O homem que sabe servir-se da pena, que pode publicar o que escreve e que não diz a seus compatriotas o que entende ser a verdade, deixa de cumprir um dever, comete o crime de covardia, é mau cidadão. Por Júlio Ribeiro.

Energia Programada - A mecânica do perispírito



ÍNDICE

Prefácio da quarta edição. 6
Introdução. 8
1. A base. 10
2. O que somos?. 10
Somos um redemoinho com ilusão de forma. 11
Um corpo mais tênue. 11
3. A comprovação moderna do perispírito. 11
Provas mais distanciadas. 12
As provas fotográficas. 12
Os egípcios já o citavam.. 13
4. Matéria ou energia?. 14
Um tecido fluídico preenche o Universo. 14
As combinações dos átomos. 15
5. Sementes da inteligência. 16
Inteligências maiores envolvendo inteligências menores. 16
6. Os computadores. 17
Nas células e no ADN um exemplo. 18
7. Energia programada. 19
O artigo. 19
Nossas tendências. 20
8. O automatismo da vida vegetativa. 20
A ação mecânica nos órgãos de nutrição. 21
9. O corpo astral e a evolução das espécies. 23
O processo é astral 23
A transformação das espécies. 25
10. Dos animais à concepção dos computadores. 25
Exemplos patentes. 26
Cumprem o que lhes exige a necessidade essencial 26
O grande laboratório ou usina programadora. 27
11. A força do instinto ainda no homem.. 28
O processo vem conduzindo o progresso da humanidade. 29
Sempre em busca do aperfeiçoamento da Vida. 29
12. No fundo de tudo, o Espírito. 30
A relação Macro/Micro. 30
Não poderão existir outros tipos de átomos?. 31
As moléculas retêm e transportam conteúdos da memória. 31
Um acumulador potente. 32
Olhemos as crianças. 33
13. Recondução dos impulsos. 33
Para cada espírito um estilo de treinamento. 33
O poder da concentração. 34
A importância da paz interior. 34
Na imaginação o forte poder de modificação. 35
O processo. 36
14. Disciplina na conduta. 37
Um extenso corredor que nos dá forma. 37
Conclusão. 39
Resumo
. 40
JOSÉ MARIA BRAGA DE AMORIM

ENERGIA PROGRAMADA

A mecânica do perispírito

 O perispírito explicado por informações combinadas

 4a- edição

Este opúsculo foi escrito
para a geração a que pertencem meus filhos.

 Como uma homenagem a LUIZ DE MATOS e JACOB DOS SANTOS PINTO.
  
E os agradecimentos a Mundinha e Diloca
pelo apoio.

Prefácio da quarta edição

Humberto Rodrigues

Desde há muito tivemos a grande honra de receber um convite do ilustre Autor de Energia Programada, para que prefaciássemos a sua obra, numa de suas edições posteriores à primeira.
Sucedem‑se a segunda e a terceira edições e o prefácio não surgiu.
Premido e envolvido pelo imensamente absorvente expediente da Presidência do RACIONALISMO CRISTÃO, na Casa Chefe, fomos adiando a elaboração do solicitado prefácio, que chegou a ser esboçado, mas não concluído, por absoluta carência de tempo disponível.
Mas eis que, na oportunidade do lançamento da 4ª edição, conseguimos encontrar a almejada disponibilidade de tempo, e assim sendo, ao ensejo dessa edição, desincumbimo‑nos de tão grata tarefa com justificado júbilo espiritual.
Fazemos este pequeno intróito objetivando enfatizar nosso sensibiliza­do agradecimento pela extremada consideração do renomado Autor de Energia Programada, preferindo optar pela ausência de prefácio sob o respaldo de uma paciente expectativa perante um prefaciante calcado em contumazes adiamentos.

Passando às considerações sobre a obra que ora prefaciamos, dir‑se‑ia que o livro Energia Programada ¾ título de rara felicidade no que concerne ao seu perfeito enquadramento ao tema desdobrado ¾ significa um advento literário, no âmbito da Doutrina Racionalista Cristã, que marca justamente a sua fase na qual se esboçam os primeiros albores de uma autenticidade evolucionista consubstanciada nas mutações positivas próprias das épocas que envolvem a civilização terrena.
RACIONALISMO CRISTÃO, Doutrina filosófico‑espiritualista, surgida em 1910, em Santos ‑ São Paulo, codificada por Luiz José de Mattos e consolidada com Antonio do Nascimento Cottas, caracteriza‑se pela sua tendência visceralmente refratária às posições estáticas e concepções dogmáticas.
Evidentemente, ela é intangível, intocável e irreformável no que tange aos seus postulados espiritualistas fundamentais respaldados em princípios que se alicerçam em Leis Naturais e Imutáveis que regem o Universo.
Todavia, quanto à prática disciplinar ou à sistemática norteadora da maneira de ser exercida, ela é inquestionavelmente evolucionária, inclusive, no que concerne à adaptação às diferentes épocas, na medida em que essa adaptação seja admissível dentro dos altos padrões de racionalidade e de elevada sutileza que distinguem essa Doutrina espiritualizadora, não podendo ser nela admitido em hipótese alguma um posicionamento em que se con­funda “evolução autêntica” com o “modismo irracional”.
Assim sendo, mediante tal concepção evolutiva de elevados parâmetros, não podemos esquecer que nos situamos atualmente na época da computadorização e da informática.
E qual será a posição da filosofia doutrinária do RACIONALISMO CRISTAO perante tal evidência?
Dir‑se‑á que esse assunto engloba conotações de natureza puramente material, nada tendo a ver com o organismo ou psiquismo humano.
Realmente, o computador é uma máquina constituída por componentes puramente materiais diferentes daqueles que compõem a máquina orgânica e a sua estrutura psíquica.
Acontece, todavia, que o sistema de ação de ambos se assemelha curiosamente, se analisarmos, separadamente, um dos fatores intrínsecos do ser humano que recebe várias denominações dos pesquisadores estudiosos, como por exemplo, “corpo astral”, “perispírito”, “corpo ou fluido mesmérico” (esta denominação em homenagem ao grande pesquisador Mesmer), etc.
Esses pesquisadores do passado e do presente, em sua maioria ¾, não dìzemos em sua totalidade porque ainda existem os materialistas teimosos ¾, admitem a tradicional divisão do ser humano nas três partes fundamentais:
‑ Corpo orgânico ‑ (matéria condensada, visível e palpável)
‑ Corpo Astral ou perispírito ‑ (matéria fluídica, diafanizada, invisível, pertencente diretamente ao espírito, só visível aos médiuns videntes ou detectável por máquinas especializadas como as de Kirlian, etc.)
‑ Espírito ou alma ‑ (elemento inteligente, imponderável, imaterial, partícula da Inteligência Universal, que incita e movimenta os organismos vivos, inclusive no ser humano como se fora a consciência cósmica individualizada ou personalizada).
Objetivando o embasamento da tese do Energia Programada temos a considerar apenas uma das três partes fundamentais citadas: o corpo astral ou perispírito.
Os pesquisadores honestos e bem‑intencionados, sem preconceitos materialistas ou religiosos, através da detectação do ectoplasma por fotografias especializadas, bem como por extensa fenomenologia espirítica, estão convencidos da realidade desse corpo Astral a serviço do espírito, funcionando como repositório de um monumental arquivo de toda a trajetória evolutiva desse mesmo espírito, alicerçando‑se numa sistemática “programada” assemelhada à programação aplicada na vida material através dos modernos computadores.
Assim sendo, poder‑se‑ia afirmar que o corpo Astral, representa para o espírito, no campo fluídico, o mesmo que o computador para o ser humano no campo material, verificando‑se em ambos os campos uma programação idealizada para sistematização das atividades que lhes são inerentes.

Eis em síntese, a tese brilhantemente defendida e fundamentada pelo digno jornalista e escritor José Maria Braga de Amorim em sua alentada obra Energia Programada.
Em suma, é a “energia programada” do espírito em seu “computador fluídico”, ou seja, o seu “corpo Astral”. O tema é abrangente em divagações metafísicas de grande profundidade, envolvendo essencialmente a lógica dedutiva nos meandros da filosofia espirítica.
O notável Pierre Teillard de Chardin proclamava que a interpretação do Universo só pode ser satisfatória se considerarmos o interior e o exterior das coisas, ou seja, o espírito assim como a matéria.
Portanto, o espírito como interioridade e a matéria como exteriorização.
E o espírito, na sua interioridade, possui um magistral computador fluídico que é o corpo Astral ou perispírito. Tudo isso englobando uma sis­temática que segue sua trajetória no sentido do infinito. Mas, que infinito? A percepção exata desse infinito, nas limitações do gênero humano, esboroa­-se a dilui‑se na sensação indefinida do incomensurável.
Mas, seja lá como for a conceituação do infinito, a grande verdade é que os estudiosos modernos e bem‑intencionados já admitem a aplicação dos princípios da eletrônica e do computador nas suas teses espiríticas.
Os grandes inventores e descobridores de teses novas e inéditas na História Universal tiveram sempre que usar um fator preponderante da personalidade forte: a “Ousadia”.
É a “Ousadia”, por exemplo, dos desbravadores, como o casal Kirlian,
lançando em 1939 as bases da fotografia que detecta a luminescência invisível que envolve os organismos vivos, fato esse que já naquela época não constituía novidade, porquanto, no século XIX, o grande médico francês Dr. Baraduc, outro grande “ousado”, encetava estudos sobre a Aura humana que permitem enquadrá‑lo numa posição de verdadeiro precursor da fotografia Kirliana.
Temos ouvido várias vezes o ilustre autor de Energia Programada proclamar que se sentiu significativamente inspirado em Felino Alves de Jesus através de seu livro Trajetória Evolutiva.
De fato, Felino escreveu a sua Trajetória Evolutiva mediante um desdobramento filosófico‑científico do RACIONALISMO CRISTÃO consideravelmente “ousado” para o seu tempo. E José Amorim também demonstra essa “ousadia”; a “ousadia” da tese exposta no seu Energia Programada.
As figuras exponenciais da História da humanidade tornaram‑se imortais porque sempre souberam “ousar”!
É a “ousadia” no bom sentido!
Ela aí está, através de Energia Programada, à disposição do leitor inteligente, perscrutador, estudioso e pesquisador, para tirar as suas conclusões e constatar finalmente, que o RACIONALISMO CRISTÃO, como Doutrina espiritualista evolucionária por excelência, saberá sempre se amoldar às exigências evolutivas próprias de cada época, embora sem nunca se afastar dos seus princípios fundamentais e jamais aderindo à “falsa evolução” ou “modismo irracional”.
Esperamos que a despretensiosa síntese analítica deste prefaciante, concernentemente ao ensaio filosófico do Energia Programada, permita, como subsídio, a verdadeira conceituação de tão importante obra que patenteia os méritos intelectuais e espirituais do racionalista José Maria Braga de Amorim, cuja “ousadia” contribuirá para que o leitor vislumbre o exato sentido evolucionário da Doutrina Racionalista Cristã em sua adaptação à modernidade da era da computadorização.

Introdução

Uma das mais claras e simples explicações da lei de causas e efeitos deu-a JESUS através da conhecidíssima parábola do Semeador. Ela correspondia ao entendimento dos homens da época, quando era mais fácil assimilar a idéia de que “colhemos sempre o que plantamos”.
Quem naquele tempo dissesse que nosso “corpo astral” assemelha-se a uma imensa máquina eletrônica onde se vai estabelecendo a programação do nosso futuro, por certo seria tido como louco. Naquele tempo nada, ou quase nada, sabiam sobre o “corpo astral” da maneira como entendemos hoje, e ainda não existia o computador.
O computador, no nosso entender, dá a idéia melhor de como opera a lei de causas e efeitos, em virtude do que consideramos que fomos de rara felicidade ao efetuarmos tal associação de idéias.
Por outro lado, “Energia Programada” não deixa de ser mais uma tentativa procurando elevar o ser humano do materialismo brutal para o espiritualismo real, através do perfeito conhecimento de mecânica do “corpo astral” e sua ação sobre o corpo físico.
Um dia disseram a CONFÚCIO que todo esforço que se faz visando melhorar a espécie humana é em vão, porque o homem é, ainda, profundamente egoísta. O sábio oriental, após meditar profundamente, retrucou que então deveríamos conduzir os homens à prática de um egoísmo inteligente, indicando em seguida a fórmula: não fazermos aos outros o que não queremos que nos façam.
Achamos, de igual modo, que para conduzir o ser humano ao legítimo espiritualismo, é necessário, primeiro, levá-lo ao conhecimento real do “corpo astral”, forma real mais tênue, mais duradoura. Quer dizer: do materialismo grosseiro em que vivemos, deveremos passar ao materialismo fluídico, astral, mais perene, pois, presos que ainda estamos à materialidade, só iremos compreender exatamente o espírito se, antes compreendermos o perispírito, para evitarmos, pelo menos, a confusão que alguns setores fazem entre espírito e perispírito, e semearmos, neste, as bases do verdadeiro espiritualismo, que hoje, forçosamente, há de ser científico. Os tempos vão mudando e, com eles, a compreensão humana. O modo de viver do homem dos nossos dias, assim distanciado e distanciando-se cada vez mais do espiritual, talvez se justifique pela repulsa inconsciente ao aspecto profundamente místico com que explicam o Ser Real. No fundo de cada um existe a lógica, a razão pura, onde só assenta de fato aquilo que combine com sua essência. Não há porque teimar no erro milenar ¾ os espíritos (e com os espíritos, a lógica) amadurecem, posto que os tempos são chegados.
Eis porque nossa tentativa vai nesse rumo; eis porque falamos muito em “perispírito”, que acreditamos poderá vir a ser um dia dissecado cientificamente tal qual o é hoje o corpo físico.
A verdade é que não está mais longe o tempo em que a Ciência poderá estudar esse corpo tênue com a mesma minúcia com que disseca o corpo físico. Já começa mesmo a generalizar-se, entre os cientistas da atualidade, o conceito de que a maioria das doenças e males, antes de atingir nosso físico, estava alojada no “astral”. Começam também a definir a via que os conduzirá a ele.
Pouca gente, hoje em dia, duvida já da realidade do “perispírito" depois que cientistas de ilibada conceituação, através de seus estudos e pesquisas, confirmaram sua existência, não só com o testemunho de suas palavras irrefutáveis, como através da fotografia, em que se pode ver a resplandecência desse outro corpo, emanante de todos os corpos sólidos, dos minerais, dos vegetais e dos animais.
Cremos, assim, que a penetração da Ciência no “corpo astral”, pelo método objetivo que ela usa, não será difícil. Na verdade, o nosso corpo físico é como o próprio mundo Terra, em cuja composição a matéria vai desde o mineral bruto, as rochas, as pedras, até os rios e oceanos, que com a ação do calor, se tornam gasosos, alimentando aquela camada fluídica que envolve o planeta e o liga aos demais planetas do Sistema Solar.
O corpo humano também possui, ele mesmo, todos os estágios da matéria deste mundo, do mais denso, compacto, como os ossos, os dentes, as unhas, ao mais fino, neste caso os nervos, que, dentro de sua própria composição de neurônios, possuem estágios que chegam ao gasoso, e será neste ponto que alcançaremos o fluídico, usando aparelhos eletrônicos de que já se serve a Ciência.
Escrevemos este opúsculo levando em conta que o homem moderno, no pouco tempo que tem para destinar à leitura, vem largando de lado os compêndios maçudos, os textos compactos, optando, assim, pelas informações e conceitos mais rápidos, concisos, resumidos. A Televisão e o Rádio criaram novo comportamento naqueles que, atualmente, buscam conhecimentos.
Este opúsculo leva em consideração tal característica: é simples na linguagem e está dividido em pequenos textos que, largados neste momento por qualquer contingência da vida moderna, poderão ser reiniciados noutra ocasião, sem mutilar o sentido da leitura.
A idéia central está revestida de inumeráveis informações colhidas nos autores mais representativos; por si só dispensariam tais informações o tema do autor, que nada mais é que a Lei de Causas e Efeitos, como já se deu a entender, explicada em linguagem e configurações modernas, de fácil assimilação pela mente do homem que, à beira do século XXI, sente já confundir-se com as máquinas e os robôs, ponto em que se tornam oportunas as explicações pretendidas pelo autor neste “Energia Programada”, principalmente para que se compreenda que o homem será apenas esse robô enquanto viver preso aos instintos.
As informações são abundantes no início deste opúsculo, reforçando o tema central, que começa a delinear-se a partir de alguns capítulos e a relação dos autores, todos de doutrinas as mais diferentes, justifica a pretensão de universalidade do livro cujo autor não pretende fazer escola nem prosélitos, uma vez que livre de qualquer peia deve ser quem assume a responsabilidade de levar aos demais a Verdade, mesmo porque uma doutrina só será verdadeira se puder ser medida pela liberdade que conceder para que se faça a pesquisa do real.
E o autor, repórter que um dia foi, também nada mais pretende além de poder continuar com o ofício de bem informar sua geração, sua humanidade.
Esta, pois, a pequena contribuição dele ao grande esforço que há milênios vem sendo feito, no campo do psiquismo, com vistas a um melhor entendimento da Vida.

