à
rigorosa disciplina que nos impõe o dever a cumprir para com a Humanidade, que
está carecendo de preparo espiritual para resistir ao tremendo vendaval de
loucura que se tornará a peste mais danosa do século e de todos os tempos, e para
a qual o materialismo da ciência médica não terá remédio.
É sabido que as
guerras prosseguirão até o fim deste século e princípios do vindouro, e que a
mortandade, a fome e a peste serão terríveis, passando o mundo por grandes
transformações. A marcha da ciência ninguém ousará pôr entraves, mas os efeitos
morais das guerras e da peste serão de tal ordem, que os espíritos fracos
terminarão por enlouquecer, havendo, no final deste século, uma espécie de
peste da loucura, como já houve a “peste negra”, que dizimou, pode-se assim
dizer, mais criaturas do que as maiores guerras de antanho.
Naquela ocasião os
empestados eram mortos à bala, para que o mal não grassasse, só se salvando os
fortes de espírito e do corpo. Eis o que está reservado aos glutões, aos gozadores,
aos devassos, aos escravos dos tóxicos que supõem que a vida se resume em
comer, dormir e praticar atos bestiais. A vida está nos mostrando ser de lutas,
investigações e trabalhos incessantes. Mas, repetimos, das coisas sérias da
vida não quer saber a grei sectária. A esta apraz ser ludibriada e mistificada
por espíritos que se apresentam com nomes respeitáveis que, conhecendo as suas
fraquezas morais, falam-lhes ao seu paladar, obsedando médiuns, presidentes e
quem assiste a essas comédias.
Essa gente leva a
ruína a lares, cujos componentes, durante anos, viveram em harmonia e paz. Com
tão prejudicial assistência, vão avassalando pessoas honestas que caem no ardil
de deixar-se desenvolver em tais antros, ficando tão dominadas e fanatizadas
pelo que nelas se praticam, que acabam por prostituir-se.
Muitos salafrários da
verdade utilizam-se da doutrina de Kardec para dar cobertura aos seus crimes.
Kardec, estamos certos, nunca supôs que em seu nome se praticassem tantas
monstruosidades e sua doutrina servisse de capa para essa malta de
saltimbancos.
Não é para tal gente,
evidentemente, que escrevemos, porque com o que não presta não se perde tempo,
mas para os incautos desse espiritismo rasteiro a fim de que se precavenham e
não cheguem a ver a ruína moral de seus lares e a desgraça material de toda
ordem.
A finalidade do
Espiritismo autêntico consiste em tornar o homem senhor de si mesmo,
preparando-o para o desempenho de seus encargos na Terra, e nunca, mas nunca
mesmo, para ser um instrumento degradante da família e da sociedade.
Pela ladainha dos
“enviados divinos (médiuns e presidentes de sessão avassalados), o raciocínio e
o livre-arbítrio são faculdades mortas, e se a humanidade se conduzisse pelas
suas ridículas teorias, a obsessão seria ainda maior.
Espíritas verdadeiros e embusteiros
Entre os grandes males
que sempre afligiram a humanidade, destaca-se a prática da magia negra,
disfarçada, muitas vezes, com rótulos de “centro espírita”, tem papel dos mais
destacados.
Nesses “centrelhos”
não se cogita da regeneração moral de quem quer que seja. O que neles se trata
é de vinganças, cangamentos e outras misérias morais. A ajudá-los, estão os
espíritos malfeitores, zombeteiros, embusteiros que viveram, quando encarnados,
sempre praticando patifarias.
Se à humanidade fossem
explicados os porquês da vida, inclusive a composição do Universo, que é a
mesma do ser humano – Força e Matéria – estaria ela hoje esclarecida, e
dispensaria aos pensamentos o mesmo cuidado que tem com a eletricidade, o
radium etc. É pelo pensamento que o ser humano alcança a saúde ou a doença, o
êxito ou o fracasso.
A solução dos
problemas da vida dos indivíduos, das coletividades, das nações e do mundo,
depende da normalidade dos homens, da sua educação moral e preparo intelectual,
baseados em princípios racionais e científicos, cada um sabendo que é uma força
geratriz de pensamentos e que, como os alimentar, assim será: bom ou mau, feliz
ou infeliz, saudável ou doente.
Sendo os pensamentos
forças saturadas de poder, preciso se torna esclarecer as criaturas,
fazendo-lhes ver que sem preparo, sem disciplina, sem bom estado psíquico, sem
moral em todos os lares, nada absolutamente de bom, de útil, de estável
conseguirão, porque sem esses predicados, as fobias várias que avassalam a humanidade,
filhas da falta de moral, continuarão a imperar por toda parte.
Para que isso se não
dê, é necessário que cada um de nós, os já esclarecidos, já senhores dos
porquês das coisas, não deixe que caminhe tão desenfreadamente esse veneno
mental, essa praga de espíritas embusteiros, como são os praticantes da magia negra.
O Espiritismo é a
ciência das ciências! A filosofia das filosofias! Aquela que sendo a ciência da
vida, nos guia, acertadamente, na luta travada na Terra, preparando a alma para
a vida de elevação moral e de futura vitória espiritual!
O Espiritismo, quando
bem orientado e colocado no campo do esclarecimento, consola, anima, encoraja e
retempera os espíritos para os embates da vida, como ensina o notável médico
Pinheiro Guedes em sua obra magistral: Ciência espírita,
é “a chave certa de todos os problemas”.
Entretanto, para
certos “espíritas”, é ele capa de sem-vergonhices, praticamente limitado ao
desenvolvimento de médiuns, alguns analfabetos que se prestam à prática do mal,
à corrupção de políticos, à desonra de lares, satisfazendo aos consulentes,
também maldosos, que não tendo a hombridade precisa para enfrentar criaturas de
algum valor material, moral ou político, vão às escondidas, a altas horas da
noite, fazer as suas encomendas aos “pais de serviço”, “pais de mesa” ou “pais
santos”, aos quais pagam bem para que o “trabalhinho” visado seja bem feito.
Desgraçados daqueles
que mercantilizam com o espiritismo e abusam da fraqueza e ignorância dos seres
humanos!
É chegada a hora de
todos se esclarecerem para se libertarem desses embusteiros.
Só triunfarão na luta
pela vida os que souberem o que são como Força e Matéria, e quanto valem a
vontade educada e os pensamentos ao seu serviço.
Os esclarecidos de
verdade nada temem, porque a sua arma de defesa consiste no valor, na honradez,
na calma, no desprendimento, e quem emite pensamentos elevados, jamais será
atingido pelas falanges obsessoras postas ao serviço maldoso dos perversos, dos
comodistas e negocistas da desgraça alheia.
Trabalhar para bem
pensar é dever que se impõe a todos que da honra têm noção.
Tratamos de Doutrina e não de pessoas
Aos bem intencionados,
a quem estas publicações interessam, pedimos toda a atenção quando lerem o que
escrevemos, e que o façam livres de ideias preconcebidas ou paixões, para,
então, com verdadeira isenção de ânimo, poderem julgar as nossas palavras.
Assim fazendo, muito deverão lucrar espiritualmente, embora o que tenhamos dito
e venhamos a dizer sobre Espiritismo, não seja novo, porque nada, absolutamente
nada de novo existe neste mundo de torturas, verdadeiro alambique depurador de
almas.
Há, todavia, coisas
que aparecem e passam por novas, por descobertas da atualidade, em virtude da
ignorância em que tem vivido o gênero humano. A certa classe de gente ainda
apraz conservar a verdade oculta, em benefício de seus interesses pessoais,
morais e materiais, e da vaidade que exibem, grotescamente.
Essas coisas sobre
espiritismo, que a muitos possam parecer novas, não o são, porque todos os
fenômenos psíquicos, espiríticos, são muito conhecidos e tornaram-se
corriqueiros nas anteriores civilizações do Oriente, e até do Ocidente da
Europa.
Disso tem tratado o
Centro Redentor, em narrativas várias, e agora novamente o faz através de
ligeiras palestras, para não fatigar o espírito ou alma do leitor, partícula da
Inteligência Universal que o vulgo chama Deus, e que, quando liberta de ódio e
malquerenças, só anseia por paz, amor, verdade e justiça, e quer luz e mais
luz!
À medida, porém, que
fordes lendo estes escritos, haveis de certificar-vos de que não é possível
evitar nem curar os males da humanidade, sem se escrever claramente ou falar a
verdade, e isto é princípio firmado pelo Racionalismo Cristão, Doutrina que se
prega e pratica no Centro Redentor e suas Filiais.
Por assim ser, diremos
somente a verdade, porque só esta torna livre a humanidade.
Quer isto dizer que
assumimos inteira responsabilidade de tudo quanto dissermos nestas colunas,
pois nenhum outro intuito nos move que não seja o de prevenir os lerdos,
esclarecer os ignorantes e despertar os incautos, uma vez que nada querendo e
nada precisando de ninguém, visamos, apenas, cumprir o nosso dever de cidadão
esclarecido e fiel discípulo da Doutrina implantada por Jesus e codificada pelo
Racionalismo Cristão.
Ao serviço da Verdade,
definindo princípios doutrinários e nunca tratando de pessoas, teremos sempre
um prazer imenso em ver contestadas as nossas asserções; mas contestadas por
homens de valor e saber, criaturas verdadeiramente normais, que, como nós,
desejem ser apenas instrumentos de esclarecimento do povo deste soberbo, lindo
e querido Brasil que, queiram ou não, há de ser o pioneiro da nova civilização,
por ser habitado por muitas almas já grandemente evoluídas, que só se sentem
felizes vendo os demais povos em paz.
Ao tratarmos da
Doutrina Espírita, claro está que só de princípios cuidaremos, e não,
repetimos, de pessoas, por mais normais e sábias que pareçam. As pessoas serão
sempre, para nós, instrumentos bons ou maus, esclarecidos ou ignorantes,
conforme o seu estado de alma, de pensar e sentir, refletidos em ações ou
obras. Serão, pois, representantes de princípios certos ou errados, salutares
ou danificadores, e nada mais.
Para o homem conseguir
algo de bom, precisa ser, além de metódico e disciplinado, livre para pensar e
agir, pois, doutro modo, nada de bom, de útil fará para o bem do Todo, do povo,
da família e de si mesmo.
Pelo exposto, pedimos
ao leitor amigo nunca veja em nossas palavras a cor do despeito, o desejo de
sobressair, de menosprezar ou diminuir a quem quer que seja, espírita ou não.
Demonstraremos, com
clareza, os perigos da materialização dos pensamentos, da prática da Magia negra,
das sessões espíritas em família, venham elas com o rótulo que vierem.
Os bem intencionados
hão de acabar por dar-nos razão, e talvez cheguem à Doutrina do meigo Nazareno,
que recomendava: “Amai o próximo, como a vós mesmo”.
Estes poderão
transformar os seus lares em templos de amor e virtude, e também em oficinas de
trabalho e produção. O Rabi será o cidadão trabalhador, honrado esposo e
extremoso Pai, e a diretora, a preceptora, a respeitável esposa e carinhosa e
muito querida Mãe. Os assistentes, discípulos e trabalhadores, serão os filhos,
os irmãos, os sobrinhos, os netos, toda a família, enfim.
O Racionalismo Cristão esclarece
Explicada, como ficou,
a nossa atitude na publicação anterior, sob o título “Tratamos da Doutrina
espírita e não de pessoas”, para que dúvidas não restem sobre os nossos
intentos e deveres, diremos que não havendo efeito sem uma causa inteligente,
não podemos nem devemos tratar da mais séria, da mais proveitosa das Doutrinas,
sem partir da sua base, na parte prática.
O principal
instrumento do Espiritismo, na prática, é o médium desenvolvido. Dos perigos
que correm os médiuns e aqueles que os endeusam, aceitando todas as suas
sentenças, não souberam, porém, tratar os que mais escreveram sobre
Espiritismo.
Inúmeras foram as
obras escritas por Kardec. Médium que era, muitas vezes foi atuado por
espíritos jesuítas, e daí a influência do misticismo religioso nos seus
escritos que, embora possuindo boa moral, são nocivos aos espíritos fracos.
Seus ensinamentos
levam as criaturas ao desenvolvimento mediúnico, mas nada lhes é ensinado sobre
os perigos a que estão expostos os médiuns, nada se lhes disse sobre a sua
composição astral e física, do que resulta a prática do espiritismo sem método
e sem disciplina, deixando-se os médiuns atuar em qualquer lugar para
praticarem a pretensa “caridade” a que, a propósito de tudo, se referem.
Para os sectários
inimigos gratuitos do Espiritismo Racional e Científico[1]
que se pratica no Centro Redentor e suas Filiais, o médium é uma personagem
“divinal” que “incorpora” para dar “receitinhas” de pingos de água
“alcoolizada” e outras bugigangas, algumas beberagens até perigosas, em
qualquer parte, “centro espírita” ou casa de família, nas mesas de botequins,
tabernas ou centrelhos, e que também dá “passes”, faz “água rezada” e articula
um amontoado de palavras sem significado nem valor, que são tidas entre os
crentes como “mensagens do além”, dadas por “protetores”, por “irmãos do
espaço”, por espíritos “camaradas” e até por “mensageiros do pai” ou de “Nosso
Senhor Jesus Cristo o Divino Mestre” etc
Dizemos médiuns
desenvolvidos, porque médiuns intuitivos são todos os seres humanos, e é por
isso que se diz “saber ou dizer tal ou qual coisa por intuição”; e intuição só
é aquela que nos vem de fora e vive fora de nós, e o elemento que intui só pode
ser partícula da Inteligência Universal, chamada alma ou espírito pelo vulgo;
mas médiuns desenvolvidos, sem vontade, o são somente as pessoas fracas e as
que, menos fracas, procuram desenvolver-se nos centrelhos espíritas, para
“receberem espíritos” e praticarem a tal “caridade”.
O leitor, por certo,
não se espantará com a afirmativa de que todos somos médiuns intuitivos, e mais
ainda se lhe dissermos que médiuns videntes e auditivos são também os cavalos e
os cães, como se prova através do livro A vida fora da matéria”,
editado pelo Centro Redentor.
A esses médiuns assim
desenvolvidos e praticando a mediunidade em qualquer parte ou centro espírita,
temos, bem a contragosto., de chamar a pior praga que no mundo existe, por
serem todos eles ignorantes do que seja a mediunidade humana e de como ela se
desenvolve e deve praticar, para o bem próprio e da humanidade.
Ora, sendo a
ignorância a origem de todos os males, e não se conhecendo o médium a si mesmo,
como Força, partícula da Inteligência Universal, também ignora ser ele uma
porta aberta para os espíritos materializados, que perambulam no astral
inferior, obsessores de médiuns ignorantes e de pessoas que não se conhecem
como Força (alma) agindo sobre a matéria.
Não sabem, ainda tais
médiuns o que é a mediunidade e como deve ser ela praticada com as precisas
garantias para não terminarem avassalados pelo astral inferior, composto de
espíritos que se quedam na atmosfera da Terra, por haverem, por sua vez,
desencarnado na mais completa ignorância; pois nem Alan Kardec, nem todos os
outros seus discípulos, inclusive os dos outros ramos denominados “ciências
ocultas”, algo disseram a respeito de Força e Matéria.
Todavia, desde 1910, o
Racionalismo Cristão está sendo explanado e praticado no Brasil, tendo se
iniciado em Santos, Estado de São Paulo.
O primeiro a iniciar aqui
no Rio de Janeiro o Espiritismo Racional e Científico Cristão, como
representante do Centro de Santos, foi Ignácio Bittencourt, antigo espírita
kardecista. Como o Espiritismo Racional e Científico Cristão é feito por
Espíritos Superiores, de verdadeira pureza, que lhe impunham uma disciplina
rigorosa no viver material e no espiritual, determinando horas para tudo e
exigindo uma moral pelo menos relativa, esse médium da primeira hora, não tendo
força para praticar tal disciplina, desertou, rapidamente, para o antigo campo
de espíritas
de fancaria, que é uma variante da Magia negra.
Por este e outros
exemplos verificados em médiuns da primeira hora, chegamos à conclusão, na
prática de 14 anos, que tais médiuns são, de fato, a pior praga que na Terra
existe.
É com esses
instrumentos viciados, vaidosos e obsedados, portadores de diferentes fobias,
que se pratica, por aí, o tal espiritismo, tendo por chefes astrais (astral
inferior) caboclos ou pretos Lodoros, Urubatãs, Juncos Verdes, Ismaéis, todos
do ambiente brasileiro, místicos, e outros infelizes obsessores que empolgam,
dominam e enlouquecem “pais de mesa” e “presidentes de sessão”, como o vulgo os
denomina.
Médiuns e presidentes
são similares, e por isso, de acordo com as leis comuns e naturais, que eles
chamam divinas, sem saber porque, só Lodoros, só inferioridades astrais, só
obsessores podem atrair. Faltam-lhes sentimentos e conhecimentos para se
constituírem em corrente fluídica, ímã de atração dos espíritos puros, do
Astral Superior.
Depois desses médiuns
ricos ou pobres – homens ou mulheres – ignorantes do que são como Força e
Matéria, e por isso entregues aos espíritos obsessores, com grande perigo para
os incautos, são os
presidentes de sessão os mais criminosos dos seres humanos, espiritualmente falando,
como a seguir explicaremos, para que o leitor amigo fique sabendo que não está
perdendo o seu tempo ao tomar conhecimento destes esclarecimentos para
livrar-se de tal praga, a pior, até hoje, conhecida.
A essas criaturas
ultraperigosas, vêm os espíritos do Astral Superior esclarecendo, desde 1910;
elas conhecem os Princípios explanados pelo Centro Redentor, em suas diversas
obras, mas, como tais princípios são baseados na Verdade, e têm por fim o
desenvolvimento das virtudes dos seres, e, portanto, o alijamento dos seus maus
hábitos, o domínio pleno da alma e a prática da moral verdadeira e das virtudes
recomendadas pelos espíritos do Astral Superior; só essas qualidades podem dar
força e vigor ao ser humano, e torná-lo um instrumento útil a si mesmo e à
humanidade em geral.
A mediunidade não é graça divina
Ao leitor desprevenido
deverá parecer heresia a maneira de tratarmos os praticantes do baixo
espiritismo, principalmente os médiuns, por estar certamente habituado a
ouvi-los dizer que a mediunidade é uma “graça divina” etc.
Quando iniciei os meus
estudos sobre o espiritismo, e antes de aprofundar-me neles, na maior boa-fé
também tomei os médiuns como mensageiros de Deus (Grande Foco), sem me
aperceber do que eram capazes esses infelizes que fazem da mediunidade uma
profissão torpe e não passam de instrumentos do astral inferior.
Somente depois da
publicação da 1a edição do livro Espiritismo Racional e Científico
(cristão)[2]
pude demorar meu raciocínio nos porquês das coisas e observar o logro de que
havia sido vítima, ao acreditar em tal falsidade, que por toda parte era tida
como verdade.
Só então, depois de
haver publicado esse logro da “graça divina”, foi possível ao Astral Superior
que dirige o Centro Redentor e seus Filiados atuar num médium devidamente
esclarecido e previamente preparado, mesmo sem que ele o percebesse, portanto,
um dos médiuns mais aptos, e em hora de maior calma, colocado dentro de forte
corrente fluídica, constituída por seres de boa vontade, para dizer aquilo que
eu havia já concluído, mas não divulgado a pessoa alguma, que “graças são
favores e que se tais favores pudessem ser concedidos, se os praticasse Deus
(Grande Foco), falharia a lei que determina que cada um tem o que merece”.
Essa explicação do
Astral Superior veio confirmar as máximas de Jesus: “Como pensares, assim
serás”. “Como fizeres, assim terás”.
Somos, pois, aquilo
que pensamos, e os nossos pensamentos estão sujeitos às leis naturais, por ser
o pensamento uma força saturada de poder, para o bem ou para o mal.
Ora, essa balela de
tomar a mediunidade como um favor divino, uma graça do pai celestial, é própria
desses médiuns ignorantes, indisciplinados, desordenados e alguns até perversos
e imorais que fazem questão de que essa tolice ganhe foros de verdade entre os
espíritas, para mais facilmente se tornarem dominadores dos incautos e fazerem
jus a salamaleques, melosidades, honrarias e privilégios no seio das famílias
honestas, que às vezes se tornam desonestas, com a sua inferior assistência
astral.
Tão viciados desses
privilégios ficaram os médiuns desenvolvidos e praticantes do espiritismo em
família e, fora dela, nos salões dourados, nos centrelhos de todos os feitios,
como viciados e iludidos na sua boa-fé ficaram os assistentes de tais sessões,
a tal ponto foi e vai essa crendice, essa léria especulativa, por parte de tais
médiuns e seus admiradores e fanáticos, que hoje, ao lerem as nossas
incontestáveis afirmativas sobre tais instrumentos, revoltam-se contra nós,
“honrando-nos” com barbaridades diversas, das quais temos que rir, por
julgá-las naturais e próprias da ignorância que os domina e nos tentou dominar,
inicialmente, mas que terminará por desaparecer do mental de todos, como
desapareceu do nosso, quando pudemos raciocinar e concluir que o sobrenatural
e o milagre
são produtos exclusivos da ignorância humana, e que o Grande Foco, gerador de
tudo, não pode dar mais a uns do que a outros, não pode castigar nem
perdoar, porque a isso se opõem as leis naturais, em virtude das
quais cada um tem o que quer ter e por si engendra o bem e o mal, de acordo com
a sua vontade, o seu livre-arbítrio e a irradiação dos seus pensamentos,
impulsionados por essa vontade; sendo, portanto, certo que cada um tem o que
merece.
Por assim ser, aqueles
que lerem estes escritos, devem procurar raciocinar muito sobre o que formos
publicando com relação aos médiuns e a outras verdades referentes à prática do
espiritismo, e se isso fizerem com isenção de ânimo, livres de ideias
preconcebidas e paixões mal cabidas, hão de acabar concluindo que nos sobrou
razão para as asserções contrárias a tudo quanto tais instrumentos do mal
afirmam.
Espíritas ou não devem
ler, com atenção, estas apreciações, como verdadeiros cristãos que são todos
aqueles que não aninham ódios nem prevenções no seu espírito, lembrando-se de
que quem se zanga turba a razão, desperta as más paixões, a verdade se esconde,
o sentimento de justiça foge, as virtudes choram e todos os sentimentos
altruístas elevados adormecem, de acordo com as conclusões a que cheguei nos
meus estudos de psicologia humana.
Preparem-se todos,
pois, para continuar a ler verdades sobre a mediunidade e o médium – a parte
mais séria da vida dos seres – e da prática do espiritismo, que tanto seduz o
gênero humano.
Quem praticar o mal, terá de repará-lo
Na obra Racionalismo
Cristão (já na 36a edição), explana-se o que o Centro
Redentor e seus Filiados demonstram em teoria e prática sobre o Espiritismo. A
disciplina e o bom método criam a ordem, e só com esta é que se podem atrair
espíritos de luz para beneficiar os que sofrem moral e fisicamente, normalizar
criaturas obsedadas, acalmar as nervosas ou irritadas, que nada mais são do que
médiuns avassaladas, ignorantes do que seja a mediunidade.
Naquele livro pode o
leitor estudioso, pois, ver claramente o que são a mediunidade, o
livre-arbítrio e o Astral Superior que dirige o Centro Redentor.
Esse livro encerra tão
profundos ensinamentos, que homens de real valor o cognominaram de verdadeiro
luzeiro da humanidade.
Estudando-o,
analisando-o, facilmente se conclui que o espírito traz, ao encarnar, a
mediunidade intuitiva, o livre-arbítrio, o raciocínio, além de outras
faculdades necessárias ao processo de sua evolução, umas desenvolvidas e outras
latentes.
Esses elementos são as
armas que acompanham cada espírito, ao encarnar, ao deliberar descer a este
planeta para trabalhar em corpo físico, a fim de poder levar a bom termo a sua
depuração, o cumprimento do seu dever e, portanto, o seu aperfeiçoamento.
A mediunidade é tanto
mais desenvolvida, quanto maior esforço for preciso para reparar males
praticados. Os mais criminosos, portanto, os mais fracos, trazem a mediunidade
vidente e auditiva (ver e ouvir os espíritos, como em geral dizem), que serve
para proporcionar-lhes mais facilmente os conhecimentos sobre a vida fora da
matéria.
E trazem essas
faculdades mediúnicas para, vendo e ouvindo espíritos desencarnados, se
convencerem da continuação da vida após a morte do corpo, e assim não mais
falirem e não perderem a encarnação.
É, pois, a vidência,
quase sempre, prova de inferioridade espiritual ou reflexo de muitas
encarnações perdidas, de muitas dívidas e faltas cometidas, de muito se haver
feito sofrer aos outros na prática de crimes de toda espécie.
A vidência, possuem-na
o cavalo e o cão, como elemento natural de progresso, como auxílio para o seu
caminhar para a evolução, a que tudo e todos estão sujeitos; por determinação
natural das leis da vida, a Força Criadora de tudo, por muitos chamada Deus,
mas que poucos sabem definir, e que nós reconhecemos por Grande Foco, por ser
Luz e Inteligência a clarividenciar os espíritos, as mentes ou inteligências, e
a impulsionar os átomos para a formarão de células e moléculas.
Bastante razão teve
Guerra Junqueiro ao chamá-lo de Grande Fogo!
Mas é tão errônea a concepção
da vida, principalmente da transcendente – que os médiuns que vêem e ouvem
espíritos, passam entre os espíritas incautos por “enviados especiais do pai
celestial”, como “mensageiros privilegiados seus”, e entre outros, como
“bruxos” ou “criaturas endemoniadas”, possuidoras do demônio ou satanás, quando
se trate de seres mergulhados na mais profunda ignorância. Aí, essas criaturas
têm o dom de falar com as entidades da corte celestial, fazendo jus até à
canonização. No passado, os plebeus podiam chegar à fogueira, como sucedeu com
a grande Joana D'Arc!
Entretanto, tudo isso
só demonstra, na realidade, serem almas atrasadas umas, covardes muitas, e
grandes criminosas a sua maioria.
Em toda parte se
desejara comunicações com espíritos, mas, a não ser o Astral Superior, ao
serviço da grande causa de Jesus, alguém tratou de fazer luz sobre a composição
do Universo?
Pôde, pois, o Astral
Superior, servindo-se da nossa mediunidade intuitiva, firmar Princípios
doutrinários indestrutíveis, e, com a cooperação de médiuns treinados e
desejosos de servir à Verdade, portanto, à causa do Bem, fornecer os elementos
precisos, baseados nas leis naturais, para confecção da matéria que encerram os
livros Racionalismo
Cristão e A
vida fora da matéria.
Neste, que contém gravuras
demonstrativas da vida fora da matéria, pode o estudioso constatar o perigo que
correm aqueles que se concentram para receber “mensagens do além”, praticando
espiritismo em família ou em qualquer centro, sem base, sem corrente fluídica,
método e disciplina, e observar a assistência astral dos “pais-de-mesa”, de
“serviço”, “presidentes de sessões” e dos seus médiuns analfabetos e ignorantãos, ou alfabetizados e grandes espertalhões.
É sabido pelos
estudiosos – e isto se afirma no Redentor e em suas Casas Filiais – que todos
os médiuns mistificam, por vontade própria ou sem o querer; e porque assim é,
torna-se de fato o médium um instrumento perigoso, como o tem sido a maioria
daqueles que vêm praticando a célebre “caridade” (dar receitinhas),
e os que têm feito questão de passar por grandes médiuns, o que nos levou, com
motivos justificados, a classificá-los “como a pior praga que existe neste
planeta depurador de almas”.
São, pois, todos os
médiuns inexperientes ou pretensiosos, criminosos por vontade própria ou sem
vontade, e até, às vezes, desejosos de bem fazer a si e aos outros. Não
queremos com estas palavras desmoralizá-los, por serem tais sentimentos
impróprios de todos os que, com a consciência esclarecida, estão a serviço do
Centro Redentor.
O que visamos é
somente esclarecer as criaturas com a verdade, para evitar o desenvolvimento da
obsessão e doutras desgraças entre os incautos, os bem intencionados, e
chegarem à loucura provinda da obsessão desenvolvida, todos os dias, com a
mediunidade mal praticada.
A boa-fé e o tal
ridículo desejo de praticar a “caridade”, como em geral dizem os falsos
espíritas, não os inibe de chegar à loucura. Mal é mal, crime é crime, embora
praticado involuntariamente, ou em boa-fé.
Não há atenuante para
o espírito (alma) que pratica crime de lesa-incautos contra a humanidade e
contra si próprio.
Estude-se, pois, o
viver das criaturas, o seu passado e o presente, e fácil será prever-lhes o
futuro.
Nesta penitenciária –
a Terra – tudo se há de resgatar, a maioria dos casos em encarnações futuras.
Somente os humildes
perante a Verdade, altivos perante o dever, valorosos no perigo e cordatos com
a razão, justos no julgar, poderão ter saúde e paz de espírito.
Mais vale, pois, a
pobreza farta, que a riqueza mal adquirida.
O mal dá-nos remorso;
o bem traz-nos sossego espiritual.
– Por que não fazer
esforço para tornar-se bom, em toda a extensão da palavra?
Sejamos, hoje, melhor
do que fomos ontem. Este deve ser o lema do cristão.
Para obsedados, não há lógica
Os que conhecem a
psicologia das criaturas, em virtude do estudo diário, dentro e fora do Centro
Redentor, dos atos humanos, chegam à certeza absoluta de que a normalidade dos
seres é mui rara, e que a lógica nada consegue dos anormais, por serem estes
criaturas obsedadas.
Tendo fundado, com o
meu companheiro Luiz Alves Thomaz, dois hospitais para a normalização de
loucos, que existiram até 1916, um em Santos, a bela cidade praiana do Estado
de São Paulo, na avenida Ana Costa no 67, e outro no Rio de Janeiro,
na rua Jorge Rudge no 121, ficaram até os mais céticos convencidos
de que a obsessão só poderia ser curada com o emprego do método e da disciplina
aconselhados pelo Centro Redentor.
Um médico, velho amigo
meu, me dizia: “Para anormais não há lógica, e só uma disciplina constante e
obrigatória poderá fazer com que o anormal acorde e se ponha a raciocinar para
compreender o que se lhe diz, e assim se vá normalizando pouco a pouco”.
Ora, em virtude do
estado de alma da maioria dos seres humanos, e da minha confiança inabalável
nestes Princípios, tornados terapêutica para as mais variadas fobias,
fartamente observadas por mim, tomei a resolução inabalável de não dar
importância à opinião de quem quer que seja, para censurar-me, para julgar-me
bom ou mau, certo ou errado, isto por ser bem claro que os elogios ou censuras
não me atingem, porque não trato nem discuto pessoas mas, sim, e unicamente,
Princípios. Para mim só tem valor real, só pode merecer consideração e
respeito, quem me provar, com fatos e não palavras, possuir moral verdadeira,
exata noção do dever e permanente empenho em cumpri-lo.
Os Princípios pregados
por Jesus e fartamente divulgados pelo Centro Redentor, ensinam-nos que só se
deve tomar a sério aquele que quer estudar e aprender; se aos viciados
apontamos em tese os vícios e suas misérias, é para alertá-los com o
conhecimento da verdade, obrigando-os, pelo esclarecimento proporcionado, a
raciocinarem com acerto.
A Doutrina
Racionalista Cristã nada quer materialmente para si própria, mas os seus
Princípios exigem, porém, que todos raciocinem, para se tornarem esclarecidos,
e assim úteis a si mesmos, à família, à pátria e à humanidade.
Assim sendo, caros
leitores, não deveis perder tempo em julgar-me, porque o vosso julgamento e a
vossa opinião, quaisquer que sejam, não me fazem abalar, não me vão preocupar o
mental, que está sempre pronto para auxiliar os que dele precisarem, e muito
deseja o vosso progresso moral, a normalização de todos, com o que sente imenso
prazer a minha alma; mas não levará ela a sério qualquer coisa partida deste ou
daquele que não tenha uma finalidade elevada e despersonalizada.
As paixões, quaisquer
que sejam, toldam o raciocínio e perturbam a razão. Portanto, só levarei a
sério aqueles que saibam pôr de lado as suas pessoas, para tratarem
valorosamente da humanidade enferma da alma e do corpo, como o soube fazer
Jesus.
Sinto-me, pois, muito
bem no trabalho contínuo de difundir e praticar a verdade, o Espiritismo
Racional e Científico Cristão (Racionalismo Cristão), elucidando os de boa
vontade sobre as coisas sérias da vida, aqui e no Além grandioso e belo, coisas
estas que todos reputamos, no Centro Redentor, muito sérias, sem nada
desejarmos das pessoas, nem mesmo agradecimentos.
Sinto-me feliz em
saber que estou contribuindo para o bem-estar físico e moral de alguém, como
satisfeito fico também quando, de algum modo, posso socorrer um necessitado,
mas prefiro que nunca me toquem no benefício prestado, porque se alguém lucra,
sem dúvida, é aquele que socorre com a consciência do dever, e não o socorrido.
É, pois, para as
pessoas de boa vontade que o Racionalismo Cristão existe e o Astral Superior
desce à Terra. Para os indiferentes, pretensiosos e criminosos, ele não convém,
por serem esses cegos propositais, que só aceitam como bom o que agrada ao seu
paladar depravado, à sua vaidade, aos seus vícios, às suas misérias morais.
A quem não agradar
esta rude franqueza, que tenha paciência, mas que a grave no seu mental, para
não se deixar, em tempo algum, iludir com aqueles que, cientes e conscientes,
tenham de falar em nome do Centro Redentor.
As pessoas que
representam o Centro Redentor têm por dever ser trabalhadores, livres e
independentes, embora pobres de pecúnia...
Eles não vivem da
Doutrina nem dá credulidade do povo. Trabalham, e por isso só se sentem
satisfeitos quando sabem que o mau se tornou bom, que o desonesto se tornou
honrado, que a adúltera se regenerou, que o materialista se espiritualizou, que
o obsedado se desobsedou, enfim, que todos se tornaram úteis a si e à coletividade.
Continuai, leitores
amigos, a ter a paciência de ler estas publicações e, sem ofensa às vossas
crenças ou doutrinas, demorai-vos a raciocinar sobre o que lerdes e, por certo,
haveis de concluir tratar-se de um trabalho de grande alcance psíquico e moral.
Sobre a mediunidade
Além do que se acha
exarado no livro Racionalismo
Cristão, editado pelo Centro Redentor, sobre a mediunidade, o
médium (e como este mistifica, mesmo sem o querer), além desses preciosos
esclarecimentos, tem o médium de subordinar tudo, toda a sua vida material e
espiritual aos Princípios Racionais e Científicos da Doutrina.
O médium tem por dever
raciocinar muito sobre esses Princípios, sobre os seus maus hábitos, desejos
desordenados, imperfeições e, muito especialmente, deve convencer-se de que nas
suas vidas anteriores, por falta de conhecimentos dos porquês das coisas e da
instrução e educação erradas, acumulou no seu corpo astral (perispírito,
subconsciente ou duplo etéreo), e no seu próprio espírito, maneiras, teorias,
hábitos e conhecimentos errados, baseados nas falsidades dos mistificadores.
Tão errados
conhecimentos impedem a manifestação clara da Verdade pelo Astral Superior
(espíritos esclarecidos), atuando no médium.
Com tais conhecimentos
errados, vindos de épocas passadas, o espírito do médium não aceita as
intuições contrárias aos mesmos e, por isso, só articula ou escreve aquilo que
tem gravado, que fixou no corpo astral, durante suas vidas passadas, nessas
encarnações quase todas perdidas ou de pouquíssimo aproveitamento para ele.
Por esse motivo é que
se nota no estudo e prática do alto e baixo psiquismo – que os adeptos de Alan
Kardec denominam Espiritismo – que o espírito do médium teima em conservar
esses errados conhecimentos e os seus maus hábitos, ao ponto de repelir o
Espírito Superior (depois deste haver atuado nele), passando a irradiar na sua
própria vida anímica, imitando a irradiação do Astral Superior, e a articular e
escrever as suas falsas teorias e todas as formas religiosas, sectaristas,
filosóficas ou pseudocientíficas, que tem gravadas no seu perispírito.
Por assim ser,
raríssimo é o médium que serve para todos os trabalhos psíquicos, pois se um
prescreve conselhos regularmente, outro é eficiente somente nas Sessões de
Desdobramento e nas Sessões Públicas de Limpeza Psíquica (de desobsessão), para
se deixar atuar, receber o astral inferior (espíritos da atmosfera da Terra), e
transmitir à assistência aquilo em que pensa o ser que se acha na mesma Sessão,
a quem o espírito atuado assistia e obsedava.
O Racionalismo Cristão
não aprova a prática dos passes executados como habitualmente fazem por aí, ou
à maneira obsessora dos “pais de mesa”, “presidentes de sessão” e magna caterva
canjerista, a quem, desde 1910, se empenham o Centro Redentor e o Astral Superior
em esclarecer, através de seus médiuns disciplinados, para bem dos incautos e
deles próprios, que só males produzem com tais passes, portadores de seus
próprios fluidos, ou atuados por espíritos obsessores possuidores de fluidos
venenosos captados nos corpos em decomposição nos cemitérios, nas águas
estagnadas das valas, nos corpos enfermos hospitalizados e outros quaisquer,
mesmo de irracionais.
Poucos são os médiuns
habilitados a darem comunicações certas, baseadas nos Princípios da Doutrina da
Verdade, porque para isso é preciso que o espírito do médium não tenha sido
sectarista, fanático, beato, nas outras vidas (encarnações) ou pelo menos na
última, que não haja gravado no seu perispírito os falsos princípios sectários, e possua em si o ardente desejo de evolução, que precisa fazer,
baseada em princípios racionais.
É necessário, enfim,
que o espírito do médium seja evoluído, livre de manias e de mentiras
convencionais desta encarnação, para que se confirme o velho ditado que afirma
que “o ser já nasce feito” e que “o que o berço dá, somente a tumba leva ou só
na tumba desaparece”, como continuaremos a provar para o bem geral.
O médium só é útil, quando esclarecido
Os que têm lido estas
publicações domingueiras, caro leitor, devem ter observado que o que no mundo
existe de mais sério e perigoso, é o médium mal orientado, ignorante dos
porquês das coisas, que não se conhece a si mesmo como Força e Matéria e
trabalha sem disciplina e método, fora das correntes fluídicas organizadas pelo
Astral Superior e não pelos homens, pelos ridículos e grotescos “pais de mesa”,
“presidentes de sessão”, como eles se denominam.
E tomai bem nota: O
médium que foi sectário de qualquer das seitas existentes, não pode dar
comunicação alguma que não seja baseada nos falsos princípios que praticou na
última encarnação, e está sempre com o milagre, o sobrenatural e as conhecidas
melosidades na boca, tais como o “perdão” e a “caridade” sempre humilhantes, e
o falso “pai celestial” pois falam muito em Deus, mas nunca o definiram de um
modo claro e racional.
Só o Astral Superior,
através de seus instrumentos, pôde vir colocar as coisas nos seus devidos
lugares e, definido como sendo o primeiro elemento componente do Universo, ao
qual, se tivesse de dar um nome, caberia o de Grande Foco, porque o definiria
melhor e faz desaparecer a falsa crença de que “deus” é uma figura à semelhança
do homem, materializando-se, assim, vergonhosamente, o que nunca foi matéria
nem tem forma.
Com os falsos
princípios religiosos, tais criaturas, os médiuns, nem em centenas de
encarnações alijarão de seu perispírito essa bagagem mística, fanática e
intrujona, que não os deixa falar em “deus” sem melosidades e mentiras
subservientes, sem expressões repletas de súplicas, amor animal, caridade e
perdão, todas contrárias às leis naturais, à razão e ao bom-senso, mas que por
muitos séculos vêm sendo explanadas como verdades, como coisas sérias e certas,
quando não passam de intrujices criadas pela vaidade, filha da ignorância, da
subserviência vilíssima e especulativa, do fanatismo do ser físico, sendo esta
forma de loucura mansa a mais terrível, a mais danificadora, desde muito antes
de Jesus.
O médium tem de
carregar toda essa bagagem de conhecimentos e hábitos errados até poder dela
libertar-se pelo estudo raciocinado, e as doutrinações que deve ouvir dos seres
esclarecidos e honrados, como têm por dever de ser todos aqueles que assumem a
responsabilidade de presidir Sessões no Centro Redentor e seus Filiados.
Nesses Centros – Casas
do Racionalismo Cristão – nenhum médium pode trabalhar sem estar organizada a
corrente fluídica, por ser esta, a um só tempo, a sua garantia e apoio dos
espíritos de luz, para trabalharem com o único fim de beneficiar a humanidade
pelo esclarecimento da verdade, e não pela humilhante e falsa caridade de
receitar aguinhas bentas.
Mas sendo certo que
essas criaturas fanáticas, obsedadas, não fazem o menor esforço para alijar
essa bagagem repleta de falsos princípios educativos e preceitos sociais e
religiosos, dever têm os Presidentes dos Centros onde se pratica o Racionalismo
Cristão de estar bem senhores dos Princípios Básicos da Doutrina, como dóceis
instrumentos do Astral Superior, e terem muita paciência com tais médiuns que
venham a enveredar para a Verdade, desejosos de acertar, de se adaptarem à
disciplina que os Princípios do Racionalismo Cristão impõem a todos, pois se a
isso se prestarem, fazem jus à consideração das pessoas honradas, que saberão
dar-lhes a sua irradiação de valor e amizade, e que não ignoram que se tais médiuns,
já modificados no seu viver moral e material, não dão mais intelectual e
espiritualmente, é porque não podem, pois a natureza não dá saltos e o espírito
não pode chegar à perfeição senão com muito trabalho e luta constante contra os
maus hábitos e as suas concepções erradas, gravadas no seu perispírito durante
muitos séculos.
Todavia, se o médium,
depois de esclarecido e amparado pelo Astral Superior e pelas criaturas também
esclarecidas e honestas, prefere continuar no erro e se revolta contra a disciplina
racional e contra o que para o seu bem é dito, deverá ser posto de lado,
abandonado mesmo pelos seus companheiros disciplinados, que o devem esquecer
para não sofrer a influência deletéria de sua maléfica assistência astral.
Um médium avassalado é
sempre perigoso numa casa de família, pela atmosfera pesada, densa, doentia que
cria, a todos perturbando. O convívio diário com tais criaturas torna-se
prejudicial ao corpo e ao espírito, podendo ocasionar perturbações e doenças
várias, se forem espíritos fracos e ignorantes do valor do pensamento e do
poder da vontade.
É para que não
continuem a grassar as endemias espirituais nos lares, que o Centro Redentor
vem fazendo luz no espírito de todos que queiram raciocinar.
O homem esclarecido,
que se conhece como Força e Matéria, não enferma facilmente, e está habilitado
a criar um lar com absoluta saúde mental e física.
Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, que serve de
base à explicação dos porquês das coisas.
As causas desses “porquês” são a Força, que se deve procurar na
sua fonte de origem, o primeiro elemento componente do Universo, pois os
efeitos são a matéria, e nada mais. No Universo só existem Força e Matéria, os
mesmos componentes do homem e de tudo que tem vida. Nada reais há, além desses
dois elementos
Força e Matéria. Tudo se engendra e desdobra dentro deles.
A Força, parcelada em todos os reinos da natureza, causa
primacial de tudo quanto existe neste e nos outros mundos, que o vulgo
erradamente denomina Deus e nós chamamos Grande Foco, por ser incitador de tudo
quanto existe neste e nos outros mundos, – não a conhece a humanidade nem a
definem as inumeráveis seitas existentes na Terra, desde as praticadas pelos
selvagens, às dos povos ditos civilizados.
Também não a conhecem os espíritas religiosos, em geral, que
nada mais praticam que variantes da Magia negra, a torpe e vilissima
feitiçaria, saídos todos esses praticantes das diversas seitas, que nada
souberam explicar sobre a composição do Universo e o que são a Força, a
Inteligência e o Espírito, causa de tudo quanto existe.
Nenhuma dessas pessoas (umas tidas como chefes dalguns ramos do
espiritismo, e outras dirigentes das várias seitas), soube explicar o que toda
gente tem necessidade de saber para esclarecer-se sobre a alma, na qual todos
falam, por “ouvir dizer”, mas sem a noção exata, certa e segura do que seja,
como partícula integrante de um dos dois elementos componentes do Universo e
dos seres.
É dessa ignorância, oriunda da indolência espiritual, uma das
mais perigosas, porque dela nascem os males de que a humanidade está sofrendo,
que resulta para todas as seitas e pessoas em geral, a aceitação do “coração”,
como fonte de sentimentos humanos, de alegrias e tristezas de toda gente,
quando aquele órgão não passa de um músculo, cuja maior importância consiste em
ser pêndulo do corpo que, como no relógio, carece de corda, e se a este a dá a
mão humana, àquele, ao coração, a dá o espírito, que, tal qual a mão, vive do
lado de fora desse referido músculo, mais intensamente ligado ao cérebro,
motivo pelo qual nos grandes abalos morais, é a cabeça que mais sofre.
Diante do exposto, o coração nada mais é que um órgão receptor
das emoções vibradas pelo espírito sobre o cérebro e deste reproduzidas sobre
aquele, mas já como conseqüência do dano produzido no sistema nervoso e na
ramificação arterial, visto ser o coração o órgão distribuidor do sangue. O
cérebro é o engenho central da rede telefônica, e o coração a estação
nutridora.
No relógio, a corda, depois de alguns anos, arrebenta e fica sem
conserto, não exercendo a mão do homem mais influência sobre a máquina. Na
criatura, chegando o tempo, gasta a matéria, fica enfraquecido o pêndulo
(coração) e é obrigado o espírito a cessar também a sua influência irradiativa
sobre o corpo.
Se não houvesse ignorância a respeito dos porquês da vida e de
todas as coisas, e do que cada um é, as criaturas não atribuiriam ao coração,
importante, mas simples víscera do corpo humano, qualidades, sentimentos, bens
e males, alegrias e tristezas que só podem existir e, de fato, existem, no
espírito (alma), visto que a matéria “só se organiza, incita e movimenta por um
elemento que lhe vem de fora e vive fora dela, que é o espírito”, princípio
explanado e consagrado por Claude Bernard, o pai da Fisiologia moderna, pelo
grande Paul Gibier, discípulo querido de Pasteur, e outros cientistas honestos.
