Martinho
de Mello Andrade
A Chave
do Cadáver
2012
(CONTOS)
Índice
Agradecimentos
Prólogo
I Capítulo
Julinha
Djú má
Di
Dite e
fête
Strelinha
na Boca de Carbon
Geraldo
II Capítulo
Brodjud
Dentista
Colheta
de Cana
Bodge
na Fajã d’Boxe
Primer
ê Engoce
III Capítulo
Bodge
na casa de nhô Anton Jon
Guarda de
mandioca
Larangêra
d’Pove
Padjanca
Césa
Labája
de Rôpa na Marê Palinha
IV Capítulo
Sentinel’Alerta
Compra
d’Sucra
A Chave
do Cadáver
Um
Bedge má se Manta
Bôce
seca tchel Combinação drête
Cal ê
Banda q’Sol ta Nacê?
V Capítulo
Pá Jon
má sês Nête
Pega ês
Pedra na Mom
Bodge
de Manel Anton
Concência
Profissional
Gente
ca Mestê ser Rico pa Gente ser Flize
Nos
Futur no debê prepara’l qu’ond nos ê Nob
VI Capítulo
Guarda
Cabeça
Odjada
Três
amigo
Bomba
VII Capítulo
Spreta
Galinha
Ladron
Lídia
Epílogo
Agradecimentos
Meus sinceros agradecimentos vão para os seguintes: Meus
irmãos, António Melo Andrade e Eugénia Melo Andrade, pela sua irrecusável e
fraterna colaboração na reconstituição de alguns contos; saudoso Luís Romano,
meu primo e amigo de toda a hora, como homenagem póstuma, pelo esforçado interesse
manifestado, incentivando-me para que publicasse os meus contos na modalidade
sanicolaense. Cito uma das suas saudosas notas:
“Meu Caro Martinho:
Gratíssimo
pelo teu conto totalmente “nosso”. Vê se compilas uns quantos pª dares forma de
livro. Seria material de muito valor, dentro do contexto e dimensões. Meus
abraços para Nossa gente. Cordialmente teu LROMANO. 20.8.75”.
(Respeitei o
conteúdo do texto, talqualmente).
João Lopes Filho, pela sua colaboração
prestada; Nicolau Tolentino Ramos, pela
sua paciente colaboração prestada na grafia de alguns vocábulos; meu dilecto
netinho, Luisinho (Luís José de Mello Andrade Alves), pela sua mui querida e
indispensável ajuda no computador; meu sobrinho, Hermes Soares de Melo Andrade,
pelo seu concurso prestado na parte compatível deste livro; Firma Bento, S.A.,
representada pelo seu P.C.A., Sr. José António Lima, pela ajuda pecuniária
concedida para a viabilização gráfica desta obra.
Atenção, gente minha!, faço saber, por este meio, que os
nomes declinados no presente livro são fictícios. Assim sendo,
qualquer semelhança com alguma pessoa ou acto presentes, é
fruto de mera coincidência.
Aos meus queridos pais:
André Miguel Andrade
Isabel Nobre de Mello
e
Às minhas dilectas
cunhadas:
Célia Soares Andrade
Zinha
Andrad
Prólogo
A ideia central deste livro foi a de
passar em forma de livro alguns contos escritos em crioulo, na variante sanicolaense.
Eis que a melodia e a doçura, partes
integrantes com que é formado e falado este idioma, me vêm assediando e
enfeitiçando dias há, num convite persistente e, portanto, irrecusável, para
assentar no papel esses contos maravilhosos, resgatando-os assim da vala do
esquecimento, e não só.
Entre eles há uma interacção natural,
um abraço mútuo, como é óbvio, do verdadeiro e do fictício, em que este, mais
lhes serve de almofada.
Optei no entanto, por obedecer ao
critério fonológico em lugar do etimológico por me parecer mais científico
escrevendo as palavras na exacta forma em que são pronunciadas e cantadas,
fugindo também, quanto me foi possível ao estrangeirismo, uma vez que o crioulo
sanicolaense de algum tempo a esta parte, vem sendo “enriquecido” com termos
estrangeiros, provindos de fontes várias,
sendo o seu veículo, o Emigrante.
Dada a fluidez com que se fala este
idioma em pauta, isto é, sem quaisquer nós no discurso, a perturbar a sua
suavidade escorregadia e a sua vizinhança com a língua mãe - o português -, não
vi necessidade de fazer a sua tradução.
Entretanto, reflectindo sobre o assunto, fui conduzido, ao amparo de associação
de ideias, a consultar o Mestre, Baltasar Lopes da Silva, quando disse e
escreveu que – 97% do nosso crioulo proveio do português – in Escritos
Filológicos e Outros Ensaios, a pg. 223. Fim de citação.
O nosso crioulo é um português,
dir-se-ia mal falado: não é preciso ser-se linguista ou filólogo, para
constatar isso.
Há uma similitude entre o crioulo e o
português, tal qual se nota entre as línguas novilatinas. “They are fruits of the same root”, ou, para quem quiser, são frutos
da mesma raiz.