1. A base

 O jornal A RAZÃO, porta-voz da doutrina Racionalismo Cristão, com o qual colaboramos como jornalista que fomos, publicou em sua edição de 19 de fevereiro de 1978 um artigo de nossa autoria intitulado “Energia Programada”, no qual nós comparamos nosso “corpo astral” (perispírito) a um imenso computador, um potente campo de força que vem sendo trabalhado por cada um de nós desde os primeiros momentos de nossa vida latejante. É como se estivéssemos diante de uma colossal máquina eletrônica, da qual somos os operadores e a ela estamos indissoluvelmente ligados por mil e um filetes elétricos, através dos quais vamos estabelecendo uma programação automática por efeito de nossos pensamentos, sentimentos e atos.
Os pensamentos, sentimentos e atos é que vão estabelecendo a programação. Os impulsos que estamos tendo neste momento têm por base os impulsos de ontem, e os de hoje programam os de amanhã, sempre em proporções crescentes. Os nossos atos deixam em nosso perispírito uma espécie de sulcos que atuam como molas impulsionadoras. Nossos impulsos têm por base essas supostas molas. Conforme a qualidade de nossos pensamentos, sentimentos e atos, bons ou maus, com os quais estamos no momento operando essa máquina, assim serão nossos impulsos.
O assunto foi debatido por diversas pessoas, acontecendo que muitas, inclusive alunos da Universidade voltados para o estudo da computação, nos inquiriram se havia possibilidade de esclarecermos melhor o tema.
Este opúsculo é, assim, uma tentativa no rumo de se formalizar ou detalhar as explicações requeridas, tentativa que será melhor atingida se for conseguida no decorrer desta e com nitidez, uma comparação do processo de “armazenamento” perispiritual para que compreendamos, por fim, o processo que se desenvolve no nosso íntimo par produzir aqueles impulsos cegos que às vezes nos lançam para a frente sem o comando de nossa própria vontade.
Vamos ver como de fato é isso.

2. O que somos?

Quantas vezes cometemos atos que, logo depois, nossa consciência repudia, parecendo que uma forca superior a nosso entendimento nos conduz, subjuga-nos, governa-nos. Que força será essa? E de onde ela vem? Estará a sede dessa força estranha no corpo físico, essa máquina que se locomove de um lado para o outro conduzindo nossa consciência e, no entanto, agindo mecanicamente em obediência a esse impulso? ¾ surpreendemo-nos, por vezes, perguntando.
O corpo físico vem sendo, para todos nós, a expressão mais forte do nosso ser. Abrimos os olhos, no decorrer dos séculos, com essa imagem centralizando a paisagem do cotidiano, e talvez seja por isso que nos nossos dias nenhum ponto dessa figura deixou de ser dissecado pela ciência, graças ao que a maioria da humanidade sabe, porque é elementar, que o corpo físico é composto, basicamente, de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e sais minerais, inclusive o famoso cloreto de sódio ou o sal comum. Segundo ainda velho conhecimento, encontram-se no corpo humano treze elementos, dos quais cinco gasosos e oito sólidos, e que um homem de 76 quilos representa 44 kg de oxigênio, 1 k 73 g de azoto, 600 g de fluor, 22 kg de carvão, 800 g de fósforo, 100 g de enxofre, 1750 g de cálcio, 80 g de potássio, 50 g de magnésio, 50 g de ferro, (Extraído de “Psichismo Experimental”, de Alfred Erny – antiga edição de H. Garnier, Livreiro Editor).
Apesar desse conhecimento, a inquietude nos impulsiona a perguntar: como se agregam, no entanto, tais elementos, combinando-se maravilhosamente na formação dos órgãos e, depois, estes compondo um todo cuja estrutura enseja um como que empenho em agradar e atender à noção do belo que algo dentro dessa caixa conserva e procura expressar?

Somos um redemoinho com ilusão de forma

Acreditamos que a unidade da estrutura física seja a célula. E na verdade, segundo os fisiologistas, o corpo humano é constituído de numerosíssimas partículas, as células que segundo ainda a ciência, são animadas por vida própria e independentes.
Em nosso tempo é crença geral, por outro lado, que a matéria chega às subdivisões do átomo ¾ os prótons, os elétrons e nêutrons, que, ao que parece, já podem ser subdivididos. Muito raro é quem não sabe hoje em dia, porque isso é também elementar, que os elétrons giram em torno do núcleo seguindo determinada trajetória. Os nêutrons, os prótons aglomeram-se no centro de cada átomo formando o núcleo, constituindo, assim, um sistema planetário como o formado pelo Sol (neste caso o núcleo) e os planetas que giram em seu redor. Na verdade os átomos nos rodeiam completamente, posto que estamos mergulhados em um mar fluídico constituído por eles ¾ ninguém duvida mais. Respiramos o oxigênio, que se combina com nitrogênio para formar o ar, A própria água, que nós já apalpamos, é constituída, como todos nós o sabemos, de átomos de hidrogênio e oxigênio. Talvez essa descoberta tenha levado Marilyn Fergunson a exclamar, espantada, em seu livro A Conspiração Aquariana - Ed. J. P. Tarcher, Inc., que “parecemos ter forma, mas somos um redemoinho, estamos apenas girando, constantemente, um monte de elétrons. A energia mantém os elétrons juntos, numa forma, o universo no lugar...”.

Um corpo mais tênue

 Esse giro, de forma mais tênue, ultrapassa os limites conhecidos para o corpo físico, firmando como que um campo magnético que o envolve, como a atmosfera comprovadamente envolve a Terra, porque se assim não fosse, essa estrutura aparentemente sólida não poderia manter-se. Tal invólucro não chega a causar estranheza porque dele abundantemente já falaram escritores que tiveram a coragem de romper com o convencionalismo formal,
Pois somos uma reunião de células ou átomos ¾ é bem verdade! ¾  que não subsistiriam assim reunidos se algo não os mantivesse. "De mais ¾ diz-nos Alfred Erny em seu “Psychismo Experimental” ¾  renovando-se incessantemente, o corpo físico acabaria por dissolver-se, não existisse esse invólucro fluídico que mantém todos os elementos do corpo bem numerosos [...]”. Nesse mesmo livro, editado há muitos anos, ele ainda pergunta: “Que se tornariam todos esses elementos (oxigênio, hidrogênio, azoto, cloro, etc.), que se desagregam e se reformam continuamente, se não existisse um invólucro geral que os retivesse durante seu trabalho de transformação diária? Os tecidos seriam insuficientes para explicar esse fenômeno e a pele não impede a penetração, por ter poros [...]”.
Esse invólucro, por sinal, já é facilmente fotografado, graças à técnica desenvolvida pelo casal Kirlian, parecendo, nas fotos conseguidas, ser um campo de energia que, além de penetrar completamente o corpo físico, envolve-o com uma camada luminosa, formando um potente campo magnético. Os espiritualistas dão a esse corpo o nome de perispírito, corpo astral ou duplo etéreo, sendo conhecido desde a mais remota Antigüidade.

3. A comprovação moderna do perispírito

Quem ainda não viu um cabo da rede elétrica, que corre as ruas das cidades, ficar, em determinadas circunstâncias, envolto em luz azulada? Esse envoltório de luz é a aura que, provocada pela interrupção abrupta da corrente elétrica, se expõe a nossos olhos.

Tal fator, aliás, levou o casal Valentina Krisafovna Kirlian e Simyon Davidovich Kirlian, na cidade russa de Krasnodar, à possibilidade de fotografar pela primeira vez, dentro de critérios estritamente científicos, a aura dos seres, das plantas, das rochas, enfim, de tudo o que existe no Universo. Uma tarde em que Simyon consertava o gerador de alta freqüência da máquina de massagear, uma descarga elétrica passou acidentalmente através dele, que não sentiu dor, mas viu fogos de artifício e achou que o fato deveria ser registrado. Ficou fascinado com a idéia mas não atinava como tirar fotos de um fenômeno que requeria uma escuridão total. A explicação da técnica não vai interessar muito aos objetivos destas informações, bastando que se diga que Simyon usou uma mesa isolada, assim como ficou ele próprio isolado, de pé, em cima de grosso tapete de borracha. A chapa preta foi então colocada em cima de um eletrodo, ligando a outro eletrodo sua mão pressionada contra a chapa. Quando Valentina revelou a chapa, esta mostrava a silhueta da mão, os ossos bem delineados e uma misteriosa aura ao redor das pontas dos dedos,
Estava assim comprovada a existência da aura. E, para nós, esta é uma das provas mais importantes, porque das mais próximas em termos de tempo e porque procurada por processos e para fins científicos.

Provas mais distanciadas

 Se bem que provas da existência de algo mais tênue que o corpo humano, através da fotografia, já existissem, como as deixadas por Mumler, que em março de 1861, “viu certa vez aparecer em uma de suas provas uma figura estranha ao grupo que fotografara, e concluiu que uma chapa já impressionada se havia, por engano, misturado com as novas. Fez uma segunda e deu igual resultado, com a aparência humana ainda mais nítida. Esta seria a primeira fotografia espiritualista ou transcendental” ¾  conforme nos relata Cesar Lombroso em seu livro Hipnotismo e Mediunidade, da Federação Espírita Brasileira.
Nota-se no trabalho dos Kirlian maior empenho e, também, o total engenho do homem, da entidade física, enquanto que nas provas, irrefutáveis também, de Mumler, que não tinha tal intenção, a intervenção do acaso, o que equivale dizer, fruto do esforço dos que, para nós, já estão do outro lado.

As provas fotográficas

 Documentados pela fotografia existem, ainda, inúmeros outros fatos importantes, como os relacionados com o fotógrafo João Beattie, de Clifton (Bristol) que, para maior segurança, operava sempre na presença de amigos, conseguindo, depois de inúmeras tentativas, ver em uma das suas chapas algo que, revelado, tinha semelhança de uma forma humana. A diferença, neste caso, é que Beattie usava a presença de um médium.
Mas será que os fatos são melhor prova que os próprios olhos humanos? Embora o corpo astral, esse corpo de composição sutil, seja conhecido desde eras remotíssimas, sempre, ou quase sempre, todos nós, exceto aqueles que possuem a chamada vidência (capacidade de ver além dos olhos físicos) duvidamos dele. No entanto, a literatura universal está cheia de magníficos exemplos de sua realidade. Erich von Daniken disse, em Aparições (edições Nova Fronteira) que “desde que se fala de inteligência humana, existem aparições sob todas as condições, religiões e sob os mais diferentes aspectos da civilização”. E os casos que registra são altamente significativos, embora de ordem religiosa.
Lombroso também nos deu, mais cedo ainda, casos procurados cientificamente. O de Florence Cook, por exemplo, foi estudado sob a observação dos mais respeitáveis cientistas, e através desse médium deram-se materializações que se tornaram famosas, como famoso ficou o nome de Katie King, o espírito que aparecia aos presentes; como em Barcelona, através do médium Carmen Domingues, em diversas sessões apresentava-se aos presentes o “fantasma” materializado de Leonora (vide “Hipnotismo e Mediunidade”, já citado).
“Estela Marte apareceu ao marido, Livesmore, por cinco anos seguidos, durante horas inteiras, em 388 sessões, com o médium Kate Fox, à noite, em completa escuridão” ¾ conta-nos ainda Lombroso nesse seu famoso livro ¾ acrescentando que em Gênova, certa noite, em uma das sessões com Eusápia, viu e ouviu o “fantasma” de sua própria genitora, que lhe deu provas só conhecidas dos dois.
São famosos, também, os “fantasmas” de Beni Boa, o de Frederico Augusto, rei da Polônia, aparecido a 1º de fevereiro de 1733, ao fildmarechal von Grumbkw, e muitos outros. É fato documentado no Almirantado inglês o caso relatado por Robert Bruce e confirmado por muitos que consigo viajavam, do “fantasma” que um dia em que seu navio velejava perto das costas da Terra Nova, aparece entrando na cabine do comandante onde se encontravam Roberto Bruce, o comandante e outros e na ardósia descreve o perigo em que um navio se encontrava, encalhado entre bancos de gelo, citando a posição exata do acidente. Para lá se encaminha o veleiro, e a primeira pessoa que Roberto Bruce encontra é a do “fantasma”, um dos tripulantes do navio. Após, souberam que esse tripulante, na ocasião do acidente, se encontrava dormindo, e que seu duplo etéreo (“corpo astral”), foi encaminhado para dar o aviso salvador. (Lemos este fato em A Vida Fora da Matéria da doutrina Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil). Apesar disso, a inquietação humana continua grande e por isso, grandes esforços ainda são feitos para se atingir, por todos os modos e formas, a certeza absoluta do Além. E também já são abundantes, em virtude desse esforço em reunir provas, exemplos de deslocamento de personalidade, que deixa o corpo físico e se sente independente deste, sem perder a consciência pessoal. A revista Planeta, edição brasileira de nº 95-A, cita o caso da doutora Maria Cândida, contado por ela mesma a membros do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas ¾ o IBPP ¾ em São Paulo, Brasil:
“Eu estava internada numa clínica para dar à luz meu quarto filho. Apesar dos 3 partos anteriores terem sido normais, para este quarto foi preciso fazer uma cesariana motivada por um desregulamento placentário. Depois da operação, surgiram complicações e estive bastante mal. Tão mal que achava que ia morrer. Quatro ou cinco dias após a operação, repentinamente senti que estava saindo do meu corpo e flutuando por cima da clínica. Segui rua acima, olhando ao meu redor. De repente, vi uma amiga chegando em seu carro, que estacionou na avenida principal, Saiu do carro e eu acompanhei seus passos, subindo as escadas ao seu lado. Ela ia em direção ao meu quarto, mas antes de lá chegar separei-me dela e entrei novamente em meu corpo”, Planeta diz que este caso é especialmente, interessante por tratar-se de uma pessoa de cultura (médica) que na ocasião nada sabia a respeito de desdobramento [...] e nós o escolhemos, entre inumeráveis outros, porque são, hoje, de grande valia para quem escreve, os fatos mais populares, embora com base científica.

Os egípcios já o citavam

 Já os antigos egípcios mencionavam o corpo vital (perispírito) e o chamavam de “a forma que sai”, corroborando com vidências ocorridas em cima de momentos de desdobramentos, nas ocasiões em que pegamos no sono e nosso espírito se desloca do corpo físico. São Paulo dizia que há um corpo de essência espiritual. E Philoponus, autor cristão, escreveu que: “A alma apenas se separa do corpo grosseiro, ficando, porém, sempre unida a um corpo espiritual ou áureo, no qual e pelo qual atua”. O Dr. Henry Moore, por sua vez, alertava: “O veículo astral da alma é de tal modo tênue que pode atravessar os poros mais delicados do corpo, tão facilmente como a luz passa através do vidro ou o raio atravessa a bainha de uma espada sem despedaçá-la nem riscá-la”. Alfred Erny foi outro autor que falou do “corpo astral”, em seu Psychismo Experimental (a edição que possuímos e nos chegou às mãos por amigos mais idosos, é de 1894 ou 1895, de H. Garnier, Livreiro Editor, tradução autorizada pelo Instituto Elétrico e Magnético Federal, bem antiga, pois), dizendo que o “corpo astral” é composto de quatro elementos e recebe o seu nome de partes predominantes do ar, do mesmo modo que o nosso corpo grosseiro é chamado terrestre em virtude dos elementos que nele preponderam, e que “é possível e mesmo provável que esse invólucro fluídico possa sofrer transformações (o grito é nosso), como tudo quanto existe na Natureza”.
Hoje é perfeitamente aceitável a idéia de que esse “corpo astral” encerra em si todos os correspondentes dos órgãos do corpo físico.
Vamos citar, também, o Dr. Baraduch, que em seu livro intitulado, Força Vital (usando ainda transcrição de Psychismo Experimental) diz do “corpo astral”: “Vê-se que o corpo humano, sendo pesado, estudado pelo microscópio, encerra um corpo íntimo, fluídico na sua essência, e cujo valor pode ser apreciado pela diferença da relação entre as forças que penetram à direita do corpo e se exteriorizam à esquerda; o que se reduz a dizer que o homem está completamente cercado duma soma de forças radiantes, conquanto encerra em si um capital, reserva de força vital, de natureza fluídica”.
Talvez deva ser a sensibilidade que se filtra através do corpo astral que fez Marilyn Fergunson dizer, no seu já famoso e por nós citado livro A Conspiração Aquariana que “nós parecemos ter forma mas somos um redemoinho [...]”. E os hindus diziam que esse corpo é feito com o fluido astral que atravessa e liga todos os mundos.