Quem empregar as frases “o coração manda”, o “coração chora”, o
“coração canta”, o “coração tem melodia”, e “o coração tem amor”, prova nada
conhecer da composição do Universo, do que sejam o pensamento e a alma. Sua
obra poderá ter boa literatura, mas encerra poucos ou nenhuns ensinamentos,
visto ter por base a matéria e pensamentos materializados. Isto é a verdade, e
porque o é, não agrada a muitas nem pode ser compreendida pelos que se dizem
espíritas e praticam o espiritismo sem método e disciplina, tornando-se
fanáticos, que loucos são, por não quererem fazer o menor esforço para
raciocinar e tão pouco para melhorar o seu “eu”, preparando-se para o
cumprimento do dever, a fim de colaborarem na grande obra do Todo, como
verdadeiros obreiros do Bem, que só podem ser aqueles que se conhecem como
Força e Matéria e palmilham o caminho traçado pelos Princípios racionais
pregados por Jesus, que se neguem à vida de prazeres desordenados, à mentira,
às convenções saciais, pondo de lado evangelhos e teorias esdrúxulas, e
surgindo no palco da vida como homens sensatos, francos, leais, valorosos,
nunca encobertos como manta da hipocrisia, escondidos sob pseudônimos ou
acovardados no anonimato, nem como vive a maioria dos seres que se intitulam
evangelistas-espíritas, todos melosidade, mas também insinceros, subservientes,
como insinceros são os seus guias, embora rotulados de nomes pomposos com que gostosamente
os ludibriam, sugam-lhes a vida anímica e enfraquecendo a espírito, levando os
mais fracos ao avassalamento, à loucura.
Por assim ser, e não como muitos supõem, é que afirmamos, com
segurança absoluta, que tais praticantes do Espiritismo mística são uns
infelizes, porque não passam de fabricantes de loucos, como tereis, caro
leitor, ocasião de ler através destas colunas em que tudo vos explicaremos,
pelo desejo que temos de cumprir o nosso dever de cristão, e jamais como
exibicionista.
Estas coisas, caros leitores, precisais saber, por serem elas as
mais sérias da vida humana, que se conservaram, apesar disso, por muito tempo
encobertas e assim continuariam por séculos, se não fossem chegados as tempos
prometidos por Jesus, para o raiar de uma nova aurora.
Os perigos da prática do Espiritismo
Não conhecendo os
praticantes do Espiritismo vulgar a causa inteligente de todos os efeitos, de
tudo quanto se observa, quer material, quer espiritualmente, quer, ainda, dos
fenômenos mediúnicos e outros, é claro que tais criaturas sem base, método e
disciplina, só males podem praticar, como de fato praticam, embora algumas não
sejam mal intencionadas.
Se para as artes,
desde o pedreiro, o carpinteiro, ao artista mais categorizado, ninguém pode
prescindir da aprendizagem subordinada à disciplina e métodos indispensáveis,
se para qualquer profissão puramente material é necessário estudo sério para
que o resultado seja compensador, como é que os praticantes do Espiritismo (que
é a ciência das ciências, a arte das artes, “a ciência profunda e eclética”,
no dizer do ilustre médico brasileiro Antônio Pinheiro Guedes, na sua sapiente
obra Ciência
Espírita), que tudo explica e tem por fim o benefício geral da
humanidade, pelo esclarecimento, pela explanação ampla da Verdade, como é que
os praticantes do espiritismo, dizíamos, não querem sujeitar-se a uma
aprendizagem séria, a um estudo acurado, racionalmente feito, a fim de que
assim tenham a indispensável base para trabalhar e produzir os bens que a
ciência espírita quer colocar, através do esclarecimento, à disposição do
gênero humano?
Se, pois, todas as
práticas e profissões, ainda que puramente materiais, exigem um estudo sério,
baseado em teorias experimentadas e provadas, como é que uma ciência tão
importante para a prática da mais bela, da mais séria e, por isso mesmo, da
mais complicada e perigosa doutrina filosófica, que denominam Espiritismo, por
ser a ciência que tudo explica com relação ao espírito, desvendando a causa
principal das suas enfermidades e da obsessão e loucura, como pode ser
praticada sem estudo?
Como é que pessoas de
destaque social, muitas portadoras de títulos universitários, vão a
sessõezinhas em família, chegando à macumba, aos terreiros, que são verdadeiros
chiqueiros espirituais (onde, para agravar, para satisfazer a animalidade de
espíritos terrivelmente obsessores da atmosfera da Terra, são sacrificados
bodes pretos, galinhas e patos da mesma cor), como é que pessoas, decentes e de
destaque social, dizíamos, se podem confundir, se podem misturar com os
praticantes dessa nojenta magia negra, supondo que tal
miséria lhes poderá trazer “sorte”, resolver os seus problemas amorosos, vencer
os desafetos e até acertarem na loteria?
Como devem ser
classificadas as pessoas que prestigiam essas práticas miseráveis e, com elas,
os “pais de santo”, os tais médiuns mistificadores e os que frequentam os
centrelhos que ostentam títulos pomposos ou não, onde dizem “praticar a
caridade”, quando não passam, mesmo sem se aperceberem, de instrumentos do astral
inferior, de espíritos zombeteiros e gozadores, portanto, que se aproveitam da
ignorância de médiuns e presidentes para ludibriar os que os levam a sério?
Consciente ou
inconscientemente, os frequentadores, além de muitos se prejudicarem com essa
frequência, correndo sério risco de ficar obsedados, loucos, e até com a vida
material e familiar arruinada, contribuem para a proliferação dessa chaga
social que se vai estendendo, cada vez mais, por toda parte, com graves riscos
para a sanidade mental e física das criaturas humanas.
Se tais pessoas
perderam a noção das coisas sérias da vida, e assim da moral verdadeira,
merecem ser chamadas de loucas, classificação idêntica à dos tais “pais-de-
mesa” dos celebérrimos “presidentes-de-sessão”, que guerreando os padres e o
papa, fazem questão cerrada de passar entre os incautos por grandes personagens
do espiritismo, apesar de não serem mais que figuras grotescas a pontificarem
nos centros onde se pratica não o verdadeiro espiritismo, mas a magia negra,
cuja assistência astral é obsessora e danificadora de corpos e almas.
Quem desce a
confabular com um “pai de mesa”, no seu antro infecto e nauseabundo,
espiritualmente falando, ou chamando-o em sua casa, confunde-se com ele e
acabará por ser vítima do astral inferior, que, ao seu serviço, lhe armará a
cilada que planejar. É tal a influência que os obsessores exercem sobre as
senhoras de espírito fraco, que elas, sem se aperceberem, se prestam à prática
de atos indignos e repulsivos, traindo os maridos, desonrando os seus lares,
atos esses que praticam sem se aperceberem do ridículo, da vergonha e do crime
que cometem, pois a assistência astral de tais macumbeiros leva-as ao estado de
excitação sexual e quase de abstenção dos sentidos, como que em estado
cataléptico.
Não há exagero na
afirmação de que a maioria das conquistas, dos desmoronamentos dos lares, é
tramada pelo astral inferior, ao serviço dos “pais de mesa”.
Homem ou mulher que
alimenta ideias de conquista amorosa, cria em redor de si um ambiente sensual,
atrai espíritos gozadores e sensualistas, que o ajudam a dar o bote na pessoa
visada, e se chega a fazer a sua encomenda de cangamento ao “pai de serviço”,
então fica tal ambiente carregado, e para que a criatura não venha a cair no
laço que lhe é armado, é preciso que possua moral rígida, caráter impoluto,
nunca haja descido a consultar cartomantes ou canjeristas e tenha a vontade
fortemente educada para o bem.
Fiquem certos de que,
mesmo entre as famílias religiosas, muitos casamentos são realizados com a interferência
do astral inferior. As mães, coitadas, por ignorância, vão aos “pais de
serviço” e às cartomantes para amarrar os noivos de suas filhas, principalmente
se virem neles bons partidos.
Quem dera que com
estes esclarecimentos pudéssemos despertar as criaturas, para que os criminosos
se tornassem bons cidadãos e os incautos seres pensantes e raciocinadores.
O Espiritismo é uma ciência
Ciência profunda e
eclética, que é o Espiritismo, no dizer do Dr. Pinheiro Guedes, não pode ela
ser praticada, tumultuada e boçalissimamente, como está sendo, nos tais
centrelhos dos “pais de mesa”, nos centros sem corrente fluídica ou em casas de
família onde se fazem as sessõezinhas de invocação para a prática da “caridade”
etc.
Aquele notável médico
brasileiro, na sua obra Ciência
Espírita, escreve: “Assim, pois, o Espiritismo visa um fim, estuda
uma ordem de fatos, emprega métodos, processos e instrumentos exclusivamente
seus, cria teorias, estatui princípios, estabelece leis; satisfazendo assim e
preenchendo todos os requisitos exigidos pelos foros científicos”. “O
Espiritismo é, sem a mínima dúvida, uma ciência, e seus princípios, suas leis,
têm aplicação universal: são um fanal no meio das trevas que nos cercam, são um
farol no mar tempestuoso da vida”.
Sim, é tudo isso que
esse sábio, honra dos cientistas brasileiros, afirma, e o Centro Redentor, na
prática, o comprova, nas suas Sessões Públicas de Limpeza Psíquica e outras,
confirmando-o também em teoria, através de suas obras.
Praticado, porém, por
criaturas ignorantes do que seja a Força em si e a Matéria em si, base da
composição do Universo e, portanto, de tudo quanto existe, somente males, só
danos morais e materiais o espiritismo místico pode produzir, e, de fato,
produz, sendo essa a razão de muitas criaturas sensatas não levarem a sério
tais praticantes. Outro não foi também o motivo dos egípcios e gregos haverem
ocultado ao povo ignorante o conhecimento do espiritismo científico, por não
estar ele preparado para praticar essa verdadeira ciência, cuja chave está no
pensamento e ação. Daí limitarem a sua prática aos iniciados, e darem-lhe o
nome de ocultismo, ou ciência oculta.
Os sábios desprendidos
quiseram, em épocas diversas, revelar ao povo essa ciência, mas os negocistas,
os que tiram proveito da sua ignorância, aliados aos que defendem o
obscurantismo, a isso sempre se opuseram tenazmente.
A verdade é que tão
importante ciência não pode ter como intérpretes médiuns e presidentes de mesa
ignorantes e, em sua maioria, destituídos de formação moral e intelectual e sem
condições, além disso, para compreender que a sua finalidade principal é
esclarecer e orientar a humanidade.
Poderá o Espiritismo
resolver os problemas sociais praticado por tal gente, com presidentes
pernósticos, médiuns analfabetos atuados por pretos “Lodoros”, caboclos
“Urubatãs”, “Juncos Verdes”, “Pariparobas”, “Mães do Ouro”, “Mãe d'Água”, “Sete
Coroas” etc., que nada mais são do que espíritos quedados na atmosfera da Terra
(astral inferior), zombeteiros uns, brincalhões outros, perversos muitos,
sofredores alguns, mas obsessores e obsedados todos?
O Espiritismo há de
resolver, sim, muitos problemas sociais, cuja causa é de ordem espiritual e não
material. Se se cogitasse da espiritualização do homem e da mulher, mas de um
modo racional, com base nos princípios de fraternidade pregados por Jesus, não
teríamos o comunismo, o fascismo e outras correntes extremistas a avassalar o
mundo com o seu materialismo egoísta que torna os seres humanos frios e
insensíveis.
– Mas, o que têm feito
as religiões e os próprios “espíritas em provação”?
– Apenas materializar
todas as coisas da alma, e daí a descrença de tudo e de todos nos mentores
espirituais, por verem neles exploradores da ignorância humana e
bugigangueiros.
Mas, aos poucos,
confirma-se, por toda parte, que os tempos são chegados, pois vão surgindo
homens de ação e valor, para tudo colocarem nos seus devidos lugares.
A própria igreja se
acha profundamente afetada, e só no autêntico, no verdadeiro Cristianismo
poderá a mocidade encontrar a força moral capaz de regenerar o mundo em
decomposição.
É claro, pois, que não
se pode regenerar o mundo nem provar que o Espiritismo é ciência, com tais
espíritos ignorantes das leis da vida, que aceitam todas as baboseiras
transmitidas por espíritos zombeteiros, atuados em médiuns boçais,
apresentando-se-lhes com o corpo astral de “frades” ou “santos”, para mais e
melhor os intrujarem.
Compreenderá o leitor
amigo que tudo isso e mais as feitiçarias praticadas por tal insensata gente,
não podem ser tomadas a sério pelas criaturas bem formadas de intelecto, com
noção da higiene física e mental, possuidoras de razão e bom-senso.
E se são criminosos
todos os praticantes dessas misérias derivadas da magia negra praticada
pelos povos selvagens da África e outros, menos criminosos não são aqueles que
a tal gente der mão forte, que frequentam terreiros ou centrelhos, pois há
senhoras e políticos que até os sustentam, materialmente, para tê-los ao seu
serviço.
De acordo com as leis
comuns e naturais que tudo regem, os similares se atraem e os contrários se
repelem, portanto, não podem os meios civilizados ser frequentados por
espíritos selvagens, caboclos, “Urubatãs”, “Juncos Verdes” etc., sendo, pois,
todos mistificados e mistificadores.
Mas se pudéssemos
admitir que tais atuações fossem verdadeiras, reais, que bem poderia fazer um
pobre e ignorante espírito das selvas ou dos sertões da África – as almas mais
atrasadas que existem neste planeta?
Por tudo estar errado,
por não querer dar trato ao raciocínio, por viver a maioria fora das leis
naturais, em divergência com a razão e o bom-senso, é que a loucura e outras
enfermidades aumentam, e nós, a serviço da Verdade, do Astral Superior, de
Jesus, temos que vir a campo para esclarecer os bem intencionados, a fim de
orientá-los sobre as coisas sérias da vida, mostrando-lhes a rota que os
conduzirá a uma vida simples, livre de males da alma e do corpo, sem ostentação
e enganos, mas portadores de riquezas morais, únicas que levara o ser ao
acatamento e respeito, tornando-o valoroso e destemido, cristão, portanto.
Só a alma esclarecida evoluirá
Para que dúvidas não
pairem sobre o que vimos escrevendo a respeito de médiuns e espíritos
mistificadores, diremos:
a) Que é certo e
seguro que o espírito desencarnado faz tudo quanto lhe apraz do fluido em que
estiver envolvido;
b) que, por isso, não
só imita corpos astrais de pessoas desencarnadas e mesmo das ainda encarnadas
(vivas), como imita também os de qualquer animal (cobra, cavalo, macaco, rato,
jacaré) e de hediondas figuras, a fim de atormentar os médiuns videntes, a quem
obsedam, e as crianças filhas de pais ignorantes, principalmente mães muito ou
pouco religiosas, mas obsedadas.
No livro Racionalismo
Cristão, obra básica da Doutrina que se pratica no Centro Redentor
e seus Filiados, está amplamente explicado que o espírito, ao desencarnar,
depois de haver abandonado o seu corpo físico, fica na atmosfera da Terra, em
virtude do desconhecimento de si mesmo como alma, partícula do Grande Foco
(Deus, como lhe chama o vulgo) – e conserva os mesmos hábitos e vícios filhos
da falta de conhecimentos em que viveu quando encarnado, passando a estagiar em
corpo astral na atmosfera da Terra, para a qual é atraído pelos similares em
ignorância e malfazer, pelos tais médiuns viciados, como ele.
Dessa atração pelos
médiuns ignorantes, que são todos os que praticam a mediunidade fora de
corrente fluídica, e da evocação para coisas materiais pelos adeptos do tal
espiritismo, resulta, além da obsessão, da loucura, a mistificação de caboclos,
pretos e outras entidades, ao sabor do médium, do evocador e do que gosta de
tais sujeiras astrais.
Aqueles espíritos
ignorantes dos porquês da vida real, como os próprios encarnados evocadores,
por mais que deles queiram e eles próprios desejem, só obsessão, loucura e
sofrimento do corpo e desarranjos da vida obtêm, porque tais espíritos
encontram-se como se encarnados estivessem, e nada mais sabem do que sabiam
quando encarnados. Por isso, nem mesmo materialmente podem fazer mais do que
qualquer pessoa, homem ou mulher.
Se, pois, tal ou tal
espírito que estagia na atmosfera da Terra é grandemente perverso, grandemente
malfeitor, como quando encarnado, não pode melhorar, absolutamente, enquanto
não romper a atmosfera da Terra e partir para o mundo a que pertença, pois aqui
ele pratica todos os atos, todas as maldades e transmite todas as intuições,
unicamente para perturbar, para danificar a pessoa que o atrai, que o evoca,
que não o repele.
Nesse malfazer está
incluída a sua transformação em qualquer animal, para atormentar os videntes e
auditivos, crianças ou adultos, e para melhor avassalar e arruinar, material e
moralmente, os seus adeptos, imita o corpo astral de pessoas amigas e parentes
dos seus obsedados, para apresentar-se aos médiuns videntes dos centros e
centrelhos em que se manifeste, ficando assim os seus evocadores certos – pela
descrição que o vidente lhes faz – de que o espírito atuado é, de fato, o
evocado e desejado.
Assim mais facilmente
domina ele a criatura que o tomou a sério, que fica obsedada, para todos os
efeitos, por tal“protetor”, “guia” ou “irmão do espaço” que em tal centro ou
centrelhos lhe ofereceram, mediante a paga de qualquer dinheiro ou coisa que o
valha.
O espírito
desencarnado só deixa de ser o que acabamos de descrever, depois que parte para
o seu mundo, e volta, atraído pelas correntes organizadas pelo Astral Superior,
para tratar do Todo, do bem geral, e nunca para satisfazer curiosos ou cuidar
de coisas puramente materiais ou individuais.
Basta de mercantilismo
com as coisas da alma!
Cada encarnado tem que
evoluir por si, e para isso deve esclarecer-se, para não andar, por aqui e ali,
à procura da salvação espiritual, da melhoria dos negócios e da família,
oferecendo dádivas aos antros espíritas, aos “pais de serviço” “São Jorge”,
“Cosme e Damião” e outros que tais.
[1] Vide
Racionalismo Cristão, última edição.
[2] Hoje
editado sob o título Racionalismo Cristão e já na 36a edição.
Verdadeiros discípulos da Verdade
Antes de desvendarmos
todos os segredos da magia
negra que, embora com outros nomes, se pratica em toda parte,
desde os salões atapetados à choupana do pobre, e os grandes males que ela está
produzindo no mundo, principalmente no Brasil e Portugal; antes de desnudarmos
todas as torpezas dos seus praticantes e de indicarmos, caro leitor, o
contraveneno, o remédio para evitá-las e curar os seus terríveis efeitos, vamos
transmitir-vos a opinião de honrados cientistas, representados pelo médico Dr.
Antonio Pinheiro Guedes:
“A opinião pública,
mal orientada até por cultores do Espiritismo, parece convencida de que ele é
mais uma seita religiosa, acrescida às que já existem.
Tem ela sido induzida
em erro, ciente ou inconsciente, pela imprensa, pelos padres e outros sectários
de todas as seitas religiosas; pelos médicos e até por espíritas que,
seduzidos pelas conseqüências ou efeitos morais resultantes do conhecimento da
doutrina, consideram-na uma religião.
A imprensa assoalha
que o Espiritismo é a mais perniciosa de todas as doutrinas filosóficas.
Os padres católicos e
acatólicos proclamam, do púlpito e pela sua imprensa, que ele é obra do demônio
e o maior inimigo da igreja.
Os médicos, na sua
maioria, propalam que ele povoa os hospitais de alienados e os cemitérios.
São as mil bocas da
ignorância pretensiosa, do obscurantismo científico, da intolerância religiosa
e do fanatismo estúpido que vociferam contra aquilo que não conhecem.
Essa grita infrene,
toda essa celeuma, fez surgir em meu espírito a ideia de oferecer aos
espíritas, aos médicos, aos padres, à imprensa e ao povo, estas páginas em que
lhes mostro:
Ao povo, que o
Espiritismo é como um farol que guia o navegante ao porto.
A imprensa, que ele é
a mais racional, a mais consoladora de todas as filosofias, senão a verdadeira
filosofia, porque nos eleva e conforta a alma.
Aos padres e aos
sectários de todas as seitas religiosas, que ele é o guia seguro nas jornadas
infinitas para Deus, e não um inimigo da Religião; não a condena, antes a
justifica, quando ela tem por base a Verdade.
Aos médicos, que ele
não só não é um túmulo, mas antes um berço, onde primeiro se embalou a divina
arte de curar; não é a morte, antes dá vida, que em vez de povoar os hospitais
de alienados, abre-lhes as portas, para fazer sair desses ergástulos, casas de
torturas, antros de horror, alguns infelizes que para lá foram empurrados pela
mão da medicina materialista pelo falso espiritismo e pela magia negra.
Aos espíritas,
místicos ou fanáticos, que ele não só não apresenta nenhum dos requisitos das
seitas religiosas, uma vez que não tem templos nem sacerdotes, nem culto
externo, mas possui o caráter e preenche os requisitos das ciências.”
O que aí fica, caro
leitor, foi escrito por um homem de valor, médico notável, brasileiro digno,
enaltecedor da sua ciência, o que melhor viu, sentiu e escreveu, dentre os
cientistas mundiais, sobre as ciências ocultas – Espiritismo – e tudo que ele
afirma tem sido praticado e provado pelo Centro Redentor.
Não é um “presidente
de sessão”, um “médium” ou “papa” do espiritismo que vos fala, que vos explica
a Doutrina da Verdade, mas um médico erudito, desprendido, bom e humanitário,
que soube colocar a verdade e a ciência acima de interesses puramente
materiais.
Para felicidade da
humanidade, houve sempre, em todos os tempos, verdadeiros apóstolos do bem.
Homens que entendem
que a ciência é para esclarecer, e nunca para servir de meio de exploração,
consideram criminosos todos aqueles que vivem à custa da ignorância do seu
semelhante.
Esses homens são, de
fato, os verdadeiros discípulos da Verdade pregada e difundida por Jesus. E
embora falem pouco no seu nome, honram-no com as suas valorosas obras.
O Espiritismo é o farol que tudo ilumina
Pelo que vimos
escrevendo, através destas colunas, fica o leitor sabendo o que são os tais
médiuns evocadores de espíritos africanos e caboclos, e como se tornam
perversos, e até criminosos, todos os praticantes do espiritismo sem base
racional e científica, que se reúnem em qualquer canto ou centrelhos para
receber o “protetor”, a fim de dar “receitinhas” ou ordens, e, em dias e horas
determinados, fazerem “despachos”, “muambas”, “serviços”, para atingirem
desafetos, para fazerem vítimas, desmoronarem lares e desgraçarem políticos e
negociantes desordenados ou fracos.
Eles mercantilizam com
os espíritos quedados na atmosfera da Terra, como os feirantes com as suas
mercadorias.
A maior parte dos
males físicos e morais que assoberbam a humanidade é originada por espíritos
obsessores ao serviço dos encarnados malvados, e pela ignorância dos seres que
não sabem defender-se dos avassalamentos por desconhecerem a sua composição
astral e física.
Todo aquele que tiver
boa vontade e desejar esclarecer-se, para não ficar obsedado, avassalado,
enfermo do corpo, do espírito, procure ler o livro Racionalismo
Cristão e praticar a Limpeza Psíquica, como determinam os
Princípios doutrinários explanados e praticados no Centro Redentor. O ser
esclarecido dos porquês da vida, metódico, disciplinado e possuidor de boa
moral, é sempre valoroso e destemido, e sabe estar ao abrigo das correntes
maléficas do astral inferior.
As obras do Centro
Redentor são recomendadas, não para a Instituição usufruir proventos, mas por
encerrarem ensinamentos de que a humanidade carece para saber vencer na vida.
Lendo-as, compreenderá o leitor que possui em si mesmo todos os elementos de
defesa contra as doenças do corpo e do espírito.
Assim como Monsenhor
Kneipp aconselha andar descalço, pelo menos uma hora por dia, para dar combate
aos resfriados e colocar os pés, até 10 minutos, dentro de água fria, à noite,
para, logo em seguida, deitar-se e ter sono reparador, assim o Astral Superior
aconselha o banho diário do espírito (Limpeza Psíquica), para ter-se a mente sã
e forte, a fim de poder resistir a todas as tempestades morais ou de efeito
canjerista.
Com o estudo de obras
esclarecedoras editadas pelo Centro Redentor, virá a convicção de que o ser
humano “conforme pensar assim atrairá”, máxima atribuída a Jesus, e já muito
citada por pensadores notáveis de todo o mundo. É pelo pensamento, pois, que se
atraem as forças astrais (espíritos) boas ou más, é nele que reside o segredo
de todo bem que almejamos ou de todo o mal de que seremos vítima, se o
desejarmos a outrem.
Torna-se preciso
conhecer as leis naturais que a tudo presidem e regem, às quais todos estamos
sujeitos e a elas obedecermos, por meio da vontade e do livre-arbítrio.
Conosco só não estarão
os espíritas ou sectaristas que não quiserem pensar e raciocinar, e se sintam
bem atolados no lodo moral em que vivem, no qual se atiram todos os demais
espíritos fracos que os procuram . . .
Enquanto a humanidade
não seguir as duras, mas grandemente beneficiadoras verdades que explanamos,
continuará a ser vítima da sua falta de conhecimentos e da ação dos médiuns
avassalados existentes na maioria dos lares e congregações religiosas e
profanas.
Com os pensamentos
repletos de fraqueza e maldade é que engendram os seres humanos um inferno
cheio de torturas morais, tornando-os, como encarnados, verdadeiros demônios
uns para os outros.
E, quer queiram quer
não, é neste degredo a – Terra – que terão de resgatar todo mal que aos outros
fizerem, e por isso se justifica a lei da reencarnação do espírito, a qual só
os pretensiosos e insensatos hoje poderão negar diante dos fatos presenciados
em toda parte, onde crianças rememoram fatos por elas desconhecidos no
presente, mas conhecidos pelos seus ascendentes etc.
Nada de melosidade e
falsa “caridade”. Faça-se todo bem que se possa, mas como um dever. As palavras
melosas e a apregoada “caridade”, só têm servido para enfraquecer almas e criar
uma geração de pedintes e vencidos.
É tempo de libertar-se
a humanidade do caos em que vive, e para impedi-la de caminhar para o abismo,
preciso se torna falar-lhe com austeridade cristã, de modo a fazê-la pensar e
raciocinar sobre as coisas sérias da vida e os seus porquês, tanto da matéria
como fora da matéria.
Não é com rezas e
lamúrias que serão resolvidos os intricados problemas sociais, mas com o
raciocínio esclarecido e o pensamento firme no Bem, na Verdade e na Justiça,
agindo, portanto, dentro da ordem e do progresso.
Despertai, espíritas e
não espíritas, para os verdadeiros ensinamentos de Jesus: ser bom, não cobiçar
o que é dos outros, trabalhar sempre e amar a Verdade.
Os espíritas de fancaria enraivecem-se
Depois da explicação
completa que o Centro Redentor faz nas Sessões Públicas de Limpeza Psíquica,
três vezes por semana, e nas suas obras, do que são a Força e a Matéria em si,
das quais tudo deriva, explica ele aos seus milhares de assistentes o que são
as leis comuns e naturais que, regem tais elementos, às quais tudo está
sujeito, quer neste planeta quer nos outros.
Conhecida a base de
tudo quanto existe, observa-se logo o efeito produzido pela lei da atração que
o ser humano pratica com o seu pensamento, ao serviço da sua vontade, bem ou
mal educada. O efeito dessa lei é a atração das boas ou más forças que o vulgo
denomina de ocultas, e dessa atração resulta a boa ou má assistência dos seres
humanos, tornando-se assim a sua prática o segredo de todo bem ou de todo mal
das criaturas.
Quem for ignorante,
embora bom no fundo, está sempre sujeito à má assistência dos espíritos, e o
que além de ignorante for viciado, pornográfico, maldizente e perverso, está
sobre o domínio das ditas forças astrais inferiores, é um obsedado, porque
somente os esclarecidos que se conhecem como Força e Matéria, sabem irradiar
pensamentos de valor, desprendimento e altruísmo, e sentir a vibração de
sentimentos elevados, pois só com eles é que podem religar-se aos mundos
adiantados – habitações dos espíritos esclarecidos e superiores – e de lá
atrair, para si e para outrem, fluidos benéficos para o corpo, e luz para
fortificar a alma.
Desse esclarecimento
resulta que cada um tem o que merece, porque atrai para si aquilo que quer,
aquilo em que pensa. Imaginem o que atrairão os devassos, os crápulas, os
velhos casquilhos libidinosos e torpes, os presidentes de sessão marca
“Tiro-aço” e toda essa malta que se deixa arrastar por desejos animalizados,
desordenados, pútridos e indignos de gente civilizada, de pessoas que sabem
pensar e raciocinar.
Em vista destes
“princípios (que só os ignorantes se atrevem a contestar), como devem ser classificados
os centrelhos, as sessões onde se pratica o espiritismo rasteiro povoado de
duendes, inventados por uma súcia de malfeitores materiais e morais, da qual a
imprensa, não raro, se ocupa?
Esses centrelhos
usando de nomes respeitáveis e outros ridículos, inventados por esses
crapulosos “pais de mesa” e seus “guias”, lá se podem tomar a sério como sendo
úteis a quem quer que seja? Absolutamente não, porque são fábricas de loucos e
de todas as misérias materiais e morais.
Da frequência a tais
antros, resulta o alastramento desse veneno astral inferior que produz
suicídios, assassinatos, paralisias gerais, cegueira, feridas malignas,
desonras de lares e outros fatos que os jornais mencionam no seu noticiário.
A esses infelizes
médiuns e “presidentes de sessão”, não agrada, pois, a linguagem franca e leal
da Verdade, porque esta os desmascara.
A eles só convêm
parceiros para o crime, e como o Centro Redentor não os fornece, enraivecem-se
e correm de um lado para o outro, fugindo às admoestações dos intérpretes da
Verdade.
Os exploradores do Espiritismo
Diante do que vimos
explanando nestas colunas, perguntará o leitor, como é que a prática e
assistência de tal espiritismo – magia negra
– produz tantos males, inclusive a loucura dos seres humanos?
Nesses centrelhos,
todos os adeptos, médiuns e não-médiuns, que se dispõem a praticar a magia negra,
rotulada de espiritismo, atraem para si as forças inferiores que se acham na
atmosfera da Terra, ficando, desde logo, assistidos pelo astral inferior,
similar em sentimentos e perversidades de tais criaturas.
Assim, escravizados
tais praticantes a sentimentos materializados, animalizados e bestiais, embora
com a humilhante forma de “caridade” e de “preces” evangélicas, tornam-se
instrumentos dóceis das forças inferiores, que se lhes apresentam com nomes
pomposos de santos ou de caboclos, embora nunca o tivessem sido. As criaturas
que com eles tiverem relações, se os levarem a sério, ficam envolvidas pela sua
assistência astral inferior e, assim, quando menos, mal assistidas e obsedadas
por completo, mais tarde ou mais cedo, conforme a ligação dos seus pensamentos
com tais refinados tratantes e os antros que dirigem.
Este princípio não
falha, porque é originado da vontade, do livre-arbítrio e, portanto, da
irradiação do pensamento de cada um, sujeita essa vontade à lei de atração que
o ser humano pratica com os seus pensamentos.
Em tais condições, é
certa a desgraça de uns e outros, e os que mais sofrem são os assistentes a
tais sessões, que mantêm relações íntimas ou de simples interesse material com
tais baiuqueiros.
O que aí fica
entende-se com os praticantes menos perversos, mas fanáticos e ignorantes dos
princípios que estamos explanando e praticando no Centro Redentor.
Todavia, quando os
“pais de mesa”, presidentes de sessões, homens ou mulheres, são, como em geral
acontece, indivíduos perversos e negocistas, que estão sempre à disposição de
quem lhes pague mais para fazerem “o serviço”, “o trabalho”, “o canjerê”, “a
feitiçaria”, grandes desgraças, como doenças, perturbações, falências materiais
e morais, desmoronamento de lares, suicídios e assassinatos podem acontecer às
criaturas visadas, se os pensamentos destas se casarem com os dos desafetos.
Para esse fim, os tais
“pais de mesa” fazem sessões particulares com seus “guias”, os “santos”,
“pretos” e “caboclos”, e nas evocações do “santo” e de toda a falange astral,
indicam o nome das pessoas que devem ser cangadas, vencidas, desonradas e
desgraçadas, mencionando o lugar, rua e número onde moram as suas vítimas.
Ao mesmo tempo,
colocam sobre a mesa da evocação cabeças de cobra, sapos secos, chifres de
carneiro, cristas de galo preto, couros e patas de bodes pretos, moedas de
cobre, cascas de ovo de pata e de outras aves, terra de cemitério etc., e a
estas e demais trapalhices denominam pontos, que depois colocam nas residências
das pessoas alvejadas, suas vítimas, e nos caminhos mais frequentados por elas.
Assim, escolhem esses
perigosos “pais de mesa” ou “presidentes de sessão”, o ponto destinado a A ou
B, que o guia “protetor” ou “santo” do centrelho observa, para não se enganar e
ficar de guarda à tal pessoa que deve ser cangada e roubada nos seus, haveres,
na sua saúde e na honra.
Ao freguês que tais
trabalhos encomenda, é dado também um ponto de sedução ou
de fortuna e umas rezas para, em determinadas, horas, estar atento e ir, pouco
a pouco, preparando o ambiente e a patifaria que deseja.
Todos, uns e outros,
os que encomendam esses trabalhos e as criaturas visadas ficam, desde logo, sob
a ação dos tais caboclos e “santos”, e assim, acompanhados por eles, acabam
obsedados, ao menor descuido.
Desde o primeiro dia
de trabalho,
não há tréguas para a vítima escolhida; e de acordo com o seu viver íntimo, com
os seus pensamentos, é ela atacada e, pouco a pouco, dominada pela assistência
astral do “presidente de sessão”, até que se entrega o homem ou a mulher que
mencionou ao patifão do antro ou se deixa roubar, com o pretexto de empréstimo
etc., fazendo, enfim, o que o bandido que encomendou a sua canga deseja.
Vá tomando nota, caro
leitor, porque bem precisa saber de todas essas torpezas, para não ser vítima
delas.
Os abutres do Espiritismo
Os espíritos quedados
na atmosfera da Terra que se acobertam com os nomes de Santo Antônio, São
Jorge, Tiro-Aço, Lodoro, Presciliana e magna caterva,
essa imundície, essa sujeira astral, atende, servilmente, nojentamente, aos
seus evocadores, aos tais instrumentos criminosos mencionados nestas colunas, à
disposição dos quais ficam para tudo quanto de perverso, devasso, corrupto,
venal, de ruína, de desgraça, lhes for ordenado.
Por assim ser, o
solicitante, o “irmão freguês” ou a “irmã freguesa” (assim é denominada a
pessoa que tal cáfila procura) fica; desde logo, cangado, como fazendo parte
dos instrumentos dessa canalha astral. Cangadas são todas as pessoas a quem se
deseja roubar a honra, dinheiro e emprego, ou mesmo matar, como aconteceu com o
grande Pinheiro Machado e outros menos considerados na política ou fora dela,
como a senhora Índio do Brasil.
Assim, a mulher casada
que tem ciúmes do marido e o confessa aos tais espíritas, fica, desde logo, por
conta dos “caboclos”, “santas” ou “santos” inventados por eles, e o pobre
marido, sem o saber, passa a ser acompanhado pelos patifes astrais, que o
induzem à prática de todas as misérias, que só deixará de cometer se for
possuidor de uma moral sã, de vontade fortemente educada para o bem e não tiver
vícios.
Quando o marido visado
é realmente cumpridor dos seus deveres e não pode ser cangado pelos
“protetores” do centrelho, estes, que já têm prisioneira a esposa que os foi
procurar, pedem-lhe um lenço, uma cueca, meia ou outra qualquer peça de roupa
do marido, de uso junto à pele, para eles benzerem.
Essa infeliz esposa
principia assim a fazer a sua desgraça conjugal, moral e material, porque passa
a receber dos espíritos que assistem ao “presidente da sessão” intuições de
vingança contra o marido e a ser por eles conduzida para os galanteios, o libidinosismo de qualquer indivíduo, sujo da alma e do corpo.
Apesar de haver sido
honesta e viver somente para o seu lar, o marido e os filhos, passa a
lembrar-se do seu tempo de solteira e a ter saudades do namorado com quem teve
mais intimidade e que, por qualquer motivo, não se casou. Procura saber dele e,
se chega a encontrá-lo, começa a fazer-lhe queixas do marido, dizendo que é uma
infeliz no amor, que antes não se tivesse casado com ele, que há
incompatibilidade de gênios, os temperamentos não combinam etc.
O homem a quem ela
conta estas intimidades, que já está também por conta dos “protetores”, desde
esse colóquio adredemente preparado, convida-a para um passeio, a fim de
distrair-se, e desde esse dia passam a ser amantes.
Se se tratar de cangar um
homem, os objetos preferidos são os acima citados, mas, em se tratando de
mulher, tais objetos são uma calça, toalha higiênica, meias ou camisa. Essas
peças ficam em poder do “Pai-de-Mesa” até a próxima sessão feita para tal fim,
para que os “protetores” caboclos,
“santos” e “santas” dessas arapucas tenham conhecimento de quem se trata.
Depois dessa apresentação
de objetos aos patifes físicos e astrais, ficam as vítimas, homem ou mulher, no
caminho da loucura, branda primeiramente, e depois furiosa, podendo chegar a
praticar crimes, influenciados por esses bandidos astrais, os “pais de mesa” e
“presidentes de sessão”, médiuns e magna caterva.
Estas “belezas morais”
dão-se, em sua maioria, com pessoas da alta aristocracia, do comércio, da
indústria e classes médias; e quando ainda tais mulheres e homens
perseguidores, “fregueses” de tais centrelhos, conservam a máscara de honestos,
no meio social em que vivem, mandam as suas criadas de mais confiança, quase
sempre arrumadeiras ou lavadeiras, ou na falta destas uma colega inteiramente
desavergonhada e prostituída, levar os objetos aos antros ou espeluncas, e
dizer o que desejam que se faça com a pessoa visada.
Esta maneira de agir,
de cangar,
escravizar, obsedar, avassalar e prostituir seres humanos é a mais conhecida, a
mais vulgar e a que mais freguesia possui na alta e média camadas sociais.
Para a prática de tais
torpezas, os “irmãos fregueses” não fazem questão de dinheiro, dão tudo quanto
lhes for exigido, contanto que os “caboclos e santos” satisfaçam os seus torpes
desejos de vingança, ruína e sensualismo.
A magia negra
que se pratica nos salões atapetados, porém, não exige aqueles objetos,
contentando-se com o nome e residência das vítimas, para estas serem, desde
logo, na primeira sessão, cangadas, dominadas e assim
trabalhadas para o fim desejado.
Esse trabalho em tais
antros tem o mesmo valor dos já mencionados, e aí a palavra cangar,
é substituída por focalizar,
e então os tais “presidentes” dizem assim: a mulher de A, a filha de B, a prima
de C, ou a esposa de A, B ou C, ou, então, os negociantes tais e tais, estão
focalizados. Focalizar, pois, é cangar, dominar,
escravizar astralmente, para desonrar, prostituir, roubar ou matar.
Vá, caro leitor,
tomando nota, e previna-se contra as “amiguinhas” que frequentam o seu lar na
sua ausência, que podem ser as conselheiras indignas da esposa e filha inexperiente
e as introdutoras das cartomantes e dos médiuns e presidentes de sessão em sua
casa, levando para ela toda série de desgraças, morais e materiais.
Se quer viver em paz
espiritual, não desampare o seu lar, zele por ele, dando-lhe todo o prestígio
moral, e escorrace toda a peçonha das amiguinhas e comadres, escolhendo, com
argúcia, as pessoas que o devem frequentar e merecer a sua estima, o trato
fidalgo, sabendo que a fidalguia deve consistir nos dotes morais, e não nas
linhagens hierárquicas, genealógicas, nos gestos e curvaturas estudados.
As aves de rapina do Espiritismo
É, caro leitor, como
temos dito por estas colunas, uma tremenda miséria moral o que vêm praticando
esses infelizes e perversos instrumentos da Magia negra,
quase sempre disfarçada. Existem muitas criaturas bem intencionadas que não se
entregam a atos menos dignos, mas inúmeras praticam o espiritismo mercenário, e
estas, que são a maioria, envergonham e degradam a mais bela das doutrinas – o
Espiritismo.
Essa magia negra,
rotulada de espiritismo, para tratar de conquistas amorosas, descoberta de
criminosos, cangamento
de políticos e outras coisas que tais, é praticada no
Brasil, onde conta com milhões de adeptos, na América do Norte, na França, em
Portugal, na Espanha, na América Espanhola e aqui mesmo no Brasil. Na China,
Japão e noutros países, é ela também praticada.
São suas vítimas todos
os seres, mesmo os indiferentes à sua prática; e, por assim ser, é que a
loucura está aumentando assustadoramente, por toda parte, a ela não escapando,
religiosos e profanos. De todas as obsessões, as mais perigosas são a política,
a sensual e a gozadora, que estão avassalando todos os meios sociais.
Conhecedores do perigo
dessa torpe magia
negra, garantimos ser ela a causa principal de todos os males de
que sofre a humanidade ignorante da sua composição astral e física, e do que é
como alma e corpo (Força e Matéria).
A prática da magia negra
vem desde os primitivos tempos e foi se infiltrando nas numerosas seitas
existentes. Neste ou naquele rito, estão resquícios da magia, da qual os mais
velhacos têm tirado proventos morais ou materiais.
Mas serão sempre de
nulo efeito os trabalhos da magia negra, quaisquer que sejam,
ainda que os feiticeiros, canjeristas estejam de posse dos objetos íntimos já
mencionados, quando a pessoa visada possui moral, sentimentos bons, tem a vida
disciplinada, horas para tudo e vive como ensina o livro Racionalismo
Cristão, obra básica da Doutrina que se pratica no Centro Redentor
e suas filiais.
Vivendo como ali se
ensina, podem todos os praticantes dessa torpeza e toda a súcia astral,
lodoros, caboclos, “santos” e “santas” atirar-se contra a honra, haveres,
empregos e a vida de quem quer que seja, podem lançar mão de todos os
expedientes e trapalhices já mencionadas, porque nada conseguirão contra a
pessoa visada, desde que esta não saia dos Princípios Racionais e Científicos
explanados na obra acima referida.
Os efeitos da prática
da perigosa e nojenta magia
negra só atingem aos seres fracos, corruptos, venais, viciados no
álcool, fumo e outros entorpecentes da alma e do corpo. Os próprios praticantes
da magia
negra são os que colhem todo mal que aos outros enviam com os
seus pensamentos imorais ligados à caterva astral, pois vão, em virtude da lei
de atração, atraindo toda a doença e desgraça moral ou física desejada a
outrem, e é por isso que os “pais de mesa”, “presidentes de sessão”, médiuns de
arapucas por ignorância chamadas espíritas, terminam na cegueira, na paralisia
geral ou parcial, na obsessão, na pobreza monetária, e até leprosos.
Esclareça-se, caro
leitor, e ficará sabendo que só será vítima de tal miséria moral o fraco,
aquele que tem medo da corja astral e física, o supersticioso, o fanático das
diversas seitas, os que se irritam ou arreliam por qualquer coisa, em casa ou
fora dela, os que maldizem de tudo e de todos e intervêm na vida alheia, os
gozadores que, como os suínos, vivem para a engorda, para a satisfação, uso e
abuso de todos os prazeres da carne, não possuindo moral verdadeira, nem dela
querendo ter a menor noção.
As mulheres ciumentas
descambam para praticar o que condenam nos maridos, e acabam por prostituir-se,
porque o ciúme é o maior sinal de fraqueza espiritual que pode dar qualquer
criatura humana e dessa fraqueza derivam todos os vícios e males.
Da alta e média
camadas sociais, provêm os recursos para o sustento de todos os patifões homens
e mulheres – que praticam o espiritismo-negócio. São essas senhoras “piedosas”
quem mais dão a ganhar a essa gente, dizendo-se, entretanto, muito religiosas...
Sem perceberem o
perigo que as cerca, são exploradas, de todos os modos, e uma grande maioria
acaba por entregar-se a essa prática nojenta, ou a acamaradar-se com seres que
lhes passem a fazer a corte, empolgados pelos tais “protetores” das arapucas espíritas,
a quem, em má hora, desceram a fazer qualquer pedido.
Ora, se tais mulheres,
que querem passar por senhoras virtuosas, como muitas existem por toda parte,
tivessem um pouco de senso, não desceriam a tais chiqueiros astrais e físicos,
que pouco diferem dos das meretrizes ou das casas de encontros fortuitos, onde
se vão nivelar com os boçalíssimos “pais de mesa” e médiuns torpíssimos,
tornando-se desses antros fregueses habituais.
– Poderão os
sociólogos, que se dizem psicólogos, resolver os magnos problemas sociais, se
desconhecem a influência real que tais elementos exercem sobre o gênero humano?
Ninguém pode indicar o
remédio para os males que avassalam a humanidade, sem estar em condições de
esclarecê-la, devendo os estudiosos dispensar mais atenção às coisas do
espírito, para não continuarem a viver na ignorância do que seja a composição
do Universo e a de si mesmo.
Enquanto isso não
fizerem, não teremos psiquiatras nem verdadeiros sociólogos, mas, apenas,
homens possuidores de ilustração dada pelos compêndios, mas que enfermarão e
deixarão enfermar toda a humanidade, por não saberem desintoxicá-la da profunda
materialidade criada pela ciência e religiões materialistas, do que resulta a
vida de gozos e prazeres desenfreados, aos que se entregam, e que Jesus veio
combater, na sua época, e continua a ser combatida, hoje, onde quer que existam
consciências bem formadas.
Pratiquemos o bem
Júlio Ribeiro, o
grande filólogo brasileiro, romancista e polemista que tanto honrou as letras
marejando o aço de sua pena com elegância e ironia, na sua admirável obra Cartas
sertanejas, dizia: “. . . não seguimos a vereda, não temos o péssimo
hábito dos ignorantes da Verdade, dos sábios, a título negativo”.
Como Júlio Ribeiro,
que sempre nos considerou o seu melhor amigo, senão o único, hão de pensar
todos os homens de bem, de amor ao trabalho e ao Brasil, que querem ser livres
de vícios, preconceitos religiosos e sociais, para servirem de patrimônio moral
da família e do país.
A vereda que seguem os
ignorantes da Verdade, os sábios a título negativo e os pretensiosos espíritas,
é falsa, por só verem os males, os defeitos nos outros, homens públicos ou não,
sem indicarem um único remédio, sem nada esclarecerem de bom, de eficaz contra
o triste estado de coisas que por toda parte se observa.
Os instrumentos da
Doutrina Racionalista Cristã, que colocam a verdade acima de tudo, estando
senhores dos porquês das coisas, ao mesmo tempo que apontam os males, quaisquer
que eles sejam, mesmo os mais terríveis, como os produzidos pela prática do
espiritismo sem base racional, método e disciplina, indicam a eficaz
terapêutica psíquica e fisiológica, preventiva e curadora para todos eles.