4. Matéria ou energia?

 Nosso tempo já domina a sabedoria de que os átomos, conquanto sejam os elementos básicos da matéria, desta muito pouco eles possuem. Um átomo, na verdade, é coisa profundamente oca, a tal ponto,que “se pudéssemos suprimir as partes ocas, unindo o núcleo com seus ‘planetas’, um homem (que é composto de átomos) ficaria reduzido ao tamanho de uma cabeça de alfinete, conservando o seu peso. Para se ter idéia do vazio da matéria, suponhamos uma laranja (núcleo) ao redor da qual, a uns dois quilômetros, giram uma nozes, que seriam os elétrons”. (Recolhemos estas informações de propósito, de um álbum infantil ¾  Enciclopédia Juvenil, Editora Distribuidora Ltda. ¾  para, assim, mostrar-se a popularidade de tais informações).
Pois essa distância de 2 km, se reduzida às proporções do átomo ao natural, dá à laranja (núcleo) ou aos elétrons (nozes), ainda menores que a laranja, a situação de quase não existirem.
Espantar-nos-ia saber,ainda mais,que os elementos dos átomos só conhecidos graças ao auxílio dos aparelhos eletrônicos, já podem ser subdivididos,e que esse mundo sub atômico já é sobejamente conhecido dos físicos, sendo espantoso o fato de que, quanto menor a partícula, mais potente é a energia liberada. Foi o alemão Max Planck, Professor da Universidade de Berlim, quem primeiro declarou, baseado em demoradas e exaustivas investigações, que “os átomos, integrantes da matéria, emitem e absorvem uma quantidade de energia descontínua e intermitente”. A essa energia seu descobridor denominou de quantum, ou simplesmente "quanta".

Um tecido fluídico preenche o Universo.

 Sabe-se também que essa matéria, em estado atômico ou subatômico, preenche todo o Universo. Diz Erich von Daniken, no seu já citado Aparições, que “[...] há partículas elementares encerrando até 1022 (o algarismo "10" com 22 zeros) volts eletrônicos; são lançados do Cosmos, atravessam sóis e planetas, para transformarem-se em miones e neutrinos na fração 100/1000 de um segundo”.
Para nós, Daniken é um dos bons repórteres da ciência moderna, assim como muitos outros repórteres do espiritualismo tem havido sem que o mundo os queira ouvir. E Daniken é dos especiais porque procura unir o sentido religioso com o positivismo científico. Essa matéria, "considerada força universal, está em todos os corpos, desde os microscópicos aos planetas, tendo, cada um, a quantidade que lhe é própria, servindo esse fluido vital de intermediário ao homem que dele usa após a organização do seu corpo carnal. Esse fluido vital é a aura ou atmosfera gasosa, que envolve os mundos nas diversas categorias, desde os mais atrasados como o planeta Terra, até os mais adiantados, como sejam os de verdadeira luz, quase a se confundirem com sua fonte, o Grande Foco, a Força Criadora Total, donde tudo emana” (Luiz de Mattos, fundador do "Racionalismo Cristão", Rio de Janeiro, Brasil, de Conferências sobre Ciência e Religião, 1926).
Vemos, assim, que um tecido, embora de natureza fluídica, preenche o Universo. O fluídico é um dos estados da matéria, assim como o gasoso, o radiante, o líquido e o sólido, todos os demais tendo origem ou base no primeiro. Um tecido de átomos, ou subátomos, variando de acordo com seu campo; um tecido de fluido astral, também conhecido por "telema", de Hermés, há cinco mil anos no Alto Egito; "Enormon" ou "Ignis Subtilissimo", de Hipócrates, na Grécia; "Akasa", dos hhindus; "Pneuma", de Galeno; "Bias humanus", de Van Helmont; "Aikahert", de Paracelso; "Copula" de Boerhave; "Quintáes", de Descartes; "Spiritus Subtilissimo", de Newton; "Od" de Reichenbach... Um tecido de átomos, ou subátomos, que varia de acordo com o seu campo, repetimos, pois a própria ciência, neste mundo e neste tempo, já explica que as partículas elementares são reciprocamente transmutáveis, podendo um nêutron transformar-se em próton, ou um elétron em neutrino, fato comprovado desde que Ernest Rutherford, em meados de 1919, demonstrou que o nitrogênio, em sendo bombardeado com partículas alfa, se convertia em oxigênio ou hidrogênio, de acordo com o caso.

As combinações dos átomos

 Ora, neste mundo abundam as fórmulas e variações químicas dos diversos elementos materiais, que os átomos acompanham. Conhecemos os átomos de ferro (Fe = 26 prótons + 26 elétrons), de zinco (Zn =30 prótons + 30 elétrons), de oxigênio (O = 8 prótons + 8 elétrons) de hidrogênio (H = 1 elétron + 1 próton), assim por diante, cada um com sua composição característica, uns mais leves, outros mais pesados, todos correspondentes ao campo pesado em que gira o planeta Terra. Sendo grosseira a composição do campo, grosseira deve ser também a influência que ele nos proporciona, através das ínfimas partículas, elementares e básicas, que preenchem este campo (em que gira a Terra) e envolvem o planeta em forma de reserva natural, para propiciar a composição dos elementos como o ferro, o azoto, o zinco, o oxigênio, o hidrogênio, etc. Por que, então, não supor que existem neste Universo Infinito, outros campos mais leves, se a matéria se transforma, é transformável, campos onde os átomos tenham outras composições, também mais leves, para atender a natureza, também leve, do campo onde existam? Por que, pois, não supor que, assim como existem átomos de ferro, de azoto, de hidrogênio, não possam existir átomos da paz, da esperança, do amor? Não que esses átomos tenham que ser, em si, a paz ou a esperança, posto que são elementos materiais. (Ou não são?) Mas que, pelo menos, sejam carregados da energia que esses sentimentos podem influenciar. Não poderão, também, os átomos de ferro, pesados e corrosivos, além de nos darem a sensação da força física, influenciar nosso organismo também para as sensações irritantes, com facilidade nos levando à ira, ao ódio, e destes, porque nos põem em perigo, ao medo?

5. Sementes da inteligência

Atingimos situação que não nos permite mais cogitar apenas sobre o material. A matéria foi dissecada em células; depois em átomos e vamos atingindo assim situação mais profunda. Que são realmente os “quanta”? Einstein aceitou essa teoria formulada por Planck, chegando mesmo a incluí-la em seu estudo sobre o efeito fotoelétrico, mas conduziu sua conclusão para esferas mais transcendentais, proclamando que a “matéria e a energia são dois aspectos distintos de uma mesma realidade”. Promulgava que, da mesma forma que a energia podia ser convertida em matéria, qualquer pequena quantidade desta poderá, também, desintegrar-se e transformar-se em um tremendo foco de energia. Ou inteligência ¾ poderá dizer neste ponto qualquer pessoa que tenha ajuizado a comparação anteriormente citada, do átomo distendido a tal ponto que seu núcleo ficaria do tamanho de uma laranja e seus elétrons como pequeninas nozes, a girar distanciadas do núcleo num espaço de 2 km. Que restaria nesse espaço? Não poderá conter um pequenino átomo, além da poderosa soma de energia, uma considerável parcela de inteligência?
Vamos transcrever aqui o que disse sobre o átomo Thomaz Alva Edson, o grande inventor americano que nos deixou, entre outros inventos, a utilíssima lâmpada elétrica: “Creio que todo átomo de matéria é inteligente e tira a sua energia de um gérmen primordial. A inteligência do homem é, a meu ver, a soma total das inteligências dos átomos de que ele é composto, Cada átomo tem um poder natural particular de seleção e procura incessantemente harmonizar-se com os outros átomos. Não creio que a matéria seja inerte e só atue impulsionada por uma força exterior. Para que vos convençais disto, bastará observardes os milhares de meios pelos quais os átomos de hidrogênio se combinam com os de outros elementos e formam diversas substâncias. Imaginais que esses átomos giram sem inteligência e mecanicamente? Seria um erro crasso. Os átomos, reunindo-se e harmonizando-se, tomam formas tão belas e variadas: ora emitem um perfume agradável, como se quisessem exprimir o seu contentamento, e outras vezes, durante a moléstia e a morte, a decomposição, a falta de asseio, a oposição dos átomos constituintes se faz sentir imediatamente por odores desagradáveis”.

Inteligências maiores envolvendo inteligências menores

 Não concordamos em ser o homem a soma dessas inteligências a que alude Edson, mas reconhecemos a profunda sabedoria do inventor norte-americano, que pôde assim iniciar debates sobre tão sério quão profundo assunto. Mas se o homem não é a soma dessas inteligências microscópicas, pode ele influenciar, ativar e reforçar a inteligência dos átomos de que se serve para compor e manter coesos os corpos físico e astral. Ele não pode ser a soma dessas inteligências, mas no átomo tem o espírito humano, como inteligência que é, sua origem remotíssima. O átomo, ou o subátomo, é o início ou semente da Vida Universal ¾ inteligente e material. Vamos descobrindo que ele ¾ o átomo ¾ é, em síntese o Universo em miniatura. E o que é o Universo? Força e Matéria, no dizer de Buchner. “Não há forca sem matéria, não há matéria sem força”, disse ele. E adiantou: “Como coisas em si, não são nem possíveis, nem concebíveis. Consideradas separadamente, são abstrações vazias servindo apenas para pôr em evidência dois aspectos de um só e único ser [...]” A força só pode ser a inteligência, que nos faz pensar e procurar reunir estas informações para condução de uma idéia. Forca e matéria são, pois, dois aspectos da Inteligência Universal, que preenche o Cosmos imenso e produz um processo evolutivo que se chama Vida. O átomo, ou o subátomo, é o início dessa escalada evolucionista que torna o Cosmo vibrátil. A força que incita o átomo e tudo o mais que vive e palpita nesse campo de vibrações constantes, é a inteligência que se movimenta do micro para o macro, no processo evolutivo, transformando a matéria e produzindo energia. “O espírito ¾ pensa o signatário ¾ cresceu da força que incitou primeiro um átomo, querendo com isto dizer que este Universo é constituído de forcas maiores envolvendo forças menores, influenciando as menores no rumo da evolução. Se nosso espírito ¾ continuamos a pensar ¾ possui hoje corpos, como o físico e o astral, ele deve ter poder de concentrar, manter unidos e influenciar, de inteligência maior para inteligência menor, os átomos que compõem esses corpos. É um processo inteligente de mentes envolvendo mentes, para a produção da Vida”.

6. Os computadores

Neste trabalho nós comparamos nosso “corpo astral” a um computador, e por isso necessário é que falemos um pouco nos computadores que vão marcar o início de uma nova civilização. Ora, todos nós sabemos que aos mais modernos computadores fabricados atualmente falta apenas aquilo que nós chamamos de consciência. A consciência é o próprio espírito, o puro espírito sem matéria, que os computadores não possuem nem poderão possuir, posto que vivem apenas um processo mecânico regulado pelo que o homem, neles, programou e programa. Mas existem computadores programados de tal forma, acionando milhões de bits, que podem, inclusive, manter certo tipo de conversa com os humanos. Diz Robert Jastrow, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, EUA, num trabalho publicado no “Time” de New York em fevereiro de 1978 e condensado no Brasil por “Selecões de Readers Digest”, que “o primeiro computador eletrônico não era tão dotado, embora tivesse uma memória tão prodigiosa e algumas aptidões matemáticas, mas hoje os modelos mais sofisticados podem até ser programados para aprender através da experiência, acompanhar um debate, fazer perguntas pertinentes e compor músicas e poesias agradáveis. Podem também vencer campeões de xadrez e participar de uma conversa distraída”.
E prossegue: “São qualidades amenas para o computador; ele imita a vida como um macaco eletrônico. À medida que os computadores se tornam mais complexos, a mutação se torna mais perfeita. No final a linha delimitando a cópia do original fica indefinida. Dentro de mais 15 anos veremos o computador como uma forca de vida emergente”.
Explica ainda esse funcionário americano mais adiante: “A suposição parece ridícula porque, em primeiro lugar, os computadores carecem dos impulsos e das emoções vivas; mas os impulsos podem ser programados no cérebro de um computador, exatamente como a Natureza programou no cérebro de nossos ancestrais, como parte do equipamento de sobrevivência”.
Um computador, como se vê, é pura silicone em que a inteligência humana estabeleceu eletronicamente uma programação, que se torna automática, como automáticos são nossos impulsos. “O homem chegou um pouco mais perto da possibilidade de criar máquinas inteligentes ao produzir computadores que não só ouvem mas falam, comparando ordens verbais com vocabulários das suas memórias até encontrarem uma correspondência aceitável”, diz Thomaz Hoover em artigo de “Omni” de outubro de 1979 e também condensado por “Seleções Readers Digest” de agosto de 1980, Brasil. Acrescentando que “as máquinas não têm grandes dificuldades com manipulações analíticas, mas debatem-se com questões de linguagem. Agora, porém, os pesquisadores descobriram como traduzir os sons para forma digital (o grifo é nosso) armazenando-os em fichas de circuito integrado (chips) (o grifo é nosso), com o que os computadores podem acumular extenso vocabulário. Cronômetros, calculadoras e brinquedos educativos que falam, assim  como tradutores capazes de dizer até 500 palavras, já se encontram à venda no mercado. Outra criação é a máquina capaz de esquadrinhar minuciosamente uma página, reconhecer letras, palavras e frases, aplicar regras de fonética, sintetizar tudo isso e ler alto um texto usando uma frase com sentido. A mais bem sucedida criação da pesquisa da IA (inteligência artificial) é a máquina de ler, de grande utilidade para cegos”.
Como se vê, máquinas que agem por força de matrizes criadas pelo homem, matrizes que regulam os impulsos elétricos, tal qual como nossos nervos conduzem os impulsos iniciados em nosso “corpo astral” (perispírito) com base nas matrizes armazenadas pelo nosso modo de pensar e viver. Aqueles impulsos de que falamos no início desta combinação de informações, que nos levam “mecanicamente” a fazer coisas que posteriormente nossa consciência (o ser real e que os computadores não possuem) quando em completa paz, isto é, livre da influência do “corpo astral” e de tudo o que nele se acha armazenado, repudia. São exatamente esses momentos de repúdio que nos levam à suposição, e da suposição à certeza, da existência de  como que duas forças a se debaterem em nossa personalidade ¾ a personalidade da consciência pura ou real e a personalidade mecânica; quer dizer: o espírito contra a forma instintiva de tudo aquilo que o próprio pensamento (que é a essência do espírito), programou no “corpo astral”, esse campo energético de ação poderosa onde bilhões de microscópicos bits (aqui os átomos ou subátomos, a matéria fluídica, o “od”, o fluido vital, etc.) estão carregados da influência das experiências vividas anteriormente e por isso, unidos sob a ação geral do espírito ¾ formam uma programação de força poderosa que somente um esforço mais poderoso ainda terá condições de contrariar.

Nas células e no ADN um exemplo

 Temos exemplo dessa poderosa programação dentro de nossa estrutura física, que muito se aproxima da idéia que queremos compor. Tal exemplo está na substância chamada ADN, abreviatura de ácido desoxirribonucleico, onde um mecanismo dos mais exatos cumpre continuadamente a lei de gênesis, de haver reprodução somente segundo sua espécie, sendo portanto o portador do código de hereditariedade das coisas viventes, já que o ADN é o composto químico de que são constituídos os genes. Esse minúsculo computador parece ter memória própria. Foi Rutherford Platt quem deu estas explicações: “Seu ADN pessoal acha-se salpicado através de seu corpo em cerca de 60 mil bilhões de pontinhos ¾ o número médio de células vivas no humano adulto [...]”
“Surpreendentemente, a molécula do ADN tem uma forma basicamente simples. Consiste em duas aspirais entrelaçadas, parecidas a fitas de átomos enfileiradas, ligadas entre si em intervalos regulares por travessa ¾ semelhante a uma escada de caracol... Há uma lógica na longa forma delgada do ADN; dá-lhe a capacidade, semelhante à fita magnética de gravação, de armazenar a enorme quantidade de dados necessitados durante uma vida.”
“As próprias fitas do ADN são de açúcar e de fosfato; as travessas da escada em caracol são compostas de nitrogênio... Sua seqüência variada nas fitas do ADN dirige os eventos que fazem o corpo crescer muito similar ao modo em que as minúsculas variações nas fitas magnéticas produzem, segundo a sua ordem, os sons da música.”
“O Dr. Beadle diz que, se as instruções codificadas do ADN de uma única célula humana fossem traduzidas ao inglês, encheriam uma enciclopédia de 1000 volumes.”
“Ao passo que o ADN dentro do núcleo está dando ordens que estimulam o crescimento, a digestão, as batidas do coração [...]”
Fantástico o contido nesta parte que nós extraímos de Veio o Homem a Existir por Evolução ou por Criação? edição em português de 1968, da Watchtower Bible and Tract Society of New York, lnc. Esse livro transcreve ainda da revista Lock, número 16 de janeiro de 1962, esta singular frase: “A célula é tão complexa como a cidade de Nova Iorque”. E Sir James Gray, professor de zoologia da Universidade de Cambrigde, concorda com isso. Em Science Today (A Ciência Atual), também citado naquele livro diz “que uma bactéria é muito mais complexa do que qualquer sistema conhecido do homem. Não existe laboratório no mundo que possa competir com a atividade de bioquímica do mais pequeno organismo vivo”.
O livro acima citado ¾ Veio o Homem a Existir por Evolução ou Criação? ¾ discute a teoria da evolução das espécies preconizada por Charles Darwin, partindo do ponto de vista de que se a vida orgânica evoluiu da ínfima célula, esta deveria ter tomado a forma e proporções condizentes com a evolução. Não esposamos tal opinião, porque admitimos que a célula foi e é simplesmente o receptáculo apoiador do elemento que evolui: a força (na célula, ainda não racionalizada). Força que, passando de receptáculo a receptáculo, aumenta sempre mais sua condição até chegar a situação de espírito (força dotada de razão). Nesta altura a força já domina um campo energético (perispírito) considerável no qual vem estabelecendo uma programação resultante das experiências vividas no percurso já feito, de receptáculo para receptáculo, do mais simples ao mais complexo, desde a pequenina célula ao organismo humano.
Para nós, pois, o "corpo astral" assemelha-se a um imenso computador.

7. Energia programada

Poderíamos inserir nosso artigo ¾ base deste opúsculo ¾ de forma completa, no início das informações combinadas que alinhamos. Mas o fazemos aqui por julgarmos que neste ponto o leitor ou inquiridor, aqueles que formularam perguntas, já atingiram o ponto de cruzamento das comparações alimentadoras, para não dizermos geradoras da idéia que desejamos salientar. Uma idéia do que seja esse campo energético que, através dos tempos e lugares, vem tomando várias designações, entre as quais a de “corpo astral”, a que melhor pode expressar o que ele seja, no nosso entender.

O artigo

 Eis, agora o artigo, na íntegra:
“A expressão ‘energia programada’, como uma das características do ‘perispírito’, nasceu fortuitamente, de forma natural. Foi em um domingo em que alternando com um outro companheiro, atendíamos ao público no estrado da Filial de Belém (do Racionalismo Cristão, acrescentamos agora). Diante de nós estava um rapaz dos seus 25 anos, que nos perguntava como atua a Lei das Causas e Efeitos. Ora, esse é um e requer muito tato e delicadeza na resposta.”
“Olhamos demoradamente para o rapaz, notando a sinceridade da pergunta e o interesse estampado em sua fisionomia.”
“E para nós tornou-se mais fácil a resposta, a partir do instante em que ficamos sabendo ser ele ¾ o rapaz ¾ um programador eletrônico.”
“Nosso perispírito, por certo, é um potente campo de força que vem sendo trabalhado por cada um de nós, desde os primeiros momentos de nossa vida latejante. Trabalhando nesse campo, é como se estivéssemos diante de uma colossal máquina eletrônica, da qual somos os operadores e a ela estamos indissoluvelmente ligados por mil e um filetes elétricos, através dos quais vamos estabelecendo uma programação automática por efeito de nossos pensamentos, sentimentos e atos, o que é a mesma coisa que dizer que vamos programando nossas situações futuras, boas ou más, conforme a qualidade de nossos pensamentos, sentimentos e atos.”
“Pensar, sentir ou agir é o mesmo que operar. Assim, somos operadores automáticos, e ao mesmo tempo autônomos, no Grande Universo, e o nosso ‘corpo astral’ é a máquina na qual trabalhamos. Os pensamentos, sentimentos e atos é que vão estabelecendo a programação. Os impulsos que estamos tendo neste momento têm por base os impulsos de ontem, e os de hoje programam os de amanhã, sempre em proporções crescentes. Os nossos atos deixam em nosso perispírito uma espécie de sulcos que atuam como molas impulsionadoras. Nossos impulsos têm por base essas supostas molas. Conforme a qualidade de nossos pensamentos, sentimentos e atos, bons ou maus, com os quais estamos no momento operando essa máquina, assim serão nossos impulsos.”

Nossas tendências

 “E assim se explica o sentido de nossas tendências e aptidões, que têm por base o que fizemos no passado” ¾ continua o artigo. “Assim também se explica a formação do nosso caráter, aquela chamada natureza boa ou má que as pessoas expõem com suas atitudes.”
“Que matéria para estudos está oferecendo esse fabuloso campo energético, que é nosso perispírito! Ele justifica e explica não só o desenvolvimento de nossa vida vegetativa, como também a do chamado atavismo animal e os fenômenos fortuitos da auto-sugestão, para os quais muitos procuram, até hoje, explicações, como o doente de um mal que parecia incurável e que, de repente, ficou bom, ou como o de um covarde que de um dia para o outro se agigantou.”
“O perispírito é matéria que se oferece docilmente ao pensamento para que ele se efetive e se realize, enquanto que o campo fluídico obedece à idéia, estabelecendo, de imediato, a energia correspondente.”
“Por isso, aquilo que pensamos é o que tende a ser, e através do pensar, sentir ou do agir podemos mudar qualquer situação, por pior que seja ou pareça.”
“Desta forma, foi fácil ao rapaz entender, porque esse era seu campo de atividades. E a nós ensejou lembrar a parábola do semeador, usada pelo incomparável Jesus, que falava, por certo, a agricultores.”
“Porque, também, nosso perispírito é o campo no qual trabalha o semeador ¾ nosso espírito. Se bons os pensamentos, atos e sentimentos gerados, boa a semente nele lançada. Se boa a semente, logicamente que bons têm que ser os frutos a colher na época certa.”
“Quem se dispusera estudar seriamente o perispírito, terá perspectivas infinitas a observar,  como infinito e vasto é o Universo dentro do qual a matéria, em seu estado fluídico, está seriada inteligentemente para servir à Força, que dela se serve realmente para estabelecer a programação Universal, que também é Geral. Deus, ou como o chamarem, Inteligência Universal, Força Criadora, Grande Foco ou Alma Mater, é assim a Força que usou a matéria fluídica para formar a Natureza e fazer desta a matriz da Criação, pois nela, nessa Natureza Maravilhosa, está realizada, de forma completa, toda a programação da Vida Infinita, efetivada através dos infinitos planos da Inteligência Universal.”
“O rapaz queixou-se de forte insônia. Dissemos-lhe que, por haver vivido em intensa ansiedade, havia ele programado, no seu perispírito, a insônia de que sofria. Por que ¾ sugerimos ao final ¾ não programar, agora, o bom sono, procurando sentir calma e lançando no perispírito os efeitos de pensamentos convictos de que irá dormir nas horas convenientes?”
Tempos depois vimos novamente o rapaz, que nos lançou um sorriso de muita satisfação.
Um despretensioso artigo que, bem analisado, resume tudo o que pretendemos saber sobre nossa vida interior.

8. O automatismo da vida vegetativa

Por que nosso corpo físico vai da infância à decrepitude, envelhecendo sempre mais, embora esse fato desgoste a maioria das pessoas, que prefeririam parar numa eterna juventude? Por que, por outro lado, muitas das alterações, como esta, ocorrem em nossa vida independentemente de nossa vontade consciente? Como se um agente regulasse, por uma atividade mecânica, tal processo, e no entanto, permanecesse integrado à nossa personalidade por vias que ainda não alcançamos de forma total. Vejam o que disse o Visconde de Sabóia, em A Vida Psíquica do Homem, sobre o fenômeno que regula o desenvolvimento e equilíbrio do corpo físico:
“Achando-me, como cirurgião, e principalmente como lente de clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em condições de observar por mais de 30 anos os fenômenos referentes aos grandes e curiosos processos de reparação dos tecidos orgânicos, ou da fisiologia patológica, ‘sentia-me arrastado diante da admirável coordenação e relação desses fenômenos com a origem da vida nos seres orgânicos e principalmente no homem’ a perguntar a mim mesmo qual era a natureza e essência das causas, ou leis que determinavam as transformações ovulares e embriogênicas, e faziam com que um corpúsculo celular no estado fisiológico passasse por diversas transformações e encerrasse em si uma espécie de virtualidade, para, no músculo, formar uma fibra muscular ¾ ora lisa ora estriada ¾ gozando ou desenvolvendo todas as propriedades do respectivo aparelho orgânico; nos nervos ¾ uma célula nervosa ¾ , nos ossos ¾ uma célula óssea ¾ recebendo, para desenvolver-se o mesmo impulso de vida que o óvulo ou semente experimenta ao contacto do germe fecundante, de que resulta a impregnação da vida na matéria, ao passo que essas mesmas células, chamadas a refazerem esses mesmos tecidos, quando acidentalmente sofria uma divisão de solução de continuidade, estabeleciam a união e reparavam assim a solução de continuidade, mas às vezes sem apresentarem a constituição e assumirem os caracteres e as propriedades das células musculares, nervosas e ósseas.”
“Em contraposição apresentavam-se em lugares e regiões onde não havia necessidade de qualquer reparação ou composição orgânica, massa de tecido de natureza muscular, óssea ou nervosa, constituindo produtos chamados heterogêneos ou heterólogos.”
“Em resumo: por que é que o sangue, como diz Raul Pictet em seu Estudo Crítico do Materialismo e do Espiritualismo, pág, 302, deposita aqui o músculo, ali o osso, mais adiante o humos vítreo, a unha, a cartilagem, os cabelos, a sinóvia, o conjunto dos tecidos de que o corpo de todos os animais é constituído?”
“Por que, ouso inquirir, a plasticidade ou a célula elementar, chegando ao periósseo ou ao tecido ósseo, a fim de reparar as perdas fisiológicas ou acidentais que este sofrer, se converte em célula óssea, e não em um tecido de espécie diversa, restabelecendo ali, por um trabalho verdadeiramente ontológico, a forma específica, e seguindo assim uma direção apropriada e um plano determinado, como um prolongamento da ontogênese?”
“São questões estas bem cativantes e interessantes que em todo caso as teorias físico-químicas ou das energias químico-térmicas, não podem, por si mesmas, resolver.”
Estes tópicos de Visconde de Sabóia os aproveitamos de uma seleção feita por Luiz de Mattos, no livro Pela Verdade, da doutrina Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil,por ele fundada. Demonstram claramente a ação do perispírito, onde estão (só podem estar) regulados tais fenômenos, como programados num vasto computador infalível.

A ação mecânica nos órgãos de nutrição

Os leitores que não sejam médicos, como não o somos, podem compreender com mais clareza o processo mecânico do perispírito sobre o corpo físico, quando aquele regula neste a nutrição. O corpo humano, já por si, deve ser uma máquina regulada e conduzida através da programação estabelecida no “corpo astral”, embora neste devam estar os comandos efetivadores das operações da mecânica fisiológica. O aparelho digestivo é uma demonstração desse mecanismo, posto que funciona de maneira comprovadamente automática, deixando boquiabertos até os investigadores mais atualizados, com a complexidade das operações que realiza. É de admirar a maneira como fabrica as substâncias capazes de transformar as proteínas animais em proteínas humanas, para que possam os músculos e o tecido conjuntivo sobreviver. Por mais que se empenhe, o homem não conseguiu até hoje construir um laboratório com capacidade de efetuar as transformações que o aparelho digestivo normalmente realiza, notadamente no trabalho de converter gorduras vegetais em outros tipos de açúcares e gorduras mesmo.
Hoje já podemos com facilidade contemplar o percurso dos alimentos: desde a mastigação, quando deve entrar em ação o primeiro processo químico, que consiste em segregar a saliva portadora da substância conhecida como ptalina, que se encarrega de transformar o amido do pão em açúcar; a deglutição, a caída no estômago onde as chamadas ondas peristálticas se incumbem de mobilizar a matéria nutritiva para o depósito fecal, no qual novos agentes químicos procedem a novas seleções de seus componentes, e onde 35 milhões de glândulas produzem a renina, que coagula o leite, para facilitar a sua digestão e o seu melhor aproveitamento, elaborando ainda o ácido clórico e a pepsina, de grande poder corrosivo... Onde vai buscar o estômago a capacidade de policiar os possíveis excessos, fechando nessas ocasiões a válvula situada no fundo do esôfago, impedindo a entrada de mais alimentos?
Para os intestinos vai, em seguida, o alimento por força dos enérgicos impulsos ondulatórios do estômago. O intestino delgado, por certo, constitui-se em uma das maravilhas admiradas pelo homem, pois a esse órgão incumbe desintegrar os alimentos nos seus componentes mais simples, para facilitar sua condução para o sangue e daí, levados são a qualquer ponto do corpo humano deles necessitados. Se pudéssemos observar mais atentamente o complicado sistema do intestino delgado, admirar-nos-íamos com o tenaz movimento de compressão e oclusão dos seus músculos anulares, tão tenazes que conseguem despedaçar os alimentos para facilitar uma perfeita dissolução. Ademais, ele permite que seu comprimento de seis a oito metros seja reduzido até meio metro, no caso de uma intervenção cirúrgica, se for o caso, sem nenhum perigo para a vida do ser humano.
Sabemos que o intestino delgado possui cerca de 5 milhões de pilosidades semelhantes ao cabelo. Esse denso matagal, como pode ser comparado, confere ao intestino delgado uma superfície interior de absorção fabulosamente poderosa.
E o que dizer das enzimas (secreções desintegradoras de gorduras, proteínas e alimentos hidrocarbonados, que os convertem em outros materiais constitutivos simples, que no ato da distribuição, jamais trocam ou confundem os seus materiais, guiados que devem ser por um código rigoroso, normas matemáticas de precisão absoluta. Admiramos, com certo espanto, a disciplina laboratorial com que a bílis, auxiliada pelo fígado, se encarrega de alcalinizar os sucos e os derramar no duodeno. Aí é feita inteligentemente a distribuição do material transformado: glicose aminoácidos, ácidos graxos e glicerina; as glicoses e os aminoácidos são conduzidos ao fígado pela corrente sangüínea enquanto que os ácidos graxos e a glicerina são enviados às pilosidades intestinais atendendo pedido do sistema linfático. É assim que as células vão recolhendo a sua parte de aminoácidos que passam pelo sangue, para repararem, por exemplo, parte da pele, ou do cabelo, ou das unhas, efetuando a combinação de acordo com a necessidade de cada setor.
O interessante é que tudo isso se efetua sem que tenhamos consciência do fato. O automatismo deve estar regulado nas partes mais profundas do campo energético do corpo astral, sem o que não poderemos justificar jamais a exatidão da programação cumprida.
E o que dizer, ainda mais, do intestino grosso e sua abundante flora bacteriana, no trabalho incessante de elaborar vitaminas e decompor as poucas proteínas que tenham ainda conseguido subtrair-se ao processo digestivo, no trabalho eficaz de fiscalização e aferição das tarefas anteriores?
Admirável ainda é a corrente circulatória, podendo ser comparada ao mais perfeito sistema de navegação fluvial, como admirável é também o alto poder curativo do sangue. Nos vasos capilares ocorre uma expulsão de plasma sanguíneo e um extravasamento de glóbulos brancos, formando o plasma intersticial ou onde vivem as células do corpo. E o coração? A que comparar esse tão maltratado órgão, que não realizaria com precisão suas vitais funções, atuando simultaneamente como motor e bomba para jogar o sangue a todos os pontos do corpo, não fosse constituído de um músculo de excepcional poder de resistência? Já viram de que maneira as artérias, como rios, efetuam a distribuição da generosa encomenda ¾ o sangue ¾ que o coração concede ao corpo inteiro, com exceção da epiderme, da córnea do olho, do cabelo, das unhas e da cartilagem, alimentados, no entanto, por um fluido chamado linfa?
Destas informações está cheia a literatura médica, tão abundantes que extrapolam os limites da medicina e se popularizam, não os conhecendo quem não se dispuser a ler, posto que já nos primeiros anos escolares a pedagogia moderna os difunde também nas suas formas elementares.
Tal multiplicidade de movimentos não poderia alcançar a harmonia maravilhosa que caracteriza o funcionamento do corpo humano, aqui destacada a parte da vida vegetativa, não aceitássemos também a existência do agente regulador do processo mecânico. O corpo astral contém, como vamos descobrindo, a energia programada de maneira a automatizar nosso subconsciente e, assim, ativar essa importante parte do nosso viver.