Dando-vos, caro
leitor, o conhecimento claro e completo da ação maléfica que sobre todos os seres
humanos exercem as forças ocultas inferiores, provando-vos ser tal prática e
tal gente o pior mal que no mundo existe, havemos indicado também remédio
eficaz contra esse veneno moral e material que tantos danos tem causado e está
causando a todos os ignorantes da Verdade, a todos os fracos de vontade mal
educada, a todos os gozadores, e, portanto, a todos os seres animalizados com
aparência de racionais e civilizados.
Em nossa publicação
anterior, ficaram sabendo todos os nossos leitores como evitar os ditos grandes
males e como curar os que por ignorância estão torturando a grande maioria dos
seres humanos.
Além dessa terapêutica
preventiva e curadora indicada, pode o leitor achar mais ampla explicação nos
livros Pela
Verdade e Ciência
espírita, sendo que na obra Racionalismo Cristão,
que prepara o homem para a luta, encontrará desvendado o segredo do êxito na
vida dos seres, como se vence nas vidas física e moral, como se vencem os
homens prepotentes, corruptos e escravocratas e como se afastam e vencem os
espíritos obsessores – os tais “protetores”, caboclos e “santos” inventados e
atraídos por essa súcia de malfeitores da alma e corpo para as torpezas.
Só o esclarecido pelas
verdades contidas nas obras do Centro Redentor, e que pratica a Limpeza Psíquica
disciplinadamente, estará ao abrigo dos botes desses malandros “pais-de-mesa”
ou “presidentes de sessão” e de seus nojentos “protetores”.
Fora disso, por mais
dinheiro ou posição social que a criatura possua, e até por isso mesmo, não
está livre da focalização,
do cangamento,
bastando, para isso, que caia na antipatia de algum desses infelizes ou alguém
os vá procurar para qualquer serviço de feitiçaria ou cangamento,
trabalho que é sempre feito pelo astral inferior (espíritos quedados na
atmosfera da Terra), donde provêm esses “protetores”, que muitas vezes são
procurados e tomados para “guias” na vida dos seres, mas que, em vez disso,
mais perturbações buscam, chegando mesmo a terríveis desgraças morais e
materiais.
A magia negra e os “pais de serviço”
Denunciando, por estas
colunas, os males, os perigos da magia negra,
por muitos praticantes rotulada falsamente de espiritismo, ainda não fizemos
referência a uma das suas modalidades, chamada serviço, que se pratica ao ar
livre, em lugares diversos, hoje no campo A, amanhã no campo B, depois no C,
tudo conforme a conveniência que houver e for reconhecida pelo “pai de serviço”
que, em geral, é sempre um negro boçalíssimo, um velhaco nascido por cá, mas
falando, por imitação grosseira e idiota, como os africanos.
Descrevendo hoje o serviço,
diremos que a essa torpe maneira de atrair as forças ocultas obsessoras,
concorre gente de todos os sexos, raças e posições sociais.
É uma promiscuidade
que chega a causar engulhos nos seres humanos bem intencionados que lá vão por
curiosidade, estudo ou coisa que o valha.
Esses desgraçados,
patifes uns e infelizes outros, sabem que a polícia, quando quer cumprir os
seus deveres, não os deixa trabalhar tranquilamente, e é
por esse motivo que eles, os “pais de serviço”, não têm lugar certo para reunir
a sua gente, os seus “filhos” e “filhas”, como denominados são os adeptos, os
“fregueses” que os sustentam material e moralmente.
Assim mesmo, mudando
de sítio para as suas reuniões, têm eles um pessoal destinado e adestrado para
avisar o “pai”, quando parece que há mouro na costa, que a
polícia os espreita.
Os fiscais ou vigias
são denominados pelo “pai de serviço” de “filhos tranca-ruas”, e todos eles se
acham armados para defender o serviço e especialmente o “pai” até à morte. As
facas, punhais ou facões de que se servem esses vigias, denominam-se pontenas,
e quando está tudo pronto para funcionar, pergunta o “pai de serviço”
– “Filhos
tranca-ruas(!) conheceis o vosso dever e tendes as pontenas para
a vossa defesa?
Ao que respondem os
tais vigias:
– “Estamos pronto,
Pai, e as pontenas
bem afiadas. Podeis por isso trabaiá à
vontade, porque nóis
cá estemo no nosso posto”.
Após esta
tranquilizadora resposta dos filhos tranca-ruas,
entra o “pai-de-serviço” no meio de todos os fiéis (filhos), que formam uma
grande roda, com às vezes mais de cem pessoas, e tira a prece,
cujo estribilho é acompanhado por todos os presente. Finda a prece, o “pai de
serviço” se concentra (porque é sempre um médium desenvolvido), e, segurando na
palma de cada mão uma figa e uma figura de um manipanso qualquer, dá uns passos
ou salto de sua invenção, pronuncia outra cantiga, cujo final os assistentes
acompanham em coro. Com essa cantiga, esses saltos, esse bambolear de quadris,
da barriga, do corpo continua a evocação dos seus guias que, em geral, em São
Paulo, do norte ao sul, têm por chefe o Pai Jacó ou Pai Reviramundo;
no Estado de Minas e Estado do Rio, além desses “pais”, têm também a Mãe-de-Ouro o
Tiro-Aço
e a Mãe
Joana, esta já, segundo dizem, de grande força astral.
O “pai de serviço”,
atuado pelo “pai santo” ou “astral”, chefe do serviço, começa então a atender a
todos os pedidos ali feitos pelos filhos e filhas do
seu “serviço”, os quais já pagaram, antecipadamente, as quantias exigidas por
ele, conforme as posses materiais de cada pretendente na importância de cada
pedido etc. Em tal posição e estado mediúnico, principia o “guia”, por
intermédio do seu instrumento, a dizer o que deve agradar a cada filho,
e assim prende os seus fregueses e a assistência, à tal patifaria.
Não há um dos filhos que
não saia satisfeito, porque o “pai astral” tudo faz para que o “pai de
serviço”, seu instrumento, cada vez mais se acredite e ganhe fama de forte, o
mais valente dos “pais de serviço”, como explicaremos a seguir.
“Cangam”, furtam e matam
Em conformidade com o
que explicamos linhas antes, dir-vos-emos, caro leitor, que o serviço tem por
fim especial “cangar” a criatura A em benefício da B, cangamento este
que vai até matar a pessoa visada, se tanto for preciso, no caso dela se
recusar a dar dinheiro ou coisa que o valha à pessoa B que mandou “cangar”,
dominar e perseguir astralmente. Em geral, são os amantes ou parentes seus que
contratam com o “pai de serviço” o trabalho para matar, se a criatura visada
não quiser ceder por bem e ficar “dura no cobre” como eles dizem.
Para tal fim, o “pai
de serviço” prolonga as horas do “trabalho” até depois de meia-noite, se for
necessário, para atrair o espírito da vítima que, ao dormir, é arrebatado para
aquele covil de malfeitores físicos e astrais pelos guias protetores de tal
monstro – o “pai de serviço”.
Os espíritos, durante
o sono e a inércia do seu corpo, são facilmente atraídos a qualquer parte onde
as forças ocultas inferiores, os seus terríveis obsessores, os tais “pais de
serviço” e “pais astrais”, os queiram levar, desde que tais criaturas sejam
ignorantes, fanáticas, religiosas, fracas de vontade e não saibam ou não possam
resistir à influência de tais salteadores físicos e astrais.
A atração faz-se, do
seguinte modo: no meio da roda de serviço, já descrito anteriormente, o “pai de
serviço” risca umas figuras, uns desenhos grotescos, à sua maneira, que dizem
ser o “mundo”, mas que denominam marimbá.
Conforme os arabescos
riscados no solo, no centro da roda feita pelas criaturas ao serviço do “pai”,
e como para essa gente cada “marimbá” tem o seu valor e é mais forte, mais
fraco ou de mais pronto efeito um do que outro, desenham, rabiscam o que mais
lhes deve calhar.
Têm eles:
1o) “O
marimbá de cruz”, que é uma cruz com uma porção de arabescos cabalísticos em
volta. Este favorece mais os “filhos” que pleiteiam casamentos ricos ou
dinheiro.
2o) “O
marimbá de boi”, que é uma figura de boi, com grandes cornos, rodeada de
arabescos diversos, fingindo cobras, jiboias, onças ou outros animais
grotescamente rabiscados. Este é o “marimbá” que deve facilitar a conquista de
mulheres casadas ou homens para estas, ou solteiras que queiram casar.
3o) O
“marimbá”, figura de homem “morto”, rodeado de sapos. Este serve para matar as pessoas
que, já fortemente cangadas,
não cederam à vontade do guia do “serviço”. Esses “marimbás” são ornamentados
nas curvas dos seus arabescos por montes de pólvora, que os “pais de serviço”
denominam fundanga,
e por velas acesas.
Depois de assim estar
bem carregado
(preparado) o “marimbá”, é que o “pai de serviço”, dá começo
ao seu “trabalho”, tendo à sua disposição um médium subalterno
seu, dentro do “marimbá”, para receber os espíritos encarnados que ao “serviço”
do “marimbá” foram atraídos a qualquer hora da noite em que o seu corpo esteja
repousando.
Atuado o “pai de
serviço”, começam as atrações dos espíritos encarnados que devem ser cangados e
têm que atuar no médium auxiliar.
Após a atração e
atuação do espírito da vítima no referido médium auxiliar, principia o
guia-chefe do serviço atuando no seu médium, o “pai” do dito “serviço”, a
dominar a vítima, a impor-lhe aquilo que dela quer a pessoa que a mandou cangar;
e, para mais fazer valer o seu poder sobre a assistência em geral e seus
serviçais, manda chegar fogo aos montes de pólvora e faz o médium auxiliar,
atuado pelo espírito da vítima, passar e pular diversas vezes por cima do
“marimbá”, em todas as direções, na ocasião em que se queima a pólvora.
Após esse queimar de
pólvora, como castigo à vítima atraída, se essa ainda se mostra rebelde, é
aplicado no estúpido médium uma sova de vara de Guiné, como se se estivesse a
castigar o próprio espírito atuado nele.
E assim se explica a
causa de muitas pessoas, pela manhã, que, em vez de se levantarem bem
dispostas, alegres e bem-humoradas, o fazem denunciando na fisionomia mau-humor
e irritação, e queixando-se de estar fatigadas, com o corpo doendo, como se
tivessem levado uma surra. Em verdade, levaram essa surra, não diretamente no
físico, mas no perispírito, corpo astral, e desde que a surra foi fluídica, não
podia deixar de repercutir no físico.
É, pois, por esses
meios que tais monstros cangam,
dominam as criaturas ignorantes da verdade, desconhecedoras da sua composição
astral e física, para delas obterem o que as filhas ou
filhos,
fregueses do antro, desejam, levando, por vezes, esse trabalho macumbeiro,
cargueiro, meses e anos, embora o façam três ou quatro vezes por semana.
Durante o “serviço”, o
“pai” e todos os “filhos” bebem aguardente com pólvora que tenha estado em
infusão de raízes de Guiné, arruda e outras plantas, e cuja beberagem é por
eles denominada “guia” e serve para fortificá-los para o trabalho.
Não há necessidade de
muita meditação para perceber-se a razão de certas criaturas se deitarem com
saúde e aparecerem de manhã mortas ou curtindo dores cruciantes, outras ficarem
loucas, e umas tantas se entregarem à bebida, ao jogo e à prostituição, quando
antes eram pessoas de relativo equilíbrio moral e material.
Ainda os exploradores do Espiritismo
Como deve ter
observado, caro leitor, o fim destas publicações consiste em fazer luz na alma
dos ignorantes, prevenindo-os dos perigos ocasionados pelos praticantes da magia negra,
para os quais seria inútil escrever, por não pretenderem regenerar-se; ao
contrário, ficam indignados com a nossa atitude, pois sentem-se bem na prática
do mal e têm prazer em arruinar lares, ocasionar doenças graves e até mortes.
Por toda parte existem
grupos denominados “Serviço do Pai Artur”, “Pai Reviramundo”, “Pai Mio”, “Pai
Zerômo” (Jerônimo), “Mãe d’Água”, “Mãe Quitéria”, “Mãe do Ouro” e outros “pais”
e “mães” de “Serviço”, havendo, porém, entre os “chefes de serviço”, tremendas
rivalidades e lutas de se matarem os homens uns aos outros.
Cada “chefe de
serviço” pretende ter mais força (assistência do astral inferior), do que o
colega, seu rival, para assim mais fregueses obter e maior renda conseguir no
seu negócio,
como eles denominam a patifaria que fazem.
Entre os praticantes
da magia
negra, há conhecimento certo e seguro da existência de espíritos
sagazes, cognominados de Pai fulano, sicrano ou beltrano, e da rivalidade que
existe também entre eles, como chefes de falanges, conhecimento esse que lhes
serve para evocarem este ou aquele “pai”, e pedir-lhe sua proteção para atacar
A ou B, sem ser vencido pelo “serviço” dele. A luta, em tais casos, é titânica,
feroz, entre esses “pais de serviço” e seus protetores astrais e físicos.
Trabalham noites inteiras até à madrugada, e muitos dias durante o mês, para
provar o maior valor, a maior força de cada um.
Essa força está na
razão direta da vontade de cada “pai de serviço”, o que quer dizer que o que
for forte de ânimo, voluntarioso, disposto a vencer, é quem maior assistência
astral inferior, maior quantidade de espíritos obsessores atrai, e com ela
triunfa sobre qualquer dos outros serviços dos colegas, por mais valentes e
fanfarrões que se apresentem aos seus “fregueses” ou “filhos”.
Deste segredo, que
decorre das leis naturais em que os similares se atraem, não tem conhecimento
real essa malta infecta e vil, e as suas vitórias são por ela atribuídas ao
“pai astral” A ou B, ao “santo” tal ou qual, porque esses desgraçados também
têm a mania daqueles que se dizem espíritas, chamando-os de “santos guias”,
quando, em verdade, no mal ou no bem, o resultado depende sempre do instrumento
humano, que neste caso é o “pai de serviço”, o chefe dessas espeluncas.
Se o serviço A
demora a cangar
a sua vítima, é porque a criatura visada, na maioria dos
casos, recorre ao serviço
B para libertar-se do cangamento do
serviço
A; e o serviço B começa, então,
quando procurado pelo visado, a lutar com o seu rival e a procurar proteger e
amparar o novo freguês.
Essa proteção, que
principia e acaba por obsessão, por escravização às forças inferiores, e é
sempre uma desgraça, embora com feitio de defesa, de bem-fazer, mas sempre bem
paga pelo freguês, é prestada como um favor especial a tais incautos, a tais
ignorantes, e pratica-se assim:
Cada grupo ou
“serviço” tem falanges diversas de espíritos perversos, chefiados pelo “pai
astral”, que comanda os trabalhos do serviço, cada serviço
põe em ação as suas forças para vencer as do adversário, e entre tais forças,
como se fossem exércitos, colocam os seus protegidos e os seus cangados,
para que o adversário não consiga o que deseja. Com isto constituem uma espécie
de fortaleza em volta de sua vítima ou protegido, e por toda parte acompanham a
criatura que os procurou para receber a sua proteção.
Nessa fortaleza em que
colocam o freguês e as suas vítimas, escolhem sempre os espíritos mais fortes;
e estes, quer na rua por onde passe o seu protegido ou perseguido, quer nos
próprios “serviços”, travam combates astrais, como se encarnados estivessem.
Dessas lutas titânicas
entre os do grupo A e os do grupo B, resulta a vitória de uma das falanges; e
então o vencido retira-se, deixando a presa em poder do rival, e também quem
protegia ou “cangava”, que passam a sofrer coisas horríveis e maldades
tremendas.
O “pai de serviço” do
grupo vencido lança mão de novos elementos que vão dar novos combates ao grupo
vencedor, e se os instrumentos destes se descuidam, o vencedor será, por sua
vez, vencido.
Se quiser, caro
leitor, convencer-se destas verdades, assista às Sessões Públicas de Limpeza
Psíquica do Centro Redentor e suas Filiais, e poderá julgar do que são capazes
os espíritos obsessores, não só pelos reflexos desvendados pelos médiuns
concentrados em correntes fluídicas, como pelo triste estado em que ali chegam
as criaturas que tenham frequentado tais centrelhos.
Neste nosso convite a
frequentar as Casas Racionalistas, não há segunda intenção, não só por ser-nos
indiferente a quantidade ou posição social dos assistentes, como nessas Casas
não há sacolas à porta, bandejas sobre a mesa ou passando pelos que a elas
comparecem.
No Centro Redentor e
suas Filiais há independência absoluta, há método e disciplina racionais que
merecem ser observados, para cada um saber tratar de si, ter saúde do corpo e
do espírito, para então poder tratar do Todo, que é a humanidade.
Há de haver sempre
cretinos a quererem confundir a ação do Centro Redentor, do Astral Superior
(porque cada um julga os outros por si), entretanto, e os que tentam
infeccionar o ambiente criado pelo Racionalismo Cristão, acabarão por tornar-se
vítimas das suas próprias maldades.
Ao cristão custa ter
que dizer verdades tão duras, mas conhecedor que é das leis de causa e efeito,
sabe perfeitamente que só a dor fará o criminoso voltar-se para dentro de si
mesmo, e passar a enxergar os crimes que comete.
Evitem o convívio com macumbeiros
É tremendo o trabalho
de tais “serviços”, e o vencedor é aquele que mais freguesia adquire entre as
camadas sociais; mas tanto os protegidos como os perseguidos desses
perigosíssimos antros ficam sempre colocados na mesma posição de vítimas das
forças ocultas inferiores, que só pela brutalidade ou a animalidade que os
domina, satisfazem os terríveis desejos de A ou as covardias de B, perseguidos
do outro “pai-de-serviço”; e os resultados materiais que, por vezes, obtém do “pai-do-serviço”
C, acabam não valendo nada, porque mais dia, menos dia, o vencedor será cangado
por outro, que tudo lhe tirará, inclusive a própria vida física.
Quer isto dizer que
tanto o que procura a defesa em tais antros, como o desgraçado que é perseguido,
ficam escravos dos espíritos do astral inferior e até do torpissimo especulador
“pai-do-serviço”, e acabam sempre na miséria moral e material, dentro de mais
ou menos tempo.
Os coronéis
politiqueiros, e certos políticos, também usam e abusam do “serviço” para a
conquista de posições, ou consolidação das que já possuem.
Alguns, que são
fazendeiros, chegam a instalar nas suas propriedades rurais os
“pais-de-serviço”, para neles praticar, à vontade, as suas torpezas, pois
sabendo que se trata da fazenda do Coronel Fulano ou do Doutor Cicrano, a
polícia não os vai lá incomodar, tornando-se tais fazendeiros protetores
incondicionais daqueles patifões.
Há políticos que
também se fazem clientes de espertalhões que se intitulam professores de
ocultismo, instalados no Rio, São Paulo e noutras grandes cidades, e
pagam-lhes bem na esperança de que tais refinados malandros tornem realidade os
seus desejos de vencer eleições, de conseguir a derrota ou a morte do rival A
ou B, para eles, políticos, ficarem em destaque na zona, perante as comissões
diretoras do partido.
Em certa ocasião,
conseguimos obter uma relação de políticos clientes de “serviço” e dos
“ocultistas”, que excedeu a nossa expectativa, pois encontramos, entre os
relacionados, pessoas que tinham sido Governadores de Estado!
Além dessas formas de
“serviço”, todas da prática da maldita magia negra,
rotulada de espiritismo, fundangas
e cangamentos,
pontenas
e molambos,
há um detalhe ainda não mencionado, que se denomina fechar o corpo.
O pretendente ao
“fecho do corpo” entra no aposento do “pai-de-serviço”, no campo ou nas
cidades, e fica completamente nu, e nesse estado de porco pelado ou a pelar, é
colocado num banco ou esteira; aí o “pai-de-serviço” lança mão de uma tinta
qualquer, com que faz uma porção de arabescos no corpo do paciente, desde o
pescoço até à ponta dos pés, de costas e de barriga para o ar. Assim preparado
e rezado
esse suíno humano, lança mão o “pai” de uma navalha de
barba, e com ela vai cortando, embora levemente, todo o corpo do bruto, pelos
arabescos que traçou a tinta.
Depois de bem consagrado o
pobre coitado, passa-lhe uma untura de banha de lagarto ou de bode preto, e por
cima um cozimento de arruda ou de Guiné, terminando com mais uma reza ao “santo
Onofre”, “santa presciliana” ou “pai Jacó”, “lodoro” ou “reviramundo”, para
guardarem o filho iniciado, cujo corpo fica assim fechado para
todas as influências astrais, inclusive para a faca (pontena), bala, ou
qualquer outro malefício, “coisa feita”, afazer etc.
For este “fecho”, paga
o freguês o preço combinado pelo ponto fortuna,
que na ocasião lhe é vendido pelo “pai-de-serviço”. Este “fecho de corpo” é
mais um logro para o desgraçado que a tal patifaria se submete, visto que não
há fecho possível de corpo que evite a influência dos espíritos inferiores ou
facadas, tiros, venenos e outros malefícios a que o ser humano está sujeito,
quando não se conhece a si próprio como Força e Matéria nem possui ânimo forte
para vencer os males físicos e astrais.
A essas misérias se
prestam mulheres de todas as classes, homens pergaminhados, capitalistas e
pobres, que além de se sujeitarem a tal “sacrifício”, a trabalho tão nojento,
ajoelham-se sobre grãos ele milho ou pedrinhas, para serem iniciados e
merecerem o nome de filhos,
e a proteção dos serviços.
De norte a sul do
país, há canjeristas, catimbozistas, mandingueiros e feiticeiros a levar a
desgraça às criaturas. De uma feita, o major Aurélio Nogueira, como delegado de
polícia de São Luís, no Maranhão, teve que dar uma batida nesses antros, e qual
não foi a sua surpresa ao encontrar num deles senhoras da mais alta sociedade
de São Luís, e dentre elas uma deitada, completamente nua, para submeter-se ao
sacrifício do “fecho do corpo”.
Ficou o delegado tão
penalizado com a baixeza a que haviam descido aquela e outras esposas de homens
respeitáveis, e elas tanto lhe imploraram que ocultasse os seus nomes, que
resolveu relaxar a prisão de todos, macumbeiros e assistentes, naquele momento,
para dar nova batida noutra ocasião, prendendo os exploradores da credulidade
pública e processando-os, como consta do noticiário dos jornais de São Luís.
Ficamos, porém,
possuindo os nomes das senhoras encontradas nesse antro. Existissem muitas
autoridades da envergadura moral desse major Nogueira, e essa corja de malfeitores
seria obrigada a ter uma profissão, e estaria, pelo trabalho honesto, depurando
os seus espíritos.
Como vê, caro leitor,
homens e senhoras de todos os estados sociais, até mesmo aristocratas, descem
às macumbas,
e cá fora fazem questão de passar por criaturas muito boazinhas, que vão às
missas de luxo aos domingos, rezadas para a elite. E se a elas alguém tiver o
atrevimento de falar no Espiritismo Racional e Científico, benzem-se três
vezes, dizem credo em cruz, e com ênfase:
– Sou muito católica...
não me meto em espiritismo . . .
Sim, o Espiritismo que
se pratica no Centro Redentor e suas filiais, não pode satisfazer a tais
criaturas que preferem viver enganadas, já que nas Casas Racionalistas teriam
de ouvir duras verdades, mas verdades que curam a alma e reforçam os atributos
morais, além de retemperar o caráter.
“Só a Verdade
fará livre o homem”, disse Jesus.
Concorramos, todos,
para tornar livres os nossos semelhantes, pois isso fazendo, temos a certeza de
estar construindo o sólido edifício da concórdia humana.
Ainda os perigos da magia negra
Motivos imperiosos,
caro leitor, levaram-nos a interromper, por alguns dias, as nossas publicações,
que sabemos estar a agradar a muitos e a desagradar a muitos mais, mas uns e
outros podem ficar certos de que não ocupamos esta coluna para agradar ou
desagradar, mas porque o dever a cumprir nos ordena dizer a verdade, e esta
havemos de dizê-la sempre, enquanto neste degredo – o mundo Terra – formos
presidiários da matéria (corpo, que incitamos e movimentamos, na ânsia de, dia
a dia, mais conhecimentos adquirirmos e, de algum modo, podermos aliviar-nos da
carga de faltas do passado, quer dizer, miséria e crimes cometidos noutras
encarnações.
Todo ser humano tem
faltas a resgatar; portanto, leitor amigo, se fazes parte daqueles a quem não
agradam as nossas publicações, não te revoltes, porque mais te desgraças,
espiritualmente falando; contém-te e lê-as com atenção, desapaixonadamente, e
no foro íntimo da tua alma hás de dar-nos razão, principalmente quando chegares
a reconhecer o fim das nossas duras verdades, que visam, apenas, dar ferroadas
no teu subconsciente, para que o espírito desperte da letargia a que o atiraste
e possa, ainda nesta encarnação, conhecer a grandeza da Força a influenciar
sobre ti mesmo.
Então saberás que
sendo, como és, uma partícula dessa Força, tens por dever libertar-te de
crendices e buginganguices, para te tornares uma criatura esclarecida a pugnar
pela prática somente de boas ações, e elevando a tua moral e purificando os
teus sentimentos e pensamentos.
Se assim procederes,
passarás a condenar a moral convencional e, livre de quaisquer peias, seguirás
as pegadas de Jesus, amando o próximo e não querendo mal a quem quer que seja.
Se, porém, fores dos
leitores que apreciam o nosso leal e franco modo de dizer as coisas, também não
te deves limitar a, airosamente, comentar o que dizemos, mas procurar ver se
algo aproveitaste, a fim de que amanhã sejas melhor operário do que ontem, na
grandiosa obra da Inteligência Universal.
Todos precisamos
melhorar os nossos sentimentos. Sem moral não pode haver saúde nem paz, e
porque a moral vem faltando, é que religião, política, negócios e famílias se
confundem, aumentando a crise de caráter que campeia atualmente.
Ponhamos entraves à
derrocada, começando por zelar pela família dentro de princípios de sã e
elevada moral, moral exemplificada e não convencional de aparência e
utilitária.
É dela, dessa elevada
moral que tratamos, pois, sem querer honras e glórias, mas sim servir à Causa
do Bem. Assim fez Jesus, assim poderão fazer todos, desde que imponham a si
mesmos ser bons, e não malvados.
Não guerreamos os
homens de quaisquer seitas, mas a mentira; esta a atacaremos, sem dó nem
piedade, por ser ela a arma traiçoeira que matou Jesus e continua fazendo
vítimas em toda parte.
Do que temos dito, –
ficou bem claro, – resultam sofrimentos horríveis para os perseguidores e os
vencidos pelo “trabalho” ou “serviço”.
A cegueira, a
paralisia parcial ou geral, a magreza extrema, as torturantes dores renais, do fígado,
da cabeça e outras, são o menos que acontece a tais desgraçados que, por
fraqueza e falta de moral, se deixam cangar.
A falência de
comerciantes, a perda de empregos, a ruína de lares e da vida material, em
geral, são os resultados mais terríveis visados pelos “serviços cangadores” e
os seus fregueses. E tudo isso se realiza sem as vítimas saberem donde provêm
tantas desgraças.
Uma ou outra pessoa,
vitimada por esses infelizes obsessores astrais e físicos, sabe, realmente, a
fonte de tantas torpezas, mas não conhece outro remédio para elas se não o de
procurar outros rivais em “serviço”, na vã tentativa de desfazerem estes a ação
dos seus “cangadores”.
Daí o grande mal, como
ficou esclarecido na última publicação, quando bastaria, para impedir toda ação
malévola dos perversos, que as pessoas visadas pelo “serviço” possuíssem moral
relativa, vontade educada para o bem, firme e desenvolta para repelir o mal,
para não o temer, sobretudo, e assim afastá-lo para bem longe, sem que os seus
perseguidores, por maior que fosse o número, pudessem vencê-los em coisa
alguma.
Mas os infelizes que
outra defesa procuram não melhoram de situação nem podem melhorar, porque ficam
colocados na mesma corrente da magia negra, tornam-se escravos
do “pai-de-serviço”, a quem incumbiram de defendê-los do “trabalho” feito pelo
outro “colega seu”. Se chegam a conjurar o mal produzido pelo serviço A, é por
pouco tempo, já que o seu protetor, exercendo sobre eles domínio absoluto,
principia a explorá-los materialmente; e ai dos protegidos que deixarem de
satisfazer um pedido ou ordem do seu protetor, porque, desse dia em diante,
ficam sendo perseguidos ferozmente, e acabam falindo, desgraçando-se material e
moralmente.
A mesma situação, tem
o freguês que tais cangas pede ao serviço; esse cangado fica
sob o domínio absoluto do “pai-de-serviço”, o seu“protetor”, tornando-se uma
presa de tais exploradores que dela fazem tudo quanto lhes apraz.
Há ainda outro sistema
de praticar a magia
negra, não menos perigoso, que no tempo da escravidão era a arma
vingadora dos escravos contra os seus senhores ou quem lhes pertencia, quer
como família, escravos ou empregados.
Esse sistema, que se
pode, acertadamente, denominar de verdadeira feitiçaria,
foi inventado e fortemente praticado pelos escravos africanos, práticos em
todos os malefícios para prejudicarem os seus senhores e os parceiros ou amigos
destes.
Esses, sim, são
perigosíssimos, porque, além de “trabalhar” com forças astrais similares,
grandemente inferiores e perversas, aplicam “mezinhas”, beberagens, pós e
outros venenos na comida, nos líquidos e nos ingredientes para a cura de
feridas.
Os africanos velhos
tinham grande prática do efeito maléfico, mortífero e envenenador de certas
ervas que aplicavam com certeza absoluta de cegar, aleijar e matar.
Eles ensinavam aos
seus iniciados (adeptos), nunca em número superior a vinte, o efeito terrível
de:
a) Semente de mamoninho bravo,
socada e macerada em aguardente;
b) osso de defunto,
cuja carne tenha caído de podre, que raspado e posto numa comida qualquer,
produz moléstia incurável;
c) sapo verde do mato
virgem, sufocado em fogo lento, dentro de uma panela nova, coberta por testo
novo, que morre largando uma espuma branca, a qual, diluída em água, produz a
hidropisia mortal;
d) folhas de jaborandaí,
passadas e reduzidas a massa, que aplicadas aos sovacos, produzem suores e
salivação;
e) raiz de Guiné,
anhandívora, são contra-poderosíssimos para “coisa feita”.
Além disso, os
“megangas” (feiticeiros) ensinavam uma infinidade de superstições medonhas umas
e outras muito ridículas, que a seguir mencionaremos.
Essa maneira terrível
de praticara magia
negra está a cargo de descendentes de tais africanos caboclos e
outros tipos repelentes, ultra-animalizados.
Convém, todavia, que o
leitor medite um pouco sobre o que vimos escrevendo nesta coluna e, se isso
fizer, chegará à conclusão do perigo que correm as famílias que tenham ao seu
serviço doméstico criadas ou criados que descendam de tais feiticeiros ou
frequentem o catimbó,
canjerê, serviço, macumba, terreiro etc.
A cozinheira, copeira
e arrumadeira que dali provenham são elementos perigosíssimos numa casa de
família não esclarecida, e hoje o caro leitor fica sabendo a razão por que
certos entes queridos que sempre gozaram saúde, de um momento para o outro
passam a curtir dores cruciantes que não têm mais cura pela ciência oficial,
desencarnando alguns da noite para o dia.
Conhece-te a ti mesmo,
leitor amigo, desenvolve a tua força odica, disciplina a tua vida moral e
material, como ensina o livro Racionalismo Cristão, pratica a
Limpeza Psíquica todos os dias, e os elementos maus não te avassalarão nem te
enfermarão.
A magia negra descrita pelo filólogo Júlio
Ribeiro
Da magia negra
praticada pelos africanos no tempo da escravidão, e hoje pelos seus descendentes
e sórdidos traficantes do espiritismo, existe uma descrição completa,
magistralmente feita pelo grande filólogo, romancista e polemista brasileiro,
Júlio Ribeiro, na sua obra A carne.
Durante e após uma das
costumeiras danças dos escravos numa das fazendas paulistas de então, feita a
carpa geral como folgança dada aos escravos pelo seu senhor, o Coronel R, assim
descreve o grande Júlio Ribeiro uma iniciação feita pelo feiticeiro-mor Joaquim
Cabinda, escravo, octogenário, inútil ao trabalho da dita fazenda:
“Enquanto se
dançava no terreiro, Joaquim Cabinda estava sozinho sentado em um cepo ao pé de
um fogo de lenha de peroba, no paiol velho abandonado que, a rogo seu, lhe fora
concedido para morada.
Era horroroso este preto: calvo,
beiçudo, maxilares enormes, com as escleróticas amarelas raiadas de laivos
sanguíneos a destacarem-se na pele muito preta.
Curvado pela idade, tardo, trôpega,
quando se erguia envolto na sua coberta de lã parda, dava alguns passos,
semelhava uma hiena fusca vagarosa, covarde, feroz, repelente. Tinha as mãos
secas aduncas; os dedos dos pés reviravam-se-lhe para dentro, desunhados,
medonhos.
O paiol velho formava uma vasta quadra
de telha vã, de chão de terra, esburacado. A um canto, um chalo paus roliços,
com uma esteira, um travesseiro negro e lustroso, uma traparia imunda: era a
cama do africano.
Par baixo do chalo, no desbão escuro,
punha uma nota branca, um urinol velho de louça ordinária, desbeiçado, com um
arquipélago de incrustações úricas no fundo, muito fétido, nauseabundo.
Junto do chato, uma caixa de pinho, cuja
fechadura nova, envernizada, destacava-se, muito lustrosa, na madeira
carunchada, enegrecida pela fumaça.
Em outro canto fronteiro ao chato, sobre
uma mesa coxa, um oratório vetusto de gonzos enferrujados, gastos, roído dos
ratos em vários lugares, muito ensebado.
Pelas paredes, saquinhos de boca
amarrada, samburás, porungas de pescoço, guampas de boi, cartolas
antiquissimas, sobrecasacas arcaicas de três pontas na lapela, do tempo do rei.
Por todo o chão, abóboras, pepinos maduros, espigas de milho com casca, cabos e
instrumentos de lavoura, cepos de madeira, cascas de ovos, talos de couve,
montes de cisco.
A porta estava cerrada: abriu-se e
entrou uma negra, ainda moça, magra, baixinha, de olhos fundos, olhar febril
(era médium), vestida de cores multa espantadas, saia amarela, casaco vermelho.
Tomou a bênção a Joaquim Cabinda, e foi
sentar-se, em silêncio, junto ao fogo, por ser inverno. Um a um, vieram vindo
outros pretos e pretas. Entravam, davam louvado ao velho e, silenciosas,
acomodavam-se sobre os cepos ao pé do fogo, ao todo dez. Quando completo esse
número, Joaquim Cabinda disse:
– “Fêssa pote” (fecha a porta).
A negra, que primeiro chegara,
levantou-se, cumpriu a ordem e voltou a sentar-se em seu lugar.
Reinou silêncio por largo espaço. Fora,
ouvia-se a coro retumbando na noite: “Eh! pomba, eh! – estribilho de cantiga
dos que dançavam no terreiro, a qual era assim:
Serena pomba, serena;
Não cansa de serená;
O sereno desta pomba,
Lumeia que nem metá!
.......................
Eh! pomba! eh!
......................
Joaquim Cabinda acendia um cachimbo de
longo canudo e fumava, tranqüilo, sem parecer dar fé das circunstantes; cerca
de meia hora levou absorto, com os olhos cerrados, meditando, cochilando, a puxar
fumaças, morosamente, preguiçosamente.
Quando se consumiu o carrego do
cachimbo, sacudiu as cinzas, bateu-o bem, cuidadosamente, soprou o canudo e
encostou-o à parede.
Ergueu-se lento, titubeante, monstruoso,
caminhou para o oratório; chegou, abriu-lhe as folhas das portas, de par em
par, tirou fora duas velas de cera que estavam dentro em castiçais de latão,
riscou fósforos, acendeu-as, iluminando o interior do nicho revestido de papel
de prata, moreado.
Dois eram os divos desse mesquinho e
sórdido larário: um São Miguel, de gesso, cambuto, retaco, muito feio, muito
pintado de escretos de moscas; e um manipanso tecido inteirinho de cordas
finíssimas de embira, pavoroso mas admirável pelos detalhes anatômicos,
estupendo como obra de paciência.
Os negros erguem-se todos, reverentes.
– Zeromo - disse Joaquim Cabinda -, ussê
pensô bê nu quê ussê vá fazê, lapássi?
– Pensó,
rneganda. (Pensei, Mestre).
– In tonsi, ussê qué mêmo si rissani rimanari ri San Miqué rizáma? (Então, você
quer mesmo alistar-se na irmandade de São Miguel das Almas? ).
– Qué, meganga, (Quero, Mestre).
Que era muito bom, explicou Cabinda, na
sua meia, língua, pertencer um preto à irmandade de São Miguel das Almas, mas
que também era perigoso; que quem não tinha peito não tomava mandinga; que
branco queria, por força, saber o segredo dos irmãos de São Miguel, e que para
isso surrava o preto, mas que o preto que revelava o segredo de São Miguel,
morria sem se saber de quê. Fez o neófito beijar os pés de São Miguel, fê-lo
beijar os cornos de satanás a eles sotopostos, fê-lo beijar as partes genitais
do manipanso; ditou-lhe juramentos solenes; cominou-lhe penas terríveis, no
caso de infração.
Recebeu dele dinheiro, trinta mil réis,
seis notas de cinco mil réis, que estavam no bolso da calça, muito enleadas em
um lento de chita, muito sujo. Passou à parte doutrinária, entrou a iniciá-lo
na arte terrível dos feitiços e dos contras, a dar-lhe meios de matar e curar.
Ensinou-lhe muitos efeitos terríveis de
diversas raízes, folhas, cabeças de cobras, sapo seco, pós, raspagens, líquidos
preparados etc.
Ensinou mais uma infinidade de
superstições, medonhas umas, outras muito ridículas; que a mão ressequida de
uma criancinha morta sem batismo é um talismã precioso para conciliar o amor;
que uma lasca de pedra de ara, furtada a uma igreja, fecha o corpo, tornando-o
invulnerável a tiros de arma de fogo, a pontaços de arma branca; que café coado
com água de banho por fralda de camisa de mulher ou por fundilho de ceroula do
homem, sem lavar, capta simpatia, amansa gênio bravo; que a corda do enforcado
faz ganhar dinheiro no jogo, que uma figa da raiz de arruda, arrancada em
sexta-feira maior, é remédio soberano de quebranto, de mau olhado; que para
inutilizar um mestre feiticeiro, para tirar-lhe o poder, é preciso surrá-lo com
uma vara de fumo e quebrar-lhe na cabeça três ovos chocos.
Passou a curar o neófito, a fechar-lhe o
corpo, a anestesiá-lo para não sentir castigos físicos; mandou que se despisse,
que se pusesse de quatro pés, como uma besta. Murmurando palavras inconexas,
frases de engrimanço, untou-o com uma pomada rançosa que tirou de uma latinha
muito oxidada, borrifou-o com água de uma porunga que desprendeu da parede.
Disse-lhe que era preciso repetir a operação em mais sextas-feiras, para que o
encanto ficasse completo e o corpo insensível de uma vez.”
Pelo que estamos
transcrevendo de A
carne, pode o leitor avaliar o perigo da prática da magia negra,
hoje difundida por toda parte e zelosamente cultivada não só nas fazendas, como
também nos palácios das grandes e pequenas cidades.
Ainda a magia negra descrita por Júlio
Ribeiro
Em continuação ao que
dissemos através destas colunas, transcrevemos da obra de Júlio Ribeiro, A carne,
o que se vai ler:
“Para provar, com
fatos, o seu poder, para demonstrar a eficácia dos seus sortilégios, chamou a
preta magra, a primeira que viera (médium).
Acudiu ela, aproximando-se, ligeira,
muito contente.
Passou-se uma cena estranha.
Joaquim Cabinda tirou do oratório uma
agulha de coser sacos, comprida, acerada, e tomando o braço esquerdo da preta,
atravessou-o de parte a parte, em vários lugares, por várias vezes, sem que
ressumasse um pingo de sangue; a paciente olhava, curiosa, para o braço, sem dar
a mínima mostra de dor.
Joaquim Cabinda, largou a agulha,
afastou-se um pouco, baixou-se, fitou-a de modo particular por sob a pálpebra
com a pupila brilhante, fixa como a de um réptil.
A rapariga soltou um grande grito e
levou as mãos ao peito.
- A bola! A bola! Sufoco! - exclamou.
E caiu desamparada, com os olhos
esbugalhados, com a boca torta, com os membros contorcidos por convulsões
tetânicas.
Estenderam-se-lhe os braços; os punhos
viraram-se para fora; os dedos fecharam-se, penetrando quase as unhas nas
palmas das mãos; a língua estava negra e pendente, betada, aqui e ali, por fios
de baba escumosa.
E revolvia no solo, aos saltos, como uma
cobra cortada aos pedaços.
De súbito, largou um berro entrecortado,
gutural, rouco, que nada tinha de humano. Deu um estremeção, curvou-se para
trás, assumiu a forma de um bodoque retesado, quedou-se imóvel, dura, firme, em
uma posição impossível; por uma parte tinha o alto da cabeça apoiado ao solo,
e, por outra, os dois pés que assentavam em cheio, um pouco separados; ao todo,
três pontos de apoio.
Os punhos continuavam cerrados e os braços
tesos, ao longo do corpo. A rigidez era cadavérica, mais ainda, marmórea,
metálica.
Joaquim Cabinda sorria-lhe,
medonhamente.
Com uma agilidade que desmentia o seu
vagar, o seu tolhimento costumeiro e de que ninguém o teria julgado capaz,
trepou, deu um salto sobre essa esquisita ponte humana.
Com os olhos reluzentes, com o clarão do
fogo a refletir-se-lhe na calva negra polida, mostrando os dentes amarelos em
esgares diabólicos, ele pulava, tripudiava sobre o estômago, sobre o ventre,
sobre o púbis da convulsionada.
Ela não se abalava, não se mexia sob o
impulso dos pés, sob a ação do peso do monstro; semelhava uma ponte de arco,
feita de cantaria.
Joaquim Cabinda desceu, foi a um canto
buscar um cabo de picareta e com ele entrou a bater-lhe duro no peito, no
ventre.
Os golpes sucediam-se, crebros, com um
som baço, abafado, como se fossem dados em um saco de trapos.
De súbito a vítima desinteiriçou-se,
recobrou a moleza vital, recaiu no solo pesadamente, em atitude humana.
Inundavam-lhe o rosto grossas camarinhas
de suor.
Os assistentes estavam aterrados!
O tétrico hierofante desses horrendos
mistérios tinha apagado, rapidamente, as velas, tinha fechado o oratório,
estava de novo silencioso, sentado em um cepo, atiçando o fogo.
A rapariga dormia, profundamente,
respirando alto em estertores.
Fora, o samba continuava; ouvia-se o
cutucar dos atabaques, e o estrupido surdo dos pés; sonoro, melancólico,
plangente repercutia o estribilho.
Eh! pomba! eh!”
Assim termina Júlio
Ribeiro a real e magistral descrição do feiticeiro, da sua casa, do interior,
da sua maneira de iniciar adeptos, de os tornar seus auxiliares, seus escravos
e cúmplices em todos os envenenamentos, em todas as torpezas astrais e
materiais.
Sejamos esclarecidos
Foi a prática da magia negra
presenciada por mim, quer em companhia de Júlio Ribeiro ou sozinho quando, como
comissário e exportador de café, percorria as principais fazendas de São Paulo
e quando caçava no sertão paulista ou goiano até às divisas de Mato Grosso,
inclusive no Triângulo Mineiro, desde as margens do Tietê, Mogi-Guaçu, Rio
Pardo, Rio Grande (Alto Paraná) até o Araguaia.
Por toda parte
encontrei hediondos feiticeiros, e se terríveis eram os seus trabalhos,
inúmeras eram as suas vítimas, como o são hoje, sem que dos efeitos horríveis,
desesperadores, de tais venenos, aplicados por eles, diretamente, e por
intermédio dos adeptos, “membros da irmandade”, fosse conhecida a sua origem,
visto que o adepto, o iniciado, o “filho”, deixava-se matar pelos seus senhores
ou os parentes das suas vítimas, mas absolutamente não denunciava o chefe, o
“pai Meganga”, nem o nome dos venenos aplicados por ele, como tive, muitas
vezes, oportunidade de presenciar.
Depois das torpes
práticas da magia
negra já descritas nestas colunas, entram na mesma linha as tais
cartomantes e “videntes” do Brasil, Portugal e França, sendo que na tão
apregoada “cidade da luz” – Paris – todas as patifarias se praticam com a mesma
desenvoltura das grandes e pequenas cidades do Brasil e da América Espanhola.
Essas cartomantes,
ditas volantes, são, em geral, médiuns videntes e auditivos completamente
avassalados, e quem as procura e com elas trata, fica entregue às forças
inferiores (astral inferior), sujeito à mesma quantidade de força maléfica,
como se tratasse com os antros da magia negra.
Têm essas criaturas
grande clientela para arranjar vidas e tratar de desordens domésticas,
provindas de avassalamentos dos lares e da obsessão das pessoas que os
constituem.
Cegos propositais ou
não, são os tais fregueses dessas repugnantes criaturas, que nem observam que,
se tal gente e os espíritos que os assistem pudessem dar fortuna e paz aos
lares, não viveriam elas próprias na pobreza, a exercer a profissão criminosa
de atrair espíritos para desgraçar criaturas e lares.
Com os conhecimentos
que vem proporcionando o Centro Redentor, só podem permanecer na prática dessas
misérias, dessas verdadeiras patifarias, os seres despidos de honra e vergonha,
sem caráter, por aprazer-lhes rastejar no lodaçal nauseabundo da imoralidade, da
corrupção, e se sentirem bem com o bafejo fluídico dos espíritos quedados na
atmosfera da Terra, com idênticos desejos e vícios dos seres humanos que os
atraem.
Quem desce a um antro
da magia
negra, seja em casa rica ou espelunca, passa a ficar corrompido
do corpo e da alma, e mais dia, menos dia, será uma criatura avassalada.
Leis são leis. Elas
são naturais e imutáveis, e na sua prática o que regula é a vontade e o
pensamento. Ora, desde que a criatura, por ignorância ou não, delinque, tem
ela, e só ela, de reparar o mal feito a si ou aos outros. Tudo o que se faz
grava-se na aura dos seres como débitos espirituais que eles terão de resgatar
nas sucessivas encarnações.
Vemos criaturas que
nos parecem não merecer passar pelo que estão passando, mas se as submetermos à
apreciação da razão esclarecida, perante a lei da reencarnação, facilmente
concluiremos que elas estão apenas se purgando de males praticados noutras
existências.
Convém, caro leitor,
ter muita cautela com a melosidade dos espíritas evangelistas, que tudo levam à
conta de provação e não fazem o menor esforço para uma melhoria material e
moral.
Estes, como os
canjeristas, são criaturas perigosas em qualquer lar.