9. O corpo astral e a evolução das espécies

Fala-se muito em evolução das espécies, mas somente dentro do sentido material. No entanto, esse fenômeno natural da vida se dá graças à programação que lentamente se vai estabelecendo no campo energético, forçando, assim, o surgimento de novas formas para atender novas necessidades criadas ou programadas. Sem o fator “vontade” ¾ já potencializada na força iniciante, aquela que aciona ainda um átomo ¾ jamais uma espécie poderia ensejar o surgimento de outra. Charles Darwin, que olhou o fenômeno evolutivo do ponto de vista positivista, pensou na “força” como o elemento que evolui, escolheu, todavia, permanecer jungido aos objetivos puramente científicos, materialistas.
A teoria evolucionista teve seu embrião com o naturalista inglês Eramus Darwin, avô de Charles ¾ todos o sabem ¾ e partiu do ponto de que, quando uma planta ou um animal adquire de seu meio-ambiente um caráter novo, pode transmiti-lo à sua progênie, decorrendo de tal fato urna mudança, embora lentíssima, que pode justificar a teoria. Muitos deram como exemplo a girafa, que pertencia a uma espécie de pescoço curto, mas que, em virtude da rarefação do vegetal rasteiro, teve que passar a comer os brotos das árvores mais altas, forçando desse modo, o espichamento do pescoço para alcançar os galhos altos, e, assim, foi surgindo nova espécie, de pescoço mais comprido. Sustentavam, também, que a pele grossa de alguns outros animais ficou como uma potente armadura em virtude dos golpes violentos que recebiam, na luta pela sobrevivência. Assim esses novos caracteres foram transmitidos à progênie que passou a surgir com pele mais grossa. E que muitos outros animais começaram a se pôr de pé em virtude da necessidade de alcançarem os frutos das árvores mais altas, onde também escapava ataque dos mais ferozes. Por tal processo, naturalmente, decorreu o surgimento da espécie dos gorilas e dos gorilas, o homem!
Pode ainda vigorar em justificativa da teoria de Charles Darwin o fato de que, também, os membros de diferentes espécies competiam uns com os outros, resultando da luta travada qualquer variação vantajosa que habilitava seu possuidor a sair vencedor. Luta em que os mais aptos sobreviviam e os demais pereciam, efetuando-se, assim, uma natural seleção. Os sobreviventes iam sempre transmitindo aos seus descendentes as variações benéficas, e por essa via, conduzindo-se para formas melhores, mais aptas.

O processo é astral

Simplesmente lendo estas linhas, nossa imaginação vai delineando o processo que conduziu uma espécie a outra, até o aparecimento do homem. É que não pode existir forma alguma no plano material que não tenha sua matriz no plano astral, na forma energética. “Esse outro agente ¾ diz Antonio Pinheiro Guedes, médico brasileiro, em sua obra Ciência Espírita (Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil) ¾ é o perispírito, corpo anímico, constituído de uma matéria etérea, parte do fluido universal selecionado e pertencente a cada esfera ou mundo, e por via do qual o espírito se incorpora, consubstancia-se órgão por órgão, molécula a molécula, com seu corpo, a cuja organização, a cuja constituição e feitura ele assiste e preside, semelhante ao pedreiro que amassa o barro, prepara a argamassa, escolhe e afeiçoa o material com o que faz o muro e constrói o edifício”. É do mesmo autor: “Todos os corpos desprendem emanações que, se escapam à nossa vista, são observadas pelos médiuns, pelos sonâmbulos e outros sensitivos, os quais descrevem, como formando uma atmosfera, um halo, em torno de todos eles, inclusive os minerais”, explicando esse médico em seguida que “o espírito elabora seu perispírito desde o início de sua formação e individualização, sendo como que sua pele, seu arcabouço”.

O autor citado penetrou, não há dúvidas, nas origens do ser, seguindo, em suas pesquisas, a trilha da força, da inteligência, ao contrário dos transformistas-materialistas, forçados a estabelecerem seu trabalho no plano da matéria. Para Pinheiro Guedes, a reprodução, arremedo, ou a estática (formas, atitudes, feições), é uma espécie de memória física, retentividade de formas. Lembra que esse fenômeno se opera sempre em relação à existência remota podendo o homem ou a mulher, em conseqüência dessa vitalização da força, apresentar no seu todo ou em certos traços fisionômicos, o tipo de um animal,que muito naturalmente a força ocupou em vidas passadas.
Ele explicou, a seu modo, a formação dos seres, em virtude das forças universais, que se combinam e atuam, num trabalho que vai do micro ao macro, da pequenina célula ao homem. Leiam-no, mais uma vez: “O animal é o microcosmo; em seu organismo, preso ao mundo orgânico pelos elementos componentes da matéria orgânica, operam as forças cósmicas, produzindo fenômenos materiais ¾ mecânicos, físicos e químicos; operam as forças bioquímicas, produzindo fenômenos cujo objetivo é a conservação do indivíduo e da espécie, tanto animal como vegetal; e por isso tais fenômenos são denominados: funções da vida orgânica ou vegetativa, funções de nutrição e reprodução”.
No mundo inorgânico, soubemos por ele ainda, imperam os fatores calórico, polarização, atração, afinidade... “e as forças cósmicas essencialmente ativas, agindo sobre a matéria inorgânica (aquela de que está cheia a atmosfera da Terra) criam a matéria inorgânica”. Hoje todos nós sabemos que é a combinação química dos corpos simples, como o carbono, o oxigênio, hidrogênio e azoto, elementos materiais inorgânicos, unidos sob a ação de leis químicas, que operam a transformação da matéria inorgânica para orgânica. “São esses primeiros compostos que favorecem a metamorfose da matéria bruta em substância vital” - sentencia Pinheiro Guedes.
Eis como ele explica, em seu já citado livro, a formação ou surgimento da célula: “E, pois, os corpos e tudo quanto hoje se encontra na Terra, aqui se criou em virtude e por ação das potências e energias naturais, chamadas forças cósmicas; as quais não são outros senão o calórico que opera a polarização, esta que determinou a atração; a afinidade, que é um modo particular de agir dessas três forças sincretizadas em uma, a qual cria as substâncias inorgânicas.”
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“Calórico, polarização, atração, afinidade, são portanto os fatores
do mundo inorgânico, que surgiu da matéria cósmica, porção desagregada
da fotosfera solar.”
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A polarização leva as partículas mais densas a se reunirem num ponto central; formou-se, desse modo, o núcleo, constituído pelas moléculas mais pesadas, sobre as quais a atração se desenvolve mais pronta e energicamente; a porção menos densa, que fica em torno do núcleo, constitui o blastema, que se mantém, antes da formação da membrana envolvente, graças às forças combinadas de polarização, atração e coesão e à influência dos centros limítrofes; cada um dos quais impera, segundo a sua energia, sobre uma certa zona, limitada por essas energias dependentes da maior ou menor riqueza de corpúsculos em cada zona.”
“Eis criada a célula.”

A transformação das espécies

Assim foi descrita a unidade orgânica ¾ a célula ¾ início, como sobejamente sabemos, de toda a vida animal, na face do planeta Terra. Uma célula que, reunida a outra célula pela força de atração, ou mesmo gerada pela própria célula inicial em virtude do fenômeno de osmose, permite a formação dos corpos mais complexos e a modificação das espécies, que no reino animal vão desde os que se caracterizam ainda pela vibratilidade, essa força inicial que futuramente vai produzir o movimento. E de espécie em espécie, das mais rastejantes ¾ segunda etapa a que conduz a vibratilidade ¾ aos de movimentos mais seguros e até cadenciados, chega-se ao homem, numa cadeia maravilhosa de sucessão de formas, E só pode ser a “força” que conduz o processo evolutivo das espécies ¾ voltamos a dizer; aquela memória retentiva que vai nascendo no campo polarizado, que cria, conserva e aumenta essa memória/matriz das sucessões de formas por que passa a “força” no percurso evolutivo. Pinheiro Guedes encontra o início dessa “força na polarização, que auréola os átomos e depois vai se desdobrando em outros atributos para poder passar a incitar corpos orgânicos, mais complexos, pois”.

Cremos que toda “força”, mesmo aquela que aciona um átomo (aqui ainda não inteligenciada no sentido que damos a essa palavra), é impulsionada para a frente, sempre para a frente. O impulso na “força” mais elementar, deve corresponder a um anseio. Parece que assim como no plano físico há troca de células proporcionada pela alimentação, no corpo astral (mesmo da “força” mais elementar) deve haver também troca de elementos, (aqui elementos fluídicos), determinada essa troca pelo anseio . O anseio é polarização, que atrai as correntes ou os elementos afins contidos nas forças cósmicas, cujo toque aumenta o poder da memória retentiva, e a memória retentiva aumentada, favorece a evolução, que se processa com a formação pela força de novo receptáculo, que esteja agora em conformidade com suas novas necessidades, Pois é em virtude da necessidade, sempre em crescimento na “força” que as espécies vão gerando novas formas, igualmente melhor adaptadas às condições evolutivas.
O processo da evolução, então, deve ser procurado no corpo astral, onde o anseio estabelece a troca de elementos fluídicos, cria a energia correspondente à necessidade renovada e aumentada, que se reflete no novo corpo gerado. Assim viemos dos corpúsculos aos mamíferos. Assim surgiu o reino animal, com sua grandiosa variedade de espécies formando a parte mais fina do laboratório por onde a força se depura e emerge à luz do raciocínio, que caracteriza o homem.

10. Dos animais à concepção dos computadores

Quando assistimos pela televisão a um desses filmes de ficção científica tão ao gosto dos novos tempos, das novas gerações, lembramo-nos dos animais menores ¾ seres nos quais a capacidade de raciocinar (escolher ou decidir) ainda não aflorou. Afiguram-se-nos então como os robôs ou elementos biônicos, criação moderna do homem: como estes, aqueles parecem seguir uma programação preestabelecida. Os “robôs” ¾ sabemos ¾ são conduzidos pelas matrizes e relés, os animais menores pelo que nós chamamos de instinto, onde, de outra forma, devem estar as matrizes e relés da finalidade que cada espécie deve cumprir dentro da Natureza.
O instinto é justamente esse impulso que nos projeta cegamente para a frente, quando perdemos ou esquecemos a calma e deixamos de ouvir a razão. Fato que, assim pensando, nos lembra e prova que no passado, próximo ou remoto, fomos puramente esse instinto ¾ esse instinto condutor da “força” de espécie para espécie, por todo reino animal, onde cada espécie cumpre uma finalidade determinada pela necessidade de conseguir, lá mais adiante, a razão, que lhe vai dar condições de escolher e decidir. De tal percurso fica a marca ou a memória, essa retentividade do que acumulamos na fase de puro animal irracional. E da influência dessa memória começamos a nos libertar quando assomamos à razão, constituindo a fase hominal, por isso mesmo, a mais dolorosa no plano da evolução universal da “força”. A faculdade do raciocínio dá-nos a capacidade para, com muito esforço, livrar-nos da influência da fera que um dia, na esteira evolutiva da vida, todos nós fomos. O percurso, na fase hominal, tem que ser feito através das muitas categorias de inteligência que distancia o bruto do sábio, e que caracteriza a espécie até que possa a “força” ¾ espírito ¾ se desfazer de toda a herança animalesca e apresentar-se apta, com atributos mais elevados, a viver em plano de existência mais elevado, de mais harmonia com as poderosas e justas leis que regem o Cosmos.

Exemplos patentes

Vemos, por exemplo, um cão no trabalho de vigilância ao patrimônio do dono e nenhuma diferença do “robô” que o homem já pode construir para uma finalidade idêntica. O papagaio, que parece um gravador perfeito, nada entende do que diz, mas repete as palavras que continuadamente ouve e ficam gravadas em seu corpo energético (matéria fluídica mais sensível que a cera da carnaúba ou o acetato), podendo, assim, repeti-las sempre que acionado. As abelhas constituem outro magnífico exemplo: no afã de produzirem mel, catam pólen (guiadas por que?) numa organização admirada pelo homem, que não consegue imitá-las, e nesse trabalho salienta-se a programação que cada espécie traz gravada em seu corpo instintivo (as abelhas jamais misturam pólen de uma espécie de flor a outra). Todas nada mais são do que. e pequeninas máquinas no trabalho incessante da Inteligência Universal. como se víssemos “forcas” superiores intermediárias da Força Total, auxiliando, desde o início da criação no grande Laboratório em que se constitui a Natureza (e, neste planeta, os 3 reinos ¾ o mineral, o vegetal e o animal), essas pequeninas máquinas, programando no campo energético (o instinto) a finalidade de cada espécie (tal qual o homem faz com a cibernética) até que adquiram ou atinjam a capacidade de raciocinar, e, assim, escolher e decidir.

Cumprem o que lhes exige a necessidade essencial

Uma coisa espanta a quantos se demoram a observar os animais menores: o fato de que eles só fazem o que lhes é essencial, o determinado pela necessidade. Comem o que precisam e, em regra geral, a quantidade exata. Até o ato sexual parece ser medido pela necessidade de sobrevivência, havendo para cada espécie uma época certa para o acasalamento. Mesmo o gato selvagem, que se não agrupa facilmente, procura seu par no fim de cada primavera, É justamente isso que nos causa admiração: fazem tudo mais certinho que o homem, que ganhou o direito ao livre-arbítrio mas parece estar aprendendo, dolorosamente, a usá-lo. E percebemos que cada espécie tem um hábito que a caracteriza, parecendo-nos que foram programadas todas unicamente para a finalidade que cada uma delas cumpre. Vejamos o ouriço, completamente coberto de espinhos, que ele usa instintivamente quando atacado nos seus passeios noturnos: enrola-se todo formando uma bola de espinhos protegendo a cabeça e a parte interna. O falcão caça em vôos formando aspirais até bem em cima da presa e a ataca de surpresa, esmagando-a com a colisão. Os bois almiscarados, quando em perigo, formam um círculo em torno dos filhotes e ficam com as cabeças voltadas para fora. O impala, quando assustado, começa a correr e dar saltos enormes, de mais de seis metros de extensão e pulos para o ar de três metros. O instinto do búfalo africano faz meditar. Considerado o animal mais perigoso da África, é, apesar disso, o mais bem protegido dos demais do grupo, filhotes e fêmeas. Se fica ferido, as fêmeas não o abandonam, enquanto que se uma fêmea fica ferida, o macho não se incomoda e a abandona prontamente; os gnus que, ao correrem, formam sempre uma fila indiana; o hipopótamo parece só querer sombra e água fresca; o leão fica junto a um poço de água à espera que algum animal venha beber, sendo suas presas favoritas as zebras, mas só as mata pela sobrevivência.

O grande laboratório ou usina programadora

A grande Natureza, como sabemos, constitui, através das variadas espécies e seus hábitos, um laboratório ou potente usina programadora. De espécie em espécie, de hábito em hábito, vai a “força” adquirindo os elementos, armazenando experiências, enriquecendo seu campo energético ¾ evoluindo, crescendo. Há espécies que se vão aproximando do homem ¾ o instinto mais apurado, hábitos mais requintados, como o cão, o cavalo e outros mais. Fiquemos no cão, que usa o faro como o homem usa a bússola, e é considerado o mais amigo do homem, e nisso parece estar o início do sentimento designado por afeto. Já se perguntaram o que faz um cão correr, quando com dores intestinais, e com seu faro, escolher, selecionar mesmo, uma erva, capim que lhe cure o mal? Onde aprendeu ele isso? Não parece, assim, aquele “robô” de que falamos, programado para maiores empreendimentos? O circo ¾ lembramo-nos agora ¾ tem sido, através dos tempos, um atestado eloqüente do que  estamos pretendendo expressar neste capítulo. Quem de nós ainda não assistiu, deslumbrado, proezas de animais amestrados pelo homem (programados pelo homem como em computadores): chimpanzés que fumam charutos, andam de bicicleta e até cumprem outros atos copiados do homem, depois, é claro, de longamente treinados (programados) por este; leões que, ao estalo do chicote (como o botão que acionamos no computador) saltam voando por sobre arcos em chamas; cavalos que, levados pela sugestão de um torrão de açúcar, dançam ao de valsas, como os treinou o domador. Qualquer um de nós, em vida doméstica, temos tido sobejos exemplos da força que é um hábito tenazmente inculcado no campo energético de um animal de estimação: admiramos, por exemplo, aquele vizinho que durante anos acostumou seu cão a esperar pacientemente o jornaleiro e, quando este chega recebe o jornal na boca e o leva a seu dono, fato reproduzido todos os dias e às mesmas horas como ato computado. Recentemente vimos pela televisão a invasão de uma cidade brasileira por andorinhas, que ali vão todos os anos, na mesma época, emigradas da Europa. Às cinco e meia horas em ponto batem em revoada e às dezenove e dez minutos em ponto, infalivelmente, regressam, para o repouso da noite. Sempre os mesmos hábitos e às mesmas horas, como atos computados. Certamente por isso que o Dr. W. S. Mec Culloch, ao comparar os inventos com os dotes possuídos pelos animais e insetos, observou, conforme está expresso em Veio o Homem a Existir por Evolução ou por Criação; já referido por nós: “Na realidade, os computadores são animais desajeitados, obtusos... Não têm nem o cérebro de uma formiga retardada”. Nesse mesmo livro lemos, ainda, um trecho transcrito de Bionics the Science of ‘Living’ Machines (Biônica, ciência das Máquinas ‘Vivas’). Ei-lo: “Os engenheiros aproveitaram indícios após indícios das funções dos animais vivos. O nome dessa fascinante ‘ciência copiadora’ é biônica, palavra tão nova que a maioria dos dicionários ainda nem a alista...”
“Pensem nas asas de avião modeladas segundo as asas dos pássaros, nos velocímetros, que aproveitaram sugestões do vôo dos besouros, nos computadores, que resultaram na pesquisa da célula nervosa, nos estimuladores do coração, usados internamente, desenvolvidos à base do estudo da eletricidade animal, e nos tubos de TV que copiam o olho do caranguejo; vemos que o homem está aplicando cada vez mais os princípios da Natureza às suas próprias necessidades.” O fato de que o homem pode melhorar sempre o que faz, notando-se sensivelmente essa melhora de século para século, e que os animais irracionais, caiam séculos sobre séculos, fazem seu trabalho sempre da mesma maneira e forma é que aumenta em cada um de nós a impressão de que eles, assim ainda sem raciocínio, são como os robôs que o homem já constrói. As aves, conforme sua espécie ¾ lembra Veio o Homem a Existir por Evolução ou por Criação? ¾ constroem sempre os mesmos ninhos: as abelhas as mesmas colméias, os castores os mesmos túneis, sem contudo melhorarem estas estruturas. Com o homem ocorre o contrário: das cabanas de outrora, ele chega hoje aos palácios, aos edifícios, melhorando sempre a forma, em busca de mais beleza, mais funcionalidade, mais conforto, como se o homem constituísse uma espécie que contém diversas categorias de inteligência, e que uma categoria vai dando lugar a outra, buscando maior evolução, que se nota no aumento de inteligência, graças à programação que se vai estabelecendo nesse imenso computador, que é o perispírito, ou “corpo astral”.

11. A força do instinto ainda no homem 

Agora vamos acompanhar um homem que se dispôs a aprender a dirigir automóvel. Escolhemos este caso porque é dos mais práticos. No princípio do aprendizado, ele força em demasia a atenção, na convicção de que quanto maior for seu interesse, mais depressa aprenderá. No entanto, quanto mais se esforça, mais se atrapalha, e depois ele mesmo descobre que somente com o passar do tempo e muito treino é que o comando do carro vai se tornando mais fácil.
O mesmo ocorre quando uma pessoa ágil está datilografando (para citarmos outro exemplo) e achamos que ali está ocorrendo como que um milagre. Porque nos espanta verificar que a pessoa está operando inconscientemente. Será mesmo que a atenção pode acompanhar e conduzir conscientemente a movimentação milimétrica dos dedos acionando as teclas, sempre as certas? Já viram todos, com certeza, um taquígrafo acompanhando um orador dos mais fluentes? Afigura-se-nos que algo, além dele, opera o acompanhamento. Queremos dizer que não é mais o consciente normal que trabalha, e sim, algo mais interior: o subconsciente, e quem fala em subconsciente está falando em perispírito, porque é justamente essa camada energética que parece não ter mais fim onde nós guardamos a memória (retentividade) dos atos praticados e até dos pensamentos e dos sentimentos. No caso do aprendizado para motorista, para datilógrafo, taquígrafo ou para qualquer o ofício, é necessário que primeiro, o tornemos mecânico, como força mecânica é a energia do perispírito. Isso significa que, no início de qualquer treinamento (e todos sabem disso) é necessário que pratiquemos os atos com cautela, muita atenção mesmo, para irmos lançando as impressões de tais atos no subconsciente (perispírito), porque, com a prática, será esse corpo de memória mecânica que irá conduzir nossos atos, a tal ponto que nossa atenção consciente já não mais possa acompanhar, e esta, quando atenta, até atrapalha a ação daquele, nestes casos citados.
Mais nitidamente podemos sentir, ou ver, essa ação mecânica, quando uma pessoa está cantando. Melhor dizendo: quando nós mesmos estamos cantando. Nessa ocasião, se não formos um profissional responsável, podemos fazer duas coisas ao mesmo tempo: cantar e, por exemplo, serrar uma tábua, cortar um terno e coisas semelhantes, Até podemos deixar o pensamento divagar pelo tempo, indo ao passado em busca das recordações que a música nos está sugerindo. Não é mesmo verdade? Você e qualquer um outro, aliás, todos nós já experimentamos isso, ou podemos verificá-lo neste exato momento. Nossa mente consciente acompanha o que, na ocasião, fazemos, enquanto que nosso subconsciente age de outra forma, quase que independentemente, quando vai liberando a música (e até a letra) que estejamos cantando e que temos gravada no perispírito.
Desse modo se pode provar que o perispírito (subconsciente ou instinto) pode nos conduzir, independentemente de nossa vontade, se a ele afrouxarmos o comando de nossas ações.

O processo vem conduzindo o progresso da humanidade.

Assim parece ocorrer tudo o que se relaciona com a atividade humana e é mesmo tal processo o condutor da humanidade para o estágio tecnológico reconhecidamente avançado, que ela vem desfrutando em nossos dias. Das cavernas, passamos às tribos e às cabanas ou barracas; depois, às vilas e às cidades, e hoje às deslumbrantes metrópoles proporcionadoras de conforto e luxo de que parece ser ávido o ser humano. Deslumbra-nos ¾ citando um exemplo dos mais populares da tecnologia de hoje ¾ a arquitetura do mundo em que cada vez mais se busca, junto à beleza do aspecto, a funcionalidade e racionalismo das linhas e traçados.
Diante de tal progresso, indiscutivelmente vertiginoso, podemos até imaginar o futuro, porque esse futuro sonhado já está em cima do que hoje admiramos. Tocando nesses exemplos, teremos que ir buscar o engenheiro ou o arquiteto que os conduziu até nós. A caverna, onde moravam os primeiros homens, criou impressões fortíssimas no perispírito do primeiro arquiteto, até que nesse corpo de memória mecânica gerou-se a primeira cocha em forma de maquete astral, ou uma forma de caverna criada pela imaginação do homem. A idéia da cabana deu lugar à idéia de outra forma de habitação, que veio evoluindo até os dias de hoje, e alcançamos os monstros de concreto e a arquitetura deslumbrante das cidades contemporâneas. E assim vamos passar para o futuro aperfeiçoando, pelo mesmo processo, as construções e todas as demais formas de engenharia. Porque um engenheiro ou um arquiteto, antes de construir um prédio, desenhou a planta ou construiu a maquete no seu próprio perispírito. O primeiro estilo deu lugar ao segundo estilo arquitetônico e este ao terceiro, sempre mais exuberante, sempre mais moderno, mais funcional.

Sempre em busca do aperfeiçoamento da Vida

Como pôde o homem chegar a isto? Não só em tais fatos repousa nossa admiração. Mais ainda, e muito mais mesmo, nas normas e regulamentos, nas leis em suma, que os homens (infelizmente ainda uma minoria) criam, buscando, através delas, cada vez mais, o aperfeiçoamento da vida em comum, a concórdia. Ninguém duvida que os homens existem em constante atividade, tendo Leandro Konder, que lemos recentemente através de uma pequena biografia de Marx, dito que “o indivíduo não deve ser concebido fora do quadro das suas relações com os outros indivíduos, isto é, fora do quadro da vida social”, e sim “dentro dos limites estabelecidos pelas circunstâncias que lhes convêm. As circunstâncias fazem o homem na mesma medida em que este faz as circunstâncias". O ser humano não existe, em geral, numa situação de contemplação: seu normal de existir é de uma contínua intervenção ativa no mundo”.
Acreditamos, então, que uma corrente se vai formando em torno da Terra com a impressão dos pensamentos de todos os homens que ontem e hoje (e mesmo amanhã) idealizaram o Bem e uma sociedade organizada nos princípios da Justiça para todos, porque essas impressões deixadas no “corpo astral” da Terra influirá na vida dos homens do futuro, arrojando-os mais para a frente. Em resumo: tais impressões estabelecerão finalmente uma programação fortíssima que gerará fatalmente efeitos no futuro. Afinal, assim como nós vamos programando nossa vida futura no corpo energético que pertence a cada um de nós, assim também na Natureza, que é como o Corpo Astral da Inteligência Universal (Deus), portanto a ação mecânica da Vida, já está estabelecida uma programação que fatalmente influirá na condução dos seres para o progresso, para a evolução ¾ o objetivo da Vida.
Pois bem, o que queríamos salientar neste capítulo é que, pelo mesmo processo como os animais menores ¾ tidos como irracionais ¾ podem ser treinados a ponto de operarem maravilhas, os homens também o podem, para cumprirem essa programação Geral, que o Cosmos inteiro irradia, para, afinal, trocarem esse estado de brutos pelo de seres exatamente racionais que pretendemos ser.

12. No fundo de tudo, o Espírito

Até aqui já deu para entendermos a mecânica do processo mental, onde o consciente é quem aprende, mas quem memoriza e opera, isto é, quem torna esse aprendizado mecânico é o subconsciente. O consciente expõe o agente principal em ação ¾ o espírito, a força ¾ enquanto o subconsciente passa a ser o auxiliar, que arquiva em seu universo ou dimensão individual, transformando-se, assim, naquela força mecânica municiadora do consciente.
A matéria ¾ todos o sabemos ¾ já se confunde com a energia, e o que nós não sabemos ainda é onde começa uma e termina a outra. Se dividirmos um átomo, vamos encontrar os elétrons e os prótons, e, com estes, os nêutrons. Na divisão seguinte encontrar-se-ão os "quanta" considerados mais energia que matéria. E os "quanta" serão básicos até onde? Se da matéria, pura matéria como a conhecemos, chegamos à energia quase pura energia, é comprovadamente certo que, no mesmo sentido, da energia podemos chegar ao espírito. Quer dizer: se podemos estabelecer a relação matéria/energia, certo também que podemos estabelecer outra relação: energia/espírito.
Porque é bem certo que quando tivermos a capacidade de dissecar a energia assim como já dissecamos a matéria, encontraremos nas subdivisões dela ¾ da energia ¾ o puro espírito, a força essencial. E retroagindo assim ao ponto em que encontramos o início da matéria na energia vamos concluir que o espírito é o início (só pode ser!) da energia.
O raciocínio até aqui desenvolvido nos lança na mente, como num impacto, a lembrança de que o início de tudo está no que nos chamamos Deus, que é a Força Criadora, a Inteligência Universal ou o Grande Foco, como se nos afigura melhor à imaginação. A Inteligência Universal derrama a luz da sua Sabedoria e Força por tudo, está no interior de tudo, é essencial a tudo. Se assim é, a matéria está, também, penetrada por essa Inteligência, sendo, portanto, infalivelmente, inteligência.

A relação Macro/Micro

Essa Inteligência Universal é o Macro Absoluto, o inverso do micro (átomo) de que muito vimos falando. Vejamos bem que a relação Macro/Micro enseja os mesmos raciocínios cultivados anteriormente e envolvendo a relação matéria/energia e energia/espírito. Os que já tentaram dissecar Deus, essa Força Criadora, chegaram fatalmente ao micro. No micro, pois, está o início de Deus, da Criação Universal, e para chegar a Ela só existe para cada um de nós um único caminho possível ¾ nossa existência pessoal. Só a atingiremos se nos esforçarmos por alargar o espaço que já nos é interior.
Vemos, então, que a matéria nada mais é que ilusão, e uma ilusão só é ilusão enquanto acreditamos nela. A ilusão será maior quanto mais atrasado for o campo em que vivemos. Supõe-se que cada campo de Inteligência Universal seja dirigido por um Pensamento ou Plano correspondente, com seu campo fluídico subordinado à Idéia. Nesse campo, cada espírito é receptáculo da Idéia correspondente ao plano a que pertence, e inicia a jornada evolutiva de forma aparentemente ilusória enquanto acreditar na ilusão.
Mas o Cosmos todo é um Oceano de Força e é nele que o espírito se movimenta, em busca de sua realização, lutando pela Idéia Definitiva. No espaço indimensional do Universo ¾ diz o Racionalismo Cristão, Rua Jorge Rudge, 119, Rio de Janeiro, Brasil ¾ “em que a Inteligência vibra, sem interrupção, acusando permanente ação consciente e constante demonstração de vida, agita o espírito a sua força intranuclear, que se exprime, em todas as atividades, por movimentos vibratórios”.
“São esses movimentos ¾ prossegue ainda o mesmo sistema ¾ irradiados de um núcleo de Força, que é o espírito, no oceano de uma essência idêntica, que é o Todo, assinalando o poder atrativo que faz com que os atributos desse Todo convirjam para o núcleo, desenvolvendo-o, e dando-lhe maior potencialidade”.
Cada tipo de pensamento gerado, ou emitido, de pronto cria a energia correspondente. Conforme for a ideia, será a energia gerada, e assim como for a energia, terá que ser a matéria, que, ao que parece, nada mais é que a energia altamente condensada. Portanto, “sois o que pensardes ser” ¾ conforme avisou Jesus.

Não poderão existir outros tipos de átomos?

Os átomos, ou os "quanta", formam a matéria. Nós conhecemos muitos tipos de átomos: os átomos de ferro, os de cobre, de zinco, de oxigênio, de hidrogênio, etc. Voltamos, assim, a perguntar: não existirão átomos de ira, do medo, da inveja ¾ ou os da paz, da tranqüilidade, das virtudes? Quer dizer: não poderemos a todo instante estar arquivando em nossa estrutura, astral, e até física, átomos da energia correspondente à Ideia ou ao sentimento que se forem gerando em nosso arcabouço mental? Por que um homem se irrita com facilidade, ou com facilidade se deixa dominar pelo medo? Não será que a idéia ou o sentimento do medo consciente gerou a energia correspondente acumulando na estrutura retentiva do perispírito os miasmas deletérios próprios de tais sentimentos, de forma que em qualquer outro momento de vibrações semelhantes, sejam disparados ou acionados os milhões de átomos de tais miasmas deletérios (energia correspondente) num processo que cada vez mais aumenta o poder da ira e diminui a capacidade do controle pessoal? Os miasmas deletérios são, também, matéria fluídica, passando seus átomos a serem deletérios em virtude da energia negativa de que estão acumulados.