O Espiritismo Racional
e Científico Cristão explanando princípios doutrinários, visa não ferir
sentimentos religiosos de crentes de qualquer seita, mas sim fazer luz na alma
de todos para que cada um chegue à convicção de que em si mesmo residem o bem e
o mal, e que é dever do ser humano desenvolver só as virtudes, deixando
ofuscado o mal.
A desenvoltura deste é
que nos leva a todas as ruínas morais e materiais.
Compreenda-se a Vida
criadora de tudo tal qual é, e teremos a felicidade de senti-la em nós mesmos,
sempre que estivermos movidos pelo desejo de aperfeiçoamento moral, criando um
lar honrado, zelando pela família, fundando uma sociedade dotada de bons
sentimentos e melhores costumes.
É impossível dar o que não se tem
Todos os espíritas,
médiuns ou não, têm por dever instruir-se, dia a dia, sobre os porquês do
Espiritismo, para chegarem à conclusão de que praticar a Doutrina Espírita não
é desenvolver a mediunidade a torto e a direito, para dar receitinhas em
qualquer lugar, nem invocar espíritos para tratar de coisas materiais e
chegarem até à prática de monstruosidades.
Por esse caminho, se
não tivesse aparecido o Centro Redentor para pôr termo à desenfreada
desenvoltura de médiuns, verdadeiros loucos alguns e obsedados todos, seria o
mundo, dentro de pouco tempo, um verdadeiro pandemônio, ninguém mais se
entenderia, e todos os seres acabariam anormais.
Felizmente, pude
despertar a tempo de cumprir a minha missão na Terra, auxiliado pelo meu
querido companheiro Luiz Alves Thomaz, e desde o momento em que constatei a
existência da vida fora da matéria, passei ao trabalho da pesquisa, estudando,
a fundo, a Força Criadora de tudo, que sentia em mim mesmo e me intuía para a
prática do verdadeiro espiritismo (que é científico e não religioso), pregado
por Jesus na sua época e que os homens deturparam deliberadamente.
Jamais abandonarei o campo
da luta enquanto permanecer neste alambique depurador de almas, e bem sei que
muitos se sentem feridos com as duras verdades que não posso calar e afastam-se
do Centro Redentor para juntar-se a outros infelizes que nos centrelhos e baiucas dirigidos pelo astral inferior se supõem grandes senhores e
conhecedores do espiritismo, e invocam seus pretos Lodoros,
Urubatãs
e magna
caterva astral
para ver se me conseguem cangar, avassalar e aparceirar com eles para a prática
de todos os crimes, em nome de Jesus, e da tal “caridade” humilhante, a maior
das perversidades para com os infelizes ignorantes do que são a alma e o corpo.
Pela imprensa tenho
procurado esclarecer a todos os papas do espiritismo, chamando até a contas os
tidos como chefes, sendo-lhes demonstrados todos os seus erros que redundam em
crimes, por estarem fabricando loucos por toda parte e, em conseqüência,
originando desgraças morais e materiais, mas nenhum quis abandonar o seu
pedestal de intrujice.
Estão obsedados de
todo uns e têm desencarnado desastrosamente outros, ficando cegos e paralíticos
muitos.
Alguns têm a certeza
do mal que praticam, mas cultivam a sua árvore de modo a que ela continue a
proliferar em frutos que nada mais são do que grandes venenos e males para eles
próprios e para os desgraçados que os procuram, pensando aliviar os seus
sofrimentos ou endireitar as suas vidas tortas pelo mau uso do livre-arbítrio
de cada um, e só remediáveis pelo bom uso que de tal livre-arbítrio fizerem.
Um bom conselho valerá
muito, mas cada ser tem que responder pelo que fizer e não poderá deixar de por
si organizar a sua vida; os de fora poderão ajudá-lo a vencer, se possuírem
valor moral e material. Não se pode dar o que se não possui. Logo, quem procura
tais “espíritas” para arranjar a vida, mais se arruína.
A vaidade dos papas
caricatos do espiritismo cega-os, e não os deixa ver com clareza: apregoam-se
“missionários , que o são de fancaria, e
não pensam por si nem dão trato ao raciocínio, limitando-se a receber supostas
ordens do “espaço”, “mensagens do além”, e os seus “guias protetores”
dizem-lhes, vaidosamente, que têm tido conferências com Sócrates, São Paulo,
São Pedro etc., nos templos, razão por que às vezes não os podem atender de
pronto e dão-lhes a conhecer o teor das conferências, passam-no como coisa
“sagrada”, o supra-sumo vindo do “espaço” para os órgãos espíritas e os
crentes, todos basbaques, doentes da mente e do físico, recebem a lição como
manjar vindo do céu . . . e que não passa, na realidade, de brincadeira de
espíritos zombeteiros quedados na atmosfera da Terra, que foram boêmios quando
encarnados.
Pobres infelizes! Não
vêem o ridículo em que caem, mas tudo lhes há de custar caro, quer aqui quer no
espaço, onde serão juízes de si mesmos e terão tremenda vergonha dos ridículos
papéis que representaram.
Para os observadores
imparciais já não passa desapercebido o estado físico e mental desses
espíritas, pois não se encontra um médium bíblico que possua verdadeira saúde
de corpo e da alma. São todos enfermos, e é claro que enfermos não podem dar
saúde aos outros e, muito menos, explanarem a Verdade.
Para falar-se em nome
de Jesus, é preciso ter saúde do corpo e da alma. Teimar no erro é ser
criminoso proposital.
Jesus que, como homem,
estava sujeito às leis do mundo físico, às naturais intempéries, algumas vezes
enfermou e, em uma delas, foi hóspede de Nicodemos, ficando numa das suas
fazendas cerca de sessenta dias, para restabelecer-se, só voltando a
prelecionar ao povo quando forte do corpo e desanuviada a alma dos dissabores e
infâmias assacadas contra a sua pessoa pelos sacerdotes fariseus.
Deu-nos, pois, o
exemplo de que com o espírito torturado pela maldade humana e abalado o físico,
não se podem produzir obras boas, dizer a Verdade, de modo a que ela cale fundo
na alma dos ouvintes.
Sejamos verdadeiros
discípulos de Jesus, e jamais mintamos em seu nome!
Honremo-lo praticando
sempre o Bem, para termos saúde e paz de espírito, a fim de podermos
reparti-las com os que sofrem moral e fisicamente.
A Força Astral
Conhecido o mal, os
terríveis efeitos produzidos pela prática do baixo espiritismo e suas
variantes, desde o serviço em campo aberto, do Canjerê, Candomblé, Feitiçaria
dos Africanos, até às cartomantes profissionais do ocultismo,
e ao “serviço” praticado por altos políticos, claro ficou nos escritos
anteriores que essa prática (a atuação dos espíritos inferiores e a
confabulação com eles), é a causa dos grandes males de que sofre a maioria dos
seres humanos, desde a ruína dos lares à paralisia, cegueira, loucura e falências
comerciais, é nosso dever indicar o remédio preventivo e curador para esses
males terríveis.
Fomos claríssimos na
explanação das misérias produzidas pelas forças ocultas que imperam e guiam
esses antros que se denominam Centros ou Grupos espíritas, serviços,
feitiçarias etc., para assim todos ficarem sabendo que nada de novo existe na
Terra e quais os “porquês”, a causa dos males e dos grandes sofrimentos morais
e físicos por que passa o gênero humano, desde os eruditos aos analfabetos.
Assim procedendo,
cumprimos os Princípios Racionalistas Cristãos, que afirmam e provam “que não
se podem prevenir nem curar os males da humanidade, sem lhe falar ou escrever
claramente”.
Concluída, pois, a
primeira parte da explanação da Verdade sobre os males que tais práticas, tais
evocações de espíritos, tais procuras de arranjos de vida produzem, vamos agora
tratar dos remédios para esses males.
Tudo quanto existe no
mundo, que se vê, se apalpa, se olfatiza (e também se sente, sem se ver, se
sonha e se vê com os olhos da alma), tem uma origem, uma causa inteligente, que
é a Força, primeiro elemento componente do Universo.
Essa Força, denominada
pelo vulgo Deus e pelos esclarecidos Grande Foco, é a Vida Inteligente
Universal, de que o ser humano é uma partícula em depuração neste planeta em
evolução, e assim em ascensão para essa fonte, para essa única origem de tudo.
Ela se faz sentir em
todos os corpos e em toda parte, neste e nos outros planetas, pelos raios
fluídicos que envolvem o Universo, agindo sobre as plantas e seres dos reinos
da natureza, os quais muitos não vêem nem conhecem, mas cujos efeitos sentem
nos seus corpos físico, astral e mental em todo o seu “eu”. De acordo com esses
raios sonoros e harmônicos, que são naturais e imutáveis, é que todos os seres vibram,
pensam e vivem moral e materialmente.
Nesse viver reside o
segredo do bem e do mal que beneficia ou tortura todos os seres, por nele
imperar a lei de atração que a criatura pratica com os seus pensamentos,
vibrações do seu próprio espírito, ao serviço da sua vontade.
De acordo, pois, com a
educação da vontade dos seres, assim eles irradiam os pensamentos que (pondo em
prática a lei de atração) atraem para si e para o seu meio as Forças, que são
espíritos inferiores ou superiores.
Espíritos bons e maus
É, como já dissemos,
na vontade de cada ser humano que reside a causa de todo bem ou de todo mal de
que ele é acometido; portanto, é a vontade irradiadora de pensamentos (estes ao
serviço daquela), a causa única e o segredo de todo êxito ou fracasso na vida.
E é no espírito ou
alma que possuímos o remédio para todos os males físicos ou morais, e não em A
ou B. Carecendo os males do corpo de medicamentos e alimentos racionais
adequados à reconstrução celular deste ou daquele órgão, podem eles ser
prescritos por médicos competentes, mas nenhum efeito surtirão se o enfermo não
estiver em boas condições psíquicas.
Se se achar obsedado,
avassalado, se seu espírito não reage, não dá calor, não dá vida ao próprio
corpo, apesar de ser este obra sua, pois, foi ele quem o modelou com matéria
ambiente dos pais, e cósmica, trazida do mundo que lhe é próprio.
Os espíritos da
atmosfera da Terra que assistem a “curandeiros” etc., nada curam, porque nada
possuem de bom para poder curar. Seu trabalho consiste em dominar a falange
astral assistente do doente, passando um espírito sagaz, que foi médico, quando
encarnado, a espargir fluidos sobre o enfermo. Em seguida, ele receita qualquer
droga, por intermédio do médium que o recebe, e devido à confiança com que o
enfermo ingere a tisana, dão-se as melhoras, mas apenas aparentemente, pois
dentro de pouco tempo tal enfermo fica pior, até sujeito a desencarnar
bruscamente, ou a ficar louco furioso.
A razão disso é
simples: os espíritos que assistiam antes ao enfermo, e os pertencentes à nova
falange que os dominou, travam combates dentro ou na porta da casa do doente,
como fazem os encarnados arruaceiros da pior espécie, e desse conflito astral
resulta ser criado um ambiente, uma atmosfera pesada para o doente, e não só
para ele, como para todos da família.
Esses espíritos,
vivendo na atmosfera da Terra envolvidos no fluido que lhes é próprio e no
deste planeta, que é pesado, denso, enfermiço, devido às exalações de todos os
corpos e, principalmente, dos já em decomposição, que podem dar a quem
assistirem, senão doenças e perturbações?
Para que se possam
fazer curas no Espiritismo, é necessário que os dirigentes dos Centros possuam
saúde física e mental e façam jus a assistência dos espíritos já livres deste
mundo, que só podem a ele descerem correntes fluídicas devidamente organizadas,
constituídas por criaturas de relativa moral, pelo menos, e então, pela ação
irradiativa desses seres, é que se produz a lei de atração, descendo o Astral
Superior à corrente, onde fica apoiado, para espargir seus fluidos
beneficiadores trazidos dos seus mundos de luz, e com esta luz desbravar as
trevas da ignorância e arrebatar os espíritos avassaladores dos encarnados
enfermos.
Afastados esses
espíritos malfeitores, e fortificados os dos encarnados, passam estes a poder
raciocinar com mais acerto, dado o clarividenciamento deixado pelos Espíritos
de Luz, e assim, senhores da situação real, dispõem-se, como espíritos
encarnados, a dar melhor orientação espiritual e material ao seu viver terreno,
irradiando todos os dias, a horas certas, ás Esferas Superiores, fazendo a
Limpeza Psíquica (da alma) com a mesma regularidade com que fazem a do corpo,
para poderem estar em qualquer parte sem incomodar a ninguém com o cheiro
exalado por falta de higiene. Assim, procedendo disciplinar e metodicamente,
dificilmente enfermará.
O ser humano é um
instrumento irradiador de força astral inteligente, a qual, se é acionada só
para o bem, atrai para si forças idênticas que o fortificam e auxiliam a
caminhar com segurança e a bem cumprir o seu dever durante a sua estada neste
planeta depurador.
Quem for forte de alma
e não quiser para os outros o que não deseja para si, tiver a vontade educada
para enfrentar a luta pela vida, para suportar, com valor racional e
resignadamente, os sofrimentos derivados dessa luta, que é destinada a todos os
seres racionais, não pode, se tal disciplina praticar, ser atingido pelas
forças astrais inferiores, nem pelas desgraçadas e malvadas criaturas que a
estas servem de instrumentos.
Os seres esclarecidos,
possuidores de vontade forte, não sofrerão os efeitos terríveis dos depravados cangadores,
feiticeiros
e magna
caterva.
De acordo com a lei de
atração, os similares, os que pensam com elevação moral e são ponderados,
moderados, justos e honrados, atraem outros seres de idênticos sentimentos e
repelem, afastam para longe de si os patifes astrais e físicos, que voltarão
aos seus antros para a prática das suas misérias. Estas, entretanto, jamais
atingirão uma criatura de valor e honradez que viva para o trabalho e a
família.
É preciso, pois,
educar a vontade, não ter medo de coisa alguma e estar absolutamente certo de
que é nela, na vontade e no pensamento que reside todo êxito, por constituírem
eles a força vencedora de todas as misérias astrais e humanas. de todas as
perversidades, de todos os males irradiados por tais desgraçados, que tantos
danos produzem aos fracos, fanáticos ou acovardados.
A vontade reside no
próprio espírito, e não deve ser confundida com o desejo, que é puramente
material, é a satisfação dos impulsos da carne, funções naturais do corpo, mas
que precisam ser reguladas pelo espírito, pela vontade espiritual, para que
haja comedimento em todos os atos da vida física, pois dar expansão desabrida
aos instintos bestiais, é chegar à obesidade, à paralisia, à tuberculose, à
loucura. É preciso saber comer, saber o que se come, e saber beber, vestir,
recrear e, sobretudo, ser moderado na vida sexual.
Trabalhe-se para
educar o pensamento e a vontade só para o bem, e desaparecerão as meretrizes,
os lupanares, as casas de jogo, os centrelhos espíritas, os macumbeiros e todas
as fábricas de delinquentes, para surgir, então, a verdadeira família cristã, o
homem e a mulher a buscarem cedo, (dos 20 aos 25 anos) a união pelo amor,
orgulhando-se de dar frutos dessa união para a formação de uma sociedade
melhor, esteio de uma nação.
Não se confundam,
nunca, desejos de comer, beber e praticar animalidades com a vontade que,
quando educada para o bem, vence todos os ímpetos, todos os desejes desordenados
e regulariza a vida física e a astral, tudo colocando nos seus lugares, para
assim a criatura bem pensar e ter a segurança moral necessária para bem cumprir
os seus deveres, que só se cumprem quando não se é egoísta, invejoso,
maldizente, vaidoso e trate cada um da sua vida, não intervindo na vida dos
outros e esquecendo os seres maus para não atrair a sua maléfica assistência,
sempre obsessora, sempre danosa.
Fora do pensamento não
há remédio nem salvação para quem quer que seja!
Que o mau reconheça
depressa o quanto se lucra em ser bom, em seu próprio benefício.
Viver é pensar, raciocinar e trabalhar
Pelas nossas duas
últimas publicações, deve ter verificado o leitor que é no próprio ser humano
que existe o remédio para vencer na vida, para não ser cangado pelos
vários ramos da magia
negra, nem ser furtado nos haveres materiais e morais, e para ter
sempre saúde e tranqüilidade de espírito.
É na vontade e no
pensamento, ao serviço dela, que está o lenitivo para todos os males, para a
neutralização das irradiações perversas dos encarnados e da ação maléfica,
terrível, ultra danificadora das forças ocultas inferiores colocadas ao serviço
de tais criaturas, verdadeiras feras humanas, criminosas conscientes, as quais
só desaparecerão vencidas pelo progresso moral (espiritual) que a humanidade
for alcançando, lenta, mas infalivelmente, por meio da reencarnação.
As gerações futuras,
portanto, não mais aceitarão crendices absurdas, buginganguices nojentas, pois
seu grau toe espiritualidade fará com que delas se distanciem os malvados, que
acabarão por reconhecer que devem tornar-se seres melhores.
Não há quem possa
fugir às consequências da lei espiritual da evolução que se opera através das
reencarnações dos espíritos das esferas inferiores ou mesmo das Superiores,
desde que tenha passado pelo mundo sem deixar rastro de aperfeiçoamento moral.
Tudo evolui, portanto,
mundo e seres que o habitam, mas o viver na Terra só se tornará mais ameno,
quando for de categoria espiritual elevada. Por enquanto, ainda impera no mundo
a inferioridade espiritual, aliás, bem visível, através do proceder moral e
material das criaturas.
Uma criatura de
elevação espiritual está sempre propensa a desculpar as faltas alheias, nunca
irradia maldade nem deseja vingança. Sofre, afasta-se, não quer mais saber de
quem lhe ocasionou sofrimentos e não profere uma palavra de revolta, ódio,
malquerença ou vingança, ao passo que a criatura de categoria espiritual
inferior, nada desculpa, é rancorosa, rumina noite e dia a maneira de vingar-se
de quem lhe fez alguma coisa que a contrariou, ainda que se trate de fatos de
somenos importância.
O espírito inferior é
traidor, hipócrita, desleal em tudo, e para saciar os seus desejos, não
respeita a honra alheia nem mede consequências.
Enquanto a criatura
que teve a infelicidade de cair em seu desagrado não for enlameada moralmente
ou curta dores físicas, não fica saciada a sua alma perversa.
Agir neste mundo só
pelo instinto é viver animalizadamente, é nivelar-se ou inferiorizar-se aos
irracionais. Os que assim procedem andarão sempre perturbados e acabarão
vencidos na luta pela vida destinada a todas as criaturas.
É bem lamentável que
seja esse o viver da maioria da humanidade, pois poucos são os que dão
importância às coisas do Espírito – que são as principais, visto ser ele
partícula da Força Criadora, do que vemos e não vemos, mas sentimos. A essa
Força o vulgo chama Deus, sem compreender, porque a materializa, e serve-se do
seu nome para negociar, intimidar incautos, explorar ignorantes e praticar atos
que aberram dos princípios de uma sã e equilibrada moral.
Leia com atenção estes
escritos, prezado leitor, para que não continue a alimentar dúvidas no seu
espírito e não tenha mais ilusões nem teimosias materialistas, com formas sectárias
e religiosas, que no fundo dogmático são o mesmo materialismo, apenas enfeitado
com ideia de falsa espiritualidade.
Esforce-se para
praticar somente o bem, como ensinam as obras editadas pelo Centro Redentor,
que tudo explanam claramente, pelas quais aprendemos a conhecer-nos como Força
e Matéria, para podermos vencer tudo o que de mal existe dentro ou fora de nós,
irradiado ou captado, em conformidade com o nosso estado psíquico, e mais:
1) Educar a vontade
para só irradiar pensamentos de valor e praticar boas ações, sem pensar em
espíritas de fancaria ou outros seres quaisquer que não possuam as qualidades
que nobilitam o homem: trabalho, valor, honra e dignidade.
2) Afastar da mente
toda imagem que representar o mal e não ter medo das feitiçarias, despachos ou
de excomunhões.
3) Estar sempre
ocupado com coisas úteis, não falando em espiritismo nem em espíritos quando
tiver de tratar de qualquer assunto material com presidentes e médiuns de
centros espíritas.
4) Procurar ter
verdadeira noção do dever e assim, a obrigação de defender o seu direito, a sua
propriedade, a sua família, enfim, os seus legítimos haveres morais e materiais.
5) Ser forte e
saber lutar física e mentalmente na defesa dos seus direitos e de si próprio,
como é o dever de todo ser que pensar e raciocinar.
O covarde não vive;
passa pela vida, como o tempo passa por ele.
Só tem valor o fundo, não a forma
Como temos explicado
nestas colunas, o Racionalismo Cristão, desde 1910, vem clareando tudo para que
a humanidade possa libertar-se das garras dos abutres físicos e astrais,
ensinando-lhe os remédios para os seus males. Tais remédios, porém, dependem
muito do livre-arbítrio do próprio ser, e quando este, pela corrupção de seus
hábitos, má educação da vontade e inferior categoria espiritual, prefere dar
expansão à carne, à torpeza, à pura animalidade, não praticando a Limpeza
Psíquica e o que ensina o livro Racionalismo Cristão,
é claro que o resultado não se faz esperar e o indivíduo torna-se fatalmente
vítima do livre-arbítrio, dominado por seus instintos animalizados.
Não basta ler essa
obra ou outras do Centro Redentor; é preciso praticar o que elas ensinam
modificar todo o viver material e moral, pois dessa prática resultará então
todo o bem, todo o progresso espiritual e até material, seja qual for a
profissão ou categoria social da criatura.
Para combater males da
alma e do corpo, precisa o ser humano:
a) Não assistir às
sessões espíritas (vulgo magia negra), ainda que com caráter religioso;
b) não querer saber
de espíritos nem de médiuns de tais centros, para coisa alguma;
c) não manter
relações sociais com tais médiuns ou “pais-de-serviço “de mesa” ou “de sessão”;
d) considerar
perniciosos ao convívio familiar os praticantes da magia negra e todos aqueles
que da honra e dignidade não possuem noção;
e) seguir,
disciplinarmente, o que preceitua o livro Racionalismo Cristão, praticar a
Limpeza Psíquica, diariamente, fazendo irradiações para afastar os maus
espíritos e não temer coisa alguma nem ter medo de espíritos ou de criaturas,
evitando, porém, por princípio de higiene mental, que seus pensamentos e até
olhares se cruzem com os dos seres tidos como maus.
Quem praticar o que
acabamos de aconselhar, ficará com o espírito livre da assistência dos
espíritos obsessores, tornar-se-à forte para a luta, apto para melhor
raciocinar e assim não se deixar envolver nas malhas das forças astrais
inferiores que venham a ser atiradas por seres malvados, praticantes da magia negra.
Qualquer pessoa, seja
qual for a sua ideia sectarista, praticando o que o folheto Limpeza Psíquica
ensina, será beneficiada, porque o que tem valor é o fundo e não a forma, como
o são as diversas seitas ou religiões, e quando a alma pensa, vibra com força e
vigor, com o desejo de ser boa, de praticar a sã moral ainda que relativa, está
evoluindo.
O indivíduo pode
dizer-se cristão, católico, protestante ou mesmo racionalista cristão, e não
passar de um intrujão e comediante hipócrita; sua alma não vibra, não sente,
está apenas repleta de preconceitos religiosos ou sociais, de maus hábitos, de
vícios, enfim, é idêntico a qualquer malfeitor, mas como lhe é facultado
ocultar o pensamento pelas palavras, infiltra-se, diplomaticamente, em todos os
meios convenientes e deles tira partido.
Pensar bem, desejar
bem a todos, ainda que tenham formas religiosas diversas, é estar o ser apto a
ligar-se às esferas superiores, às almas puras, não do céu, porque este, como o
inferno, não existe, mas dos mundos astrais, das casas do Pai, como disse
Jesus.
Eis o que o
Racionalismo Cristão visa ao aconselhar a fazerem a Limpeza Psíquica: limpar
astralmente e ligar espiritualmente os encarnados às Forças Astrais Superiores,
que com a sua luz e fluidos benéficos transmitem força, vigor e raciocínio aos
seres humanos que a eles se sabem ligar pela prática de boas ações e pela
vontade e pensamentos exercitados para o bem.
Nada de ódios! Façamos
por ser bons, amando-nos uns aos outros.
O Espiritismo Científico e os exploradores do povo
Além dos hediondos
crimes já descritos, praticados por todos os ramos da.magia negra,
inclusive a chamada magia
dos bruxos, além desse infecto e vil baixo espiritismo, há o ridículo
das manifestações espíritas, das comédias grotescas dos tais médiuns e “divinos
protetores”, das maneiras e modos cabalísticos dos “pais-de-mesa” e celebérrimos
“presidentes de sessão”.
Antes de conhecermos
bem a humanidade e a categoria espiritual de cada membro seu, surpreendia-nos
ver pessoas de certa cultura descerem aos antros da magia negra,
centros e baiucas espíritas dirigidas por criaturas sujíssimas do corpo e da
alma, e a elas se nivelarem.
A próxima civilização,
porém, chamará a prestar contas toda essa gente. Homens e mulheres de destaque
social, criaturas cultas e não cultas que não têm feito outra coisa senão
praticar o mal, que descem a confabular com médiuns e “presidentes” nos
centrelhos ou arapucas que se intitulam espíritas, que alimentam o vício,
propagando o jogo, o luxo e o meretrício, hão de responder, e não demorará
muito, por essa tremenda crise moral que se observa.
As pessoas de destaque
social que alimentam, material ou moralmente, as cartomantes e feiticeiros nos
seus antros de miséria, confundem-se com eles, e mal sabem que estão cavando,
por suas próprias mãos, a sua ruína moral e material.
Tais seres, desde os
de destaque social aos desprovidos de fortuna, procuram o tal espiritismo para
ver se conseguem empregos rendosos, sorte no jogo do “bicho” ou na loteria e
outras coisas, sem observarem, nesses infernos de torpezas, o ridículo e a
intrujice dos médiuns e dos espíritos inferiores que neles atuam, exploradores
de superstições e crendices, fazendo de todos os assistentes verdadeiros bocós.
Se tais criaturas
estivessem em bom estado de raciocínio, não lhes seria difícil concluir que um
espírito superior, uma pureza astral, não podia ali descer, por faltar-lhe
ambiente moral e espiritual e, além disso, nenhum espírito pode alterar as leis
que regem o livre-arbítrio dos seres.
Muito menos podem os
espíritos dar fortuna material a quem quer que seja, porque se tal pudessem
fazer, tinham por dever melhorar primeiro a situação dos seus instrumentos,
médiuns e presidentes, dando-lhes haveres materiais que os habilitassem a não
viver infringindo disposições do Código Penal com a exploração dos incautos
e desamor ao trabalho. Como pode um ser sem requisitos morais e materiais,
arranjar colocação e meios de fortuna para os outros?
Passemos, agora, às
receitinhas. É hábito na Capital do país e dos Estados, nos grandes meios
sociais, convocarem-se “reuniões espíritas”, ultra-ignorantes, hoje na casa do
capitalista F, ou do Dr. A, B e C, e amanhã na de Fulano ou Beltrano.
Um dos tidos por
grande experiente na presidência das “sessões” toma a cabeceira da mesa,
ocupando os demais os outros lugares, também à mesa, ou nesta ficam somente o
presidente e o médium, e os assistentes espalhados pela sala.
O presidente faz as
preces, o médium fica atuado e o espírito apresenta-se com o clássico: “que a
paz de Deus esteja convosco, meu irmão” ao que o presidente responde “que assim
seja, meu querido irmão, sede bem-vindo”.
– Quereis algumas
receitinhas, não é?
– Sim, irmão.
– Lede então os nomes
dos irmãos necessitados.
O presidente começa a
leitura, e o médium vai receitando: Briônia, 5.a, uma colher de hora em hora, e
assim por diante.
Ao médium que assim pratica
a “divina caridade”, passam todos a render as suas homenagens, tornando-se ele
uma espécie de “semideus” entre os obsedados da sua grei.
Saberá, porém, o
leitor que esse médium por vezes é uma criatura paralítica, tuberculosa, ou uma
mulher que tem dois ou três amantes, trocando-os como qualquer outra meretriz
que agrada ao que mais luxo lhe der? E se é homem, torna-se, não raro, o
sedutor da esposa ou filhas dos donos das casas onde é chamado a receitar?
Vê que monstruosidade!
Se duvidas disto, caro leitor, procura as varas criminais e examina nos seus
arquivos os processos que por elas passam, bem como, tomando as precauções
precisas de ordem física e mental, dispõe-te a frequentar esses meios
espíritas, dando-te como muito “crente”, e depois, se não chegares a ser
dominado pelo meio, se a tua moral for firme e o teu caráter impoluto,
conta-nos o que presenciaste e diz-nos se não ficamos neste relato muito aquém
do que nesses meios se passa.
Há, não há dúvida,
criaturas dignas de compaixão, porque tendo ainda requisitos morais
entregam-se, fanaticamente, à prática da mediunidade, certas de que estão sendo
missionárias do bem, fazendo a “caridade”, que consiste em dar receitas, não se
apercebendo de que o seu estado físico e mental está perigando dia a dia.
Entristece-nos isso,
porque tais seres acabam indo parar no hospital e outros nas chamadas casas de
saúde de enfermidades mentais, onde se registra, como causa do mal, o delírio
do espírito, em virtude da prática do espiritismo de fancaria.
Todos os dias, no
Centro Redentor e suas Filiais, chegam enfermos da alma tirados dessas casas
pelos seus parentes para serem normalizados nas suas correntes fluídicas, nas
Sessões Públicas de Limpeza Psíquica.
Diariamente, pois,
temos ciência dessas desgraças e, como dissemos, ficamos tristes, não só porque
são seres em essência espiritual nossos irmãos, como porque sendo o Espiritismo
a ciência das ciências, a única e verdadeira Doutrina da Verdade praticada por
Jesus, que normaliza loucos e outros males, é ele tomado por muitos, por
maldade ou ignorância, como sendo causador da loucura, quando é certo que esta
é de origem psíquica, tem por causa única a falta de moral, a nenhuma educação
da vontade, a ignorância crassa da composição do Universo e, assim, a astral e
física do ser humano.
Espiritismo e mistificações
As ridículas práticas
da magia
negra, baixo psiquismo a que se entregam as criaturas menos
esclarecidas, malvadas algumas e incautas ou ignorantes muitas, só têm servido
para mais perturbar a humanidade.
Essa “evocação de
espíritos” para deles se saberem coisas e receberem “instruções” dos célebres
“protetores” do Espaço ou “camaradões” – como muitos os chamam – só serve para
mais avassalados ficarem os invocadores e mais obsedados fazerem estes, porque todos,
praticantes e consulentes, passam a ficar dominados pelo astral inferior, que
são espíritos zombeteiros e malfeitores que perambulam na atmosfera da Terra.
Nessas sessões de
baixo espiritismo, após as chamadas “mensagens do além”, ou “receitinhas”, há
sempre um ou dois consulentes a pedir notícias de pessoas falecidas em tal dia,
mês e ano, e a resposta quase sempre é esta:
“Meu irmão, a situação
dessa pessoa não lhe permite aparecer nesta sessão; ela carece de preces diárias,
porque assim o exige o seu estado”.
Diante dessa resposta,
o consulente – quase sempre é uma senhora – cai em pranto, chora, soluça e
todos os demais movem os lábios fazendo as preces.
Mas, devemos
esclarecer que tal evocação e resposta são falhas de verdade:
1) porque um espírito,
nesse estado de perturbação, está sempre junto à pessoa que nele pensa;
2) por estar sempre
pronto a tomar qualquer médium, em qualquer lugar em que este lhe dê entrada,
que o deixe atuar e dizer o que lhe aprouver;
3) porque o ambiente
nessas sessões é próprio para essas atuações, pois os espíritos ali se
encontram como se ainda estivessem encarnados, sentindo tudo quanto sentiam
quando de posse do corpo e conhecendo as pessoas com quem conviviam, podem
fazer referências a coisas ou fatos delas só conhecidos;
4) porque o pranto e
soluços do consulente são sempre a prova provada da atuação feita pelo espírito
nele próprio.
Há casos em que esses
espíritos chegam a dizer às criaturas com quem conviveram que não deviam ter
ido ali e que, invocando-os, só males lhes fazem.
Isso é uma grande
verdade. Males a eles espíritos, e males bem grandes aos encarnados, que passam
a ser fácil presa das falanges do astral inferior.
Se houvesse verdadeira
noção da vida espiritual, pessoa alguma se atreveria a invocar espíritos, a não
ser aqueles que já se sabe estarem livres da atmosfera da Terra, e assim mesmo
só em sessões dirigidas pelo Astral Superior, onde há corrente fluídica e
instrumentos de reconhecida honestidade e boa moral a obedecerem à disciplina
constante do livro Racionalismo
Cristão. Essas invocações são para benefício geral, e nunca para
satisfazer curiosidades ou tratar de seres ou coisas de natureza material ou
pessoal.
Acresce a
circunstância, ainda, de que os espíritos que desencarnam em estado de obsessão
– situação a que chegaram pela ação do astral inferior sobre eles – ficam a
este escravizados, sem liberdade para atuar e se manifestarem, para, mais à
vontade, continuar ele, astral inferior, a dominar os que eram seus parentes e
amigos e todos os que neles pensarem. Por esta razão, pode-se afirmar que a
maior parte das atuações que se dão por aí, tomadas como sendo do espírito A, B
ou C, não passa de mistificações, sendo obra do próprio médium ou de um dos
seus obsessores.
E tanto essa gente
vive em dúvida, tanto vive na ignorância dos porquês de todas as coisas, que um
velho espírita, com algumas qualidades humanitárias, mas de alma por demais
impregnada de evangelismo, supondo-se até ser encarnação de Paulo, o apóstolo,
abalou-se a ir à capital do Pará para falar com o espírito da filha, o que não
conseguia nos centros que frequentava aqui, do que se poderá concluir que tendo
o espírito da filha já partido para o Espaço Superior, e não havendo corrente
fluídica organizada pelo Astral Superior nos centros por ele frequentados, tal
espírito não se podia manifestarem corpo astral.
Mas, ainda que isso
fosse possível, seria o caso de perguntar: então, onde está a convicção da
continuidade da vida?
Porventura, desde que
se chega à certeza da vida fora da matéria, poderão ainda pairar dúvidas sobre
a ascensão do espírito aos mundos de luz? Nosso egoísmo irá a tal ponto de só
ficarmos satisfeitos quando ouvimos falar o espírito que nos pertenceu por
afinidade carnal ou laços de sã amizade? E a sensibilidade de tais seres?
Que não os ouçamos
porque não se possam manifestar, em virtude de não haver sempre mediunidade
desenvolvida e espiritualidade afim, admite-se; mas qual a criatura que ao
fazer uma irradiação devidamente sentida, não percebe o sistema nervoso denunciar-lhe,
numa sensibilidade suave, a aproximação de outra alma a espargir fluidos sobre
a sua e entrelaçarem-se os seus duplo-etéreos?
Não podemos deixar de
concluir que tais espíritas são iguais aos materialistas que tudo querem
palpável, e de ciência abstrata não têm nenhuma noção.
O espiritualista,
antes de o ser, estuda, investiga os porquês da vida, dilata o raciocínio,
observa que não há efeito sem causa e, de grau em grau, conclui que dos astros
é que vem a eletricidade, que tudo é força magnética a cercar-nos, que nada
mais há além de matéria – fluida ou concreta – para, em laboratórios humanos ou
outros, a Força Criadora com ela fazer, dentro das leis de atração e evolução,
tudo quanto lhe apraz.
Abstrata é a
eletricidade, como o é o som, o pensamento, entretanto, por aquela podemos ser
fulminados, pelo som podemos chegar à loucura e o pensamento transmite-se,
deixando-nos sentiras vibrações de ódio ou de amizade.
Deixou, pois, mal
colocados os médiuns dos seus centros, quem se abalou a ir a Belém para falar
com o espírito da filha... Poderíamos dizer-lhe que, apesar de Tomé, nada o
autoriza a afirmar que falou com a filha. Foi, sim, muito bem ludibriado,
porque o espírito que o médium recebeu e que lhe traçou a biografia e os traços
característicos da que foi sua filha, nada mais fez do que, orientado pela
imagem gravada na aura do consulente, transformar-se no corpo astral da filha e
transmitir-lhe palavras que o pensamento dele, pai, revelavam.
Vendo o corpo astral,
apalpando-o e falando-lhe, tudo se deu através da materialização do espírito
atuante, que para isso se serviu do fluido do médium e do consulente e este, em
grande estado de emoção avassaladora, prestou-se a dizer ter visto o que não
viu, apalpado o que não apalpou, e falado o que a sua retina mental em delírio
concebeu.
Espíritas que se dizem
ser, mais chegados, por essa via, ao espiritismo, podem, amanhã, afirmar, como
Flamarion, que não sabem o que de fato é o espírito, apesar deste sábio ter
convivido, por longos anos, com Kardec, de quem, dizem, foi secretário.
Compreenda-se melhor a
vida fora da matéria, definida, como poucos, racional e cientificamente, pelo
grande sábio-médico Visconde de Saboia, na sua importantíssima obra A vida psíquica
do homem, editada há muitos anos passados, que deveria ser conhecida
dos que se dizem estudiosos do espiritismo.
Espiritismo é coisa séria
Continuando a tratar
da suposta manifestação do espírito da filha daquelas criaturas que se abalaram
à capital do Pará, para ouvi-la, transcrevemos o que naquela ocasião publicou A
NOITE:
. . . De repente, o
médium desprendeu a mão direita, alongou o braço, como se fizesse muita força,
bateu sobre a mesa, ajeitou o tronco valentemente, e mostrava a face contraída,
como se sofresse. Depois, sacudindo o corpo e encetando uma conversa que havia
de ser cheia de gestos enérgicos, bradou:
–Vocês insistem! Pois eu insisto também.
Entabulou, raivoso, conversa com F,
sustentando o direito de perseguir uma mulher já decrépita, quase velha, um
“calhambeque”.
– Por que te preocupas com ela, se é
calhambeque? perguntou F.
– Porque é meu direito!
Depois de uma discussão entre o médium e
o presidente, levantou-se este, e com a mão sobre a cabeça do médium, enquanto
os circunstantes oravam, mudamente, proferiu uma longa “prece” invocando Jesus
e pedindo-lhe a misericórdia de esclarecer sobre o seu próprio destino o
espírito que ali dizia achar-se. Quando o invocador tornou a sentar-se,
recomeçou o silêncio, que se prolongou por quase uma hora.
Depois o rosto do médium exprimiu um
grande espanto e ele entrou a bradar, a breves intervalos:
– É impossível! . . . Não, senhor! É
falso, deixem-me fugir! Deixem-me ir embora! Deixem-me, ou eu arrebento o
médium! . . .
Observou o médium (agora é o próprio
médium quem fala):
– Peço o mais ardente amor em benefício
deste espírito que está sofrendo angústias inenarráveis etc.
Transcrevemos este
trecho porque, de fato, como fita espírita, é das melhores para
empolgar os incautos ou bocós da assistência, muitos já fanáticos e que
gostosamente aceitam tais comédias bem ridículas e perigosas, porque avassalam
e enlouquecem os seres de pouca espiritualidade ou de espírito impressionável.
Nessas sessões, quer feitas em residências particulares ou centros, servem-se
do nome de Jesus ou de um espírito qualquer para melhor impressionar o
auditório, fazendo-lhes invocações todas cheias de doçura.
As manifestações que
se derem em tais sessões, se analisadas por observadores sensatos, servem para
demonstrar o ridículo de tudo o que nelas se passou e certificar-se o ser,
livre de ideias preconcebidas, que tudo é provocado pelos próprios médiuns e
seus “protetores” astrais, obsessores perigosos, quando encontram instrumentos
aptos a recebê-los, e instrumentos são todas as criaturas desordenadas na vida moral
e material, cheias de vícios de educação que, sem o saberem, vão se prestando
ao desenvolvimento mediúnico e terminam, mais tarde, procurando o espiritismo,
onde se alistam como médiuns desenvolvidos, recebendo espíritos por toda parte,
no lar, nos centros sem corrente fluídica, nas igrejas, nos veículos e até na
rua ou estabelecimentos comerciais.
Ora, quem assistisse à
sessão acima descrita, não estando de todo em mau estado psíquico, terminaria
por concluir que o médium era um mestre em manifestações mistificadoras e suas
próprias:
1) Pelos movimentos
das mãos, dos pés, do tronco, da fungadeira e dos grunhidos entremeados de
urros;
2) Pelo bater
fortemente na mesa;
3) Pela maneira de
contrair o rosto e de agitar o tronco, violentamente;
4) Pelos gestos e
brados raivosos;
5) Pela demora de
quase uma hora para repetir a manifestação e movimentos do corpo;
6) E, finalmente, por
pedir, como ele próprio (o médium) declara, o mais “ardente amor” em benefício
do espírito que dizia nele estar atuando etc.
O “pai-de-mesa” é de
uma audácia própria dos grandes e propositais ignorantes, por prestar atenção a
tal atuação, e assim ao espírito, qualquer que ele fosse, que atuou no médium
mistificador e viciado nesses trabalhos de fazer fanáticos, crentes, obsedados.
Aliás, tais
presidentes de sessão, que pontificam como papas, são, como todos os chamados
importantes médiuns, viciados em lérias, que denominam “preces” a Jesus, para
evocá-lo a vir montar guarda a suínos astrais e físicos, como se as leis que
regem o Universo – que são comuns e naturais – fossem passíveis de alteração, e
purezas astrais, espíritos de luz, habitando os mundos luminosos que se
movimentam no Espaço, livres, portanto, da atmosfera da Terra, pudessem descer
a centros da magia
negra, a terreiros e outros lugares onde faltam a ordem, a moral,
a verdade, e impera o fluido com o qual é criado um ambiente impurissimo, uma
atmosfera pesadíssima, perturbadora, danificadora de almas e corpos.
É natural e
compreensível, pela sua ignorância, que o presidente de tal sessão julgue puro
um espírito como o que se manifestou, pelo que ele próprio é ou na sua casa se
passa, tomando como “provação” tudo que nela e consigo próprio se observa, e
assim acreditando que Jesus tem o mesmo “estômago” e o mesmo raciocínio. . .
Era bastante observar
a evocação feita a Jesus, para avaliar-se a ignorância crassa de tal presidente
e ver-se, desde logo, que tudo aquilo, além de tolo, era demasiado ridículo.
Por tudo isso se
verifica que esses presidentes de sessão e médiuns chegam à prática do
espiritismo com a alma eivada de misticismo, e transportam para ele todas as
manias, vícios e superstições adquiridos na seita que antes professavam.
Essas criaturas, que
nunca foram esclarecidas sobre os porquês da vida, têm sempre um mau fim, ao
contrário daquelas que vivem dentro dos Princípios Racionais e Científicos
pregados por Jesus e ampliados no livro Racionalismo Cristão
que cultivam a saúde e a alegria.
Espiritismo não é magia negra
Já fizemos referência,
por estas colunas, aos grandes males que resultam da prática do baixo
espiritismo ou magia
negra. Quem leu o que temos escrito e vai ler o que continuaremos
a escrever, deve convencer-se de que não nos move nenhum despeito ou interesse,
mas, sim, o desejo ardente de esclarecer o nosso semelhante, a fim de que ele
conheça o grande risco que correm todos os seres humanos que praticam a magia negra
ou frequentam antros de miséria, onde se concorre para a ruína moral e física
de tantas criaturas, correndo assim perigo de ruína material negociantes,
industriais, lavradores em geral, e não é necessário frequentar terreiros,
serviços, macumbas, catimbós e sessões;
é bastante as criaturas terem convívio com tais praticantes, ou cair-lhes em
desagrado, para passar a ser alvejadas pelas falanges que os assistem, e estas
tudo passam a fazer para dar ganho de causa aos seus protegidos.
Essas falanges,
sabendo o que os seus protegidos desejam de mal aos desafetos, perseguem-nos,
até torná-los paralíticos, cegos, leprosos e prostitutas.
Ao leitor não deve
restar a menor dúvida sobre a existência do espírito, alma, vida fora da
matéria organizada a fazer-se sentir por toda parte, quer para o bem, quer para
o mal. São os espíritos quedados na atmosfera da Terra (astral inferior) que,
prevalecendo-se da ignorância ou maldade humana, provocam enfermidades do
espírito e do corpo, suicídios, assassinatos, ruínas de lares etc.
São os espíritos do
Astral Superior e, portanto, já livres desta atmosfera, que auxiliam os médicos
bem intencionados, embora disso eles não saibam, a curar os seus enfermos, bem
como a normalizar obsedados no Centro Redentor e suas Filiais.
Todos recebem
intuições neste mundo e de acordo com a sua moral, irradiação de pensamentos e
educação da vontade, terão saúde ou enfermidades, serão felizes ou infelizes,
merecerão a assistência astral inferior ou Superior.
Se, porém, o indivíduo
duvida da existência da Força, do Espírito que organiza o corpo e o incita e
movimenta, se não quer ter conhecimento certo e seguro e teima no grande mal de
conservar-se na ignorância, negando, por prazer, a Verdade, que devia sentir em
si, próprio, a todos os instantes; se tem orgulho de dizer-se materialista e
não quer saber da Alma, triste nota dá de si mesmo e ridículo se tornará
perante os homens que raciocinam e que agora pensam como pensavam os ilustres
médicos e professores Visconde de Saboia, Pinheiro Guedes, Alberto Seabra e
Bezerra de Menezes, filhos deste grandioso país que, quer queiram quer não, há
de levar a luz de uma nova civilização a todos os continentes.
Não escrevemos para os
que desejam viver, apenas, instintivamente, pois estes quem poderá demover da
materialidade?
Escrevemos para todos
aqueles que em obras e atos já se distanciam da vida instintiva, vivendo a vida
racional num anseio natural de aperfeiçoamento moral e até físico.
Prestígio, dinheiro,
posição social ou religiosa, nada significam, desde que o ser queira apenas
viver para o estômago, para o corpo, com prejuízo absoluto do espírito que o
incita e movimenta. Satisfazer desejos não é viver, é escravizar-se a apetites
que se tornam depravadores do caráter e terminam sempre por levar as criaturas
à decadência moral e à ruína material.
É, pois, para os de
boa vontade, para os fortes de espírito, que são todos aqueles que querem
raciocinar, e não para os indiferentes, para os pernósticos ou sabichões, que
desde o primeiro número de A RAZÃO foram destinadas estas colunas para, sob a
epígrafe “Nota”, ser explanada a Verdade que caminhará sempre, como bem o disse
Emílio Zola:
“Aos homens podem opor
embargos, mas à majestade da Verdade quem é que poderá atrever-se a.criá-los?”
Assim sendo, é dever
nosso pugnar por uma humanidade livre, forte de espírito e do físico, obediente
à lei, conhecendo-se na sua composição astral e física e educando-se nos sãos e
belos Princípios doutrinários que levaram Jesus ao infamante madeiro, mas que o
tornaram imortal pelos séculos além.