As moléculas retêm e transportam conteúdos da memória

O perispírito é um campo acumulador, inclusive, de memória, já o foi dito. “Parece não haver dúvidas de que as lembranças são armazenadas em moléculas de memória e que moléculas ARN e ADN retêm e transportam conteúdos de memória”, lembra-nos Erich von Daniken, em De Volta às Estrelas. E diz mais: “Em metódico prosseguimento destas pesquisas, a humanidade poderia, num futuro não remoto, ter a possibilidade de não mais perder, com a morte de uma pessoa, o saber e as memórias que ele tenha acumulado, conservando e passando adiante seu patrimônio intelectual”. Que exatamente quis dizer Daniken com isso? Embora muito rudimentarmente, o homem já deixa, de muitos anos, seu saber e sua memória gravados nos livros, nos discos e nas fitas magnéticas. Hoje já se fala em pesquisar as neuro-rnemórias. isto é: tenta-se captar do sistema nervoso as impressões que ali uma pessoa, através dos pensamentos combinados com os sentimentos, acumulou em forma de memória. Muitos podem estar admirados, mas memória pode também ser pura impressão, as mesmas impressões que se formam nas chapas fotográficas que, reveladas, guardamos como lembrança. Portanto, memórias dos momentos que vivemos e que podemos guardar ou arquivar para quando delas quisermos fazer uso. Prosseguindo: nossos cientistas vão tentando transmitir essas impressões que são gravadas nas fitas magnéticas ou nos cartões/matrizes, para computadores supersensíveis e ultracapazes. “Será que ainda veremos golfinhos inteligentíssimos, treinados para pesquisas, executando tarefas em postos submarinos?” ¾ perguntou Daniken nesse livro citado por último.
E mais ainda: “Será que veremos macacos, cujos cérebros foram programados para manobrar máquinas de construção de estradas, executando importantes serviços?”
Achamos ser mais fácil ao homem programar uma máquina por ele criada do que alterar ou modificar a natureza interior dos animais menores, principalmente depois que o sentido da harmonia e o respeito pela obra da Inteligência Universal germinar dentro desse mesmo homem. Mas a analogia entre a máquina e os animais menores é ainda importante para lembrar que estes últimos já devem ser computadores em que trabalham entidades altamente evoluídas, de planos superiores ao nosso, com o objetivo de auxiliarem a Criação, principalmente na formação do espírito que emerge através dos pequeninos seres, assim como o homem trabalha através dos computadores e outras máquinas com o objetivo de auxiliar a Vida.
O importante é que compreendamos o processo da programação universal, toda ela sintetizada no átomo, Não tem a semente em si programada a mesma árvore de que se originou? Na semente, o calor do sol e a umidade da terra, assim combinados e em fermentação, vão liberando energia contida e dessa emanação se forma o “corpo astral” dentro de cuja forma vai crescendo a planta.
Assim também nos deveríamos sentir no imenso oceano cósmico em que temos origem e de que vamos, cada vez mais, acumulando a energia. “Entre nosso saber originado do presente ¾ fala-nos ainda Daniken no seu livro De Volta às Estrelas já citado ¾ e o volume de recordações do passado humano, encontra-se uma barreira que só poucos homens conseguem romper em momentos felizes. Pessoas sensíveis ¾ pintores, poetas, músicos e pesquisadores ¾ sentem emocionalmente esta recordação primitiva e procura, às vezes, em esforços desesperados, fazer vir à tona aquelas informações acumuladas. O curandeiro, entre os primitivos, procurava entrar em transe, por meio de tóxicos ou ritmos monótonos, a fim de poder vencer a barreira que o separava da memória primitiva”.

Um acumulador potente

E assim chegamos à conclusão de que nosso perispírito nada mais é realmente do que um potente campo de força que vem sendo trabalhado por cada um de nós, desde os primeiros momentos de nossa vida latejante, como escrevemos em nosso artigo citado. Vamos acumulando nesse “corpo astral” as moléculas de energia correspondente aos nossos pensamentos, sentimentos e atos, de forma que ali fica gravado em programação o resultado dessa vivência. Uma vivência maléfica só pode acumular energia maléfica, assim como uma vivência benéfica acumula energia benéfica. Um homem perverso não o é somente no espírito ¾ o é em todo o seu universo pessoal ¾ corpo mental, corpo astral e corpo físico. Aliás, ele se cobre todo com os efeitos do que gera, e se torna prisioneiro desse campo de força, que o conduz submisso aos impulsos que libera. Uma camada de átomos carregados de energia maléfica continuadamente acumulada em nosso interior, influencia nossos atos, infernizando-nos a vida. Em contrapartida, um homem amante da paz e da concórdia só pode viver num universo atômico de paz e concórdia, deliciando-se cada vez mais com o viver.
Pois se o “corpo astral” é matéria ou energia que se filtra para o corpo físico e se condensa ali, temos neste invólucro de enxofre, azoto, oxigênio e outros elementos, a mais poderosa condensação também do que somos em espírito.
Assim como a felicidade ou o sofrimento estão acumulados nos átomos que nos influenciam, a saúde e a doença estarão já alojadas nesses mesmos acumuladores antes de atingirem o físico. Pois tudo em nossos corpos, quer o astral quer o físico, nada mais é do que energia programada. Nosso cérebro nada mais é do que um formidável computador onde 14 bilhões de neurônios acumulados com a energia retentiva de todo o nosso passado, influenciam nossa idéia, subjugando-a se fraca for nossa vontade, porque ali, como em todo o nosso corpo físico, essa energia está sintetizada em forma de moléculas oriundas, na sua maioria, de nosso corpo astral.
Em virtude disso, nosso corpo físico será benéfico (sadio) se o correspondente astral acumular energia benéfica irradiada pela força, que é o espírito. Trazemos o mal nas células do corpo físico também, mas as geramos no pensamento.

Olhemos as crianças

 Sim, olhemos as crianças, que vivem a fase da vida em que ¾ comprovado e admitido por todos ¾ se gravam mais fortemente as impressões, que mais fortemente passarão a influenciar as demais fases da vida terrena.
Por que assim? Não será, então, porque na infância e juventude ocorre mais aceleradamente o processo de desenvolvimento e crescimento do corpo físico? Não será também porque, ao incorporar nessas fases, células da alimentação diária, a elas o grande gerador adiciona outros elementos, mais finos, recebidos estes através do próprio gerador ou transformador ¾ o perispírito ¾ na forma de energia correspondente aos sentimentos e pensamentos que geramos nessas duas fases?
Não será porque está no pensamento a base do nosso viver?

13. Recondução dos impulsos

Que força é essa que, parecendo superior ao nosso entendimento, nos conduz, subjuga-nos, governa-nos? Voltamos a formular a mesma pergunta do início deste opúsculo. Mas qual de nós não sabe agora onde está a sede dessa força, que se transforma em instinto dominador quando a razão e a vontade são mais fracas?
Essa camada de possíveis elétrons astrais negativos a circular violentamente no âmbito de nossa personalidade precisa urgentemente ser rompida. Ou modificada. Melhor ainda: transformada, que nada neste Universo se perde ou se cria. Não podemos, pois, simplesmente entornar a água suja do velho camburão de nossa personalidade,mas sim,como nos tem sido indicado, abrir sobre ele nova torneira. Cada pingo de água limpa expulsará um pingo de água suja, e de pingo novo em pingo novo, o líquido de nossa personalidade se irá modificando. De átomo positivo em átomo positivo, a estrutura astral que forma a personalidade se irá também modificando. A questão é persistência no treinamento e esperar que o tempo opere o efeito almejado.

Para cada espírito um estilo de treinamento

Cremos não existir um tipo de treinamento comum para modificação da personalidade humana: cada espírito descobrirá por si o que melhor lhe convém. Comum a todos, e essencial para o treinamento, deve ser a intenção sincera de trabalhar pela modificação. Existem indicações deixadas pelos que foram realmente mestres. E como das fundamentais, está a de procurar as causas para eliminar os efeitos, implicando isto em ter a coragem de admitir seus erros, conhecê-los claramente para poder dar-lhes combate. Ninguém também pode tentar eficientemente se não sentir em si as garantias da vitória. Quer dizer: um espírito deverá se conhecer como componente da Força Cósmica Total que movimenta o Universo Infinito. Precisa ter consciência, a mais clara possível, do elemento em que se movimenta, e saber que “são esses movimentos ¾ como diz ainda o “Racionalismo Cristão”, Rio de Janeiro, Brasil ¾ irradiados de um núcleo de Força, que é o espírito, no oceano de uma essência idêntica, que é o Todo, assinalando o poder atrativo que faz com que atributos desse todo convirjam para o núcleo, desenvolvendo-o, e dando-lhe maior potencialidade”. Isto faz com que o ser humano sinta em si, de forma intensa, o Ser Real, que é pura e unicamente aquela “força de vontade dotada de pensamentos” indicada por muitos filósofos, ou, como ainda diz o Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil: “O espírito é luz, é inteligência, é vida, é poder criador, Nele não há matéria em nenhum dos seus estados. É, portanto, imaterial. Partícula individualizada, assim se conserva em toda a trajetória que faz no processo de sua evolução”. Força que tem poder, através do pensamento, de gerar energia e, com a energia, a matéria (ou a ilusão da matéria).
O Ser Real, na sua natureza essencial, já é perfeito. Não tem a semente em si tudo o que a árvore que a gerou contém? O espírito é uma individualidade em que, desde quando era um simples átomo, se vai alojando a Força Total, dando sentido à evolução. O Ser Real, na essência, é inteligência ¾ pensamento, pois. “Conforme pensares, assim serás” (Jesus). A personalidade nada mais é que a ilusão criada por essa camada que parece envolver a parte em que a Totalidade vai lentamente penetrando. O Ser Real é indestrutível e eterno, existindo para todo o sempre. Vibra permanentemente no sentido positivo. “A Força ¾ diz ainda mais o Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil ¾ mantém o Universo regido por leis comuns, naturais e imutáveis. Comuns, porque são inerentes a todos, sem a mínima exceção; imutáveis, por serem absolutas, e nesse sentido não há lugar para o imprevisto, para o acaso ou a dúvida, imperando ¾ só e sempre ¾ a exatidão, a certeza a perfeição (o grifo é nosso)”.

O poder da concentração 

Um dos maiores mestres indicou que o treinamento para modificação da personalidade deve ter início na concentração. Krishna, que há milênios viveu na Índia, deixou bons ensinamentos hoje difundidos pelo Shagavad Gita (tradução de Francisco Valdomiro Lorez - Editora “O pensamento”, São Paulo, Brasil). Vamos ouvi-lo. “Assim sentado, domina a sua mente e dirige o pensamento a um ponto de concentração, retendo ao mesmo tempo, as impressões dos sentidos e não deixando entrar na mente pensamentos que vagueiam, Nessa posição, conservando calma e persistência, purifica a sua alma, dirigindo a consciência ao Eu Real, ao Absoluto, que é a base de todos os seres”. E mais: “Se tua mente não atingiu ainda o necessário grau do domínio das paixões e imperfeições, anda para cá e para lá, desviando-se do seu Objetivo Supremo, sê vigilante e refreia pela força de vontade concentrada, reconduzindo-a sempre ao Alvo”.
Incontável é já o número daqueles que conseguiram o equilíbrio da mente praticando a concentração. No início, o pensamento teimoso e mal educado, foge para os objetos que mais lhe dão prazer. Mas a firme resolução, no entanto, termina por levá-los ao autodomínio.

A importância da paz interior 

É ponto pacífico que somente atingimos o domínio pessoal, após compreendermos que um crime cometido não nos pode dar o sossego que permita a boa concentração. “Por muito importante que seja a tua reta ação ¾ sentenciou ainda Krishna ¾ o primeiro lugar pertence sempre ao reto pensamento. Procura, portanto, o teu refúgio na paz e na calma do reto pensar, ó Arjuna: porque aqueles que baseiam o seu bem-estar só nas ações, com estas necessariamente perdem a felicidade e a paz, e caem na miséria e no descontentamento”. Outro conselho de Krishna: “Os homens estão aferrados a este mundo, porque agem com o fim de obter recompensas e ganhos; estão apegados aos objetos de seus desejos, e, por isso, cansam-se na escravidão dos sentidos”. E mais: “Esta tentação, ó príncipe, é a essência dos desejos que o homem em si acumulou. Ela é seu maior inimigo e chama-se Paixão, nasce da natureza carnal, cheia de pecado e de erros, e ataca o homem para consumir”.

Na imaginação o forte poder de modificação

Atingimos, assim, a consciência de nossos erros e defeitos, que pontilham nossa personalidade de manchas e geram a força maléfica que nos impulsiona cegamente para a frente, para o centro de um contínuo sofrimento.
Conhecemos o grande poder da concentração, para domínio dos pensamentos. Urge conhecermos agora a outra grande força: a imaginação, ou a faculdade da concepção, “Na faculdade da concepção ¾ lembra-nos o Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil ¾ estão o gênio inventivo, as criações do pensamento e a engenhosa força realizadora de todas as transformações e melhoramentos (o grito é nosso). É com essa força realizadora que deveremos trabalhar em seguida, já que contamos agora com o apoio da concentração.
Da imaginação e seu poder muitos homens de real esclarecimento nos falaram. Ela é a força das transformações, como nos diz o Racionalismo Cristão. Lourenço Prado disse, também, em seu Alegria e Triunfo (Editora “O Pensamento”, São Paulo, Brasil) que a imaginação foi apelidada a tesoura da mente, pois está sempre cortando, cortando, dia e noite, as figuras que vedes nela e, mais cedo e mais tarde encontrareis no mundo as suas criações... São, ainda, “as imagens astrais que vivem na atmosfera magnética dos homens e das coisas”, como indicou Papus.
Bem recentemente, um escritor norte-americano ¾ Richard Bach ¾ nos deu, através de seu livro Ilusões ¾ Editora Record, tradução de Luzia Machado da Costa ¾ uma demonstração do poder da imaginação, no diálogo que os personagens travam em torno da vida terrena, e desta assemelhar-se a uma fita cinematográfica, cujas imagens, na fita em si, são totalmente estáticas, mas aparentemente vivendo por força da ilusão dos movimentos que lhes confere o projetor. Assim falou um deles: “Então devo imaginar essa magnetização? Imagino alguma linda dama, sábia e mística, aparecendo no meio do povo, de um campo de feno em Terragon, Illinois? Posso fazer isso, mas é só isso, é apenas a minha imaginação”.
O outro:
¾ Apenas a sua imaginação? Claro que é a sua imaginação, já esqueceu disso? Onde está o seu pensamento, aí está a sua experiência. Conforme o homem pensar, assim será: aquilo que receei aconteceu-me. Pense e enriqueça. Visualização Criativa para o divertimento e lucro; como encontrar amigos sendo você quem é.”
Ou:
¾ Você quer saber o que dizem seus sonhos? É o mesmo que olhar para as coisas de sua vida desperto e perguntar-lhes o que representam”.
Deu para entender. Porque muitos outros também disseram: “Seu corpo é a expressão física de seu pensamento” ¾ seu corpo e tudo que o rodeia, podemos acrescentar, porque a concentração de todas as imagens geradas no passado e hoje se configuram no corpo astral, e mesmo no físico, condicionam nosso ser.
Somos pensamentos, somos pura imaginação gerando permanentemente a energia correspondente, e com os pensamentos e a imaginação, podemos operar toda ordem de transformações em nosso ser, direta e particularmente, e em nosso redor, por afinidade e influência. Atentemos para o fato de que, quando pensamos demoradamente num determinado assunto, geramos imagens que permanecerão impressas na estrutura astral na forma de plaquetas de energia e aí serão tão intensas quanto a intensidade do próprio pensamento gerador. Por outras palavras: uma imagem gerada no perispírito constitui-se em uma matriz produtora de outras imagens semelhantes, e se dermos seguimento a essas imagens, outras mais se sucederão geometricamente, condicionando o prisma pelo qual passamos a ver a vida. Tais plaquetas passam a influenciar nosso modo de pensar e de agir. Imagens mentais, portanto, cujos similares, como sugeriu Lourenço Prado, vamos encontrar daí para diante, no mundo, atraídas para nós em virtude das leis do magnetismo e das afinidades.