Aquele que for
esclarecido nos porquês da vida e da desencarnação e guiar-se pelo que o
Nazareno deixou firmado como Doutrina, jamais será covarde, servil, suicida,
assassino, praticante da magia
negra ou insuflador de revoluções e guerras.
São os Princípios
Racionais e Científicos da Doutrina cristã que hão de remodelar usos e costumes
no mundo, influindo assim para melhorar o indivíduo como cidadão, político,
cientista ou portador de qualquer outra profissão.
São eles que hão de
dar combate aos materialões e obsedados, para fazer realçar a vida simples,
vivida com arte, naturalidade e aperfeiçoamento.
Não se iludam aqueles
que duvidam de tudo e de todos, porque acima dos vícios e vontades, filhos da
vaidade que os domina, estão as leis naturais que tudo impulsionam para o
progresso dos seres e coisas.
Quanto mais teimarem
no erro e se conservarem ignorantes propositais ou praticantes do mal, mais
perdem, mais terão que sofrer para atingir a perfeição espiritual de que todos
precisam.
Dessa teimosia nada
racional, filha da ignorância sobre o porquê da vida real dos seres é que
resulta o estado de loucura, egoísmo, ciúme, vaidade, guerras e misérias várias
em que se acha envolto o mundo.
Menos religiosidade,
pois, e com a verdadeira noção do dever a cumprir e respeito ao direito alheio,
se demonstrará ser cristão, preparado para sentir a ação espiritual da
Inteligência Universal.
O baixo espiritismo
Não basta afirmar-se
que a prática dos diferentes ramos da magia negra
é, além de perigosa, geradora de loucos e outras desgraças; é preciso,
provar-se, e esta prova já a fizemos mais de uma vez, apontando o ridículo a
que se prestam todos aqueles que a ela se entregam.
O Racionalismo
Cristão, explanado no Centro Redentor e suas filiais, tem por base a composição
do Universo – Força e Matéria – e não pode afirmar coisa alguma que não seja
verdadeira, racional e científica.
A sua única
finalidade, afirmada inúmeras vezes, é esclarecer a humanidade, a fim de
libertá-la dos perigos que está correndo ao tomar a sério baiuqueiros
transmissores dos males de que são capazes as forças astrais inferiores, que
assistem e atendem a tais criaturas.
Para o homem já
esclarecido nos porquês da vida, é indiferente a sua posição social ou
material; ele trata com urbanidade a todos que tenham compostura moral, e
zurze, se preciso for, com o látego da Verdade, os que tentarem confundi-lo com
as práticas de indivíduos desonestos ou imorais, e imoral é quem se entrega aos
vários ramos da feitiçaria ou a ela recorre para infelicitar criaturas suas
desafetas.
Neste mundo cada um é
o que quer ser, de acordo, está visto, com o seu livre-arbítrio, pensamento e
vontade, e Jesus já afirmava que cada um é aquilo em que pensar, portanto, cada
ser humano receberá o que merecer pelos seus pensamentos e obras.
Ao espírito, o que é
do espírito; ao corpo, o que é do corpo!
Dada esta explicação,
voltamos à “sessão espírita” presidida pela personagem que foi ao Pará para
falar com o espírito da filha, cujo relato estamos transcrevendo do jornal A
NOITE, do Rio de Janeiro:
“Quando o invocado
tornou a sentar-se, recomeçou o silêncio, que se prolongou por quase uma hora.
O rosto do médium
exprimiu um grande espanto e entrou a bradar, a breves intervalos:
–
E impossível!... Eu não fiz isso. Não, senhor! É falso!
Observem
que fita
ridícula o médium, mistificador profissional, desdobrou nesse
pedacinho! “Levar
uma hora em absoluto silêncio”, para depois voltar a
manifestar-se o mesmo espírito com esse espanto e esse fraseado, negando um ato
seu que só depois de uma hora reconheceu, quando é certo que durante esse tempo
se podem esclarecer milhares de espíritos, os quais, uma vez vendo o quadro
fluídico de seus maus atos, se tornam dóceis e prontos a tudo fazer para saírem
da atmosfera da Terra e ascender aos seus mundos de luz.
Nunca o espírito, por
mais perverso que seja, nega as suas faltas, desde que, envolvido pela luz
Astral Superior, é esclarecido sobre o seu estado e as suas obras. Isso feito,
ele imediatamente pede, roga, suplica que lhe indiquem o caminho da sua
regeneração, para segui-lo.
Com a luz irradiada
pelo Astral Superior, o entendimento do espírito perturbado se torna lúcido em
um minuto, se tanto.
Como, pois, esses
mistificadores se manifestam assim, após “uma hora” passada?
Porque são médiuns
obsedados, e os espíritos obsessores fazem tais espetáculos para conseguir
adeptos.
A expressão de espanto
do espírito manifestado, e a de angústia do médium, com a face de quem está a
chorar, sem verter lágrimas, proferindo palavras de desespero, pedindo
misericórdia, indagando como poderia resgatar as suas faltas e, de repente,
gritando:
– Deixem-me fugir!
Deixem-me ir embora! Deixem-me, ou eu arrebento o médium!, dá bem a ideia da
mistificação a que se entregava o mistificador.
Só depois de uma hora,
e de negar obstinadamente, as suas faltas, é que o tal espírito manifesta
expressões de espanto e angústia, implorando perdão.
Observemos bem.
Primeiro, ele chorava, sem verter lágrimas, pedindo misericórdia e perdão, e,
logo a seguir, brada “que o deixassem fugir”, se não “arrebentaria o médium”.
Chorar, sem verter
lágrimas, é coisa grotesca do próprio médium, porque o espírito, qualquer que
seja, atuando nesse estado, produz na vida anímica e, assim, no sistema nervoso
do médium, a mesma sensação de sofrimento, e o obriga a chorar de verdade.
É impossível a
qualquer ser humano, e muito especialmente a um espírito, chorar de arrependimento
das faltas, implorar misericórdia para elas e ao mesmo tempo dizer que o
deixassem fugir e que “arrebentaria o médium”, se isso não lhe concedessem.
Vê-se, nessa ridícula
comédia, retratar-se o feitio moral do médium.
Um espírito, após seu
esclarecimento, não pede perdão, porque sabe que o perdão é invenção das muitas
seitas, principalmente dos “espíritas”, que enxovalham a belíssima Doutrina de
Jesus, e, portanto, não existe.
Após essa mistificação
ridícula, que o desprevenido fanático presidente dos trabalhos da sessão deixou
passar, diz, ainda, o médium, dando-se como atuado:
“Vejo (exclamou o
suposto espírito) a meu lado um velho venerável, que aqui me oferece apoio.
– Quem é? - perguntou
o presidente.
– É o senhor Richard!
- respondeu o médium.”
Tal afirmativa do
médium impostor demonstra, mais uma vez, a força astral inferior, porque o
velho venerável Richard, que o espírito disse ver a seu lado, foi um dos chefes
e médiuns na Federação Espírita Brasileira, e era um dos que diziam: “Em nome
de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Divino Mestre, está aberta a sessão”.
Ora, se ele, Richard,
hoje espírito, não teve força para imediatamente dominar e esclarecer todos os
espíritos perturbados e perturbadores, é porque se conserva na atmosfera da
Terra, e é tão obsessor quanto os outros, continuando a ignorar que Jesus não é
Deus, nem divino, porque Deus (Grande Foco) é Inteligência Universal, Força
Mater de tudo o que tem vida, e Jesus apenas uma partícula sua, já grandemente
evoluída, mas irmã de todas aquelas que vivem encarnadas e desencarnadas.
É um grande espírito
em evolução contínua para o Grande Foco, vulgarmente chamado Deus, denominação
que preferimos, por melhor expressar a verdade.
E o que acabamos de
referir, o próprio Jesus repetia constantemente, quando os fanáticos e
aduladores o chamavam de Deus ou Divino.
Admitindo como
verdadeira a manifestação do espírito de Richard neste triste estado em que ele
é apresentado pelo médium, provada fica a ignorância em que viveu como
encarnado e depois como desencarnado, ignorância que também domina o médium ou
médiuns e presidentes que supõem que, para se praticar o Espiritismo, basta
invocar espíritos, esquecendo-se de que na atmosfera deste planeta se quedam
milhões deles com as mesmas manias e vícios que possuíram quando encarnados, e
que assistindo a criaturas de educação defeituosa, as vão avassalando dia a
dia, até as levarem à obsessão (loucura) e à prática de atos que em bom estado
psíquico condenariam.
Sobre os passes
Continuando,
demonstraremos a mistificação, o precário estado espiritual de Richard, e o
ridículo papel a que se presta uma mulher médium.
Continua a reportagem
de A NOITE:
“A moça morena,
ao lado da senhorita Elisabeth, agitando-se, nervosamente, começou a chorar. O
Sr. Figner levantou-se, passando a dar passes com as mãos espalhadas pelos
cabelos, ombros e braços.”
Se Figner dá passes, é
porque possui mediunidade desenvolvida; logo, por princípio algum, poderia
presidir uma sessão espírita. Só isso dá uma demonstração clara da falta de
conhecimentos sobre a prática do Espiritismo, e do que são as faculdades
mediúnicas.
Essa comédia de passes é
comum em todos os centros espíritas e até nas casas de família onde existem os
chamados crentes. Uns, aplicam-nos, sem terem noção do que fazem; outros
dão-nos, possuindo alguns conhecimentos sobre a vida odica ou anímica, e
alguns, verdadeiros anormais, agem por velhacaria. Sensualistas inveterados,
acobertam-se no manto
evangélico da mediunidade, para ter o gosto de passar as mãos sobre os corpos de
senhoras ou jovens, com que dão prazer aos seus sentidos bestiais, pois doutra
forma jamais chegariam a tocar em tais criaturas, que os repeliriam, por serem
no fundo honestas e terem pudor; mas, a continuarem a ser bafejadas pelo fluido
animal desses médiuns e não médiuns, assistidos pelo astral inferior, podem ser
levadas à perdição.
O astral inferior, ao
serviço dessa gente, trabalha os espíritos das vítimas, avassalando-os e
fazendo-os chegar a prestar-se a papéis degradantes.
As varas criminais,
através dos processos que por elas correm, isso provam, deixando muitos casos
de ser levados às barras dos Tribunais por neles estarem envolvidas criaturas
de destaque social.
Antros de
mistificação, casa de macumba ou feitiçaria, ainda que rotuladas de espíritas,
são lugares perigosíssimos para o ser humano.
Numa diligência que o
Major Aurélio Nogueira, como Delegado Regional da Polícia em S. Luís, deu em
certa ocasião, num antro espírita, encontrou senhoras da alta sociedade
maranhense completamente despidas, indo cada uma, por sua vez, a determinado
lugar, a sós, com o “pai santo” ou de “serviço” para, deitando-se sobre riscos
de giz, ser fechado o corpo, para as rivais em conquista ou feitiçaria não a
poderem atingir.
Quanta baixeza! Quanta
miséria!
Da prática dos passes e
de tudo quanto diz respeito à magia negra, resulta, quase
sempre, efeito contrário àquele que tais miseráveis exploradores da credulidade
humana desejam para as desgraçadas pessoas que caem na tolice de aceitar tais
coisas como terapêutica astral ou física, pois, sem exceção de uma só, ficam
impregnadas de maus fluidos, e, como dissemos sujeitas aos avassalamentos
provocados pelos espíritos obsessores que assistem, com verdadeiro gosto, a
presidentes e médiuns viciados na prática do baixo espiritismo, vulgo magia negra.
De acordo com as leis
naturais que regem o Universo, os seres humanos e tudo o que tem vida só podem
dar o que possuem aquilo que, pelo seu livre-arbítrio e sentimentos, atraem
para si e para os outros.
E para quem raciocinar
queira ou possa, fácil é verificar que em geral os seres humanos, que dão passes e
praticam o baixo espiritismo, são deformados físicos e morais, e se não se
curam a si próprios, como poderão curar os outros?
A pessoa de olfato
apurado, estando perto de uma dessas criaturas, ainda que bem vestidas, há de
sentir certo cheiro desagradável e vontade de afastar-se do lugar.
É que essas criaturas,
assistidas por falanges obsessoras, ficam com o perispírito impregnado de
fluidos vários, que exalam odores desagradáveis, sendo o mais comum o que se
assemelha ao do gás sulfídrico ou do alho esmagado.
Para ter-se um corpo
físico são, preciso se torna trazer limpo o corpo astral.
Para que a vida
anímica (fluido nervoso) de qualquer criatura possa estar limpa e apta a
aliviar os sofrimentos alheios, é preciso ser ela esclarecida nos porquês da
vida, saber, com absoluta certeza, que a composição do Universo é Força e
Matéria (e não só a do Universo, como de todos os seres animados), praticar
somente a verdade e ser valorosa, ponderada, moderada e justiceira.
Uma criatura assim,
sem dúvida, não se presta a dar passes. Se é médium,
desenvolve e pratica a mediunidade somente dentro de correntes fluídicas, como
determina o Racionalismo Cristão.
O médium esclarecido é
uma criatura que se impõe pelas suas virtudes, e nunca por excentricidades.
Não negamos que
existam criaturas bem intencionadas em todas as seitas e no espiritismo
religioso, mas a boa intenção não basta; é preciso luz espiritual, raciocínio
clarividenciado, para o ser humano poder habilitar-se à correção de todas as
suas fraquezas, dominação dos seus maus instintos, controle dos pensamentos,
despojando-se de todos os que a consciência lhe apontar como inferiores, e
desenvolvendo os puros, de amor à verdade e ao próximo.
Lodoros e “magna caterva”
Continua, assim, a
reportagem que estamos transcrevendo de A NOITE:
“Asserenada a
dama, voltaram todos a concentrar-se, e logo a senhorita E , dando ao rosto uma
expressão que o deformava (não são poucas as senhoritas também fiteiras),
curvou a fronte, abaulou as costas e, movendo os dedos no gesto de quem está fechando
um cigarro,
rompeu o silêncio numa linguagem de caipira ou preta-mina.
“Era, disseram-me depois, o espírito
Lodoro (que é tido como guia protetor de toda essa gente baiuqueira), negro
que, tendo sido escravo e havendo levado a comida a escravos fugidos, apanhara
uma surra, a mando de seu senhor, que fora tamanha, que ficara caído no mato e
morrer devorado pelos vermes.”
Como fingimento, para
embasbacar bocós,
essa manifestação é uma das de mais efeito que possui a magia negra,
praticada em toda parte com rótulo de espiritismo.
Fingimento, sim:
1) Pela expressão
deformadora do rosto da tal senhorita;
2) Pelo curvar da
fronte e o abaular das costas;
3) Pelo romper o
silêncio, numa linguagem de caipira ou preto-mina, que não deveria ser
preto-mina mas preto vulgar, de origem africana, ignorante e subserviente, pois
o preto da Costa da Mina é inteligente, trabalhador e até escravizador de
outros pretos, chegando a ser patrão, sogro ou sogra de branco.
4) Pela denominação de
tal espírito Lodoro, sua condição de escravo e pela sua morte mentirosa, porque
nunca se matou escravo algum por haver levado comida aos “canhamboras”
(corruptela de quilombos), pretos fugidos dos Quilombos (refúgio, guarida dos
negros fugidos na mata virgem multissecular das fazendas), visto que o escravo
era ouro e, por isso, não se atirava assim pela porta fora, como tivemos
ocasião de ver em todas as fazendas paulistas e sul-mineiras, no tempo da
escravatura, quando fomos abolicionista como os que mais o foram.
Esses médiuns e
pais-de-mesa,
sabendo quanto cala no espírito dos assistentes esse linguajar imitando o preto
africano, ajeitam o rosto, o corpo e os movimentos desses africanos, mas tudo
isso que significa?
Que provas, que
exemplos de bem-estar e de moral trazem à humanidade? Ouvir um médium obsedado,
espírito atrasadíssimo, inferior ou velhaco, que se diz atuado por espírito de
preto, branco, caboclo ou santo, articular asnices num dialeto estúpido,
grosseiro, resultará isso em algo de útil para quem quer que seja, salvo os
especuladores baiuqueiros?
Absolutamente, não!
Porque a ignorância dos espíritos atuantes, médiuns e magna caterva,
só males produz.
Só o esclarecimento da
Verdade, bem claramente explanada, beneficia moral e materialmente a
humanidade.
Como tomar a sério tal
gente e tais espíritos?
O estado psíquico
desses seres humanos está de tal forma deformado, que não os deixa ver o
ridículo dessas práticas de fetichismo.
Sentem prazer nessa
vergonheira, nessa miséria de “arranjos de vida” e “cangamentos”, onde
criaturas desprevenidas, desorientadas, vão para ver se arranjam casamentos,
empregos rendosos, sorte, bons negócios, êxito nas conquistas amorosas etc.,
quando o que deviam fazer seria viver racionalmente, de fronte erguida,
trabalhando, lutando contra os seus vícios e misérias, educando a vontade
fortemente para o bem, a fim de conseguirem triunfar na vida, aperfeiçoando-se
espiritual e fisicamente.
Todos os adeptos da
lei do menor esforço, caminham para a decadência moral e material que se
observa, para a triste vida que levam, para a tremenda loucura que por toda
parte se faz sentir.
Mais absurdos
“A senhorita
Elisabeth dizia que a natureza está dividida em três reinos, e que ninguém os
estuda ao mesmo tempo. Assim, não era aconselhável a mistura de pensamentos,
que não combinavam em torno das mesmas ideias de pureza, mas que por essa
mistura eram responsáveis os promotores daquela reunião.
Depois pediu que rezassem um padre-nosso
para um remédio. Puseram água em um copo, colocado entre as mãos do médium,
rezaram o padre-nosso pedido e envolveram o copo num papel, para ser-lhe dado o
destino indicado pelo médium”.
Perguntamos: qual o
proveito para quem tais lérias ouviu ou proferiu?
Absolutamente nenhum,
nem mesmo a afirmativa de que a natureza está dividida em três reinos, o que
toda gente sabe, mas ninguém estuda ao mesmo tempo, como disse o médium.
Por esse motivo, “que
ninguém os estuda as mesmo tempo'“, disse não ser aconselhável “a mistura de
pensamentos que não combinassem em torno das mesmas ideias de pureza”.
Ignorância crassa a do
médium e dos espíritos que nele atuaram sobre o que sejam o pensamento e as
leis que o regem.
Médiuns e presidentes
desprevenidas aceitando tudo o que dos espíritos vem, sem dar trato ao
raciocínio, tornam-se criaturas perigosas e fanáticas, do que resulta só
atraírem males para si mesmos e para os outros que, incautos, os tomam a sério.
Não sabem o que são
como Força e Matéria, vivem no mundo da Lua, querem passar por missionários,
por criaturas fora do comum e, como resultado, caminham para a obsessão e a
loucura.
Se conhecessem as leis
naturais da vida, se sentissem a grandeza do Grande Foco, todos seriam
equilibrados, trabalhadores, independentes e não se prestariam a representar
papéis que indignificarn a espécie humana.
Sendo os pensamentos
vibrações do próprio espírito e, como tudo o mais, sujeitos à lei de atração,
impossível se torna dar-se a “mistura dos pensamentos bons com os pensamentos
maus”, porque em virtude dessa lei, sabe-se, com certeza, que os similares se
atraem e os contrários se repelem.
A “mistura de
pensamentos contrários”, que esse médium ignorante afirmou ser possível e
certo, não tem nenhuma possibilidade, por estar condenada pela lei de atração.
Leis naturais são imutáveis, inalteráveis portanto, o que é contrário não é
similar, e desde que o não seja, repelido está por natureza.
Num recinto em que
estejam pessoas com pensamentos diversos, que jamais poderão ser misturados
quando não são uniformes, vence a corrente de pensamentos emitidos por vontades
fortes para o bem os pensamentos maus das demais pessoas, ainda que estas
estejam em superioridade numérica.
E por essa razão ou
princípio é que seis ou mais pessoas esclarecidas, em forte concentração numa
Limpeza Psíquica, fornecem elemento atrativo ao Astral Superior, e este
desavassala uma assistência até de mil pessoas. Nessa limpeza astral são
dominados todos os pensamentos maléficos, provando-se assim não poderem
influenciar os pensamentos maus sobre os bons e sim estes sobre aqueles, não
havendo, por não ser possível, a mistura de pensamentos bons com os maus, e
vice-versa.
A verdade só tem um
caminho e uma explicação.
Todos devem
esclarecer-se sobre os porquês da vida, para não darem lugar à ação dos
embusteiros e exploradores.
Espiritismo é ciência,
e por isso exige estudo, meditação e clarividência.
Fingimentos e mais fingimentos...
Provado temos que há
grande ignorância por parte dos presidentes das sessões e dos médiuns, e muitos
não são só ignorantes, mas também malfeitores inveterados, espalhando por toda
parte, no Brasil e fora dele, os efeitos da magia negra,
cuja sementeira de loucura é impressionante, dado o fato de quase todas as
criaturas terem propensão para a crendice.
O misticismo tem
enfraquecido demais o espírito humano que, desprevenido das coisas sérias da
vida, não sabendo, não tendo base racional para a educação da vontade e
controle dos pensamentos, deixa-se levar pelas correntes deletérias para uma
vida de sobressaltos. Esses médiuns que pedem copos ou outras vasilhas com água
para fazê-la rezada,
como eles a chamam, só veneno podem espargir nessa água, isto porque venenoso é
o fluido em que têm envolvido o seu perispírito, e além desse fluido os das
demais pessoas presentes, porque ligadas pelo pensamento a tais médiuns, sabido
é que todos estão compartilhando da sua assistência astral inferior.
Existe fluido
neutralizador que suaviza males físicos e espirituais, mas que só pode vir até
nós – os seres humanos – por intermédio de médiuns esclarecidos e de comprovada
honradez, quando colocados dentro de correntes organizadas pelo Astral
Superior, e então, sim, irradiando sobre a água, a tornam poderoso calmante e
eficaz medicamento, por meio de compressas para dores agudas etc.
Sem a intervenção de
médiuns também se faz a Água Fluídica, colocando-se vasilhas com água ao sereno
durante a noite, e junto delas fazendo-se as irradiações ao Astral Superior e
Grande Foco (vide folheto Limpeza Psíquica).
Com referência à
sessão que vimos descrevendo, através do jornal que fez a reportagem, diz ele:
“O Sr. Viana
pediu ao médium que, por intermédio de Lodoro (cá está novamente o bichão-guia,
de destaque nas “sessões espíritas”) consultasse o Dr. Lobão, ouvida a
resposta, acrescentou a senhorita Elisabeth, ainda em nome de Lodoro, que o
espírito da genitora do Sr. Vianinha estava presente para pedir-lhe que, no
Natal deste ano, não se esquecesse da criança a quem vestiu no ano passado. Por
fim, o médium anunciou que Lodoro ia retirar-se, para que se manifestasse o
espírito de Antonio de Sousa.”
Leitor amigo, se vives
calmo, equilibrado e possuis algumas noções da vida, tens que, como nós, dizer:
“Cá está nova encenação, nova intrujice, conversa fiada, tudo para embasbacar o
maior dos mistificadores, o tal Vianinha (já falecido), que mui naturalmente,
como é de uso e costume nesses centrelhos espíritas, tendas, grupos ou outros
nomes que tenham, “agradecer
ao irmão-guia o haver-lhe dito algo em nome da pobre mãe.”
Então, um espírito já
livre desta atmosfera, embora de categoria inferior, desce a dar recados dessa
natureza a quem quer que seja?
Como são ignorantes!
Um espírito, depois de
romper a atmosfera da Terra, só trata do que possa interessar ao progresso
espiritual da humanidade em geral.
O espírito, já depois
de ascender ao seu mundo de luz, não pode tratar de pessoas e sim de
Princípios, que são leis comuns, naturais e imutáveis, não trata, em absoluto,
de coisas materiais, de caridades,
não aconselha a dar roupas e comidas a pessoa alguma, por ser isto função da
vida terrena e não astral, e se pudesse admitir-se tal interferência
espiritual, que valor teriam os seres humanos se, para praticarem um ato
generoso, fosse preciso primeiro receber ordens do Além?
Embusteiros ridículos,
ultra-ignorantes propositais, grandemente vaidosos, acobertam-se com o manto da
humildade e da falsa caridade, pelo que caríssimo vão ter de pagar pelo mal que
fazem aos espíritos, quer encarnados, quer desencarnados.
Trabalhar para acabar
com os famintos maltrapilhos, organizando uma melhor sociedade que leve ao
governo homens com noções claras do dever a cumprir para com o povo, sim, é o
que deveriam fazer, para darem exemplos dos ensinamentos de Jesus que,
praticados, não admitem indigentes, malandros, devassos, corruptos, nem
famintos da alma e do corpo, pais o espírito vem ao mundo para lutar, trabalhar
e vencer, e não para receber caridades. Espírito esclarecido
basta-se a si mesmo, e se por quaisquer circunstâncias chega à invalidez, é a
Nação quem tem o dever de acolhê-lo em estabelecimentos apropriados ou de
superintender as suas necessidades físicas e espirituais no seio da sua própria
família.
E tanto é esta a
verdade que, levantando-se a questão social pelo mundo, foram criadas as Caixas
de Aposentadorias e Pensões, as Institutos de Previdência, de Socorro
Profissional etc.
No Brasil, foi A RAZÃO
que, desde 1916, levantou eficaz campanha em prol das classes trabalhadoras.
Mas sem mentiras nem demagogia.
Diz, ainda, o
noticiarista:
“. . . a senhorita
Elisabeth saiu docemente do seu transe . . .” (Tem muita graça, chegando a ser
duplamente pilhérico esse transe do qual trataremos oportunamente).
“Concentram-se todos
de novo, e passados quinze minutos, outro médium, depois de alguns movimentos
bruscos, contraindo a face, protestou contra a violência que
lhe faziam, trazendo-o àquela reunião”.
O presidente disse
umas lérias, bancando o valentão da lenda sertaneja. Outro médium mistificador
agitou-se, “raivoso”, e com a fisionomia de alucinado (é assim a de todos esses
médiuns), rindo, asseverou:
“Hei de vê-la de
rastros, miserável! Ah, infame! Então, estarei satisfeita!”
O presidente retrucou
com outras lérias muito melosas, como é de praxe nos centros de magia negra,
rotulados de espíritas, repletos de “pai celestial”, “de divino mestre”; mas o
espírito e o médium não fizeram caso algum do sermão.
Aplicaram-lhe, diz o
jornal, passes,
e o médium sacudiu-se, de repente, e suspirou, voltando ao seu estado calmo
anterior ao transe.
“Contaram-nos, diz o
noticiarista, no fim da sessão, que no corpo desse médium estivera encarnado o
espírito de uma sua amiga, com cujo viúvo ela, médium, casara, inspirando à
outra sentimentos de vingança.”
Aí tem o leitor nova
farsa, nova intrujice, uma das malandrices mais atrevidas que se conhecem em
tais baiucas.
O médium, casada com o
viúvo, para bancar a vítima junto ao marido e valer-se da profissão de
jangadeira, fingiu atrair e receber um espírito ciumento, animalizado, inimigo
seu, quando a verdade é esta:
Nenhum espírito de
médium, por mais ignorante que, seja, recebe um espírito declaradamente seu
inimigo.
As leis naturais
opõem-se a isso, salvo quando o médium é pobre de alma e do corpo, covarde,
louco portanto, completamente dominado pelo astral inferior.
Esse médium, porém,
não estava em estado completo de loucura, isto porque, após os passes aplicados
pelo presidente (tem graça o presidente a dar passes . . .) voltou logo a si,
causando espanto aos basbaques esse fato.
Mas, admitindo que
tudo isso fosse verdade, que lucraria a humanidade com essas coisas? Revelados
foram ensinamentos que lhe trouxessem algum proveito? Deu-lhes certeza da vida
bem vivida? Algum fenômeno científico foi observado?
Absolutamente, não.
Logo, essas sessõezinhas só podem servir para obsedar as criaturas humanas, e
obsedados terminam todos, realmente, quer praticantes, quer assistentes.
Explanamos a Verdade
Através do que vimos
escrevendo sobre a organização e prática da magia negra,
sob a capa de “sessões espíritas” nos centrelhos, em família e nos terreiros
psiquicamente imundos, não pode o leitor supor que assim procedemos por
despeito, porque se tal juízo vier a fazer de nós, demonstra estar lendo estes
escritos com ideias preconcebidas, que toldam sempre o raciocínio, não o
deixando ver com clareza, o alvo da verdade.
Criaturas
esclarecidas, como somos, temos por dever de falar e escrever só o que sabemos
ser verdadeiro, e, além disso, querer bem a toda gente, embora não nos
misturando com aqueles que gostosamente persistem em andar no erro.
O que quer o
Racionalismo Cristão das criaturas, que não seja arrancá-las da ignorância?
Porventura haverá, ainda, quem o suponha uma seita a querer fazer crentes ou
adeptos? Diante de tanta clareza naquilo que o Centro Redentor vai explanando e
publicando, é de supor que as criaturas estejam convencidas de que ele não é
uma seita, e muito menos mercenária como infelizmente fazem todas as que
existem, com a ressalva de que se encontram nelas almas boas e bem intencionadas.
Com verdadeira
independência, sem monetariamente precisarmos de quem chega ao Racionalismo
Cristão, continuaremos o assunto da NOTA anterior, afirmando que essas práticas
vulgares e perniciosas do espiritismo são obras de ignorantes das coisas sérias
da alma, da vida na Terra e no Espaço, que levam, com ela, a ignorância, o
descrédito e a desmoralizarão a tão bela Doutrina, desde que se veja nela a
chave de todas as ciências, como bem dizia, no princípio deste século, o médico
Pinheiro Guedes, em sua admirável obra Ciência espírita.
Nessa miséria rotulada
de espiritismo, há criaturas aperfeiçoadas em prevaricações, em intrujar os
incautos ou basbaques que os procuram, principalmente se forem criaturas que se
mantenham em certo equilíbrio moral.
O noticiarista,
tornando público aquilo que presenciou, possibilitou-nos estes esclarecimentos
sobre as patifarias e sobretudo a ignorância crassa desses “pais e mães de
mesa”.
A ignorância dos
porquês da vida representa a seiva de que todos os exploradores da humanidade
se alimentam. Não caminha com segurança quem andar com os olhos vendados.
Os que estudam o que o
Racionalismo Cristão ensina têm muito em conta as coisas.sérias da vida e sabem
preparar-se para enfrentar todas as lutas morais e materiais, das quais saem
vitoriosos.
Quando toda gente for
esclarecida sobre o valor do pensamento e da vontade, raciocinará com acerto,
baseando tudo em causa e efeito – Força e Matéria – não se deixando mais
iludir.
No dia venturoso em
que estiver esclarecida uma grande parte da humanidade, incluindo aqueles que
legislam e governam, as questões sociais e políticas serão resolvidas racional
e cientificamente, tornando bem mais ameno o viver reste mundo.
Sem os conhecimentos
racionais da vida, sem o acesso à instrução e educação racionais e científicas
a todos os viventes humanos, nada conseguirão os governos, as autoridades e o
povo em geral, que continuarão a construir hoje para destruírem amanhã, porque
o elemento perturbador de tudo é a ignorância da verdade, com o que é atraído o
astral inferior, que tem instrumentos aos milhões por toda parte para a prática
de animalidades, de torpezas e desordens, quer nos lares, quer fora deles,
atuando em todas as atividades humanas: política, lavoura, indústria e
comércio, classes civis e militares, universidades etc.
Cartas a Gustavo Macedo (I a XLV)
I
Meu caro Gustavo
Macedo, meu adorável Frei Solanus e frade de todos os tempos.
A NOITE, de 15 de
janeiro, na sua reportagem sobre o que se passa ''No Mundo dos Espíritos”,
tratou de ti, meu caro Gustavo, da tua Cruzada Espírita, do que se passou e,
naturalmente, continua a passar-se no Abrigo Teresa de Jesus.
E onde se propagam os
tais caboclos que fazem ressuscitar
cadáveres, assim classificados pela ciência oficial, da qual tratarei
em ocasião oportuna; e de ti, meu Gustavo, diz o referido jornal o que se
segue:
“O Sr. Gustavo Macedo,
depois de felicitar a Senhora Ivete pelos êxitos de sua missão a
Pernambuco, falou sobre o resultado das preces realizadas naquele Centro, e
anunciando a sua viagem a São Paulo, narrou, a propósito, casos que emocionaram
o auditório, e, entre eles, um de transfiguração ocorrido em uma das casas mais
ilustres dessa capital.”
“Perante essa família
de nome glorioso – contou o Sr. Gustavo Macedo – vira o Sr. Lameira de Andrade,
vencido pela angústia de uma mãe sofredora, cair em transe (cá está o tal
transe dos baiuqueiros) e, fisicamente, transfigurar-se num jovem falecido há
pouco mais de um ano, sendo tão completa a transformação, que a aflita mãe, abrindo
os braços, exclamou:”
–
“É meu filho!”
“Rematando o seu
discurso, o Sr. Macedo anunciou que após a música devocional que prepara as
almas para a ‘unção da prece final’, esta seria feita pelo doutor Florentino.”
“A harmonia de um
violino tocado pela senhorita Iara, encheu o espaço de inefáveis vibrações
sonoras; e quando, ao suspirar a última nota, se abriram os olhos que se haviam
quase todos cerrado, o Dr. Florentino, erguendo-se, assinalou os pontos da
prece que deveriam merecer maior atenção e mais esforços de concentração, para
mais eficaz irradiação de pensamentos.”
“Foi longa, ardente e
mesmo eloquente a prece, ouvida com atenção religiosa.”
“Abraçou, em seu
desenvolvimento, as pessoas presentes e os seus amigos ausentes ou mortos, os
nomes inscritos num livro especial de preces, os que sofrem na Terra e os que
disse padecerem no espaço, e, demoradamente, o Sr. Viana de Carvalho e o
Vigário de Pernambuco, de quem falara a senhora Ivete.”
“Finda, com a prece, a
sessão, onde supomos não haverem manifestações de espíritos desencarnados, como
também não os houve, supomos nós, no Abrigo Teresa de Jesus, instalado à rua
Visconde de 1bituruna etc.”
Essa transcrição que
aí fica, meu prezado Gustavo, leva água no bico,
como vulgarmente se diz, especialmente as palavras grifadas por nós. Ao mesmo
tempo é essa transcrição feita para provar ao leitor destas cartas que tu não
deves ser confundido com a magna caterva de mistificadores,
saco de gatos praticantes da Magia negra, com denominação de
Espiritismo.
Desejo ardentemente
que os amáveis leitores te não tornem conivente com tal gente da magia negra
disfarçada, na fábrica de loucos e de outros males que atingem a todos aqueles
que os tomam a sério.
Que te tomem como
místico, como Frei Solanus, no fundo, embora na forma o não pareças, é também o
que eu desejo, porque é mil vezes preferível esse “fradejar”, do que parecer,
embora ligeiramente, espírita em provação, da primeira ou última hora.
Quero-te assim mesmo,
para melhor e mais à vontade poder palestrar contigo sobre toda essa “família
espírita”.
II
Confirmo-te, meu caro
Gustavo, a minha carta de ontem, e antes de tratar das palavras grifadas:
a)
ressuscitar cadáveres pelos caboclos do Abrigo Teresa de Jesus;
b)
“missão” a Pernambuco da mui respeitável senhora D. Ivete;
c)
as preces realizadas na tua Cruzada;
d)
um caso de transfiguração
em uma das casas “mais ilustres” de São Paulo;
e)
o cair em transe
do médium Lameira de Andrade, “vencido pela angústia de uma
mãe sofredora”;
f)
o sofrimento de uma mãe por perder um filho;
g)
a música “devocional” que prepara as almas “para a união da prece final” na tua
Cruzada;
h)
o esforço de concentração para mais “fecunda” evolução de fluidos e reais
eficaz irradiação de pensamentos;
i)
a atenção religiosa;
j)
as preces pelos que sofrem na Terra e os que padecem no espaço, demoradamente,
proferidas pelo Sr. Viana de Carvalho e pelo Sr. Vigário de Pernambuco, que
tanto atrapalhou aquele na sua arenga sobre o “espiritismo” que adota, do qual
é ele o sabiá
coleira de mais cotação, antes disso preciso se me torna explicar o porquê destas
minhas cartas a ti dirigidas.
Resolvi palestrar
contigo, meu caro Gustavo, porque se tens prazer em “fradejar” as tuas
atitudes, ditas por ti espiritualistas, e assim dar às tuas “pregações” um fundo
e uma forma mont’alvernianas, bem fradescas, portanto, bem tuas, meu Gustavo,
também eu tenho prazer em conservar o meu velhíssimo hábito, que hoje os novos
denominam de velharias, de correspondência epistolar que a vida moderna,
transformando tudo para o almofadismo e para o nu também põe de parte, para dar
lugar aos telegramas, aos postais ilustrados, ao telefone, pelas simples
declarações nos jornais e agora o sistema perigoso do “sem fio”, que tudo está
devassando.
Assim, por este
velhíssimo sistema epistolar tão usado e amado pelo nosso incomparável mestre,
Padre Antonio Vieira, pelo Cavalheiro de Oliveira, no século XVII (vide suas Cartas da
Holanda), Padre Gusmão e muitos outros do século XVIII, pode
minh'alma, muito amiga da tua, mostrar aquilo que de fato é, e não o que parece
ultra feia, atrevida e má, como a consideram todos os feiticeiros, todos os
ridículos praticantes dessa torpeza que eles denominam “Espiritismo.”
Apraz-me, agora, meu
caro Gustavo, como explanador dos Princípios Racionalistas Cristãos que têm por
base a Verdade, palestrar contigo, assim epistolarmente, porque desejo que os
papas do tal “espiritismo” fiquem sabendo que cada um tem, neste mundo, aquilo
que merece e a que faz jus pelos seus pensamentos e obras, conforme o uso que
faz de seu livre-arbítrio.
Não quero que te
confundam com os espíritas em provação, porque esses, além de sujos, quase
todos, nas vestes, têm a alma em petição de miséria, também sujíssima pelos
Ismaéis, Urubatãs e magna
caterva que os dominam.
Quero que saibam que
tu és, de fato, um alto funcionário da Prefeitura do Distrito Federal, pagador
da mesma, há muitos anos, sem que os milhares de contos que têm passado pelas
tuas mãos tenham tentado a tua alma; és um publicista de valor, um cronista
admirável, autor de um livro que denominaste Profissão de Fé.
Possuis, pois,
qualidades dignas da minha estima e da consideração e respeito de todas as
pessoas que amam a honradez, embora só material.
Além disso, és um
marido exemplar, tens um lar digno de ser imitado, no qual impera e domina uma
rainha cristã que é a tua virtuosa esposa, bem digna da estima e respeito que
lhe tributas e que, sempre ao teu lado, te dá a rara felicidade de possuíres
duas almas boas, uma que te deve acompanhar em corpo astral, e outra em corpo
carnal, que é ela, essa adorável esposa e mãe.
O resto, meu Gustavo,
fica para as outras cartas.
III
Expliquei bem
claramente, meu caro Gustavo, na minha carta anterior, os motivos que tenho
para destacar-te dos outros homens que se dizem “espíritas” e que não passam de
intrujões, ultra-ridículos, indignos da consideração e respeito que somente se
devem a quem tem uma folha corrida limpa e é capaz de algo de bom fazerem
benefício da humanidade.
Compreendes bem que o
homem não pode separar a sua pessoa do cargo que exerce, seja qual for, e por
isso torna-se homem público, para todos os efeitos, e como tal está sujeito a
ter os seus atos comentados por quem quer que seja que possua raciocínio para
isso, e tudo o mais que possa beneficiar a todos com quem houver de tratar.
Cada ser humano deve
ter um encargo, um ideal nobre que o possa valorizar na Terra e no além, sem o
qual, tu bem o sabes, não pode haver progresso moral (espiritual), que é o
único que interessa verdadeiramente a todas as almas e portanto, às partículas
do Grande Foco.
Por assim ser, meu
caro Gustavo, é que se afirma, com certeza absoluta, que cada ser humano é um
instrumento incitado por uma partícula da Força, também denominada Inteligência
Universal, e por essa partícula movimentado na Terra para o bem ou para o mal,
conforme a educação da sua vontade e o uso que fizer do livre-arbítrio.
Assim tomado o ser,
ninguém lhe deve querer mal por explanar princípios errados, por praticar atos
animalizados reprovados por toda gente, até pelos mais prevaricadores. Antes,
deve-se doutriná-lo, para que acorde pelo esclarecimento que lhe é ministrado,
e se torne um instrumento do bem e não um desgraçado do mal.
Quer isto dizer,
Gustavo, que as criaturas esclarecidas, como instrumentos inconfundíveis da
Verdade, não individualizam as questões e não combatem os homens, mas o que
estes fazem de errado em seu próprio prejuízo e do semelhante.
No caso do
Racionalismo Cristão, as pessoas contrárias aos Princípios que explano
colocam-se em oposição à Verdade, consciente ou inconscientemente, e tornam-se,
sem o querer ou saberem, instrumentos das mentiras e crimes que se vêm
praticando em toda parte.
É assim que devem ser
encaradas estas cartas, visto conterem os Princípios Racionalistas Cristãos que
devem remodelar o mundo no tempo próprio, e dos quais sou instrumento, como o
podem ser outros incontáveis que, de boa vontade, se dispuserem a explaná-los e
praticá-los.
Para nós,
racionalistas cristãos, tem a criatura uma importância mui relativa, que não vai
além do valor de um instrumento variável que, para ser de fato bom, útil a si e
aos outros, precisa ser:
1) valoroso e capaz de
todas as lutas a bem do todo;
2) moderado em todos
os seus atos;
3) ponderado no dizer,
e que nada afirma sem prévio exame e certeza absoluta da verdade;
4) justiceiro, e
ninguém o pode ser sem conhecer e praticar os três outros princípios que, com
este, constituem, de fato, o homem verdadeiramente honrado.
Concluindo esta, meu
caro Gustavo, quer o seu conteúdo dizer que não é de ti somente nem de mim, e
muito menos desses praticantes ridículos da magia negra
que o Centro Redentor está tratando, e sim de Princípios que devem tornar a
humanidade melhor e o mundo mais suportável.
Terminando, pois, faço
votos para que a tua querida alma possa aceitar as irradiações de muito carinho
e verdadeira estima que te tributa o sempre, muito teu.
IV
Postas assim as coisas
nos seus devidos lugares, conforme o exarado nas minhas cartas anteriores,
vamos, caro Gustavo, às palavras grifadas na penúltima.
Quando o noticiarista
de A NOITE tratou da tua Cruzada Espírita, também tratou do “pregador” que no “Abrigo Teresa de
Jesus” afirmou que os “caboclos” que imperam,
que dominam o Centro Espírita “Nossa Senhora da Piedade”
ressuscitaram uma jovem morta, um cadáver, portanto, já assim atestado por um
médico de fama, em Niterói etc.
Nessa ocasião, dito “pregador”
de ontem, de hoje e de sempre, como todos os outros dominados pelo misticismo,
tratou do “feitiço” e da “magia” para, então, bem desenvolver essa sua
especialidade e tratar do valor curador e “ressuscitador” dos tais “caboclos”,
filhos das selvas.
Foi pena que dito
“pregador” não concluísse essa história de “ressuscitar cadáveres” com
“caboclos”, dando-se ares de Jesus que, apesar da sua grande pureza, nunca
ressuscitou cadáveres, por ser tal coisa contrária às leis naturais que tudo
regulam.
Devia concluir a
encenação do tal Centro Espírita “Nossa Senhora da Piedade”,
que pela denominação não se perca, dizendo:
– “Respeitável
assistência! Esse fenômeno de ressuscitar uma donzela em Niterói, é uma das
muitas intrujices astrais sempre feitas de acordo com os médiuns. A moça,
respeitáveis basbaques que me ouvis, não morreu atuada pelos espíritos
inferiores que a maltrataram e dominaram o seu espírito, para assim lhe
lançarem no corpo fluidos danificadores que produziram a morte aparente, para
embasbacar os basbaques; e depois de o haverem feito, voltou o espírito da
jovem a incitar o seu corpo, após liberto da ação danificadora dos tais caboclos,
produzindo-se
então “o espantoso milagre” da ressurreição do seu cadáver.”
Depois, devia o dito
pregador afirmar: “Amáveis basbaques, serve isto unicamente para provar-vos que
tudo nos vem de fora e vive fora de nós, e que as forças ocultas acionam e dominam
as criaturas, conforme a sua vontade e educação; por esse motivo, a moça de
Niterói, fraca de vontade e já “trabalhada” na feitiçaria da caboclada,
tornou-se um magnífico instrumento de ditos caboclos, que agora não só são
senhores absolutos dela, como do pai e de todos que tomarem a sério tal
intrujice.”
E concluindo: “Também
serviu esse fenômeno de franca obsessão, de pleno domínio de uma jovem pelo
astral inferior para provar a inexperiência do médico que passou o atestado de
morte sem maior pesquisa, sem ao menos colocar a mão em qualquer parte do corpo
da jovem atuada, para convencer-se de que o mesmo estava repleto de vida
anímica (fluido nervoso), e que enquanto esta existir, ligada às moléculas, ao
corpo em geral, não se pode dar a morte. O fenômeno pertence ao número
daqueles, portanto, que os médicos denominam “morte aparente”.
A morte do corpo só é
real, ilustres intrujões e mistificadores, quando a vida anímica (fluido
nervoso) se desagrega de todas as células, o sangue coagula e o corpo (a matéria
organizada) fica totalmente frio e inerte.
Mas o dito “pregador”
preferiu quedar-se no sobrenatural, no milagre, a explicar o que já se conhece
a respeito e se acha exarado nas obras do Centro Redentor.
V
É oportuno, meu caro
Gustavo, visto estarmos com a mão na massa da caboclada, desenvolver o assunto
sobre os tais “guias” que por toda a parte do Brasil, e mais especialmente
nesta capital, chegaram a ganhar foros de coisa séria, de verdade em força astral,
em proteção a basbaques.
Preciso se torna,
pois, que leias, com a devida atenção, o que se segue, para bem poderes ajuizar
as torpezas, as especulações que se fazem em nome dos pobres selvagens, que ao
meio civilizado nunca chegaram, porque não podem vir, como verás.
Quando um
“pai-de-serviço”, de mesa ou de sessão quer valorizar a sua sessão, a sua
baiuca, espalha aos quatro ventos que os seus “guias” são caboclos, silvícolas
brasileiros, chefiados por Urubatã, Pariparoba, Junco Verde e outros nomes
estapafúrdios.
É esse o melhor
anúncio para arranjar freguesia de incautos.
Atrás de tais
“protetores astrais” correm logo as melindrosas que querem casar ou arranjar um
amante rico; as mulheres casadas que, “fartas” dos maridos, preferem ser
meretrizes ocultas; os empregados públicos, com pretensões a acesso ou
gratificações; os comerciantes quase falidos, para endireitarem as suas
finanças; o advogado, para vencer as suas demandas; o político, para cangar e
vencer o rival, ou ainda o dirigente local, que deseja as graças do mando
central, o domínio político absoluto na sua jurisdição, e demais pretendentes a
coisas privadas desonestas.
Por assim ser é que o
ex-pregador do respeitável Abrigo Tereza de Jesus fez na sua arenga, o elogio
dos tais caboclos, como guias de tais “centros”, como ressuscitadores do
cadáver de uma filha querida de um comerciante abastado, como é preciso que
sejam todos os pais, para garantirem aos tais “centros” uma renda maior.
No entanto, meu caro
Gustavo, é preciso que te diga, e que todos saibam, que os tais caboclos-guias
são pura mistificação, uma torpe intrujice do astral inferior, dos médiuns
deste e dos tais “pais-de-mesa”, presidentes dessa magna caterva
que os aplaude.
Assim é, porque as
leis naturais e imutáveis não permitem, em absoluto, que as forças astrais
contrárias em sentimentos se aproximem, se unam umas às outras, que um espírito
selvagem, animalizado, fraco, sem o menor conhecimento das coisas civilizadas,
venha trabalhar nos meios civilizados, seja no que for e para o que for.
Se o pobre diabo em
vida carnal não pôde sair das selvas, e nelas se quedou até desencarnar,
vivendo, apenas, a vida instintiva e, assim, das coisas que interessavam
somente ao corpo, à satisfação da matéria organizada, como é que depois vem,
garboso, com conhecimentos humanos que nunca possuiu e força física que nunca
teve, superior à do branco ou do mestiço, combater os outros espíritos de
jesuítas, doutores e soldados?
VI
Antes de continuar a
provar que os selvagens das Américas, os tais “espíritas em provação”
denominados caboclos, e da África etc., não se podem manifestar em parte alguma
do que se denomina mundo ou sociedade civilizada, preciso se torna tratar da
psicologia, do seu real significado, para assim bem claro se tornar o estado
espiritual desses que de racionais somente têm a forma.
Por isso, toma boa
nota do que te vou dizer como instrumento racionalista cristão, repito, e
assim, das forças ocultas superiores, sobre o “porquê” de coisas que elas
explanam, com certeza absoluta, para esclarecimento da humanidade.
Dentre as suas
inúmeras invenções, filhas da vaidade e do egoísmo do homem, estão a palavra
“psicologia” e outras, suas derivadas, que correm mundo como sinal, como marca
de sabedoria e de erudição por parte dos que as empregam no seu rabiscar de
ignorância e de maldades.
Essa palavra
“psicologia” foi inventada para tratar da alma pelos tais sábios que nós,
honrando o nosso grande Júlio Ribeiro, denominamos sábios, a titulo negativo...
Assim, também nós, os
racionalistas cristãos, usamos a dita palavra. Entretanto, do que ela
absolutamente não trata é da alma, isto porque da alma não têm eles
– os eruditos, os que tal palavra têm empregado – noção, visto que a base dos
seus conhecimentos é o átomo, que é matéria, embora jamais visto nem cheirado
por eles. E a alma não é matéria.
Todos, inclusive tu,
meu Gustavo, os frades de todas as ordens e os sectários das diversas seitas em
geral, ignoram o que seja a composição do Universo e desconhecem a sua própria
composição, como ignoram o que é a Força em si, primacial princípio componente
do Universo e do ser humano, que é o universo em miniatura, por ser composto de
Força, ou Inteligência, e Matéria – os dois únicos elementos que no Universo
existem a organizar, incitar e movimentar corpos, quaisquer que eles sejam.
Desconhecendo, assim,
o que seja a Força ou Inteligência Universal, nada podem eles dizer com acerto,
e muito menos de psicologia,
da qual pouco entendem, até que se disponham a estudar, bom afinco o
desprendimento, o que seja a Força em si e, assim, a alma de
todos os seres.
Tratando, pois, da
partícula da Força que incita e movimenta os corpos, que denominamos alma,
tratamos da completa, da verdadeira psicologia humana para, desse tratar, poder
o leitor tirar conclusões certas e seguras do estado espiritual de cada vivente
humano, e assim poder concluir, com verdade, que de fato a alma existe e que as
leis naturais, às quais está sujeita, são as mesmas que governam o Universo.
VII
Em continuação,
dir-te-ei, querido Gustavo, que as partículas da Inteligência Universal, que o
vulgo denomina “almas”, são a vida que se acha em todos os reinos da natureza,
como o Centro Redentor demonstra e prova na sua obra denominada A vida fora da
matéria.
Essas partículas da
Inteligência Universal que, em obediência a leis naturais e imutáveis, incitam
e movimentam os diversos reinos da natureza, estabelecendo a vida em todos os
mundos, em todos os corpos, em todos os seres orgânicos e inorgânicos, desde a
pedra aos metais, aos vegetais, aos animais e ao gênero humano, estão em constante
ascensão para a luz, para a sua fonte de origem, que é o Grande Foco incitador
de tudo quanto existe.
Assim, vão elas, essas
partículas, passando por todos os corpos dos reinos da natureza, em evolução,
em constante purificação, e assim, cada vez mais aumentando a sua luz, a sua
Força, para o final cumprimento do dever, que é confundir-se com a luz de onde
partiram para este e outros planetas.
É, pois, claro e
certíssimo que quando ditas partículas chegarem a organizar, incitar e
movimentar corpos humanos, já têm grande progresso feito, já fazem parte das
Forças de categoria verdadeiramente racional, e, como tais, com inteira
responsabilidade dos seus atos e pensamentos, que as fazem caminhar neste mundo
sem que para os seus atos reprováveis possa haver desculpa, contemplação e
muito menos perdão,
por serem racionais, responsáveis por tudo quanto fazem de bem ou de mal.
Pelos diversos povos
da Terra e suas raças, verifica-se a variação das categorias espirituais de
cada povo, de cada nação, de cada agrupamento humano.
Por esse estado do
gênero humano fácil se torna a demonstração do que dito fica e que os povos
ditos selvagens, apesar de humanos nos corpos, são ainda espiritualmente mui
jovens, e assim, mui atrasados em raciocínio, vivendo mais pelo instinto, do
que racionalmente.
Sendo certo que todas
as partículas da Inteligência Universal, seja qual for o seu estado, estão,
como tudo, sujeitas às leis comuns e naturais, às leis do progresso, que se
fazem facilmente sentir desde o reino vegetal ao animal, não se podem elas
confundir umas com as outras, especialmente quando fora da matéria, porque, em
virtude das ditas leis, os similares se atraem e os contrários se repelem.
Quer isto dizer que a
alma de categoria A nunca está bem com a de categoria B, nem esta com a
categoria C, e assim por diante, e que só pode haver, e há, de fato,
tolerância, – não mistura – nas categorias superiores para com as outras,
porque elas são as verdadeiramente desprendidas das coisas e glórias da Terra,
praticantes de uma democracia verdadeiramente racional e científica, e não
dessa coisa infecta e vil no fundo, a que o grande parlamentar baiano, que se
chamou Cesar Zama, denominou de “canalhocracia”
(vide suas cartas a Latino Coelho).
Essas categorias de
espíritos agem, pois, na Terra e na atmosfera desta, de acordo com o seu
adiantamento, e assim, como a sua categoria espiritual, e não como querem os
ignorantes “civilizados”, os sectários de todas as seitas e os “eruditos”
vários.
VIII
De acordo, pois, com
os princípios exarados nas minhas cartas, e especialmente nas últimas, fácil se
torna, meu caro Gustavo, compreender e concluir que os espíritos dos selvagens,
conhecidos pela denominação de caboclos, que lhes dão os tais
“pais-de-serviço”, ou da “magia negra”, enfim, não podem
vir aos centros civilizados, nem prestar-se, portanto, a trabalhos ditos
espíritas, porque:
1) A sua categoria
espiritual é inferiorissima, o seu viver é todo instintivo e animalizado e,
assim, sujeito às mesmas leis que regem a evolução dos irracionais;
2) não possuindo o
raciocínio desenvolvido, não conservam, após a desencarnação, os mesmos hábitos
e vícios da maioria dos espíritos civilizados, nem os mesmos desejos
intemperados destes;
3) não possuindo tal
raciocínio para o mal, tais desejos intemperados de vingança, fácil se torna ao
Astral Superior afastá-los das selvas, da atmosfera da Terra, e encaminhá-los
para os mundos a que pertencem;
4) para conseguir a
partida para fora da atmosfera da Terra, afeitos como todos estão à obediência
cega aos seus superiores, é bastante para que um espírito esclarecido, ao
serviço do Astral Superior, encarregado desse trabalho, se lhes apresente em
corpo astral com a figura de seu chefe, do seu superior e que eles o reconheçam
como tal, para que, com raras exceções, após a desencarnação o acompanhem para
fora desta atmosfera, e assim para o mundo a que cada um pertence.
É claro que a projeção
da figura astral de chefe selvagem só podem engendrar os espíritos superiores e
esclarecidos, capazes, portanto, de irradiar os dialetos de diferentes tribos,
o que não pode fazer um espírito da atmosfera da Terra, um obsessor,
mistificador de corpos astrais, que ignora tais dialetos e como reproduzir o
corpo astral do chefe selvagem, ao qual todos obedecem cegamente.
Por assim ser, raros
são os espíritos selvagens que se quedam na atmosfera da Terra, e os poucos que
assim não procedem, que não se deixam facilmente conduzir, nunca podendo vir
assistir ou trabalhar em meios civilizados, pois os contrários se repelem como
os similares se atraem, e eles se achariam deslocados em tais meios.
O mesmo se tem dado
com espíritos de pretos verdadeiramente africanos que desencarnaram fora das
suas selvas, nos lugares onde foram escravos nos países civilizados, e ficaram
ao serviço das Forças Superiores (Astral Superior) para a produção dos
fenômenos denominados de efeitos físicos, dirigidos por um preto feiticeiro
denominado Meganga
(Mestre) ao qual, já quando encarnados, respeitavam e
obedeciam cegamente.
Por sua vez, este Meganga,
quase sempre preto e de idade avançada, quando encarnado é subordinado a um
mentor da sua confiança, ao qual é obrigado a obedecer a sua falange, a turma
que lhe está subordinada.
São estes os espíritos
que se prestam para a produção dos fenômenos denominados de efeitos físicos,
sendo que para tais trabalhos é preciso que o mentor, por intermédio do preto
velho, o Meganga,
os conduza aos meios civilizados e os obrigue a atuar nos médiuns afins à sua
espiritualidade ou a estar entre eles, para, com o auxílio do fluido e da
assistência destes, poderem produzir o que lhes for ordenado pelo Astral
Superior.
IX
Em continuação à minha
carta sob o número VIII, dir-te-ei, meu caro Gustavo, que é grande o medo e a
repulsa que os espíritos dos africanos sentem pelos meios civilizados onde
devem produzir ditos fenômenos, e por assim ser é que, por vezes, tais
trabalhos falham, não se realizando completamente.
O primeiro trabalho,
pois, a fazer, é acostumar ditos espíritos com os médiuns e a assistência
civilizada, para que eles não fujam e não preguem partidas aos médiuns e à
assistência.
Somente estes
espíritos africanos menos atrasados que os silvícolas da América, podem servir
para os trabalhos de efeitos físicos, porque com o seu fluido materializado
como o de qualquer encarnado de espiritualidade inferior, não sofrem com a
materialização necessária à produção desses efeitos; ao passo que um espírito
de outra categoria, embora da zona opaca, não poderia suportar tal
materialização e produzir tais fenômenos.
Já é grande o
sofrimento por que passa um espírito habitante de um mundo superior para vir
até nós em corpo astral, branco, diáfano, que vem engendrando com o fluido dos
mundos que lhe são inferiores, até chegar às correntes fluídicas do Centro
Redentor e suas Filiais, quanto mais materializar-se, para produzir ditos
efeitos físicos.
Desta parte nunca
tiveram conhecimento os cientistas oficiais experimentadores; e daí o
acreditarem como de espíritos superiores os fenômenos que verificaram. A mesma
coisa aconteceu ao Figner, no Pará, com a tal materialização da filha.
Tudo o que aí fica,
meu caro Gustavo, o Astral Superior explicou claramente na obra Racionalismo
Cristão, e só se enganará quem quiser. Mas demos de barato que assim não seja,
somente para argumentar e mais fácil se compreender a categoria de ditos
espíritos; admitamos que de fato eles pudessem estar entre nós e agir como
civilizados. Ainda nesta hipótese, qual o benefício para a humanidade e até
para os praticantes de tais trabalhos?
Qual o valor espiritual
desses infelizes, em nome dos quais tanta miséria e torpeza se vem praticando e
continua a praticar?
Absolutamente nenhum,
porque:
a) o valor psíquico do
ser humano, a força e o vigor que o animam para as lutas individuais ou
coletivas, são filhos do próprio espírito que organiza, incita e movimenta o
corpo carnal;
b) tal força e coragem
individual não podem ter o selvagem e o africano de inferior espiritualidade,
bem como a Força incitadora de seu corpo;
c) a prova está
claramente demonstrada na história dos povos atrasados, especialmente na
história da colonização da África e das Américas, em que as lutas dos nativos,
dos selvagens só eram, como continuam a ser, à traição, agindo eles como quem
caça feras ou animais das florestas.
Os selvagens, em geral,
só se apresentam em campo raso para enfrentar os civilizados, quando estes são
em muito menor número.
É o que por hoje me é
dado dizer-te, pedindo-te que continues a acreditar na real estima do teu
amigo.
X
Além do exarado em
nossas últimas cartas, dir-te-ei mais, meu caro Gustavo, que o corpo físico do
selvagem, mesmo musculoso, é, em geral, inferior ao do homem civilizado; e
quando mesmo essa parte da matéria organizada fosse mais bem conformada e
nutrida do que a do civilizado, o que é impossível, em virtude das leis
naturais, não poderia ele vencer, porque lhe faltaria, como falta, a força
motora, o vigor psíquico em quantidade e pureza precisas para tanto; porque:
a) a máquina humana
(corpo carnal), age qual couraçado ou locomotiva, que só são possantes e
vencedores quando o vapor gerado nas caldeiras é forte e na quantidade precisa;
b) no ser humano dá-se
ainda que, além da força espiritual, do adiantamento da alma, é indispensável
uma forte e constante educação da vontade para vencer os instintos, os maus
hábitos e a indolência, a fim de que a Força (alma) cada vez mais se fortifique
pela luta e o estímulo que a obriga a raciocinar, com acerto, para vencer,
elementos que faltam, em absoluto aos selvagens.
Como, pois, meu caro
Gustavo, dar aos africanos e aos caboclos (selvagens) qualidades, embora
materiais, para a luta, se eles, de acordo com as leis naturais que tudo regem,
tal força, tais qualidades de lutadores não podem ter?
Como ainda atribuir a
ditos espíritos qualidades de vencer, doutrinar e proteger, que só cabem a
espíritos adiantados e já fora da atmosfera da Terra?
Não se observa,
raciocinando um pouco sobre o que aí fica, ser impossível tal coisa, por estar
fora das leis naturais, e assim não ser racional?
A tudo que aí fica,
responderão os tais médiuns videntes que funcionam em sessões de feitiçaria ou
assemelhadas:
“Não é verdade o que
afirmais, racionalistas cristãos, porque nós, médiuns videntes, vemos os ditos
espíritos de caboclos em seus corpos astrais, enfeitados à sua maneira e com os
mesmos gestos, fala e esgares que usam nas tribos, quer em tempo de paz ou de
guerra, e como assim o vemos, assim os descrevemos aos nossos pais-de-mesa,
pai-de-serviço
e assistência.”
Ninguém que saiba
raciocinar e estude, com critério, a vida fora da matéria organizada, e assim a
Força, pode negar esse fato de médiuns videntes verem caboclos (selvagens) nas
suas sessões, mas os vêem somente no seu corpo astral, e não na sua categoria
de espíritos adiantados, movimentadores de corpos de civilizados, que são esses
mistificadores.
É real essa visão dos
médiuns videntes, por mais imperfeitos e viciados que sejam, visto que a
vidência, como já dissemos, têm-na o cavalo e o próprio cão, e é, em geral, no
ser humano prova de fraqueza espiritual; mas sendo real a forma (corpo astral)
do selvagem, não é o seu fundo, por tratar-se de uma mistificação que
explicaremos na próxima carta.
Até lá, meu Gustavo,
faço votos para que te aproveite o exarado nas cartas anteriores, e nesta.
XI
Em continuação à minha
carta sob o número X: É sabido, meu Gustavo, e nas obras do Centro Redentor
está amplamente explicado, que o espírito desencarnado, e mesmo o encarnado em
desdobramento (o espírito desdobra-se quando o corpo dorme ou quando, mesmo
acordado, o ser se concentra), faz da matéria cósmica (fluido) em que está
envolvido e se acha à sua disposição em outros corpos, tudo quanto lhe apraz,
tudo quanto julga preciso para satisfação dos seus desejos ou do que lhe for
determinado pelo Astral Superior, quando ao serviço deste.
É certo também que na
aura dos encarnados se refletem as imagens do que eles pensam, sendo, portanto,
a aura o espelho da alma, através do qual tudo é observado por qualquer
espírito da atmosfera da Terra, por mais inferior que seja.
Em virtude destes princípios
inalteráveis como as próprias leis naturais que os regem, os espíritos,
especialmente os obsessores, velhacos, conscientes do mal que fazem e para que
o fazem, transformam-se no que lhes apraz, desde o animal mais repelente, ao
corpo astral belo ou disforme de qualquer criatura.
Assim sendo, os
espíritos obsessores velhacos que imperam nas tais baiucas, transformam-se em
caboclos, negros africanos etc., quando lhes apraz ou convém ao seu Centro; ao
crédito do seu presidente ou correspondente ao desejo do médium em quem vai
atuar etc.
Desde que a freguesia
do seu antro gosta de caboclos, por ter mais confiança neles, é claro que esse
desejo se manifesta na aura de cada um desses basbaques, e o espírito velhaco,
o chefe astral do antro, ordena que toda a falange ao serviço do dito antro,
engendre o corpo astral de selvagem, de caboclo, e dance e faça esgares como
esses, para que o médium vidente assim os veja e ateste as suas presenças.
Quase sempre, quem
assim se transforma em caboclos e negros são espíritos de relativa
espiritualidade; e tanto esses como os seus parceiros tudo fazem para que o seu
antro se torne o primeiro entre os primeiros em feitiçaria e perversidades.
Aí têm os tais médiuns
videntes e os apreciadores de caboclos, a explicação racional dos corpos
astrais desses caboclos que eles, médiuns, vêem, mas que não são caboclos em
espírito, porque o não podem ser, conforme acima já explicamos.
O que aí fica por
todos pode ser sabido, desde que queiram ler as obras do Centro Redentor e raciocinar
sobre tudo o que lerem. Todavia, esses infelizes praticantes da magia negra
e os seus médiuns materialistas, mesmo videntes, preferem ser ignorantes
propositais e seres animalizados, a aproveitarem o tempo, estudando os
“porquês” das coisas e raciocinando sobre os fenômenos que se lhes apresentam.
Procedem como
irresponsáveis, enlouquecendo-se uns e outros, e por isso o Racionalismo
Cristão afirma que “cada um tem o que quer e merece”.
Aí tens, meu caro
Gustavo, a verdade sobre os tais caboclos. Que ela te aproveite e aos meus
leitores, são os votos que faço.
XII
Onze são as cartas que
te tenho dirigido, meu caro Gustavo, desde o dia 27 de março até o dia 24 de
abril [1].
Nessas onze cartas se
acham exaradas verdades não sabidas por ti e, muito menos, pelos tais médiuns e
presidentes dos terreiros e centrelhos, quase todos analfabetos e, por isso,
incapazes de raciocinar, por ser-lhes mais agradável viver instintivamente,
como os animais inferiores, a fazerem o menor esforço de raciocínio sobre qualquer
coisa séria da vida que interesse à alma, que eles não sabem o que é, como o
não entenderam Kardec nem Flammarion, seu médium e secretário.
Entre essas verdades,
figura a psicologia dos selvagens e africanos, e assim o estado verdadeiro
dessas pobres almas, cuja denominação serve de torpe especulação aos
feiticeiros que fazem profissão desses feitiços.
Por esse estado de
alma de selvagens, que bem claro ficou em ditas cartas, fácil deve ter sido a
ti, meu caro Gustavo, e aos demais leitores de boa vontade, concluir que os
evocadores de tais espíritos de caboclos não passam de criaturas completamente
inexperientes em assuntos de tal natureza.
Assim, pois,
certíssimo, como deves estar agora dessa tremenda intrujice do velhaco astral
inferior, que obseda e dirige toda casta de praticantes do baixo, do inferior,
da perigosa coisa que os seus infelizes praticantes teimam em fazer passar por
Espiritismo, vamos, agora, à tua Cruzada, para que bem claro fique que não se pode
servir bem a dois senhores, como em geral fazem os sectários
das diversas seitas, inclusive o meu frei Solanus, que agora se assina Gustavo
Macedo, presidente da Cruzada Espírita, e cidadão bem nascido e bem criado,
para todos os efeitos.
Assim, pois, ouve:
As preces rezadas na
tua Cruzada pelos que sofrem na Terra, pelos que padecem no espaço, e as que
fizeste e continuas a fazer demoradamente pelo Sr. Viana de
Carvalho e pelo Sr. Vigário de Pernambuco (que tanto atrapalhou as arengas do
dito sabiá
coleira do teu espiritismo), todas essas palavras melosas não têm
valor algum, meu Gustavo, são completamente perdidas e não chegam mesmo a
vibrar, a irradiar além da atmosfera (aura) que envolve quem as faz, por mais
instruído ou pergaminhado que seja.
Se, pois, nem feita
por ti, que não és praticante, tais “preces” têm valor, por não irem além da
tua aura, imagina o que serão as feitas por esses pernósticos!
Feitas por tal gente,
elas nem chegam à aura de cada um, quedando-se nas vísceras de quem de tal se
lembra, porque filhas das vísceras são e nelas ficam.
XIII
– Por que razão assim
classificas tu as preces que eu faço e que fazem os espíritas bíblicos e
outros? - estás a perguntar-me, mentalmente, caro Gustavo.
Porque a prece para os
sectaristas das diversas seitas é uma forma de sentir “puramente material”, por
material ser o seu “Deus” que se habituaram a adorar subservientemente.
Essas preces, que não
são mais que rezinhas, mexer de lábios, inteiramente materiais, estão
condenadas pelo Racionalismo Cristão, no qual não há preces, mas, sim, irradiações,
verdadeiras vibrações do espírito aos Mundos Superiores, habitações das
partículas esclarecidas da Inteligência Universal.
Essas irradiações
figuram na obra “Racionalismo Cristão”, e são:
1) Irradiação ao
Grande Foco, que é curta e clara.
2) Irradiação ao
Astral Superior, que por si só constitui o esclarecimento completo do que são o
Grande Foco, gerador de tudo quanto existe, e a alma de que se constitui o ser
humano, e quais os seus deveres neste e nos outros planetas.
É maravilhoso ver, meu
Gustavo, como se desprendem das partículas do Grande Foco as centelhas de luz
esplendorosa, que vão ascendendo, em cintilações vibrantissimas, até se ligarem
no Espaço Infinito, onde se encontram as Forças Astrais Superiores.
É certo que todas as
intenções de humanos esclarecidos e raciocinadores se refletem nos pensamentos
em cintilações de variadíssimas cores e intensidade, consoante o grau de pureza
e força impulsionadora da vontade ou ação refletida, da concentração espiritual
de cada ser, em particular, ou da comunhão em geral.
Assim sendo, a prece,
meu Gustavo, vês bem que consiste, para os ignorantes, em mover lábios,
articular palavras, revirar olhos, falar muito do pai celestial
e divino
mestre e implorar proteção, como todos fazem, em bem de quem se faz
e do próprio indivíduo que acredita fazê-la.
Só é real a irradiação
e, assim, os seus efeitos, quando quem a faz se conhece como Força e Matéria,
como alma e corpo carnal, e sabe raciocinar com acerto.
Porque produzindo a
Irradiação o cordão de luz que nos liga aos mundos e seres superiores, não pode
quem quer que seja irradiar pensamentos ao Astral Superior, se desconhece a
Força em si e a Matéria em si, e assim as Forças, Almas Superiores, onde elas
residem, e como são atraídas.
Até breve, meu
Gustavo.
XIV
Sendo a Irradiação,
caro Gustavo, o que exarado ficou na minha carta número XIII, isto é, um cordão
de luz partindo da alma humana para ligá-la aos mundos e almas superiores,
cordão de luz constituído por pensamentos que são vibrações do espírito de cada
ser, vibrações que a sua vontade desloca do Todo, que é Luz e não matéria, e
que, por assim ser, produz o dito cordão de luz; sendo assim, meu caro Gustavo,
é claro que ela não pode ser luminosa e bela, se não quando feita por seres
racionais na forma e no fundo.
O ignorante e, além
disso, viciado em mexer de lábios e revirar de olhos, prático em gestos e
maneiras para armar efeito e iludir aos outros e a si próprio, não pode
irradiar a dita Luz, que é Força, Inteligência, por conservar-se em estado animalizado,
idêntico, portanto, ao dos irracionais.
Não sabe sentir
elevadamente, com o vigor preciso, de maneira a produzir irradiações de Luz e,
de acordo com a lei de atração, ligar-se às entidades astrais superiores.
Por assim ser é que se
afirma, como verdade absoluta, que todos pronunciam palavras, mas que mui
poucos sabem irradiar.
E esta afirmativa, meu
Gustavo, está de inteiro acordo com aquela verdade existente entre as mentiras
do romanismo, atribuídas a qualquer Paulo, Sancho ou Martinho de antanho, que
diz: “Glória a Deus nas Alturas e paz aos homens de boa vontade na Terra!”
Ora, se só aos seres
humanos de real vontade, e assim, raciocinadores e vibradores de sentimentos
altruístas, elevados, puros, é que cabe a paz de espírito, e sendo esta paz do
espírito filha do estado psíquico, do estado da alma, da convicção da sua
própria existência, é claro que o egoísta, o supersticioso e mau, como é a
imensa maioria dos sectaristas de todas as seitas, não podem ter paz, porque a
não sabem atrair pelos seus pensamentos valorosos, ao serviço da sua vontade.
Se, pois, a Irradiação
se expressa nesse cordão de luz, base e fonte do amor, não pode ser feita por
quem não tenha a vontade fortemente educada para o bem real, que é o espiritual
e não o material; e não tendo assim a vontade educada, é fatalmente um fraco; e
sendo-o, não pode saber o que é a Força em si, o que é o Grande Foco; e sendo
certo que não se pode respeitar, profunda e realmente, o que se não sente, o
que se não estuda e conhece, é claro, meu Gustavo, que não pode o ignorante
compreender e respeitar o Grande Foco nem irradiar e constituir o dito cordão
de luz pela elevação do pensamento.
Como, pois, queres tu,
Gustavo, que as tais “preces” sejam benéficas, se elas não passam de um
articular de palavras sem o menor sentimento verdadeiramente racional e
cristão?
Como queres tomar a
sério essas palavras proferidas por pessoas que, além de ignorantes da sua
própria existência, como Força e Matéria, nutrem somente desejos intemperados,
animalizados, perturbadores da alma?
Ignoras que a pessoa
que sabe elevar o pensamento às Esferas Superiores, e assim formar o dito
cordão de luz vibrante de amor, torna-se invencível na luta pela vida porque,
sabendo irradiar, sabe sentir, vibrar, ligar-se às entidades e esferas
superiores, sustentando-se do que vós denominais fé, que é a espada da vitória?
O que aí fica é
afirmado por todos os sectaristas, quando dizem, sem saber por que o dizem, que
a fé
remove montanhas. Ora, se todos soubessem irradiar, não existiriam no mundo
as montanhas de sofrimentos, oriundas dos vícios, maus hábitos e outras
misérias que os seres humanos têm mantido e desenvolvido desde milhares de
existências de ignorância sobre as coisas sérias da vida, a sua composição,
deveres etc.
XV
Como deves ter
observado pelo que escrevi na minha carta número XIV, é inteiramente nulo o
valor das preces, porque:
1) quem as faz, sendo
ignorante da sua própria composição, não sabe irradiar pensamentos com o vigor
preciso para ligar-se às Forças Superiores, de maneira a fortificar com elas a
corrente branca que existe nesta atmosfera física, que se denomina corrente
magnética, formada por pensamentos bons, ao serviço de vontades fortemente
educadas para o bem geral da humanidade;
2) a maioria dos
articuladores de tais palavras mais ou menos melosas, monásticas, e que tu
denominas devocionárias, é mal assistida, é obsedada, repleta de sentimentos
egoístas e de moral utilitária, moral de gozo, e quem possui essa noção errada
da moral, e só desejos materiais, animalizados, intemperados nutre, não pode, é
claro, ligar-se às Forças Superiores, e com estas fazer causa comum,
beneficiadora de corpos e de almas;
3) sendo assim
interesseira, egoísta, invejosa, animalizada e, portanto, má, vive
instintivamente e não racional e cristãmente a maioria da humanidade, e nesse
viver só pode ligar a sua aura a entidades idênticas, porque é isso que
determinam as leis naturais, as quais ordenam que os similares se atraiam e os
contrários se afastem;
4) em tal estado
psíquico, quem reza o faz somente com os lábios e, portanto, ilude-se, mente a
si próprio, enquanto não aprende a vibrar, a sentir e a irradiar com
raciocínio, com a razão esclarecida, com o conhecimento certo e seguro de si
próprio e da sua fonte de origem, que é o Grande Foco.
É claro, meu Gustavo,
que tais preces não beneficiam nem a quem as faz nem a quem são dedicadas,
visto que não há vibração da alma ao fazê-las, e se algo sente quem as faz, é
puramente material. A irradiação é vibração astral e não material.
Mesmo que a irradiação
seja feita por um racionalista cristão de boa vontade, que saiba sentir, que
saiba vibrar, que saiba como e onde irradiar o seu pensamento, ela não pode
beneficiar, fortificar, alegrar, dar prazer se não a um similar, pessoa que também
saiba colocar-se em boas condições psíquicas.
Isto é racional e está
de acordo com as leis naturais, que tu denominas divinas;
elas determinam que os similares se atraiam e se irmanem, e os contrários se
repilam, se afastem, procurando os que pensam e sentem da mesma maneira.
Quer isto dizer que a
irradiação, embora feita por quem a sabe fazer e sentir, não pode beneficiar o
desgraçado, o obsedado, o viciado, o especulador, enfim, porque esses se acham
envoltos em densas trevas, metidos numa couraça que absolutamente não deixa a
luz, a irradiação repleta de amor, aproximar-se deles.
XVI
Pelo que tens lido,
deves haver concluído lá no teu íntimo, nos momentos consoladores da tua
querida alma, que de fato está tudo errado, desde a tal devoção, a religiosidade,
de que trataremos depois, até às preces que, assim feitas, nada valem, a
ninguém beneficiam, são a mentira mais mentirosa que se conhece e que se está
desvendando agora, graças ao Racionalismo Cristão, que tudo vem esclarecendo e
colocando nos seus verdadeiros lugares.
Sei, meu caro Gustavo,
que os sectários, os viciados em coisas que eles denominam religiosas, os
fanáticos, os beatos, os rezadores, em geral, de baiucas ditas espíritas, muito
sofrem com essas verdades.
Eles nada compreendem
que não seja aquilo que, como obsedados, gravaram no seu mental, nesta como nas
milhares de encarnações por que têm passado, sempre envoltos pela mentira e
dominados pelo astral inferior. Esses retardados não usam o raciocínio, não
podem ler e fixar o que o Racionalismo Cristão explana, porque são escravos das
forças inferiores, às quais se acham ligados pela sua indolência, pela sua
fraqueza mental, pela própria inferioridade espiritual que os torna ridículos e
nulos para as coisas sérias da vida, para a luta que escolheram ao encarnar.
Eles, pois, não
aproveitam a verdade pelo Racionalismo Cristão explanada pela imprensa, pelos
livros e pela palavra dos seus militantes, porque já se sabe que tais criaturas
nem em centenas de encarnações podem atingir a categoria espiritual de bem
compreender e praticar a Verdade; é para o aproveitamento das gerações
vindouras que estas verdades são escritas e ditas claramente nas Sessões
Públicas de Limpeza Psíquica (de normalização de obsedados), no Centro
Redentor, na rua Jorge Rudge no 119, Rio de Janeiro, e em seus
Filiados e Correspondentes.
Farto está o Astral
Superior, como nós também, de saber que há pouca gente, atualmente, capaz de
compreender e praticar a Verdade que se está explanando.
Mui poucos dos seres
humanos se podem dizer de boa vontade, de vontade forte para o bem; não
fiquemos, pois, na bela ilusão do aproveitamento pelos adultos da Verdade
trazida à Terra pelos Espíritos Superiores ou da Verdade a que dizem haver-se
referido Jesus.
O que consegue o
Racionalismo Cristão, por nosso intermédio, meu Gustavo, é avivar os incautos,
os ignorantes ou indolentes espirituais, com a explanação da Verdade. “É o medo
que guarda a vinha”, diz o ditado popular português, e assim é também nesta
parte: O encarnado tem medo de morrer antes do tempo, ou de ficar louco, e
sabendo que esses males são produzidos pelos seus maus hábitos e os maus
pensamentos, procura conter-se um pouco, modificar o seu proceder, fazer o
menos mal possível e nada mais, como, a seguir, verificarás.
XVII
Se te foi possível,
meu Gustavo, raciocinar sobre as minhas cartas quanto à “prece”, deves estar
convencidissimo de que poucos na Terra sabem o que ela é, seu real significado,
e como a irradiação se faz.
Esta afirmativa, meu
Amigo, é confirmada pelos tais Evangelhos, repletos de contradições, que todos
vós sabeis na ponta da língua e que dizem: “Muitos serão os chamados, e mui
poucos os escolhidos”.
Ora, se dos muitos
chamados para a obra remodeladora da humanidade poucos são os escolhidos,
conforme afirmou Jesus, é porque poucos têm força para resistir ao vício que os
domina, e poucos sabem, por meio da irradiação verdadeira, estabelecer esse
cordão de luz e de amor espiritual.
Se todos os que rezam
soubessem irradiar e ligar-se ao Astral Superior, é claro que todos seriam
escolhidos, e então se poderia afirmar que dos muitos chamados, mui poucos
seriam os repudiados, por animalizados.
Mas, se os sectaristas
das diversas seitas, que se dizem religiosos, espíritas ou espiritualistas,
soubessem irradiar, tivessem certeza do valor da irradiação, meu Gustavo, os
hospícios e o mundo não estariam repletos de doidos feitos por essas seitas e
pelo baixo espiritismo, porque a irradiação, sendo força luminosa, inteligente,
pura, afasta as trevas, os maus elementos, e liga quem a sabe fazer às almas
puras, formando estas em volta do seu similar, que sabe irradiar, uma fortaleza
tão luminosa e bela que as trevas constituídas pelo astral inferior, pelos
Lodoros, Urubatãs e outros, que de tão sujos chegam a não poder encará-la,
fogem dela, a saltos de veado galheiro, em plena e bela campina.
Vês, pois, meu
Gustavo, que se os que articulam palavras mais ou menos melosas soubessem,
realmente, fazer as irradiações, não estaria a pobre humanidade no triste
estado mental e físico em que se encontra, devido à ignorância em que as seitas
religiosas a têm conservado sobre o “porquê” de todas as coisas, e assim, sobre
a composição de cada ser humano como Força e Matéria.
Continuar, pois, meu
Gustavo, a fazer tais rezas, sem que em primeiro lugar se instrua a humanidade
sobre o que ela é, o que são a Força e Matéria, o Grande Foco, a vontade e o
pensamento de cada ser, para então, e somente então, saber irradiar e
aproveitar o seu tempo em bem do Todo e da própria alma de cada um, é perder
tempo.
De boas intenções está
o mundo repleto, mas as boas intenções não salvam as partículas do Grande Foco;
são os pensamentos e as obras, reflexos desses pensamentos, que as beneficiam.
Quer isto dizer, meu
Gustavo, que sem instrução racional e científica, sem o conhecimento certo e
seguro das forças da natureza e do próprio “eu” humano, não há evolução, por
mais que todos articulem palavras melosas, revirem os olhos e os fixem no teto
das casas ou na aura da Terra, por mais que falem no pai celestial e em Jesus,
por mais que se digam religiosos.
Acima de tudo estão as
leis naturais, que é preciso conhecer para se não ser racional apenas na forma.
Certo, como deves
estar, do nenhum valor das preces que os religiosos, em geral, proferem; certo
de que tal articular de palavras e revirar de olhos não passa de uma comédia
muito grotesca, muito ridícula, como a transfiguração do tal médium Lameira
numa das casas
mais ilustres de São Paulo.
A transfiguração, meu
Gustavo, é palavra velha empregada para encobrir a ignorância, não exprimindo,
realmente, o que vós todos quereis que exprima, porque é impossível, por ser
contrária às leis naturais.
O ser humano não se
transforma em seu corpo físico, e erra quem tal afirme. O corpo físico, porque
é físico, matéria organizada, só de 7 em 7 anos se altera, e no correr dos anos
é que se vai modificando.
O caso é outro. Todos
vós ouvis cantar o galo, mas não sabeis onde. Atentai, pois, agora, para a
explicação real dessa irreal transfiguração:
É certo que tudo nos
vem de fora e vive fora de nós. É certo também que os seres humanos são médiuns
intuitivos, e podem tornar-se, se quiserem, médiuns desenvolvidos, portanto
máquinas ao serviço das forças inferiores invisíveis, (espíritos) que neles
atuam quando querem, e deles, médiuns, fazem o que lhes apraz, quando são da
força do Sr. Lameira, completamente obsedados.
Nesse estado de
mediunidade animalizada, o médium presta-se, facilmente, para qualquer espírito
atuar nele, e com o auxílio da vida anímica (fluido nervoso) do dito médium,
forma o seu corpo astral, o corpo do espírito evocado, de maneira que a pessoa
ou pessoas conhecidas o vejam.
Quer isto dizer que
qualquer espírito da atmosfera da Terra se materializa envolvendo o corpo
físico do médium, a ponto deste deixar de ser observado, e ele, espírito,
tornar-se claramente visto. É, pois, o médium envolvido pelo fluido astral seu
e do espírito que dele se serve, e não transfigurado, visto que tal
transfiguração, na realidade, não se pode operar, por ser contra as leis naturais.
O médium Lameira,
obsedado como todos os médiuns desenvolvidos sem orientação, nada mais fez do
que concentrar-se e deixar-se atuar e cobrir do fluido formado do corpo astral
de qualquer espírito que, tomando-o, materializando-se, se transformou no corpo
astral do filho da referida mãe aristocrática.
Fenômeno corriqueiro,
como vês, meu Gustavo!
O que tu também não
tens querido saber, mas vais ser informado, agora, é que o dito espírito que
atuou no médium Lameira não era o filho da pobre mãe sofredora, e sim um dos
obsessores do médium que, querendo valorizar o seu instrumento, e vendo na aura
da pobre mãe a figura de seu filho, procurou imitar o corpo astral deste (o que
é facílimo, porque o espírito faz o que lhe apraz do fluido em que esta envolvido)
para que a pobre senhora ficasse certa de que de fato era ele, o seu filho,
quem ali estava.
Com esta explicação
racional e científica, lá se foi por água abaixo:
1)A notabilidade de
tal médium.
2)A sua transfiguração
de mentira.
3)O filho da tal senhora
aristocrática já não está na atmosfera da Terra e, sim, no mundo que lhe
é próprio, e do qual não pode vir à Terra para manifestar-se por médiuns
obsedados, sem corrente fluídica superior.
O que fizeram, pois,
meu Gustavo, foi iludir a pobre senhora, sem nada lhe explicar sobre a vida
real.
É assim o tal
espiritismo. E por assim ser é que o Racionalismo Cristão ou Doutrina da
Verdade o está malhando, sem contemplação.
XVIII
Certo, como deves
estar, após a leitura da minha última carta, de que tal transfiguração do
médium Lameira ou outro qualquer não passa de uma invenção grotesca de tal
gente, que vive a inventar termos para iludir-se e enganar os incautos, vamos à
outra parte da tua referência, publicada no vespertino referido. Lá, dizes tu:
“Ao cair em transe,
o médium Lameira de Andrade, vencido pela angústia de uma mãe sofredora etc.”
O médium, qualquer que
seja, meu Gustavo, não cai em transe nem é vencido pelo
sofrimento de ninguém, visto ser senhor absoluto do seu “eu”, não havendo
espírito nem influência humana que possa dominá-lo, salvo quando está viciado,
como o Sr. Lameira de Andrade, a concentrar-se em qualquer parte, sem corrente
fluídica organizada pelo Astral Superior.
Os médiuns
inteiramente obsedados, em pleno domínio dos espíritos obsessores perversos ou
brincalhões, se deixam atuar em qualquer lugar, sem garantia para si e para os
que o rodeiam; só em tal caso é que ele, médium, pode ser “vencido” e deixar-se
atuar por qualquer espírito obsessor, especialmente para manter a sua vaidade de
grande
médium; médium superior, que não há um só no mundo, e muito menos
entre os que têm horror à disciplina e, assim, aos Regulamentos do Centro
Redentor e suas Filiais.
Quanto ao tal transe,
é outra frase inventada pelos pernósticos e repetida pelos bocós e basbaques
experimentadores dos fenômenos denominados de efeitos físicos, como se de
efeitos físicos não fossem todos os fenômenos observados neste planeta. Isso
não significa coisa que jeito tenha, que se possa aproveitar para esclarecer a
humanidade. E sabes por que, meu Gustavo?
a) porque todos os
médiuns são conscientes, e só são atuados, se quiserem;
b) porque antes de ser
atuado, sente o médium o princípio da irradiação do espírito que nele procura
atuar;
c) porque esse sentir
é o aviso que recebe para concentrar-se e transmitir as intuições do dito
espírito;
d) porque, mesmo
consentindo na atuação do espírito, esta se faz sem que o médium perca a
consciência do seu “eu”, e assim, do seu livre-arbítrio, da noção do seu estado
e da certeza de que a sua força ou vontade está acima de todas as forças
ocultas que tentem dominá-lo, desde que ele, espírito encarnado, não seja um
velho e fraco escravo dos obsessores que, em tal estado, não passará de uma
criatura perigosa e até evitável pela sua fraqueza e vícios de convivência com
“Lodoros”, “caboclos” e magna
caterva;
e) porque, mesmo nesse
triste estado de obsedado covarde, ele não perde a noção do seu “eu”, e apenas
se sente bem com o fluido dos obsessores, atirado por estes até nas partes mais
sensíveis do corpo humano, especialmente na mulher que com tais fluidos se casa
e com eles se sente bem, à sua maneira;
f) o que o médium faz
ao receber o tal guia
é rebolar-se, fazer-se de gata ou de cobra, se é mulher, e
de galo ou bode, se é homem; e é isto que o fluido dos obsessores produz nas
partes íntimas de tais médiuns, que os pais-de-mesa denominam transe.
Todo médium, pois,
qualquer que ele seja, sabe o que faz, o que diz e porque se rebola, imitando
os felinos, os caprinos, ao cair-lhes no corpo o tal fluido gozador, que
oportunamente detalharemos, quando tivermos de tratar de certos médiuns
femininos, de certos loucos crônicos, que só o são na forma, para mais à
vontade darem expansão aos seus vícios com os corpos astrais dos espíritos
obsessores, os quais chegam a materializar-se para satisfazer os médiuns nos
seus desejos intemperados.
XIX
Agora que já sabes, meu Gustavo, que o transe
dos médiuns é uma invenção pernóstica, senão idiota, dos sábios, a título
negativo, e dos espíritos bíblicos e em provação, como tu; agora que já estás
ciente e consciente de que ninguém fica fora de si e que pessoa alguma perde a
noção de seu eu, da sua personalidade, e que tudo o que se escreve em contrário
a isso é burla, é toleima, é completa bestice, vamos tratar da tua música
devocional.
Afirmaste ao reporte do jornal A NOITE que a
música devocional prepara as almas para a ?unção da prece final? na tua Cruzada
Espírita. Não é bem assim, meu Gustavo, estás errado:
a) porque
devoção é outra palavra inventada pelos sectários das diversas seitas, para
melhor e mais facilmente explorarem a crendice, a toleima dos que caem nas
malhas da sua rede ultra-especulativa;
b) porque,
quando essa palavra significasse algo de superior, portanto de útil para as
partículas do Grande Foco, ela só podia ser pronunciada por quem se conhecesse
a si próprio e soubesse o que significam a Inteligência Universal e a
superioridade de suas leis;
c) mas, sendo
essa palavra uma mentira, querendo significar o que não pode existir, só serve
para iludir os pobres diabos, basbaques que a tomam a sério;
d) se tal
palavra quer significar um sentimento superior, ainda não está certa, porque
sentimento superior um só existe: o racional cumprimento do dever;
e) se, pois, do
dever não têm as partículas do Grande Foco noção exata, como é possível que o
ser humano possa dar-lhe um sentimento qualquer derivado deste?
f) que do dever
só pode ter real noção o ser humano de alma evoluída, portanto superior e, além
disso, disciplinado, bem educado, e que se conheça a si próprio, na sua
composição como Força (alma) e Matéria. E se esclarecidos só são, até agora, os
que estudam o Racionalismo Cristão, como quereis vós então, sectaristas, que a
música seja devocional, se tal devoção não pode existir, como acima ficou dito?
Como queres tu,
pois, meu Gustavo, que almas humanas, ignorantes do que aí fica, e sem a noção
do seu dever, despertem ao som da música, por mais melodiosa que seja?
O que acontece às almas humanas, às dos
macacos, muares, cães e de outros animais, é sentir na sua aura as vibrações
dos sons harmoniosos, não vulgares ao seu ambiente, à sua vida psíquica,
desprendendo-as da vida triste, árida, repleta de animalidade e fluidos
grosseiros, em que são obrigadas a permanecer.
Todavia, meu Gustavo, essa mudança de
ambiente, de vibração fluídica, o vibrar sonoroso em tais almas é, além de
incompreendido por essas partículas da Inteligência Universal, de pouca
duração.
Essa vibração irradiada sobre tudo o que tem
vida neste planeta, paralisa, por momentos, o viver simplesmente instintivo, e
assim o vibrar animalizadamente, mas não faz ligar as ditas almas às partículas
evoluídas do Grande Foco, por ignorarem elas a sua origem e não saberem como
irradiar os seus pensamentos, como ligar as suas auras ao Todo, ficando como
que narcotizadas e sentindo um certo bem-estar que o narcótico produz em toda
vida animalizada; mas tudo puramente material, inteiramente anímico, e nada
mais.