O processo

Eis evidenciado o processo das transformações, e vantajoso, pois, é pensar demoradamente no Bem, no positivo, para que formemos plaquetas de energia correspondentes e possamos, depois, viver sob sua influência. Eis porque escrevemos este opúsculo, como outros também o fizeram, e engenheiros e arquitetos constroem edifícios que nada mais são que decalques das maquetes que eles carregam no perispírito, a influenciar-lhes a vida.
Queremos nos libertar do jugo dos nossos defeitos morais, mas a força do instinto em que eles se transfiguraram nos mantém ligados e nos lança para a frente. Parece, às vezes, que somos impotentes diante dessa força; o querer apenas não basta, é necessário um outro esforço ¾ o esforço da imaginação apoiada na concentração. Meditemos profunda e persistentemente no oposto dos defeitos que nos dominam. Somos ansiosos e a pressa nos oprime? Meditemos na paciência e na calma, procurando mesmo visualizar sob os diversos ângulos as vantagens que a paciência nos pode dar, como já ensinaram muitos mestres. Somos egoístas e avaros ao extremo, a ponto de já sofrermos com a avareza e o egoísmo? Meditemos, de igual modo, nas delícias do desprendimento, que, por todos os seus aspectos, nos livrará dessa prisão. Meditemos muito e continuadamente, até que tenhamos carregado nosso perispírito com a energia correspondente e essa energia nos estará influenciando no futuro para o Bem e para o positivo da vida. Muitos estarão pensando ser isso impossível, ou mesmo tolice. Que recordem estes os exemplos dos que se submetem aos demorados treinamentos para datilógrafos, motoristas e outras profissões em que, muitas vezes, é o subconsciente que vai operar com base naquelas imagens que, no início do treinamento, são lançadas, com muito cuidado nesse campo da memória retentiva, Um leigo no assunto, acompanhando um datilógrafo em seu mister, por exemplo, acha impossível que uma pessoa, ele principalmente, consiga escrever à máquina com tal ligeireza, mas com o treinamento correspondente e o passar do tempo, fica ele admirado de sua própria agilidade, com a habilidade com que os dedos manipulam os teclados sem que a consciência possa acompanhar tais movimentos. E no entanto isso é possível.
Por isso, é necessário que cessemos em nós a avareza, por exemplo, para que possamos ter paz e encontremos a segurança que procuramos. O processo, assim, é dos mais simples: pensar sempre nas virtudes opostas aos nossos defeitos, para criarmos em nosso perispírito novas formas, novas imagens ou matrizes que possam ir lentamente substituindo as antigas, estabelecendo nova programação no grande computador que somos: um pingo de água límpida expulsando do camburão outro pingo de água suja, ou um átomo de energia positiva substituindo um outro de energia negativa, até que a envergadura astral que nos cobre seja atomicamente positiva.
Primeiro você começa a pensar nas virtudes opostas a seus defeitos; depois você começa a se opor aos defeitos, aumentando cada vez mais o poder de oposição com a energia favorável que começa também a se formar em seu perispírito.
Há no seio da humanidade homens que parecem ser produto natural dessa disciplina, desenvolvida, por certo, anos seguidos de anos. os líderes de todos os segmentos são produto desse magnífico exercício, desse querer forte que faz com que estejam eles permanentemente carregando seu mental de imagens sempre positivas, enchendo-se, assim, da energia correspondente. Seres que sabem formar em suas mentes as imagens nítidas do ideal que alimentam até que a energia assim concentrada nos impele muito naturalmente para a frente, para a realização desse ideal.
Comerciantes vigorosos, capitães da indústria moderna e todos os demais líderes estão atestando por aí afora nossa assertiva. Homens pertinazes e batalhadores, cujo êxito é conseqüência natural da certeza de que estão carregadas suas mentes, certeza de que foram feitos para a vitória que está permanentemente desenhada nos seus perispíritos, de tal forma que a energia, por essas imagens gerada, os conduz no rumo certo.
O segredo é simplesmente este: imaginar ou criar forte e claramente no mental as imagens do objetivo a seguir, até que elas se gravem nitidamente no perispírito e tomem forma no plano físico, pela nossa realização e esforço, não encontrando oposição nessa vontade posto que a energia gerada por todas as imagens que há tempos vimos aninhando ao mental, facilitam nossa ação.
Afinal, somos nada mais nada menos que um repositório onde a Força Total vai lentamente se alojando. Imaginar Deus como o Grande Foco de Luz convicta e persistente é abrir nossa mente a essa Força, é chamar para nosso interior a Luz desse Grande Foco de Força e Poder, até que Ela se vá alojando mais e mais no nosso interior, no grande e infalível processo que se chama evolução.

14. Disciplina na conduta

Os que se foram autodisciplinando aprenderam, todavia, que não basta o exercício da imaginação, e que é necessário, após o longo estágio da meditação concentrada, a reta ação. O próprio Krishna isso indicou, conforme se lê ainda no Bhagavad Gitâ: “Como já te disse, ó nobre príncipe, há dois caminhos que vão à Perfeição. O primeiro é o caminho do Conhecimento, e o segundo o da Ação. Uns preferem o primeiro e outros, o segundo desses dois caminhos; sabe, porém, que considerados do alto, ambos são um só caminho...”
Também disse:
“Seja, pois, o motivo de tuas ações e dos teus pensamentos sempre o cumprimento de teus deveres, e faze as tuas obras sem procurares recompensa, sem te preocupares com o teu sucesso ou insucesso, com o teu ganho ou o teu prejuízo pessoal. Não caias, porém, em ociosidade e inação, como acontece facilmente aos que perderam a ilusão de esperar uma recompensa de suas ações”.
Tal conselho significa, a nosso entender, que todos os que alcançaram a importância da imaginação, como um projeto que fixamos na mente, devem também considerar que um projeto demoradamente mentalizado deve ser posto em execução, Por isso, muitas escolas ¾ dentre elas o Racionalismo Cristão ¾ estão indicando a disciplina e método no viver como o final exercício para a transformação em atos de tudo o que já arquivamos na imaginação (corpo astral), de tal forma que cada vez mais tenhamos facilitada nossa real integração à grande programação Universal, ligando, dessa forma, nosso pequenino ser ao Ser Absoluto.

Um extenso corredor que nos dá forma

A disciplina e método devem ser como um corredor através do qual vamos modelando nossa conduta em busca da expressão legítima quando aferida pelos objetivos da Vida. Constituem, por isso, uma espécie de moldura sob a qual damos forma à nossa natureza, forjamos o caráter.
Urge conhecermos os valores essenciais da Vida, pelos quais codificamos o sentido da boa moral. A boa moral, assim, fica sendo a intenção das atitudes com as quais podemos ter acesso ao planos seguintes da vida ¾ por terem essas atitudes repercussão em todas as demais esferas do Infinito; são como os trilhos somente sobre os quais poderemos chegar lá ...
O primeiro dos elementos dessa extensa regra deve ser o Trabalho, através do qual cada um executa aquilo que lhe for conferido como Dever e ergue o edifício da sua dignidade pessoal. Do trabalho depende a segurança da Família e a grandeza da Nação a que cada ser humano pertence. O legítimo trabalho, pois, é aquele que tem por base a honestidade de propósitos e a pontualidade no compasso de execução.
Cada pessoa pode estabelecer ou escolher os princípios que melhor possam contribuir para regularizar a formação de sua conduta, O autor adotou regras preconizadas pelo Racionalismo Cristão, por ver nelas o corredor ideal para moldar os caracteres, e as transcreve aqui para orientação dos leitores:

1     fortalecer a vontade, no sentido do Bem;
2)    cultivar pensamentos elevados, em favor do semelhante;
3)    estender seu auxílio a quem dele necessitar, quando os meios e a oportunidade o permitirem;
4)    manter o equilíbrio das emoções na análise dos fatos, para não afetar a serenidade necessária;
5)    conduzir-se, respeitosamente, na linguagem e nas atitudes;
6)    ter consideração pelo ponto de vista alheio, principalmente quando manifestado com serenidade;
7)    eliminar, do hábito comum, a discussão acalorada;
8)    não desejar para os outros o que não quer para si;
9)    combater a maledicência;
10)  não ligar o pensamento a pessoas maldosas, perturbadas e inconvenientes;
11)  exercer o poder da vontade contra a irritação;
12)  adotar, por normas disciplinares, o hábito sadio de somente tomar decisões que se inspirem no firme propósito de fazer justiça, agindo, para com todos, com ponderação, serenidade e valor;
13)  repelir os maus pensamentos;
14)  usar de comedimento no falar, no vestir, no trabalho, no dormir, no alimentar e no recrear;
15)  não se descuidar com a polidez e a pontualidade, por serem estas reflexo da boa educação;
16)  impor às exigências da vida humana disciplina mental e física;
17)  esquecer-se de quem tenha praticado ofensas, traições e ingratidões;
18)  desviar do seu convívio social aqueles que não possuem envergadura moral;
19)  reduzir, ao tempo mínimo possível, o contacto que interesses materiais o obrigam a manter com pessoas inidôneas, esquecendo-as, em seguida;
20)  cultivar, permanentemente, o bom humor, por meio do qual as células orgânicas recebem influências salutares;
21)  promover, por todos os meios espirituais, a longevidade, atenta ao conceito de que a saúde do corpo depende do bom estado da mente;
22)  dedicar-se, integralmente, à segurança e à estabilidade do lar;
23)  conservar em plena forma a higiene mental e física;
24)  não voltar a ter entendimentos ou reconciliação com seres comprovadamente desonestos, detratores e falsos, porque a natureza não dá saltos e as modificações bruscas não se operam numa só encarnação;
25)  apurar, no máximo, o sentimento fraternal de amizade para com as pessoas de bem, com a finalidade de intensificar a corrente harmoniosa do planeta, em benefício comum.
O ser humano que se dispuser a cumprir as regras expostas, atingirá seguramente a concepção do Ideal mais elevado neste mundo em termos de conduta e estará caminhando para a real espiritualização. Os princípios de Cícero, ou os de Horácio, que constituem pontos altos deste Ideal, se tornarão de fácil assimilação no processo da transformação.
Para Cícero, “observar, pontualmente, todas as regras que podem constituir o homem honrado, é o mesmo que satisfazer todas as obrigações e cumprir todos os documentos que respeitam a todas as partes e a todas as ações da vida, somente podendo ser o homem honrado a proporção que as observa”. E indicou estes quatro princípios para caracterizar o que se possa entender por honrado: Ponderação,- Justiça, Valor e Moderação.
“Para Horácio ¾ fala-nos ainda o Racionalismo Cristão, Rio de Janeiro, Brasil ¾ homem honrado é o que se vence a si mesmo, aquele a quem a morte, a pobreza e os trabalhos não atemorizam e que, sabendo reprimir os seus desejos intemperados, despreza as honrarias”.

Conclusão

Hoje já se faz clara distinção entre vontade e desejo. Vontade ¾ todos o sabem ¾ é aquela força em que nos apoiamos para, vencendo os obstáculos criados por nossas próprias raízes, nos lançarmos para a frente; enquanto que desejo é aquela outra força que nos puxa para trás, tentando nos aprisionar mais ainda a essas raízes. A vontade utiliza-se da imaginação, posto que nos lança para o inusitado, enquanto o desejo, nos puxando para trás, deve ter por base a experiência, isto é, a memória de tudo o que já vivemos.

*   *   *

É necessário que o homem moderno conheça urgentemente esse mecanismo mental. As máquinas começam a povoar o mundo, os computadores a substituírem o homem em diversos setores. O homem não foi convenientemente esclarecido e preparado para a era da cibernética, e poderá confundir-se com elas, vivendo pura e unicamente a parte mecânica.
Urge, pois, conhecer a ação do perispírito, antes que se torne perigoso demais, antes que o próprio homem se confunda com as máquinas que ele está criando.

*   *   *

Por isso é que estamos mostrando a semelhança de nosso perispírito com um computador, um potente campo de força que vem sendo trabalhado por cada um de nós, como se estivéssemos diante de uma colossal máquina eletrônica, um computador mesmo, do qual somos os operadores e a ele estamos, indissoluvelmente, ligados por mil e um filetes fluídicos, por cuja via vamos estabelecendo uma programação automática por efeito dos nossos pensamentos, sentimentos e atos, isto é, vamos programando nossas situações futuras, boas ou más, conforme a qualidade desses pensamentos, sentimentos e atos.
As máquinas eletrônicas ou os computadores, como já foi dito, agem por força de matrizes, tal como as matrizes ou plaquetas que vamos criando no perispírito por ação do poder imaginativo. Nas máquinas, as matrizes são acionadas pelos impulsos elétricos; no homem os impulsos nervosos são iniciados no corpo astral, lá no ponto onde estão as plaquetas ou matrizes criadas pelo nosso modo de pensar, sentir e agir.
Mas há uma diferença fundamental entre os homens e as máquinas. Estas cumprem os impulsos elétricos, mas deles após, ficam inconscientes, enquanto que os homens obedecem a impulsos que, posteriormente, o que chamamos consciência analisa, e se maléfico, repudia. Quer dizer: o homem tem consciência, e essa consciência é o espírito ou a fagulha da Inteligência Universal, portanto dotado de razão e lógica que o fazem repudiar os atos praticados inconscientemente.
Quer dizer ainda: quando o homem age sem o comando desse ser dotado de razão e lógica, dessa consciência individual, ele está sendo conduzido pura e unicamente pelo instinto, que é a síncrese do corpo astral carregado de energia das experiências vividas, e aí ele se compara às máquinas, é pura e unicamente um computador.
Nisto consiste nossa mensagem: que o homem deve ter consciência dessa parte instintiva, de como ela age ou opera, para anular seus efeitos, quando forem deletérios, estabelecendo nesse caso nova programação com a ajuda da parte consciente ¾ o espírito; e conhecer o Ideal da Vida (moral) e tudo fazer para dar cumprimento em si da Grande Programação Universal.
Eis porque este livro precisa ser lido e difundido, em benefício da humanidade.

Resumo

Um resumo absoluto dos conceitos emitidos neste pequeno livro seria unicamente este:
Diversos leitores da primeira edição de Energia Programada mostraram-se apreensivos com o fato de ter este escriba contrariado a teoria de Buchner, que disse ser o Universo constituído de Força e Matéria. É preciso notar que Buchner “fotografou” o Universo e no-lo apresentou assim aparentemente estático, como instantaneamente também o percebem nossos olhos não afeitos às seriíssimas mutações da vida. Estático ou fotografado instantaneamente, o universo se nos apresenta realmente com estes dois elementos ¾ Força e Matéria. Mas é evidente que um desses dois elementos tem que ser primordial.
Tem o autor para si, pois, que o Universo é constituído de Força e Matéria, como disse Buchner, mas a Força (Deus ou Inteligência Universal) é o elemento primordial, porque é inteligência ¾ gera pensamentos. O pensamento gera a energia correspondente e a energia, por sua vez, gera a matéria. Quer dizer: A inteligência em ação é pura energia e se condensa naquilo a que chamamos matéria.
Somos assim:
- Espírito (Pensamentos)
- Perispírito (Energia)
- Corpo Físico (Matéria ou Energia Condensada)
- O Espírito é um centro de inteligência gerador de pensamentos.
- O Perispírito é um campo de Energia produzido pelos Pensamentos.
- O Corpo Físico é, assim, essa Energia condensada.
Somos, em síntese, exatamente o que pensamos.
Quando o Espírito quer, o corpo físico cede.
Um corpo físico é doente porque o Espírito que o anima se faz doente, quer dizer, é de Vontade fraca, que só produz pensamentos negativos.
Um homem mau não o é apenas em pensamentos, mas sim em todo seu universo pessoal: o espiritual, o astral e o físico. Um homem mau se reveste com o resultado de seus pensamentos malignos, porque os corpos físico e astral condensam em si o resultado desses pensamentos malignos, que geram a energia correspondente e esta cria um físico atomicamente negativo (doente), encerrando o Ser em um centro intenso sofrimento.

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O Espírito se liga ao Corpo Físico por intermédio do Perispírito, que na sua parte mais grosseira deve ter uma certa relação com a parte mais fina do Corpo Físico.
Nessas circunstâncias, o Perispírito é a Matriz do corpo físico, estando nele impressas as fases do desenvolvimento e crescimento, troca de células e recomposição dos tecidos de acordo com sua natureza.
A ação mecânica do Corpo Astral (Perispírito) sobre o Físico se nota nitidamente nos fenômenos que regulam a nutrição.
O perispírito é também o elemento através do qual a Inteligência Universal (aqui mecanizada através da Natureza) processa a evolução das espécies.
As espécies constituídas (assim como toda a Natureza) formam o laboratório através do qual o elemento Força processa sua evolução e ,emerge como Espírito, com capacidade de escolher e decidir, com o poder do raciocínio,
O Perispírito é um acumulador dos resultados por que vai passando a Força no processo evolutivo.
A experiência acumulada aqui, reflete-se ali, na formação do receptáculo (Corpos Físico e Astral) seguinte, e assim as formas vão emergindo, sempre melhoradas, expressando na conformação do mais recente receptáculo atingindo o resultado das experiências vivenciadas.
A evolução, até certo ponto, se faz por um processo mecânico, como mecânica é a ação do Perispírito sobre o Corpo Físico, nas espécies menores. Quando o Espírito atinge a capacidade de escolher e decidir, a capacidade plena de raciocinar, passa à obrigação de ir racionalizando essa ação mecânica, e nisso consiste a luta do homem neste mundo. A fera que fomos outrora deixou marcas profundas nesse acumulador, e essas marcas nos impulsionam cegamente para a frente em muitas ocasiões de nossa existência.
Neste ponto é que nos assemelhamos a um computador, porque um computador vive por uma ação mecânica, puramente mecânica. E quando são apenas aqueles impulsos cegos que nos levam para a frente, é sinal de que estamos vivendo unicamente a parte mecânica de nosso ser.
A parte mecânica de nosso ser é o resultado das experiências pelas quais passamos e tem por sede o Perispírito. Quer dizer: é nosso Perispírito que está agindo mecanicamente, enquanto o Ser real, a Consciência, está adormecido ou vencido por essa ação mecânica. Aí nos comparamos a uma máquina, somos meramente um computador.
Mas o Espírito, além do raciocínio, possui muitos outros atributos ou componentes, o entre eles estão a Vontade e o Poder de Concepção com base na Imaginação.
E com base na Imaginação, visualizando imagens novas, podemos disciplinar ou redirecionar essa ação mecânica. Se nosso Perispírito é um acumulador de energias, devemos então agir no sentido de acumular a partir de então novas imagens, resultado de novos pensamentos, até que esse acumulador esteja positivamente energizado.
Positivamente energizado o Perispírito, o resultado é um Corpo Físico sadio, mais suave, menos grosseiro.

Ou talvez nem precisemos mais do Corpo Físico. Trabalhar para bem pensar, eis o sentido da moral (como dizia Descartes, o nosso maior dever neste mundo.