Ao acordar desse estado empolgante, por pouco
tempo conserva o ser humano a noção desse bem-estar fluídico, diferente do
acostumado, do comum, e torna-se, após, um animal inferior, por vezes feroz,
matador, como fácil se torna constatar na vida de todas as seitas, ditas
religiosas.
Quantas vezes, meu Gustavo, nas encarnações
anteriores, tu, clérigo, tu, frade, saías do coro, após aqueles maviosos
cantares, ditos sacros, e que agora denominas devocionais, e ias torturar, por
diversas maneiras, os cristãos novos, como Antônio José (o Judeu), e milhares
de outros que, após as músicas devocionais, e até durante estas, eram
queimados?
Se tal música devocional pudesse preparar as
almas para a unção da prece, e esta pudesse realmente ser o cordão de luz e
amor que liga as almas terrenas às superiores, é claro que as atrocidades
romanas, anglicanas e das outras seitas não seriam praticadas.
Não há devoção, porque não é ela precisa
quando existe noção do dever e se o cumpre, e se deste não existe conhecimento,
não valem preces nem devoção, nem revirar de olhos, porque não passam de
palavras e gestos sem valor.
XX
Após a música devocional de que tratei na
minha última carta, referiste-te ao esforço de concentração para mais fecunda
evolução de fluidos e mais eficaz irradiação de pensamentos.
A exemplo das demais explicações tuas ao
repórter do jornal A NOITE, meu Gustavo, não passam estas de palavras e mais
palavras, porque, para se chegar a esse resultado, é preciso saber:
a) o que seja o
espírito (alma);
b) o que seja a
concentração;
c) o que seja o
pensamento;
d) o que sejam
a vontade e sua eficaz irradiação.
Nada disso foi
explicado por Kardec. Havendo ele perguntado a um obsessor que atendia pelo
nome de um padre célebre o que eram o espírito e o fluido, esse sabichão do
espaço lhe respondeu: ?o que são o espírito e o fluido nós não sabemos; por
esse motivo vamos estudar o que é o espírito, e estudai vós o que é o fluido?.
Escusado é dizer que tal estudo nunca foi
feito pelos protetores de Kardec, e muito menos por este e seus adeptos.
Sendo, pois, certo que os seus adeptos não
conhecem o porquê das coisas, o que são a Matéria em si e a Força em si; sendo
eles dos mais ignorantes da vida real, os mais crassos, por terem prazer em ser
analfabetos propositais nesse campo do saber humano, não podem preparar-se para
a concentração, para a irradiação dos pensamentos aos planos dos mundos
superiores, habitações dos espíritos esclarecidos.
Por assim ser, meu Gustavo, deves observar,
melancolicamente, que é mais uma afirmativa tua perdida, por estar fora de vila
e termo, por não poder pessoa alguma praticar aquilo que ignora, e muito
especialmente ligar-se, pelo pensamento, às Entidades Superiores que no além
tratam, afincadamente, do progresso moral e espiritual dos povos, e não de
coisas materiais, como querem e praticam todos os espíritas religiosos.
Se a palavra devoção, como já observaste, é
uma invenção grotesca para enganar crianças grandes (ignorantes), melhor lhes
tirar o dinheiro, assim é a tal ?prece? e tudo mais que tu e os teus adeptos
pregam. Palavras leva-as o vento, como bem diz o povo, e só se pode saber se
ela, a prece, é um cordão de luz e de amor que liga os encarnados esclarecidos
aos Espíritos Superiores, quando quem a faz sabe sentir, sabe vibrar às esferas
superiores, e só consegue fazer essa vibração quem sabe o que são o Grande
Foco, a vontade e o pensamento, o que todos os espíritas místicos ignoram, por
falta de espiritualidade e educação racional e científica.
Se ainda tens dúvida sobre o que te tenho tão
claramente explicado, fala com o respeitabilíssimo teosofista, nosso leal amigo
General Raimundo Seidl; ele te dirá que assim é, e que não se deve tomar
verdadeiramente a sério a ignorância proposital, visto que é do esclarecimento
da verdade, do conhecimento real de todas as forças da natureza que resultam a
reforma do ambiente e diafanização das correntes fluídicas, a harmonia das
vibrações anímicas, o bem-estar racional consciente das almas, partículas da
Força, que é a Inteligência Universal que denominam ?Deus?.
Jesus afirmou que o maior mal da humanidade
era a ignorância da Verdade. Assim sendo, como queres tu que pessoas sem
instrução, sem conhecimento real dos porquês de todas as coisas, possam
praticar Espiritismo, se elas ignoram o que são a alma e o pensamento, e como
este se irradia?
Que os tais espíritas em provação,
instrumentos dos lodoros, urubatãs, pariparobas, percilianas, ismaéis e
parceirada obsessora, não se queiram instruir para saber raciocinar e separar o
joio do trigo, a mentira da verdade, vá, porque os pobres diabos, mesmo
encarnados em vianinhas, em lameiras e outros corpos de destaque, não têm
espiritualidade para mais; preferem deleitar-se nas coisas terrenas, a tratar
das coisas superiores que beneficiam a alma.
Tal gente, meu Gustavo, nem em centenas de
encarnações chegará a saber o que são a Força e a Matéria, a alma e a carne,
portanto, a vida do espírito e do corpo, e como as devem viver.
Não queiras, pois, à última hora, confundir-te
com tal gente ignorante e viciada.
Com o meu
saudoso abraço, os melhores votos pela tua saúde e pelo acordar de tua alma.
XXI
A seguir ao esforço de
concentração ?para mais fecunda evolução de fluidos e mais eficaz irradiação do
pensamento?, palavras estas sem sentido, sem valor, de que tratei na minha
última carta, referiste-te à atenção religiosa que, pelas razões já explanadas,
também não tem valor.
Muito se fala, meu Gustavo, em religião,
palavra empregada por todos os sectaristas e até pelos eruditos que tudo julgam
saber, quando é certo que nem a si mesmos se conhecem.
No entanto, seita alguma, inclusive o
Kardecismo, soube, até agora, definir esse termo, dar-lhe o verdadeiro
significado, e isso já expliquei fartamente em diversos artigos sob o título
NOTAS, pelo vespertino desta capital O COMBATE.
É mais um termo explorado pela ignorância dos
seres, pela pernosticidade dos que algo julgam saber de coisas da alma, para se
intrujar e iludir a pobre humanidade, há tantos séculos ludibriada pela
mentira.
Religião, que
poderia significar ?ligação?, mas de que e a quem ? é o que, até agora, seita
ou erudito algum do mundo disse com certeza absoluta do que diz e para que o
diz?
Essa explanação coube
ao Racionalismo Cristão, desde 1910, ano em que apareceu, e cuja primeira casa
foi inaugurada em Santos, em cerimônia a que assististe.
É, pois, mais uma palavra deturpada pelos
intrujões, sempre ávidos em enganar os de boa-fé, que afinal se tornam
papalvos, basbaques.
Assim sendo, ouve, toma boa nota e transmite
aos de boa vontade que te acompanham, para não te confundires com os
exploradores de crendices.
Religião, meu Gustavo, só poderá ser
administrada como ligação dos pensamentos humanos às partículas evoluídas do
Grande Foco, incitador de tudo quanto existe neste e noutros mundos adiantados.
Para essa ligação é preciso que exista no ser
humano inteiro conhecimento do seu ?eu?, e assim da Força em si e da Matéria em
si, e tenha ele uma vontade fortemente educada para o bem. Assim, e somente
assim, poderá essa vontade forte irradiar pensamentos afins às Esferas
Superiores, pensamentos que são vibrações do espírito humano, com os quais se
atraem as entidades astrais beneficiadoras dos corpos, esclarecedoras e
fortificadoras das almas.
Sendo estas verdades inteiramente ignoradas
por todos os sectaristas, é claro que não sabem eles ligar-se às Esferas Superiores
e sim, e somente, os esclarecidos, educados e disciplinados.
Mesmo os de boa vontade ? mas ignorantes do
que sejam a força astral e, portanto, a alma, a vontade e como se a educa, e do
que são os pensamentos por essa vontade irradiados ? apenas conseguem tornar a
sua aura mais diáfana, e assim, o ambiente menos pesado.
Esses diafanizam a matéria ambiente, engendram
formas diversas, mas não vão além disso, visto que a falta de conhecimentos não
deixa o espírito encarnado romper a atmosfera da Terra, galgar aos mundos
adiantados e a eles ligar-se, para atrair os fluidos e as partículas
(espíritos) da Inteligência Universal que os habitam.
Compreendes bem, meu Gustavo, que se assim não
fosse, não haveria tanto sofrimento e tanta desgraça neste mundo que, apesar de
ser físico, e, portanto, depurador de almas, muitíssimo melhor, de relativa
felicidade seria nele a vida, se os seus habitantes, ditos racionais, tivessem
conhecimento da vida real dos seres e dos seus deveres, e os cumprissem.
É que as leis do Grande Foco são imutáveis e
não podem, por isso, auxiliar, por intermédio das suas partículas, os que não
raciocinam nem se colocam dentro dessas leis. É por isso que os ignorantes,
sectaristas ou não, se revoltam contra o tal ?deus?, quando as coisas não
correm à maneira dos seus desejos puramente materiais, pois ignoram o que sejam
o Grande Foco e o papel das suas partículas, já repetidamente descritos nestas
cartas.
Só é esclarecido, pois, meu Gustavo, o que se
conhecer como Força e Matéria e souber praticar a verdade que aí fica; fora
disso, é o indivíduo enganar-se a si próprio e tornar muito lento o progresso
espiritual, que é o único progresso aproveitável.
Por assim ser é que o Racionalismo Cristão
afirma que sem instrução racional e científica, sem o conhecimento do que aí
fica, não há evolução espiritual; e fora desse conceito a religião não passa de
mais uma palavra que o vento leva e que a alma não pode sentir, por ser
ignorante de si mesma.
XXII
É chegada a ocasião, meu Gustavo, de reconhecer
a supremacia intelectual dos mentores religiosos sobre os espíritas de
fancaria.
Vê o ridículo papelão da tua Cruzada Espírita
que um vigário de Pernambuco atrapalhou, arrasando as arengas que o Viana de
Carvalho, vulgarmente conhecido por Vianinha e ?sabiá coleira? do espiritismo
místico, muito atrevidamente foi fazer em Recife, capital daquele lendário Leão
do Norte.
Achou a dita senhora, em sua boa-fé de
representante da tua Cruzada, que tal atitude por parte do Senhor Vigário foi
uma falta de respeito e, assim, da alta consideração que se deve ao ?ilustre
barítono? Vianinha, o melhor cantador e violeiro que possui o espiritismo
confabulador no Brasil, desde o norte ao sul, nessas mil e quinhentas léguas de
linda costa marítima, do Amazonas ao Prata, como se dizia nos bons tempos de
antanho.
Não se lembrou que, por direito de conquista e
de nascimento sectarista, o ilustre Vigário de Pernambuco estava em seu papel
de defensor do seu redil e das nobres e queridas ovelhas.
Essa mui respeitável enviada tua, olvidou-se
de que o galo, qualquer que seja a sua raça, quando no seu terreiro comandando
as suas galinhas, vale por dez e tem força para impedir o intrometimento de
outros galos, obrigando-os a dar carreirinhas e a cantar de galinha.
Falta de respeito, prova de má educação deu o
Vianinha indo ao terreiro do outro galo impingir lérias das maiores e mais
conhecidas, o falso Espiritismo, aos paroquianos do dito vigário que, rebatendo
o veneno mental que o dito Vianinha tentava espalhar na arena dos católicos
apostólicos romanos, não fez mais do que cumprir o seu dever.
Muito feliz ainda foi ele, o dito ?sabiá
coleira?, o barítono e violeiro de mais valor que possui a feitiçaria dos
chefes Lodoros, Urubatãs e magna caterva astral, por não haver levado uma
desanca de piúva aplicada pelas bentas mãos do dito vigário da paróquia de Jaú,
na então Província de São Paulo.
Tu, meu Gustavo, se fosses o Vigário em
Pernambuco, apesar da tua tolerância, imitarias o legendário vigário Barbosa:
passavas o laço no cantador referido e davas-lhe um almoço de pau de goiabeira,
até que este ficasse direito como um fuso.
Outra coisa não merecia um semeador de
venenos, perturbador de almas, obsedado que não sabe o que diz, ou que diz o
que não deve, tornado, quando menos, um pobretão do espiritismo, a fazer de
rico, sem crença e sem fé, e a querer chasquear de uma seita, a que mais se tem
salientado em riquezas materiais.
Procura raciocinar sobre o que tenho dito em
minhas cartas, para agires com segurança e não te confundires com os
kardecistas, teus inimigos figadais.
XXIII
O que exarei na
minha última carta sobre o “sabiá coleira” do espiritismo místico e os seus
parceiros, meu Gustavo, pode ter-te parecido duro demais, por dura ser a
terapêutica aconselhada para conter tal gente sem classificação.
Pode parecer-te
menos cristão, dada a ideia falsa que tu fazes de Jesus, que andou na Terra a
pregar a Verdade tão clara, altiva e nobremente, a ponto de ter empunhado o
vergalho para conter a canalha mercadejadora da consciência e da honra humanas.
É claro que estás
errado assim pensando, porque só se pode ser cristão quando se sabe raciocinar
como ele raciocinou, e ser valoroso (forte para a luta), ponderado, moderado e
justiceiro como foi Jesus (nada carnívoro nem gozador de viandas várias, desde
as cruas às cozidas e guisadas). Esse Jesus que pregais, que desenhais nas
vossas pregações é falso, retrata o covarde, por ele próprio condenado, quando
disse: “quem
quiser seguir após mim, negue-se a si próprio e siga-me.”
E mais: “Só
a Verdade – dizendo-a e praticando-a – vos fará livres.”
Tais coisas só as pode
praticar quem tiver uma alma valorosa, e só possui essa consciente noção quem
tiver certeza de que a luta é a vida destinada a todo ser humano na Terra, e a
convicção da verdade, a espada da vitória, e assim souber lutar, arrostando as
dificuldades que se apresentarem durante a vida física, num planeta depurador,
como é este.
Quer isto dizer que
quem não tiver noção do seu direito e o não souber defender em todos os terrenos,
não é digno de viver; é um ser desprezível, péssimo exemplo para os fracos da
sua geração e os vindouros. Somente os comodistas, os covardes, os tais
“bonzinhos” na forma e perversos no fundo, é que apresentam Jesus à sua
maneira, para mais comodamente continuarem nulos, imprestáveis, gozadores de
viandas etc.
Por isso, meu Gustavo,
raciocina sobre a dureza da minha última carta, e verás que muito mais dura ela
devia ser, porque outro tratamento não merece quem tem o atrevimento de – em
nome de Jesus, o mais valoroso, sensato e justiceiro dos homens do seu tempo e
das almas de todas as épocas – menosprezar os homens por serem padres,
chasquear, ridicularizar os clérigos porque se acham ao serviço de Roma, quando
é certo que os espíritas em provação nivelam-se a eles, sendo certo que na
classe clerical têm existido e existem homens de valor intelectual, embora
repletos de fanatismo sectário.
XXIV
Dentre as invenções
marotas do falso Espiritismo, destaca-se esta: “O espírita não julga, não
condena, nem castiga”.
Inventaram os velhacos
esta máxima, para melhor e mais à vontade poderem dar expansão à sua
animalidade.
Com a capa dessa
tolerância, indigna de seres humanos que do seu dever tenham noção exata,
envoltos nela, praticam eles as maiores misérias que se possam imaginar.
Envoltos nesse rótulo ultra covarde e venenoso, os tais “espíritas”, com os seus guias astrais, com
seus protetores,
com os miseráveis Lodoros,
Percilianas, Gertrudes, Genaros, Urubatãs e magna canalha
astral, arruínam lares, seduzem mulheres casadas, filhas de família, e praticam
torpezas incontáveis.
É por esse motivo, e
somente por ele, que inventaram essa tirada de que “o espírita não julga, não
condena e não castiga”, para mais à vontade, mais humildemente e
com todas as aparências de gente honesta, de criaturas habitando um dos muitos
mundos que se movimentam no espaço, poderem dar expansão ao seus maus hábitos e
vícios.
Acastelados nessa
forma de santidade
e de tolerância indigna de seres honrados, esses cretinos
vivem, por aí, como se não fossem já fartamente conhecidos pelos homens que os
vêem por fora e por dentro e procuram raciocinar sobre o aviltamento da besta
humana, nesse estado de completa decadência.
Com essa capa, os tais
“médiuns” e não médiuns ficaram à vontade para dizer à mulher casada com o
“irmão” A, frequentadora das tais sessões lodóricas e urubatânicas:
– “Minha irmãzinha,
os nosso guia, teus e meus protetó, já disseru, pela nossa “média” Bolozinha,
que nós semo casado no espaço, e que foi uma tentação do capeta, dos
brincalhão, dos zombeteiro, fazê tu casá cum esse home cum que tu véve. Por
assim ser, é perciso nóis cumprí as leis do espaço, que são as verdadeira, e
por isso convém regulá a nossa vida, marcando os dia em que nóis se devemo
juntá pra cumpri os nossos devê materiá e praticá a caridade para cum os
espiríto que percisam encarná e o desejam fazê in nóis.”'
O médium Bolozinha,
cujos escrúpulos nunca foram o seu forte, facilmente se faz de atuada para
arranjar parceiro para desgraçar mães, filhas e esposas, e assim fomentar a
mais nojenta prostituição do mundo.
É para esse e outros
fins que essa gente inventou essa tirada e outras, das quais trataremos a
seguir, e não para dar exemplos de tolerância raciocinada e de moral
verdadeira, virtude que tal gente desconhece em absoluto, por serem almas
corrompidas desde milhares de encarnações e assim afeitas a tomar o vício por
virtude e os crimes como qualidades superiores da alma.
Além disso, todo
covarde, todo criminoso consciente, não julga para não ser julgado, não
condena, porque não pode condenar, e não castiga, por não ter coragem nem moral
para isso. Tem uma alma racional, mas age como irracional.
Pois, ao contrário
disso, o racionalista cristão julga, condena e castiga, como o fez o grande
Jesus, e têm obrigação de fazer os seus verdadeiros discípulos, por ser esse o
procedimento que a todos impõem as leis naturais que, porque o são, se tornam
imutáveis, e assim fazem os homens de valor que nada devem, e por isso nada
temem.
XXV
Quando me dispus a estudar
a vida fora da matéria (a Força inteligente fora do corpo humano), e se tornou
pública esta minha tarda resolução tomada aos 50 anos de idade, após um grave
insulto cardíaco, meu Gustavo, fui assediado por bandos enormes de espíritas
místicos que me induziam a estudar, aceitar e pregar as suas místicas.
Tudo fizeram para, à
viva força, os incutirem na minha alma de materialista, que não acreditava nem
no Homem-Jesus, quanto mais no tal deus à sua imagem, o deus de todas as
seitas, o mais bárbaro e maior escravocrata, o mais injusto e vingativo de que
há notícia.
Entre o muito que o
meu espírito repugnava, desde logo, lá estava, como “verdade sagrada”, a capa
de grandes corruptores de lares e da sociedade em geral, a tal afirmativa de
que, “o
espírita não julga, não condena, nem castiga” e, depois desta, a
provação e o tal corpo
fluídico de Jesus para dar mais consistência à repugnância que eu
sentia.
Entre esses salteadores de almas para a
confraria da corrupção, do sem-vergonhismo, denominado irmandade
espírita, encontravam-se criaturas que até então me pareciam normais
e de moral relativa, mas que, por indolência espiritual, como tu, meu caro
Gustavo, não demoravam o seu raciocínio sobre tais afirmativas.
Logo, porém, que
observaram a minha atitude desassombrada contra essa e outras mentiras
mistificadoras convencionais, “sectaristas” e “científicas”, e após a Limpeza
Psíquica feita na corrente do Racionalismo Cristão, então com sede em Santos,
Estado de São Paulo, essas pessoas puderam raciocinar sobre a minha atitude e
afastaram-se mentalmente de tal bando e das suas práticas.
Todavia, esses valentes mui
poucos foram e, afastando-se de tal veneno, de tal malta de salteadores de
almas, também não ficaram na ativa do Racionalismo Cristão, que somente lhes
servia para se limparem psiquicamente e tratarem do corpo e da amenização das
suas enfermidades.
Disto, porém, meu
Gustavo, fui eu prevenido pelos meus Mestres Astrais, logo ao iniciar-me nos
estudos dos “porquês” das coisas, o que se constituiu no maior e mais ardente
desejo de minha pobre alma de materialista de então, homem que nada temia
porque nada devia, mas insatisfeito com a vida terrena e com as filosofias
várias e teorias religiosas até então de mim conhecidas.
Por isso fui me
habituando a não ligar a menor importância a indivíduos cuja alma me não era
dado ver, e muito menos os hábitos, imperfeições, vícios e velhacadas tornados
em segunda natureza, para só tratar dos Princípios que devem remodelar a
humanidade, tão implacavelmente explorada por toda essa onda de mistificadores.
É claro, meu Gustavo,
como tu estás farto de saber, que não aceitando as teorias desse “espiritismo”,
tinha de ser, como tenho sido (e desejo continuar a ser), guerreado de morte
por aqueles queridos irmãos trabalhadores da vinha do Senhor, apóstolos,
missionários, “discípulos” de Jesus, desde os da primeira hora, chefiados pelo
meloso Cirne, compadre e irmão querido do seu Inácio e “Jasmins” do sabiá
coleira Vianinha e outros que tu bem conheces.
Assim, guerreando a
Verdade explanada pelo Redentor, provam esses “discípulos” do divino mestre
e cavadores
da vinha do Senhor, ser, de fato, ignorantes da verdade, aos quais os homens
honrados não devem dar tréguas, como eu absolutamente não darei enquanto
estiver neste mangueirão, entre tal gente, para castigo meu.
Recebe o abraço
saudoso do muito teu,
XXVI
Das grotescas
invenções dos falsos espíritas, uns ignorantes, outros cretinos, e todos
perigosos, ganhou foros de veracidade a asserção de que o corpo do forte, belo
e destemido Jesus, era fluídico.
Esta invenção, meu
Gustavo, tu bem o sabes e sentes, veio fortalecer a “máxima” já mencionada nas
duas cartas anteriores, que têm como dogma, que o espírita não julga, não
condena e não castiga.
Ambas as afirmações
são contra as leis comuns e naturais, que o vulgo denomina divinas,
mas inventadas para o mesmo fim de corrupção de lares e de caracteres de
incautos, como a grande maioria indolente intelectual.
“Não julga, não
condena e não castiga”, serve de capa para as velhacadas e para obrigar os
lesados na sua honra e nos seus haveres a não reclamarem, em voz alta,
suportando todos as poucas vergonhas dos “irmãos” corruptores de suas mulheres
e filhas.
Quando qualquer
ludibriado gritar, reclamar, ameaçar chamar a polícia ou recorrer à justiça da
pistola, do rabo de tatu, da piúva ou da peroba, vem logo o protetor do
espaço, lá do antro a que pertence, por intermédio do “médium” de
alma prostituída, repreendê-lo e avisá-lo de que tal desejo, tal noção da honra
e do dever não são próprios de espíritas, de discípulos de “Jesus, de
seguidores do Divino
Mestre”.
Se porventura o
“irmão” lesado se conserva firme na intenção da desforra, vem então o mesmo guia,
com outro nome e por outro médium, também farsante,
e lhe diz:
“Meu irmão, não podes
insistir nesse desejo, fruto da má inspiração, da má intuição e atuação dos
zombeteiros que querem aumentar a tua desgraça para a outra encarnação.
O que se está passando em tua casa, é uma das provações que escolheste ao
encarnar, e se resignada e calmamente não cumprires essa provação, a
tua vida material se arruinará, se tornará pior, e a vida astral será infernal.
É com esses casos domésticos, meu irmão, que o pai celestial, o divino mestre
experimenta os seus filhos e discípulos. Agüenta-os, pois, e dá graças a Deus
por te haver concedido essa provação que deve remir todas as faltas e fazer a
tua felicidade astral”.
Com tiradas destas,
não há basbaque, não há desgraçado que não se resigne e se torne até manso e
pacífico,
ao sabor dos prevaricadores, e que não ceda a sua casa, a sua cama, a sua mesa
ao malandro épico que, com a torpe capa de irmão e de discípulo de
Jesus, lhe desonra o lar e o torna ridículo e cretino.
Mas, quando o tal irmão prevaricador
carnal é chamado a contas pela sua vítima e vê que a madeira vai entrar em
serviço no seu lombo, ou bala de pistola no seu crânio de bode no cio, sai-se,
então, com esta tirada:
“Imperfeito e
atrasado que eu sou, meu irmão, eu vos peço perdão, porque se eu tivesse um corpo fluídico,
como o do divino mestre, não seria tentado pela carne e pelos zombeteiros a
prejudicar-vos.
Além de não ter corpo
fluídico, como o mestre, e de não ser possível imitá-lo na sua vida material, é
provação
minha, como atrasado que sou, praticar atos que irritam os meus
irmãos para obter
deles o preciso perdão, e assim auxiliá-los no seu progresso espiritual, na sua
provação, porque quem sofre se depura e o irmão que perdoa ao
outro irmão, depura-se, cada vez mais. E como perdoar e purificar-se o meu
irmão, se eu o não fizesse sofrer para ter o que perdoar? Já vê o meu querido irmão que
a sua atitude contra mim, triste irmão seu em provação terrível, deve ser a do
nosso Divino
Mestre: perdoar, como ele perdoou a todos que o fizeram sofrer,
desde a rua da amargura, até à cruz”.
XXVII
Esse tal corpo fluídico de
Jesus foi invenção de um francês, combatido por Kardec, apesar dos seus
partidários o adotarem.
Com efeito, essa
invenção, que desmoralizava toda a arenga mistificadora do mestre Kardec, foi
aceita, desde logo, pela maioria mais sábia, mais erudita, mais missionária,
mais apostólica do espiritismo, que a foi impingindo aos basbaques, como sendo
ouro de lei, como sendo coisa de alta sabedoria do Além.
Ela serviu para
facilitar a prevaricação e a desonra dos lares e servir de desculpa para as
maiores patifarias, praticadas e a praticar por tantos indivíduos sem
escrúpulo, capazes das maiores misérias para satisfazerem os seus animalizados
instintos.
Por assim ser, o
Kardecismo no Brasil ficou tão desorientado, que nem observou que o seu Kardec,
o seu segundo divino mestre, combatia o tal corpo fluídico de
Jesus.
Mas nem essa opinião
do seu mestre
eles puderam observar, nem tiveram, até hoje, um momento de
juízo para ver que o tal corpo fluídico, além de ser contra as leis naturais,
só serve para fazer de Jesus um mistificador, um intrujão, um tipo desprezível,
pois que com esse corpo fluídico (que é o corpo astral ou duplo etéreo dos
investigadores), não podia ele sofrer, ser pregado na cruz, nem ter
necessidades fisiológicas, e não podia ser vítima de torturas próprias do mundo
físico, onde veio encarnar, como todas as almas, estudar, pregar e vencer.
O fanatismo e a
cegueira em que vivem com relação às leis espirituais, não os deixa ver que no
mundo físico só um corpo físico gerado e nascido de mulher, e sujeito às leis
físicas, pode estar e agir.
Esta tremenda léria de
corpo fluídico de Jesus ganhou foros de coisas sérias e espalhou-se pelo
Brasil, mais intensamente depois que, como espírito, antes espírita de primeira
hora, Bitencourt Sampaio, aproveitando-se de um médium inepto, lhe intuiu um
livro denominado “Jesus Perante a Cristandade”, dado à luz em 1898.
Nesse livreto de um
espírito atrasado, transmitido por um médium desorientado, diz o tal Primeira Hora,
tratando do corpo de Jesus: “Nós não conhecemos, em todas as suas evoluções, as
leis dos fluidos, mas parece-nos que os espíritos prepostos designados para
acompanhar o nosso divino
mestre, na sua missão sobre a Terra, foram buscar na flor da vida
e nos floridos trigais os elementos que deviam compor o corpo de “nosso Senhor
Jesus Cristo”. Esta tirada acha-se exarada a folhas 26 do dito livreto
do tal espírita da primeira hora.
Aí se verifica a
ignorância desse espírita, que tem servido de apoio à afirmativa da criatura que
tal bobagem inventou. Por esse pouco se vê bem o estado mental dos infelizes
deturpadores, não somente de coisas espirituais, como das leis e coisas
materiais.
Vê bem, meu Gustavo,
para o que essa gente prevaricadora quer o corpo fluídico de Jesus,
a maior das intrujices, e do qual continuarei a tratar: é para tornar o bandido
meloso e humilde
para com a sua vítima e para que esta, embora armada, se
deixe vencer por essa lógica de cavadores da vinha do Senhor.
E propunham-se esses
ignorantes dos porquês da vida a ensinar a Verdade à humanidade e a
regenerá-la, quando somente da mentira e para a mentira vivem.
Até breve, meu
Gustavo, e que a coragem te não falte para que a tua alma possa suportar as
irradiações maléficas dessa gente que não te aprecia, porque não praticas más
ações como eles.
XXVIII
Tenho-te dito, meu
Gustavo, que os praticantes da magia negra, rotulada de
espiritismo, são a maior praga que na Terra existe, porque, além dos seus maus
instintos, são dominados pela indolência mental e não gravam se não aquilo que
agrada à sua animalidade.
A prova dessa
afirmação tens tu, meu amigo, bem clara, na aceitação que eles deram ao corpo fluídico
de Jesus.
Se tal bando soubesse
ler, digerir o que lê e raciocinar, facilmente veria nos Evangelhos, que eles
dizem aceitar e seguir, que o corpo fluídico é uma tremenda
intrujice dos obsessores.
Em São Mateus, por
exemplo, no capítulo 1, que trata da geração de Jesus, diz, na parte 16: “E
Jacó gerou a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus
– que se chamou o Cristo”.
A parte 2 desse mesmo
capítulo diz: “ela, Maria, parirá um filho e o chamará
por nome Jesus”.
No capítulo II, diz:
“Tendo, pois, nascido
Jesus em Belém de Judá” etc. Na parte 13, deste mesmo
capítulo: “O Anjo lhe disse: - Levanta-te e toma o menino e sua mãe,
e foge para o Egito”. Na parte 14, diz: '”José levantou-se, tomou de noite o
menino e sua mãe,
e retirou-se para o Egito”.
No capítulo IV, diz:
“Então foi levado Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo;
e tendo jejuado
quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome”.
Bem claramente se vê,
pois, que Jesus foi gerado em útero de mulher (Maria), esposa de José, o
carpinteiro.
Vê-se, ainda, que esse
nascimento de Jesus teve lugar em Belém, onde foi parido por Maria, e nesse
lugar do nascimento de Jesus, José, seu pai, teve ordem do anjo para
levantar-se, “tomar
o menino e sua mãe, e fugir para o Egito”.
Levado, depois de
crescido, para o deserto, ali se quedou 40 dias e 40 noites, jejuando, e tendo fome depois.
Ora, é claro, meu
Gustavo, que os corpos fluídicos não nascem do útero de mulher, são formados
pelo próprio espírito, quando precisam mostrar-se aos encarnados para dar-lhes
a prova da vida fora da matéria, e assim, da existência da alma; e esses corpos
fluídicos astrais “'não têm vísceras, não precisam de sangue e não têm fome,
portanto”. Desde, pois, que Jesus nasceu de Maria e José, teve de fugir, quando menino,
com sua mãe, e depois sentiu fome, é porque o seu corpo era carnal,
como o de toda gente, repleto de vida anímica e necessidades inerentes à
matéria organizada.
Os kardecistas, vendo
tudo isso nos tais Evangelhos, que dizem seguir, aceitam outro corpo de Jesus,
corpo contrário às leis naturais e a todos os sofrimentos pelos quais ele
passou.
É sabido que foi a
beleza física de Jesus que inspirou a paixão das mulheres aristocráticas que o
viam, e foi mais por ele ser forte, belo e tentador dessas mulheres, que só
para a carne e da carne viviam então, que Jesus foi morto. O seu maior
perseguidor foi Hanan, ex-sumo-sacerdote dos judeus, amante de Maria Madalena,
a qual abandonou o dito velho amante e acompanhou o heroico Jesus, o maior
revolucionário da sua época.
É sabido que Cláudia,
mulher de Pilatos, uma das mais belas damas da alta aristocracia, ficou, como
vulgarmente se diz, doida por ele; e se Jesus a quisesse satisfazer nos seus
desejos, é claro que Pilatos não lavaria as mãos mas imporia a sua libertação
ao velho crápula Hanan, ex-chefe dos judeus que, louco de ciúmes por haver sido
abandonado por Maria Madalena, fez questão, para vingar-se do abandono, de que
se pregasse Jesus na cruz, como se fosse um bandido vulgar.
Vê tu, meu Gustavo, a
que ponto chegam esses fiéis discípulos que nem os tais Evangelhos e o seu
segundo divino
mestre Kardec respeitam.
Como sempre, muito
teu.
XXIX
A terceira tremenda
patifaria inventada, meu Gustavo, é a tal provação que, junta às já descritas:
“o
espírita não julga, não condena e não castiga”, e à do corpo fluídico
de Jesus, constituem a base de todas as poucas vergonhas praticadas.
Esse amontoado de
baboseiras, enfeitado com as rendas “sem caridade não há salvação”
e
outras frioleiras, perdoa, para seres perdoado, de que
trataremos a seguir, é o arsenal operatório desses lambanceiros.
Ignoram,
propositalmente, que o que de bem ou de mal acontece ao ser humano, é, de um
modo geral, originado pelo seu livre-arbítrio.
É pelo bom uso que se
faz dessa faculdade, o livre-arbítrio, que ele se depura, alijando da sua alma,
que é luz, as manchas provindas de erros praticados nesta e em encarnações
anteriores.
Ignorantes
propositais, não adquirem o hábito de raciocinar e, por isso, não sabem que
desde que o espírito ascende à categoria dos racionais, passa a ter amplo
livre-arbítrio para, com o seu uso, assumir a responsabilidade de todos os atos
que pratica, e assim tornar-se bom ou mau, forte ou fraco, conforme o uso que
de tal faculdade fizer.
Quem, pois, não quer
raciocinar e pôr em ação para o bem essa faculdade superior, inerente à sua
categoria racional e psíquica, vive, instintivamente, como os animais
inferiores, e o seu livre-arbítrio torna-se uma arma terrível contra o ser
humano, por somente dela fazer uso para o mal.
As muitas seitas ditas
religiosas, principal causa da triste ignorância em que se encontra a
humanidade, baseadas no sobrenatural e no milagre, inventaram a palavra provação,
para mais facilmente reduzir os seus adeptos à tristíssima condição de escravos
das próprias fraquezas, e assim não os deixarem raciocinar sobre a sua
composição psíquica e as leis naturais que tudo regulam neste e noutros
planetas, portanto no Universo.
Dessa invenção
resultou levarem tudo à conta de provação, sem mesmo
conhecer o significado desta palavra, e esperarem de Deus e dos espíritos
remédios para todos os males, resultantes da sua ignorância e da vontade mal
educada.
Entre esses infelizes
logrados, roubados na sua boa-fé e haveres, destacam-se os tais espíritas de
fancaria, para os quais tudo quanto lhes não dá amplo prazer é levado à conta
de provação.
Se tal malandro
“espírita” tem falta de dinheiro, porque não trabalha para o obter
honradamente, desculpa a penúria com a provação, e não dá um
passo para vencer a crise.
Se tomou uma bebedeira
de cachaça ou outra bebida, e daí lhe resulta um embaraço hepático, leva-o à
conta de provação.
Se a própria mulher o
desanca porque, além de malandro, de nada produzir, ainda refila com ela, o
patife está cumprindo a sua provação.
Se se apresenta em
desalinho, sujo, cotroso, chapéu esbotenado, rilhado nas abas pelas baratas ou
camundongos, e botas cambaias, corre por conta de provação.
Se a esposa, cansada
de aturar tal porco, tal malandrão viciado, procura um homem de posses para ter
a casa farta e limpa, os filhos bem tratados, e mete em casa tal pagante, o
sem-vergonha a tolera, e tudo leva à conta de provação.
Como vês, uns
pândegos, intrujões e pretensiosos.
Sempre teu,
XXX
Como deves ter
observado na minha última carta, meu Gustavo, serve a tal provação de
capa de tremendas misérias morais, praticadas, também constantemente, por tal
casta de falsos espíritas. Essa “provação” serve, ainda, para conservar em
desalinho mental e físico os seus adeptos, e lançar sobre eles e a doutrina que
dizem representar o mais tremendo dos ridículos.
É por esse motivo que
as pessoas limpas do corpo e da alma, principalmente da alma, com hábitos bons,
embora puramente materiais, têm horror ao espiritismo bíblico que, explanado
por tal casta, se torna perigoso e até nojento. E damos razão de sobra às
pessoas que, fazendo questão de ser honradas e humanas nos atos e nas maneiras,
repelem tal doutrina e seus adeptos.
Mesmo intuitivamente,
sabe a gente limpa, a gente forte de ânimo, que a luta é a vida destinada a
todo ser encarnado na Terra, porque é somente pela luta contínua contra os seus
maus hábitos, as suas imperfeições e a ignorância e perversidade dos outros,
que o espírito se depura e ascende, mais rapidamente, aos mundos de relativa
pureza.
– Como, pois, o
espiritismo bíblico pretende contribuir para o progresso da humanidade, se
implanta a desordem, o desalinho e a miséria moral com a tal provação?
A provação, meu
Gustavo, não existe, e sim o dever a cumprir, do qual resulta o
sofrimento moral que cada ser tem de passar na Terra ou fora dela, mesmo em
corpo astral, sofrimento que nem mesmo o livre-arbítrio bem conduzido pode
evitar, porque esse sofrimento muitas vezes não depende dele, da sua vontade, e
sim de terceiros – filhos, amigos, parentes – e até da humanidade.
Mas esse dever não o
conhece o falso espírita por não saber o que são a moral verdadeira e a alma,
com as belezas que em si contêm, e ela, a alma, demonstra quando bem educada,
disciplinada e raciocinadora.
Criaturas sem a noção
dessa moral, não podem deixar de ser zurzidas com o látego da Verdade que parte
do Centro Redentor, para assim ficarem sabendo o risco que correm os incautos
ao se aproximarem de tal gente e ao dar-lhe importância ou prestar-lhe mesmo
passageira atenção, como continuarei a explicar e provar, para bem de todos os
de boa-vontade. Até breve, pois, meu Gustavo,
XXXI
Pelo exarado na minha
última carta, deves ter bem compreendido, meu Gustavo, que tudo está errado no
espiritismo bíblico, cuja explanação e cuja prática, por isso, se tornam o
maior dos males sociais.
Com a explanação feita
por tal gente de princípios inteiramente errados, a maioria do gênero humano,
que não sabe raciocinar, conserva a triste mania de atribuir os seus males a
uma entidade qualquer, visível ou invisível, ou à tal provação
escolhida pelo espírito ao encarnar, quando esses males
nada mais são do que as conseqüências do mau uso que faz do livre-arbítrio.
A depuração do
espírito só pode ser conhecida do sofredor humano, quando:
a) ele é instruído,
racionalmente, e assim, esclarecido sobre o seu eu, a sua composição astral e
física, e, portanto, conhecedor dos dois elementos componentes do Universo,
Força e Matéria.
b) quando a criatura
for esclarecida, observará os quatro princípios que constituem o homem
verdadeiramente honrado, que são:
1. Valor para
a luta pela vida, destinada a todos os seres;
2. Ponderação em
todos os seus atos;
3. Moderação em
palavras e ações;
4. Justiça para
consigo próprio e terceiros.
Quer isto dizer, meu
Gustavo, que somente sendo esclarecido e praticante desses princípios, também
exarados no livro Racionalismo
Cristão, o ser humano poderá chegar à compreensão dos seus deveres
neste planeta, e fazendo bom uso do livre-arbítrio só produzirá bens, força e
vigor, confirmando o axioma de que quem bem faz, para si o faz.
É, porém, certo que a
maioria dos sofrimentos, quer morais, quer materiais, são filhos do
livre-arbítrio de cada ser encarnado; e é para evitar esse sofrimento que o
Racionalismo Cristão, que se explana e pratica no Centro Redentor, prepara as
almas para a luta e para vencerem na vida; e só falirão, depois de assim
esclarecidos, os covardes ou viciados.
O dever, pois, do ser
humano é esclarecer-se racionalmente, disciplinar-se, educando a vontade para o
bem, para as boas obras, e emitir melhores pensamentos, lutando para vencer o
seu “eu” físico e psíquico, o seu maior inimigo nesta triste vida terrena.
Palavras mais ou menos melosas e seráficas, leva-as o vento; e somente
palavras, nada mais que palavras reboam na tal casta de praticantes da magia negra,
rotulada de espiritismo, ignorantes propositais do que aí fica, apesar de ser a
base do progresso dos seres.
Sem esclarecimento e
prática da Verdade, meu Gustavo, não há evolução para pessoa alguma, faça as
“preces” que fizer; desde que a alma não sinta e não vibre pensamentos de
valor, nada, absolutamente nada consegue para a sua felicidade, para o seu
proveito no Além.
É na remodelação dos
hábitos, na correção dos vícios e das imperfeições, que reside o segredo da
felicidade material e moral de todos os seres.
Atira, pois, às
urtigas a tal provação, caro Gustavo, que somente desprezíveis, indolentes
cotrosos, desalinhados, pedintes e malandros produz, e nada mais.
Abraça-te o sempre
muito teu,
XXXII
Depois da terceira
afirmativa – a tal provação
– vem a outra máxima, não menos insidiosa: “sem caridade não
há salvação”.
A Caridade é a prática
do bem.
Que bem podem prestar
a quem quer que seja, com a prática do baixo espiritismo?
Que bem poderá prestar
quem é ignorante proposital da vida real dos seres, e de como deve ser vivida
neste mundo de sofrimentos?
Se o bem serve para
auxiliar a normalização das vidas moral e física dos seres, que normalidade
poderá produzir um instrumento das forças inferiores, dos maus espíritos,
produtores de inúmeros males de que sofre a humanidade em geral?
Que benefício
espiritual e material poderá fazer a outrem uma coletividade obsedada por
forças inferiores, por espíritos que se conservam na atmosfera da Terra?
Que bem poderá fazer
um médium receitista do espiritismo bíblico, ignorante e supersticioso, se não
existe um único que não esteja enfermo da alma e completamente dominado pelo
astral inferior, que é composto de espíritos maldosos, mistificadores,
ultraperversos, que usam de nomes ao sabor dos papalvos, para mais facilmente
dominarem os que os ouvem e tomam a sério?
Que bem a quem quer
que seja poderá fazer essa casta praticante e mantenedora da magia negra,
a mais tremenda miséria que se pratica na Terra? Que “salvação” poderá produzir
tal casta, se só males do corpo e da alma possui, só venenos mentais e físicos
espalha por onde passa?
Que limpeza psíquica,
e assim, que bem da alma e do corpo poderá produzir um ser se só lama, só
sujeira, só misérias em si contém?
Pelo que aí fica, a
prática da caridade
tornou-se sem significado real, sem o efeito que se lhe quis
atribuir.
Só pode salvar
qualquer náufrago da vida física, quem na alma tiver força e vigor, e assim,
limpeza para irradiar pensamentos puros, elevados, envoltos em fluidos
benéficos.
Salvar corpos e almas
combalidos pela ignorância e pelo mau uso que cada um faz do seu
livre-arbítrio, só o pode conseguir:
1) Quem for
esclarecido sobre os “porquês” das coisas;
2) Quem, depois disso,
tiver uma vontade fortemente educada para a prática de boas obras;
3) Quem dessa vontade
souber fazer bom uso, tornando-se forte para a luta e, sobretudo, justiceiro;
4) Quem, portanto,
souber ligar-se às Forças Superiores, afastando as inferiores, e assim formando
uma atmosfera de luz, emanada dessas mesmas Forças Superiores, que são as que
beneficiam, as que tudo impulsionam para o bem.
Fora disso, nada de
bom, antes de mau, de deletério pode produzir o ser humano, que acima de tudo e
de todos não coloque o seu dever, e o cumpra à risca.
Como, pois, essa gente
que nada de bom possui no corpo e na alma, afirma praticar o bem e diz que sem a
tal caridade
não há salvação?
Toma nota, meu
Gustavo, porque sobre este ponto ainda algo mais tenho a dizer-te, por ser,
como sempre, muito teu,
XXXIII
A palavra caridade,
segundo os dicionaristas, quer dizer:
1) Amor ao próximo.
2) Uma das três denominadas
virtudes teologais, que representa a benevolência, a bondade e a esmola.
Como vês, a caridade é
uma palavra cujo significado só mui tardiamente será conhecido, sentido e
aplicado pela humanidade, tal é o triste estado de atraso espiritual em que ela
se encontra. Se a caridade, como diz o dicionarista, significa o amor ao
próximo, torna-se impraticável, por ser o amor a maior, a mais perfeita das
virtudes, que só pode, portanto, sentir e irradiar quem for completamente
virtuoso; é claro que se essa virtude existisse na maioria das almas humanas,
de maneira a vibrar, a irradiar consciente e racionalmente, não estaria o mundo
no triste estado egoísta, invejoso, impuro e, portanto, mau, em que se
encontra.
O que se observa sob a
capa de caridade e amor, é comércio reles, anti-humano, que por toda parte
animalizadamente se pratica.
Assim é, e será ainda
por muito tempo, porque tal virtude, tal sentimento, tal vibração e irradiação,
é um predicado da alma, da partícula de Força, Inteligência Universal que o vulgo
chama Deus, e não do corpo carnal ou cérebro, como explica o psiquiatra
professor Austregésilo.
Sendo, pois, uma
virtude da alma verdadeiramente evoluída, senhora do seu corpo carnal,
dominadora dos seus desejos intemperados e vencedora das dores e sofrimentos do
corpo, tal qualidade não pode possuir e irradiar quem da Força, da Inteligência
Universal não tiver noção, como a não têm os praticantes do baixo espiritismo.
Como queres tu,
Gustavo, que quem quer que seja, sinta, vibre e irradie virtudes que
absolutamente não conhece, por não as conter na alma?
– Que caridade,
pois, é essa, que serve de divisa aos falsos espíritas?
A caridade é
também empregada no sentido de dar de comer a quem tem fome, de beber a quem
tem sede, vestir os nus e, assim, praticar atos puramente materiais, como um
favor que o indivíduo faz.
Assim considerada a
tal caridade
kardecista, é ela um dever de solidariedade humana, não favor nem
esmola.
É nesse sentido
simples e erradamente material, que eles entendem a caridade e dizem que a
praticam.
Também empregam esse
termo, tornado anticristão e humilhante, quando o indivíduo se tem por médium
receitista, passista
e tudo quanto a intrujice imagina. Receita então uma água
qualquer, com álcool mal cheiroso, para ser usada aos pingos ou gotas – “água
suja pingada” – sem a menor ação curadora e, antes, danificadora.
Ignoram que para curar
corpos físicos é preciso higiene mental e física e força atrativa de fluidos
das esferas luminosas. Ora, tais fluidos curadores não os conhecem esses médiuns;
nem pela sua fraqueza, imoralidade e obsessão os podem atrair, visto que o ser
conforme pensa assim atrai, e quem pensa animalizada e perversamente, a ponto
de ficar obsedado, como todo médium não esclarecido, só males pode produzir e,
de fato, produz, como a seguir explicarei.
Até breve, meu
Gustavo.
XXXIV
Claramente explicada a
significação da palavra caridade,
na minha carta anterior, fácil será, meu Gustavo, compreenderes agora que a sua
prática se torna impossível por quem de si próprio, da sua composição
espiritual e material não tem a menor noção e desconhece a virtude máxima da
alma que se denomina amor.
Ora, tu bem sabes que
o pior cego é o que não quer ver, e dessa cegueira vem padecendo, cada vez
mais, o “espírita” praticante e caminhando para a mesma atitude, o teórico ou
puramente evangelista, como eles se denominam.
Dizem esses pândegos
que praticar a caridade é receitar e fornecer as tais águas pingadas aos
incautos que os procuram, depois de desenganados ou explorados e empobrecidos
pelos charlatões, quando a verdade é esta: Os médiuns que por ignorância e
teimosia se colocam ao serviço das forças astrais inferiores, receitando,
aconselhando ou dando passes,
nada curam nem aliviam, antes danificam o corpo e a alma dos que os procuram,
porque obsedados são todos, sem exceção de um único, e não possuem força mental
para atrair espíritos já livres da atmosfera da Terra, e, portanto, limpos e em
estado superior – os únicos capazes de aliviar os encarnados.
Quem recorrer a esses
intrujões sai perdendo sempre, além de ficar escravo das forças inferiores que
obsedam tais médiuns.
Quando acontece alguém
ficar aliviado dos seus males do corpo e da alma, após “receitado por esses
médiuns”, foi porque a sua vontade, posta em ação, atraiu o Astral Superior, e
este, com suas cargas fluídicas e intuições, o aliviou, como já fartamente
demonstrei nas minhas cartas anteriores.
São, pois, as próprias
“forças curadoras da natureza humana”, vontade e pensamento atraindo os
similares, que produzem as curas atribuídas a tal gente, e não esses indivíduos
sujos de corpo e da alma que por onde passam só levam veneno e miséria consigo.
Não se salvando a si próprios, não podem salvar outras almas das garras dos
obsessores.
– Como, então,
adotaram eles a divisa “sem
caridade não há salvação”, se nem daqui a centenares de encarnações podem conhecer e
praticar o amor, a virtude das virtudes, que só existe desenvolvida nos seres
evoluidissimos, e, portanto, verdadeiramente virtuosos?
Além disso, a prática
do amor e das virtudes não constitui favor; ela é obrigação dos espíritos em
marcha para a evolução, e enquanto não chegarem a essa perfeição, não podem ser
úteis a si ou a outrem.
Sendo a prática do bem
o dever de cada alma, é esta quem lucra praticando-a, e não deve ser tomada
como um favor, como esmola humilhantissima.
Quem tal bem recebe,
lucra um pouco, materialmente falando, mas não absolutamente a sua alma, a qual
tem que fazer por si, pelo seu esforço, o seu progresso espiritual, que é o
único proveitoso, e é por isso que o Racionalismo Cristão afirma que quem bem faz
para si o faz, por ser o bem que se pratica o real impulsionador do
progresso que cada alma é obrigada a fazer, embora para chegar à perfeição,
leve milhares de encarnações.
Ora, falar em amor
quem só possui rancor e animalidade, fazer o bem, desprendidamente, quem desse
dever não tem a menor noção, vê bem, meu Gustavo, que não pode ser, por
contrariar as leis naturais, que afirmam que cada partícula da Inteligência
Universal só pode dar aquilo que possui e que os similares se atraem e os
contrários se repelem.
Quer isto dizer que
quem só atrai maus fluidos, veneno astral e físico, não pode irradiar virtudes
fortificantes dos corpos e das almas.
Aí tens tu, meu
Gustavo, toda a verdade sobre a tal “sem caridade não há salvação”,
quando é certo que sem instrução nem conhecimento racional é que não há
evolução, por não poder pessoa alguma progredir e chegar ao termo da viagem
espiritual.
Sempre muito teu,
XXXV
Depois de publicada a
minha última carta, recebi alguns avulsos, meu Gustavo, referentes à alteração
da denominação da tua Cruzada, que deixou de ser espírita, para denominar-se Cruzada
Espiritualista.
Razão de sobra tiveste
para essa mudança, pois a tal denominação de Espírita é uma carga demasiado
pesada para ti que, frade velho e, portanto, com feitio e hábitos monásticos,
verdadeiramente franciscano, não te sentes disposto a carregar trouxas de roupa
suja, como é essa rotulada de espírita.
Dou-te, pois, os
parabéns por essa mudança e por poderes fazê-la tão facilmente, de um dia para
outro. Não me cabe tal bem, por haver-me obrigado a carregar tal trouxa mal
cheirosa até que os incautos bem a conheçam e dela não se aproveitem, para não
serem contaminados pelo veneno.
És mais feliz do que
eu; preferes fradear o caso, a violentar os teus hábitos externos e internos,
como eu estou fazendo, em nome do Racionalismo Cristão, que tem por dever tocar
em todos os venenos sem se envenenar, em todas as estruturas sociais e
sectaristas, sem se enodoar.
Tendo, pois, daqui em
diante, de dar preferência à tua Espiritualista, nova denominação da tua
Cruzada, pois que nessa denominação mais à vontade se acha o meu pobre
espírito, que, como sabes, do teu é amigo certo, para tratar da verdade
verdadeira, à qual se dedicou desde 1910, e já agora irá até à inércia do
corpo, até à desligação completa da vida superior e intermédia, que é o estado
de perispírito ou vida anímica dos que se proclamam cientistas.
Para isso, preciso se
torna que os nossos leitores tenham conhecimento da tua pastoral curadora, bem
borrifada pela água benta de igreja nova, servida por frade velho, de grande
atilamento no savoir
vivre, no lidar com quem se lhe apresenta e receber as graças
mentais de que é possuidor, e para isso aqui vai ela transcrita:
“CRUZADA ESPIRITUALISTA – Sessões às
sextas-feiras, às 10 horas. Rua do Rosário, 133, 2o andar.
A Diretora da Cruzada Espírita,
atendendo a que uma sessão espírita é ordinariamente uma reunião onde se fazem
evocações de espíritos, ou se produzem fenômenos psíquicos de várias naturezas:
como nenhuma dessas coisas se faz em sessões senão estudos, preces e uso de
música devocional, pareceu-lhe mais acertado denominar a Cruzada
Espiritualista, por ser mais lata a sua acepção.
Além da colaboração dos espíritas, conta
à Cruzada com a coadjuvação dos teosofistas, esoteristas, ocultistas e quantos
estejam convencidos que a base de toda evolução espiritual reside no espírito
de mais larga tolerância, e conseqüentemente da mais ampla fraternidade.
Desde que todas as escolas
espiritualistas aceitem a verdade da reencarnação, a eficácia da prece e a
comunicação dos espíritos não têm nenhuma divergência essencial e cabem
perfeitamente dentro dos moldes da Cruzada Espiritualista.
Esperamos que a Cruzada Espiritualista
seja mais um ótimo fator de união fraternal entre espíritas, teosofistas,
esoteristas e ocultistas. – Gustavo Macedo.”
É o que aí fica, o que
se contém em dita pastoral espiritualista, mais uma invenção dos homens
físicos, vivendo para os seus antigos hábitos, para as suas imperfeições, como
partículas da Inteligência Universal, portanto, da Força Inteligente. Desse
espiritualismo tratarei daqui em diante, para que te certifiques, meu caro
Gustavo, de que não se podem “pescar trutas a bragas enxutas”.
XXXVI
Entre as incontáveis
mentiras ditas evangélicas, algumas palavras existem que se podem citar como
exprimindo pensamentos sérios de qualquer espírito evoluído.
Dessas pouquíssimas
palavras, aproveitáveis são estas, atribuídas a Jesus: “Só a Verdade vos fará
livres”, que eu terei de citar muitas vezes, nestas cartas, para te provar a
contradição nas palavras que constituem o teu sistema de “fradear” a vida, que
tu denominas de “espiritualidade”, e que tem tanto de espiritualista, quanto eu
tenho atualmente de frade, de Apolo ou mesmo de Petrônio.
Se, pois, é a Verdade
a única força libertadora da crassa ignorância em que vive a pobre humanidade,
meu caro Gustavo, obrigação é de quem, como eu, a conhece, explaná-la, embora
tenha de torturar a alma, por saber que ela, a Verdade, dita e praticada à
maneira racionalista, tortura e queima as almas amigas.
A tua teima em irritar
as inferiores, que nada têm para dar por nada de bom ainda possuírem ou terem
trazido da feira de Deus – como dizia a minha inolvidável genitora, que daqui
para o seu mundo partiu sem saudades, deixando apenas muitíssimas a este filho,
o mais novo dos sete.
É meu dever
esclarecer-te, meu Gustavo, porque muito te quer a minha alma, velha
companheira da tua, sempre superiormente fradesca nas encarnações passadas. Vai
lendo e raciocinando sobre tudo o que leres, porque tudo, por menos importante
ou aproveitável que te pareça ou ao leitor amigo, tem por base a Verdade.
Dir-te-ei, pois, meu
Gustavo, que a denominação de Espiritualista que acabas de dar à tua Cruzada, é
menos prejudicial do que a de “Espírita”, que lhe havias dado anteriormente,
mas que, ainda que leve e maneirosa, é tal denominação uma mentira, porque não
existe na Terra espiritualismo; salvo o Racionalismo Cristão, é puro materialismo
tudo quanto existe sob a denominação de “espiritualismo”.
Das milhares de seitas
que uma estatística, há anos publicada num jornal de Barcelona assevera
existirem, não há uma única que seja verdadeiramente espiritual, porque não
existe nenhuma que conheça a alma ou espírito, tal qual é.
Não conhecendo a
essência da vida, e assim, do espírito, como é que esses sectários, inclusive
os espíritas, se dizem espiritualistas, e como os aceitas no teu meio que,
embora material, é limpo e cheira a lavado?
Não observas que todos
os que se dizem espiritualistas, atribuem ao coração sentimentos e qualidades
que só podem residir no espírito? É esta a prova mais certa e segura de que
todos ignoram, inclusive tu, o que é a alma, bem como as qualidades que nela
existem e como ela as manifesta.
Ora, sendo o coração
um músculo, não pode sentir, vibrar, poetizar, cantar etc., visto que só contém
em si matéria.
Torná-lo senhor e
depositário de sentimentos, quaisquer que sejam, muito especialmente
sentimentos de amor, o primacial nos seres humanos, é a maior das inverdades e
prova da ignorância do que seja o espírito (alma) e assim o que é
espiritualidade.
Raciocina, meu
Gustavo, e até breve.
XXXVII
A vida humana, meu
Gustavo, desde séculos incontáveis, desde a sua primeira encarnação neste
planeta, tem sido uma comédia até certa idade dos seres, passando à tragédia, à
medida que cada um se vai desenvolvendo psíquica e fisiologicamente. Essa
comédia tem diversas denominações, desde a burlesca até à de relativa compostura.
A denominação que mais
rapidamente foi aceita, e cuja representação é constante, é conhecida por
espiritualista, conjunto de espiritismo à maneira e sabor do intelecto de cada
ser.
Diversas são as outras
comédias que pregam em nome de Deus, Pai Celestial, Nosso Senhor Jesus Cristo,
Divino Mestre dos Kardecistas, santos e santas da corte celestial e outras,
das quais tratarei nas cartas que se seguirem.
Dessa comédia,
denominada espiritualista, têm resultado as muitas seitas religiosas, à
maneira, sabor e educação de cada raça, de cada povo, de cada nação, e que são
as mais requintadas mentiras convencionais que essa pobre humanidade tem
inventado ou aceitado como coisas boas neste planeta, por ela e por todos os
“sábios” desconhecidos na parte que mais interessa a todos os seres.
Dessas muitas seitas,
filhas do falso espiritualismo e neste envolvidas para mais fácil ação
deletéria que nas almas produzem, tem resultado, para a humanidade, o
tristíssimo estado em que ela ainda se encontra em pleno século XX.
Todos se dizem espiritualistas e
assim crentes numa entidade que não conhecem, invenção das mais pernósticas dos
que mais julgavam saber e que denominam Deus que, considerado como tem sido, é
um pratudo,
idêntico a um cozimento de raízes, assim denominado em Minas, e que tanto serve
para disenteria, como para prisão de ventre, para gerar filhos, como para
desmanchá-los ou matá-los, para engorda de bezerros ou para curar-lhes a
bicheira, para casar criaturas ou para as descasar e atirá-las à prostituição,
para fazer o bem ou o mal, do qual trataremos, largamente, no momento azado
para o estabelecimento da verdade, e assim da verdadeira Força Inteligente,
origem de tudo quanto no Universo existe.
Sendo, pois, um grande
mal para a humanidade a representação constante dessa comédia denominada
Espiritualista, concorres tu, meu Gustavo, para esse mal com a tua Cruzada,
outro termo de invenção grotesca dos tais escrevinhadores de coisas e loisas
bem inferiores à sua própria imagem.
Por assim ser é que te
disse aquelas verdades que deves ter considerado exageradas, nas minhas duas
últimas cartas, para que ponhas em ação o teu raciocínio e procures
penitenciar-te, como eu o tenho feito e farei até à última hora da vida física,
desses graves erros praticados, em todas as encarnações, com a capa de
espiritualismo.
Dar a mão à
palmatória, como vulgarmente se diz, quando se praticam faltas, como a de
denominar espiritualismo ao que não passa de puro materialismo, é erro grave
que muito prejudica o progresso humano e a realização dos magnos problemas da
vida física e moral, confessar o erro é nobre, é honrado, é o cumprimento do
dever de todos nós.
Deves saber, como eu
sei:
a) Que a ignorância é
a origem de todos os males e de todas essas comédias mencionadas e doutras que
irei mencionando;
b) que, portanto, a
ignorância impede e desvia todo progresso, expondo as massas às resoluções
leigas e sectaristas e conduzindo os povos à superstição e ao fanatismo, ao
sobrenatural e ao embrutecimento;
c) que a ignorância é
contrária às leis naturais, que vós denominais “divinas”.
Quer isto dizer, meu
Gustavo, que todo homem que se instrui e abre o caminho da verdade aos outros,
produz obra útil, benéfica, patriótica, humanitária, e que os que se quedam nas
mentiras convencionais, leigas ou religiosas, praticam um crime, pois que a
mentira “é o maior de todos os crimes”.
De crimes tem sido a
prática dos homens que sabem ler e não põem em ação o seu raciocínio para o bem
próprio e do Todo – a humanidade – que tanto está sofrendo, por manter-se
escrava da ignorância em que a têm conservado os chefes das seitas, da falsa
ciência e da reles política.
Vê, pois, meu Gustavo,
que ser espiritualista sem conhecer o que seja o espírito, a Inteligência
Universal, não é possível, e é erro grave.
Pensa no que aí fica
para teu governo, meu Gustavo, de quem sou muito amigo.
XXXVIII
Deves ter observado
nas minhas últimas cartas, meu Gustavo, que todo ser humano que se apresenta
como espiritualista, concorre para a continuação da comédia, que, com esse
nome, se representa em todo o mundo, e erro grave, portanto, pratica.
Assim, erro grave
praticas tu, meu Gustavo, porque apresentando-te como homem de bem, de
honestidade material comprovada, como digno marido e bom cidadão, atrais
criaturas que vão à tua Cruzada em busca do que necessitam, sem bem saberem
definir o que seja; e, lá chegadas, continuam a quedar-se na mesma triste
ignorância, porque, não seguindo tu os Princípios Racionalistas Cristãos –
únicos que tudo explicam – não podes satisfazer nem a tua alma nem a daqueles
que te procuram, por não poderes esclarecê-los sobre a sua origem, deveres
durante a estada neste planeta e o fim a que devem chegar.
Não ignoras que quem
mal faz para si o faz e, por assim ser em todos os tempos, grande mal, imenso
mal para a tua querida alma, meu Gustavo, estás fazendo, dizendo-te
espiritualista e atraindo almas ávidas de luz e, portanto, de conhecimentos de
tudo o que no Universo existe. Cada um de nós é o Universo em miniatura, como
farto está o Racionalismo Cristão de o dizer e provar no Centro Redentor e nas
suas Filiais.
Tu não te queres
confundir com os outros, com os cretinos, os falsos espíritas, e tanto assim é,
tão nojenta te pareceu a denominação de “Cruzada Espírita”, que a mudaste para
“Cruzada Espiritualista”.
Provaste que não
desejas descer, nivelar-te a essa gente supersticiosa, fanática, cretinizada;
queres manter-te acima das misérias que os tais “espíritas em provação”
praticam, com prazer; e por isso, com mais um empurrão, meu querido frade
velho, e como tal marinheiro de muitas derrotas, atiras a caixa ao porão.
– Sabes, meu Gustavo,
qual é a maior crise do mundo? É de coragem, moral, para o ser libertar-se da
prisão provinda de muitas mentiras convencionais e de todos os graves erros
sociais.
Ora, tu, meu Gustavo,
não és um ignorante vulgar nem possuis a cobardia dos nulos que acreditam
precisar de todos os argentários para levarem a vida folgada.
Tu tens uma vida
material garantida pelo teu honrado trabalho, pela tua grande responsabilidade,
pela tua profunda honestidade material de esposo e pai.
És, portanto, um homem
independente, de ninguém dependes, e não ignoras que o homem mais rico do mundo
é aquele que vive alegre e satisfeito com o pouco que ganha ou que conseguiu
juntar para o inverno da vida, e que não tem um único vício que o obrigue a
perturbar-se e tornar-se um sabujo, um instrumento vil da canalha dourada,
lupanaresca, dissoluta, que vive e se mantém dos assaltos aos interesses do
povo e de altos expedientes inconfessáveis.
É, pois, no alijamento
de vícios, de maus hábitos e, assim, a inteira independência para poder
caminhar com segurança na terrível estrada da vida física e astral que o ser
humano encontra a felicidade.
Somente, pois, os
covardes, os viciados nos fandangos dourados, no “chá-tanguice”, nos requebros,
gestos e maneiras sensuais, libidinosas, caprino-bodéficas,
não se podem alar para a luz, explanando e praticando a Verdade, única que “vos
fará livres”, como disse alguém de juízo e de valor.
Ora, não estando tu
nesse ajuntamento desprimoroso, e sim bem distante dele, como prova a tua
exemplar vida material e de família, praticas um crime pelo qual o maior lesado
és tu próprio, não raciocinando sobre o que te tenho dito e que estás farto de
saber pelas obras do Centro Redentor, cuja assistência a cada Sessão Pública de
Limpeza Psíquica monta a cerca de três mil pessoas, verificadas nas três
Sessões Públicas de normalização de corpos e de almas, que nele se realizam
semanalmente.
Tu já declaraste que
não praticas a absurda confabulação com o astral inferior, com os espíritos
lodóricos, urubatãs, ismaéis e magna caterva astral;
não fazes as tais sessõezinhas em família ou em grupos. Para que, pois, conservar-te no
outro erro, embora mais suave e limpo – o do “espiritualismo”, que só é aquele
explanado e praticado pelos racionalistas de verdade, pelo Centro Redentor e
suas Filiais?
Vá, meu caro Gustavo,
atira o hábito, os Evangelhos e todas as maneiras monásticas às urtigas, e
torna-te de fato o que a tua alma, nas horas de paz, quer que tu sigas como
homem físico, valoroso e justiceiro, para teu próprio bem e dos que te procuram
na tua Cruzada e fora dela, como homem limpo, cheirando a lavado em toda a
linha.
XXXIX
No teu avulso,
explicando a mudança da tua Cruzada Espírita para Espiritualista, defines mal o
Espiritismo verdadeiro, que é a ciência das ciências, e não a torpe evocação de
espíritos para a prática de patifarias, como geralmente fazem, e dizes que não
se praticam na tua Cruzada tais misérias, porque não te apraz fabricar loucos e
desgraçar lares, nela só se tratando de “estudo, preces e uso da música
devocional”.
No entanto, não dizes
que estudos são esses, nem o que seja a prece, e muito menos a música
devocional de que tratas na tua Cruzada. Não dizes, porque não sabes, porque
realmente são palavras que nada exprimem, inventadas pelos mesmos homens que
inventaram as outras, que tu bem conheces: Espiritualista, Deus, Divindade,
Santos e Santas cá deste alambique depurador de Forças várias, dentre as quais
se salienta a humana, por mais evoluída e apta a raciocinar e resolver os
problemas da vida com acerto.
O estudo, pois, a que
te referes, não passa de uma fantasia ou de frases inventadas para encobrires a
ignorância que domina toda ou quase toda a pobre humanidade, a qual, desde
séculos incontáveis, desde a sua primeira encarnação neste planeta, afirma que
anda a estudar os problemas da vida, tem mesmo inventado códigos do bom-tom,
compêndios vários sobre a maneira de bem viver, sem até agora saber o que é a
vida real e como ela se deve viver realmente, verdadeiramente, proveitosamente.
Desde que o tal
espiritismo, que quer dizer estudo da alma para conhecimento certo e seguro da
mesma e do seu papel em todo o Universo, não te agrada, como dizes, outro
estudo qualquer, meu Gustavo, não tem o menor valor, constituindo erro grave,
porque é conservar a humanidade na desgraçada ignorância em que se acha, na
qual tem vivido sempre até o aparecimento do Racionalismo Cristão que se
pratica no Centro Redentor e nas Filiais deste.
– Como pode o ser
humano estudar qualquer coisa a sério que aproveite a si e ao tudo quanto
existe no Universo, e, assim, ao seu próprio “eu”?
O que se fez até 1910,
foi estudar e explanar efeitos, ignorando, por completo, a sua causa
inteligente.
Sim, meu Gustavo,
porque o estudo da matéria organizada, e mesmo inorgânica, é o estudo do
efeito, único que preocupa toda gente, e não da causa.
O que é, porém, essa
matéria em si, não o sabem os tais sábios, e da força em si e do seu papel na
vida real de todos os seres nenhum deles ao menos suspeita nem procura saber, e
quando o Racionalismo Cristão lhes prova, teórica e praticamente, o grave erro
que todos praticam, em vez de correrem a ampliar, a desdobrar os conhecimentos
que têm por base a Força e a Inteligência fora da matéria e mesmo ligada a
esta, revoltam-se contra quem se presta a ensinar-lhes a Verdade verdadeira,
sem o conhecimento da qual nada se aproveita realmente do que eles, “sábios,”
dizem saber.
Estando, pois, tudo
errado, por faltar-lhe a base, que é a Força Inteligente parcelada no Universo,
meu Gustavo, que estudo é esse teu sobre erros e mentiras convencionais que
andam por aí berradas, buzinadas em todos os tons e até em todos os tamanhos,
cores e feitios?
Pensa bem no que aí
fica, e no muito mais que te disse em muitas cartas, e verificarás que nada
lucraste mudando o rótulo da tua Cruzada, na qual nada se estuda, porque o que
lá se prega não é o verdadeiro Espiritualismo, que tem por base a Verdade, o
conhecimento do Grande Foco, gerador de tudo quanto existe, e assim o
conhecimento da alma humana.
Não te iludas por mais
tempo, meu Gustavo, com tais estudos de mentiras convencionais, porque, repito,
somente a Verdade te fará livre e te libertará das garras da ignorância que até
hoje tem dominado a humanidade inteira, ignorância de que tem resultado esse
sofrimento horrível por toda parte, essa anarquia tremenda que reina entre
todos os povos da Terra.
Nas mesmas condições
de “estudo” estão as tais “preces” e “uso de música devocional” a que te
referes, e das quais tratarei a seguir, por ser, como sabes, muito teu,
XL
No mesmo caso dos tais
estudos,
estão as '”preces” e a “música devocional” na tua Cruzada, sobre as quais creio
que já disse algo nas minhas cartas anteriores. Todavia, nunca é demais, quando
se trata de bem claramente colocar as coisas nos seus verdadeiros lugares e
insistir no assunto.
Se, pois, os estudos a
que te referes não têm base séria que aproveite aos que te procuram para saber
o que é a vida real de todos os seres, e como eles a devem bem viver, melhor
base não podem ter as tais preces e a música devocional.
Não se sabe, até
agora, no Racionalismo Cristão, como tratar de qualquer coisa sem base sólida,
sem alicerces bem fundados e argamassados. Também está fartamente sabido que não se pode amar
verdadeiramente o que verdadeiramente se não estuda e, portanto, não se conhece.
Assim sendo, meu
Gustavo, como queres tu torcer o bico ao prego,
que é como quem diz deturpar as leis comuns e naturais que tu e todos os sectários
de todas as seitas denominam divinas, se elas só
movimentam, dirigem e governam elementos de real existência, desde o granito ao
ferro, aos vegetais, aos animais, às vidas diversas, enfim, que formam o
Universo, e que a humanidade ignora, em absoluto?
A prece,
inventada pelos fanáticos, indolentes e preguiçosos mentais, quer dizer irradiação de
pensamentos a elementos conhecidos, que possam beneficiar os que os
irradiam.
– Mas, como irradiar,
e assim, vibrar, verdadeiramente, se vós, e quando digo vós, digo todos os
sectários que se dizem espiritualistas, não sabeis o que é a força em si,
partícula da Inteligência Universal, fonte, origem dos pensamentos humanos?
Não possuindo esse
conhecimento certo e seguro, filho de constantes estudos bem raciocinados, de
experiências feitas nos laboratórios psíquicos do Racionalismo Cristão,
ignorando o que seja o pensamento e como ele se irradia a qualquer dos
elementos da vida, que residem fora de nós e a nós vêm, conforme a nossa
vontade, que preces são essas, que força irradiativa podem elas possuir, se a
alma, da qual são vibrações os pensamentos, tudo ignora, inclusive o que ela
própria seja?
Como podes tu, meu
Gustavo, ou quem quer que seja, montar o cabo tormentório da
vida física e entrar no mar do entendimento, da sabedoria constituída pela
Inteligência Universal, e assim, religar-te às Esferas Superiores, donde emanam
a Verdade e o bem para todas as almas, se teu barco é frágil, os marinheiros
são pastores serranos e, portanto, bisonhos, sem roteiro certo e instrumentos
próprios de marear nesse mar revolto da vida?
Ignoras que para
Afonso IV, o Bravo, de Portugal, poder descobrir o Brasil em 1343, teve de
instruir marinheiros nas pequenas Escolas criadas por D. Dinis, servidas por
mestres, como os Adornos, os Peçanhas, os Perestrelos e outros, mandados vir
das Escolas do Mediterrâneo, de Veneza, rainha do Adriático, de Pisa e de
Gênova?
Ignoras, também que,
para montar o Cabo Tormentório, hoje denominado de “Boa Esperança”, e passar à
Índia (terra do Prestes João), como era tão conhecido esse antigo e riquíssimo
país, fundou o Infante D. Henrique a importante Escola de Sagres, bem no
promontório desse nome, da qual saíram os grandes da Guiné, dos Açores, de Cabo
Verde, da lindíssima Madeira, das terras, enfim, da Ásia, da África e Oceania?
Como, pois, queres tu,
meu Gustavo, caminhar, cruzar esse mar tormentoso da vida real, sem estudá-lo
primeiro, profundamente, para fazer nele navegação certa e segura?
Como queres tu entrar
no mundo moral e ancorar em porto seguro da vida real, que só é aquela que se
vive fora do mundo físico, se desconheces o caminho para ele e a irradiação e o
seu valor?
Não te iludas, meu
Gustavo, com o mexer dos lábios e revirar de olhos. Isso pertence ao homem
físico, pura matéria, e não prova sentimentos e conhecimentos elevados, mas
simplesmente maneiras de estar na Terra e de praticar as mentiras convencionais
para se iludirem uns aos outros e a si próprios.
Assim, a tal música
devocional, que absolutamente e pelo mesmo motivo acima exarado, nada
significa, não tem valor algum, nada aproveita a quem a faz e a quem a ouve,
porque não prepara o ser para a luta, visto ser esta a única que purifica as
almas e as faz ascender mais rapidamente à luz, ao Grande Foco, do qual fazemos
parte.
É claro que a música é
agradável a todos os viventes, mas não os auxilia a progredir nem lhes dá
esclarecimentos sobre a vida real de cada ser. Forma a música, qualquer que ela
seja, um ambiente ameno, algo branco, e assim, diáfano, mas nada mais, e é de
pouca duração. Após esse estado de vibrações musicais, fica o ser na mesma
ignorância e capaz de trucidar ou matar mesmo qualquer ser humano que contrarie
os seus sentimentos caprino-bodéficos,
e assim, de ciúme, egoísmo, inveja e vaidade, sentimentos inferiores que a
música não remodela nem alija dos seres.
Para que serve, pois,
tal tocar e cantarolar, tal musicar devocionalmente,
como tu dizes? Para iludir as pobres almas que te procuram para conhecer a
Verdade, e assim, a maneira de lutar e vencer na vida?
XLI
Depois do que ficou
exarado nas minhas duas últimas cartas, dizes tu ainda, meu Gustavo, no teu
avulso:
“Além da
colaboração dos espíritas, conta a Cruzada com a coadjuvação dos teosofistas,
esoteristas, ocultistas e quantos estejam convencidos de que a base de toda a
evolução espiritual reside no espírito da mais larga tolerância e
conseqüentemente da mais ampla fraternidade”.
Não dizes, porém, meu
Gustavo, em que consiste essa coadjuvação, se a dos espíritas ou dos
teosofistas, esoteristas etc. etc. E não o dizes porque nada de verdade, de
real sobre a alma e seus deveres sabem esses sectários e muitos outros que se
rotulam de espiritualistas.
Que sabem os tais
“espíritas” a que te referes, que nada mais são do que instrumentos conscientes
ou inconscientes, teóricos ou práticos da magia negra?
Absolutamente nada.
Disso, meu Gustavo, és tu bem ciente, bem convicto, porque, como frade velho,
és perfeito conhecedor das imensas manhas da humanidade, especialmente da
requintada velhacaria da maioria dos que se dizem, espíritas e espiritualistas.
Tens horror ao
isolamento e procuras, por isso, acender uma vela ao tal pai celestial e
outra ao capeta, que, fora da Bahia, se denomina diabo, com guampas, rabo e
pés-de-cabra, conforme o inventamos nos tempos idos, nas encarnações
anteriores, em que fradeando essas vidas passadas, era nosso desejo ardente
fabricar cretinos, para mais facilmente dominarmos em toda linha e levarmos
vida folgada entre almas nossas, mui prestimosas, mui quituteiras, abadessas e
freirinhas, “esposas de Cristo”, e por vezes, não poucas, dos pregadores dos
tais Evangelhos atribuídos a esse valoroso e grande espírito.
Farto estou de
observar que hábitos velhos, especialmente os que dão prazer à vida inferior e
na carne produzem sensações agradáveis, embora momentâneas, hábitos de
escravizar mulheres bonitas aos desejos intemperados, as coisas que denomino de
garanhices, farto de saber que tais hábitos que o ser humano vem praticando,
desde a sua primeira encarnação, constituem uma segunda natureza, como
vulgarmente se diz, ou uma vida inferior dominante, que somente com grande
trabalho se pode, pouco a pouco, corrigir.
E daí é que resulta a
tal afirmativa de que a natureza não dá saltos, porque a partícula da Força que
organiza, incita e movimenta o corpo humano que lhe serve para estar no mundo
físico, indolente e quase querendo imitar as forças graníticas, tendo o seu
livre-arbítrio, sente-se melhor assim animalizada do que lutadora, para tudo
vencer na vida real.
Desse mal, meu
Gustavo, sofri eu até aos cinqüenta anos desta encarnação; sofres tu, ainda,
velho companheiro, e sofre a humanidade em geral, porque os espíritos, até
certas categorias, tendem todos para o menor esforço e mais fácil viver.
A tal ponto vão os
adeptos do “menor esforço”, meu Gustavo, que o Dr. Martim Francisco mencionou,
num dos seus profundos e alegres escritos, o fato de um vulto político do seu
conhecimento ser tão republicano da época e tão épico do “menor esforço”, que
conseguiu casar com uma viúva que já trazia consigo “doze filhos” feitos.
Adeptos, pois, tu, meu
Gustavo, da lei do menor esforço, desde a primeira encarnação, não queres,
nesta, mudar de ideias nem de rumo, e assim continuas a fradear o caso da vida
atual que devia ser toda repleta de lutas bem raciocinadas, e assim, da
explanação da Verdade, que nós sempre conservamos escondida, como luz que é.
Assim sendo, que
coadjuvação é essa dos sectários que nada sabem da vida real e provam ser
adeptos da lei do menor esforço, a tal ponto, que nem para procriarem, real e
naturalmente, têm coragem, tanto que procuram casar com viúvas que já tenham
filhos, segundo narrou esse Andrade, da minha mais alta consideração e real
estima, a quem acima me referi?
A seguir, meu Gustavo,
serei mais claro sobre esta parte da reforma da tua Cruzada, e assim, mais
amplamente explanarei o grave erro que estás praticando com a tua tolerância de
falso espiritualismo e dos vícios do mesmo, e assim, tolerante de crimes que a
verdade manda lembrar, castigar e não tolerar.
Muito teu,
XLI I
Dizes tu, Gustavo, que
a base de toda a evolução espiritual reside no espírito da mais larga
tolerância, quando é justamente o contrário.
Assim pensando e
agindo, imitas os praticantes da magia negra
que se fazem passar por espíritas, para mais à vontade praticarem toda sorte de
patifarias, e afirmam e espalham por toda parte “que não se deve julgar,
condenar, nem castigar ninguém”.
Confirmando tu essa
tremenda miséria e tornando-a como base do “progresso espiritual”, tornas-te um
criminoso contra os desejos do teu espírito, principalmente quando o teu
proceder na vida que vives em nada se parece com o dessa gente,.
A mais larga
tolerância, quer dizer confundir-se o tolerante com todos os prevaricadores,
com todos os patifes, com todos os elementos deletérios da Sociedade que,
propositalmente, nela vivem praticando crimes, dissolvendo os bons costumes e a
tudo e a todos procurando corromper.
Será isso que manda a
Verdade que na Terra foi explanada por um grande espírito que na Índia se
chamou Krishna; no Egito, Hermes; na Grécia, Platão; na China, Confúcio; e na Judeia, Jesus? Não, absolutamente não! Mentem todos que tal torpeza lhe
atribuem.
Se Jesus tivesse sido
um ser tolerante, não pregaria a Verdade tão denodadamente como o fez, e seria
querido ou tolerado pelos escribas, pelos eruditos, pelos nobres e pela seita
judaica, como o era pelo povo; que o ouvia e dele recebia a amenização para as
obsessões que adultos e crianças sofriam.
Como, pois, afirmais
vós, espiritualistas, a maior das inverdades e dos crimes atribuídos a Jesus,
quando todos os espíritos da sua categoria e, portanto, honrados, sempre
afirmaram que o maior mal da humanidade é a ignorância, e que somente a
explanação e prática da Verdade poderia libertá-la desse grande mal, e torná-la
relativamente feliz neste mundo de torturas?
Se Jesus e todos os
espíritos evoluídos tinham a certeza que a Verdade verdadeira queima, tortura,
esmaga a alma do convencionalista, do intrujão, qualquer que seja a sua
categoria, e se afirmam que só é honrado, só é útil, só é benéfico a si e ao
seu semelhante o que a explana e pratica, doa a quem doer, como é que tu, que
te dizes seu discípulo, afirmas o contrário e te irmanas com a intrujice, com
as mentiras convencionais, quando é certo que de fato a mentira é o maior de
todos os crimes e é ela que tem retardado o progresso da humanidade?
Para que, pois, os
tais missionários, os tais apostólicos, os tais que se dizem cristãos, se a
mentira tem adoradores e em vez de elevarem templos à virtude, os elevam ao vício,
e deles fazem a sua vida deliciosa e única?
Para que, pois,
procuras tu, meu Gustavo, fazer do teu lar um santuário, dando à tua prole
exemplos dignificadores, se achas defensáveis a prostituição, a prevaricação, a
vilania, a ponto de as tolerares, incondicionalmente, e com elas te irmanares,
como dizes?
Por hoje é só isto,
meu Gustavo, visto que esta parte do teu programa dá pano para mangas.
Sempre muito teu,
XLIII
Como é que a mais
larga tolerância a que te referes pode concorrer para o adiantamento do
espírito e mais ampla fraternidade, se só a Verdade explanada e praticada é que
liberta o espírito das garras da ignorância em que vive e o impede de ser
sedutor de lares e, portanto, ladrão do que, na vida terrena, há de mais
precioso, como seja um lar-abrigo das almas que precisam depurar-se e que, pela
prática das suas virtudes; devem concorrer para melhorá-las, uma vez que estão
em depuração neste planeta?
Se é certo que todo
ser humano, embora somente materialmente honrado, e que tem em seu espírito
gravada a noção de higiene mental, procura afastar-se dos prevaricadores, dos
corruptos, dos venais, porque a sua alma se sente mal junto de tal gente, como
é que tu persistes nesse erro, atribuído a Jesus, o mais valoroso, ponderado e
justiceiro dos espíritos que vieram encarnar neste planeta torturante?
Se os homens organizam
códigos e leis pai reprimir os abusos e a animalidade dos seres obrigando-os a
uma compostura cristã e racional, tanto quanto lhes seja possível, como é que
tu, que és o que já tenho dito, mais de uma vez, um homem que cheira a lavado,
e assim, digno de viver entre gente civilizada, aceitas a tal tolerância de
torpezas e vilanias contrárias às leis naturais, às leis do progresso dos
seres, contrárias, inclusive, às leis dos homens, feitas para o relativo
bem-estar social?
Como isto é triste
para minha alma, principalmente por ser dito por ti, assim como quem diz o que
sente e sente o que diz, quando tudo é contrário ao desejo da tua alma, que já
sabe que a mentira é o maior de todos os crimes, e que dizê-la ou praticá-la
torna todo ser humano o mais inferior dos viventes e até indigno de viver,
porque de tal só é digno quem sabe lutar por causas justas que tenham por base
a Verdade, e, assim, o bem geral da humanidade.
Tens, bem sei, o teu
livre-arbítrio, e pela sua prática te tornas o único responsável pelos atos que
praticas; mas quando se é esclarecido, não se pode ver o estacionamento de uma
alma, o aumento de manchas, em virtude desse livre-arbítrio, sem que a nossa
tenha tristeza profunda e chegue mesmo a chorar pela grande desgraça dessa a
quem amamos verdadeiramente.
Por assim ser, meu
Gustavo, é que me tens aqui a explanar a Verdade, em todos os tons que os seres
de boa-vontade aceitam. E, como eles, deves também aceitá-la tu. Liberta-te,
pois, dessa indolência mental que tanto te fará sofrer nesse além grandioso e
belo onde, como tribunal e juiz de ti próprio, te vais condenar ao sacrifício
de nova encarnação em condições tristíssimas, como acontece com todos os que
abusam da felicidade atual, olvidando-se da Verdade e, assim, da felicidade
espiritual.
Até breve, meu
Gustavo, e aceita o meu abraço saudoso, por ser, como sempre, o muito teu,
XLIV
Deves ter
notado a falta das minhas cartas e até pensado que elas não continuariam.
Natural essa falha, meu Gustavo. Uma perturbação cardíaca obrigou-me a partir,
no dia 28 de novembro, para as portas da eternidade, que me não foram abertas
por determinação de São Pedro, nosso camarada e amigo velho. De lá voltei, há
dias, muito contrariado, pois me parecia que já era tempo de deixar este
alambique depurador de almas. Fui de aeroplano, mas tive de voltar em carro de
bois, por ser essa a condução que São Pedro fornece aos apressados em bater-lhe
à porta, que guarda com muito carinho.
Aqui me tens,
ainda, por mais um tempinho, para dar “prazer” a todos os que tu denominas
espiritualistas, entre os quais reina a “mais ampla fraternidade”, como tu
afirmas na tua Cruzada, e que gostam tanto de mim e dos meus produtos
psíquicos, como gostam das próprias tripas, quando fora da barriga.
Perguntando a
São Pedro (o legítimo, o autêntico, calvo e barbudo, que antes de o ser se
chamou Cícero, na sua bela Roma tribunícia, e não o que está encarnado no
“nosso compadre” Leopoldo Cirne, como ele e o esbelto compadre seu Inácio
afirmam por toda parte), por quanto tempo ainda teria de quedar-me neste
terrível ambiente de animalizados, que tu denominas espiritualistas de todas as
cores e feitios; respondeu-me o boníssimo mordomo do céu, o maioral daquela
célebre corte que nós inventamos, no correr de encarnações diversas, para mais
facilmente dominarmos os papalvos e o belo sexo, fregueses dos nossos
confessionários, que quando eu houvesse fechado, com lucro, o balanço da casa
verdadeiramente espiritualista, que é o Centro Redentor, me daria licença para
entrar lá no céu e assentar-me ao lado direito de Deus, fazendo parte do
grupo dos que bem cumprem o seu dever.
Esse grupo,
que aqui se denominaria Ameno Resedá, Mimosas Cravinas ou ainda Flor do Abacate,
ou mesmo Chuveiro de Prata, não aceita, em seu seio espiritualista, algum cá
desta taverna infecta, que denominam Terra, por serem todos de má catadura e
terem o perdão, o amor e a fraternidade nos lábios, e a mentira, a animalidade
e todas as perversidades na alma, que eles desconhecem em absoluto.
Já vês, pois,
que é um Grupo limpo, “supimpa”, como cá dizem; e ninguém entre os que o
compõem, usa bigode pontudo (assim como o dos antigos guitas, soldados de
polícia da Líbia amada), como os do nosso inolvidável Inácio, de Botafogo, que
revira os olhos para o alto à procura do tal pai celestial, como o compadre Cirne,
para mais facilmente passar por apóstolo, por missionário, enviado do dito pai
celestial.
Lá, porque tudo fia
mais fino, a gente dessa espiritualidade é mandada por São Pedro, para as
“Pedras Negras” dos praticantes da magia negra.
Toma, pois, cuidado,
meu Gustavo, porque quem assim te fala é porque deseja a tua desligação mental
desse pessoal da lira, que tu denominas espiritualista, e que não passa de
inferior materialista, desses que da moral, e assim, da Verdade, não têm a
menor noção.
Na carta a seguir
tratarei do que tu chamas “escolas espiritualistas” e “sobre a aceitação da
verdade da reencarnação, a eficácia da prece, a comunicação dos espíritos”,
preparo exigido por ti para ser tomada a sério qualquer criatura que
labialmente afirme “crer” nessas lérias.
Por hoje, basta. Muito
teu,
XLV
“Desde que todas as
escolas espiritualistas aceitem a verdade da reencarnação, a eficácia da prece
e a comunicação dos espíritos não têm nenhuma divergência essencial e cabem
perfeitamente dentro dos moldes da Cruzada Espiritualista”, dizes tu, no teu
manifesto último, quando tratas da mudança do nome da tua Cruzada.
Tudo o que aí fica,
meu Gustavo, está errado:
1) Porque, não podendo
haver efeito sem causa, não podem existir escolas espiritualistas, porque
nenhuma das seitas existentes sabe o que são a “Força em si e a Matéria em si”,
os dois únicos elementos de que se compõe o Universo.
Assim ignorantes, os
sectários de todas as seitas não sabem o que é o espírito ligado ao corpo e
fora deste, e quais os seus deveres.
Aí tens tu o primeiro
erro teu, do qual derivam os outros.
2) Como podem tais
espiritualistas de fancaria aceitar a verdade da reencarnação, se são uns
perfeitos ignorantes do que seja o espírito e, assim, eles próprios como Força
inteligente, o Universo em miniatura, portanto?
Nas mesmas condições
estão as tais “preces” e as comunicações dos espíritos.
A prece (irradiação)
só tem valor quando é sentida e vibrada verdadeiramente, atingindo a partícula
de Força Superior, à qual se liga, em virtude desse sentir, dessa vibração da
alma. Logo, tais “preces” são simplesmente labiais, porque a ignorância não
permite que quem as faz irradie aos planos superiores e, assim, se ligue às
forças benéficas da natureza, cuja existência ignoram e nelas falam por ouvir
dizer e para acompanhar o “terço”, como vulgarmente se diz.
A comunicação dos
espíritos é o maior dos crimes que tais espiritualistas de fancaria praticam,
levando a obsessão, a loucura, a ruína, aos lares, a todos os que a tais
práticas se entregam, sem o conhecimento certo e seguro do que seja o espírito
humano – o elemento mais perigoso que existe quando, desencarnado, se queda na
atmosfera da Terra.
É esse o maior dos
males da humanidade, dos que aceitam os tais espíritos ou com eles confabulam
nas tais sessões, ditas espíritas.
Como vês, meu Gustavo,
fica assim destruída essa tua maneira de julgar e aceitar espiritualistas que
não existem, para o teu grêmio.
Palavras, e muitas,
têm inventado todos os que mais julgam saber para intrujar a humanidade e
conservá-la na ignorância em que vive, para melhor e mais facilmente a
explorar.
Tu, meu Gustavo, não
tens coragem para romper com as mentiras convencionais e vais mesmo, contra a
vontade da tua alma, aceitando essas palavras sem significação, que só males
produzem aos que de boa-fé nelas acreditam (ou as tomam a sério) e julgam
praticá-las.
Que Inácio, Cirne,
Vianinha, Figner e outros assim procedam, vá, porque tais criaturas não podem
ir mais além no saber e sentir; mas tu, que, socialmente falando, tens outro
porte, que és frade velho e conhecedor, portanto, de todo o beatério feminino e
masculino e de todas as tratantadas dos que, em nome de Deus,
de santos
e santas
e da corte
celestial diariamente praticam, tu, meu Gustavo, está cavando a tua
ruína espiritual, porque muito te foi dado em inteligência
para poderes raciocinar, bem pensar, portanto, bem agires.
Vê, pois, se alijas de
ti essa tremenda bagagem fradesca da máxima tolerância e
da mentira, que é o maior de todos os crimes; procura arranjar ânimo forte para
mandares todas esses escolas de mentiras, esse espiritualismo para o inferno,
que, no teu caso, são as pedras
negras dos feiticeiros que se dizem “espíritas” e outros. Procura
conhecer-te de verdade como Força, partícula da Inteligência Universal, para
assim aproveitares esta encarnação e mais progredires, portanto.
Pensa bem no que aí
fica, procura raciocinar com acerto para tua felicidade, que é o que te deseja
o sempre muito teu.