Portanto, o crioulo de São Nicolau é
uma mistura do português arcaico com alguns termos do crioulo africano,
fundidos no mesmo cadinho.
O crioulo é originário do encontro de
dois povos com culturas diferentes, cores, usos e costumes, que se juntaram em
lugar também diferente para ambos e que se cederam de parte a parte em simbiose
para poderem sobreviver, cfr. João Lopes Filho.
Eis senão quando, com a vinda dos
colonos não havia mão-de-obra, pelo que viram-se obrigados a pôr o problema ao
reino, o qual lhes facultou um documento denominado – Carta de Privilégio - com
o qual passaram a comprar escravos na costa da Guiné, por algum tempo, sendo-lhes
posteriormente retirada a tal Carta. Posto isso, os colonos passaram a conviver
com as africanas, tendo resultado, dessa miscigenação, o nascimento de um povo
híbrido – o cabo-verdiano mestiço e de uma nova língua.
Temos nove ilhas, cada qual com o seu
idioma que as caracteriza. Não se misturam, cada uma tem a sua personalidade
própria, o seu talento próprio, e bem assim o seu estatuto, o que se pode
constatar pelo falar dos habitantes de cada ilha, que pelo seu falar já se
identifica de que ilha pertence.
Na minha opinião, salvo a melhor, e
porque não embarco em hipóteses especulativas, essas variantes deverão ser
conservadas e preservadas, a fim de não perderem a sua originalidade e/ou essência,
atendendo a que representam um dos nossos mais valiosos tesouros antropológicos.
O nosso idioma está no bom caminho
para, um dia vir a ser uma - língua de civilização. Tenhamos paciência e
calma, porque tudo tem o seu dia. O que a geração presente não fizer, fá-lo-á a
seguinte, atendendo a que estão intimamente ligadas numa sucessão maravilhosa,
em que uma ampara, com segurança, a outra, que será cada vez mais completa e
complexa que a anterior. Cada época faz o seu trabalho que se interliga
fatalmente com a seguinte. Trata-se de Evolução no sentido amplo, uma vez que
tudo evolui e nada estaciona, nem no Tempo nem no Espaço.
Devem estar lembrados que da língua
Latina (Românica) se derivaram, da sua transformação lenta, seis línguas Novilatinas
e que são: portuguesa, espanhola, italiana, francesa, romeno e catalão, e que
estas levaram três séculos para a sua evolução morfológica, cfr. o saudoso Baltazar
Lopes da Silva.
I
Capítulo
Julinha
Jon de
Tuda, tá gosta mut de Julinha, mnininha branca de cara rosóde, que tá tchma tud
gente atenção.
El tá
spretá’le hora qu’le tá bá fazê mandód e el tá companha’le pâ tud cób. Má lugar
más certe era ô qu’le tá bá pa Maré Branca, bscâ água.
Jon tá
pertâ Julinha pâ ranja má’ el. El tá fala’le, ó mnina, ranja má mi, ‘m ta
fazêb’ mdger máss felize desse mund.
Má
Julinha tinha mede de sês pais. Ele tá fala’l qu’ma ele ca tá ranja má el
patchê sê mãe tá sotá’le, má Jon era teimoz, el tá segui’le pa tud ponta, moda
sê sombra.
Un dia
Jon trá’le lata de cabeça, pô na tchon e el fala’le, hoje bô tem qu’
falo’m c’ma sim, senão catem bada pa
casa. Julinha largâ ta tchôra moda mnine, patchê djâ era tarde e dnote staba ta
ftcha. Es cosa repti pa mut tempe e Julinha sempe c’mede de leba de pau.
Ote dia
Julinha staba ta bai pa Stantcha e Jon tma fê e el companha’le. Pa caminhe el
tra’le sê ‘nel a força e el Julinha fala’le, se bô ca ranja má mim hoje, ‘m ca
ta dób ês anel e ô qu’ bô tchga na casa sem el, bô mãe ta sotób. Julinha tchgâ
na Stancha, sempe seguid pa Jon, qu’ánd ele fazê tud compra ele bra pa casa, pa
Campim. Qu’and ele dga perte de casa, Jon brâ pa trás.
Sotrum
dia, na hora de costume de bá bsca água na Marê Branca, Jon dja staba ta
spera’le, encostod na pared, el companha’le ‘té rbêra, sempe ta conquista’le
cum teimosia indiabrod, sempe ta recebê não. El torna tra’le lata de cabeça, e
el fala’le: hoje ê quê tchel dia – ô bô ta falo’m c’ma sim, ô anton bô ta drumi
na rua. Julinha pô ta tchora e ele bra pa casa sem lata. Ele conta sê pai tud o
qu’ tinha passóde má Jon, tim-tim-por-tim-tim. Sê pai ubi tud e dpois el
fala’le: manhã, sem falta nô ta bá pa Stancha, ‘m ta leba Jon na justiça,
patchê ês cosa dja sta de máss; falta de ruspeite d’tchel moce, ‘m ta da’l um
cadeada dês vess.
Qu’ánd
manchê, ês randja, ês tma café e ês sota pé na caminhe pa Stancha e ês bai
dritinhe quêxa na snhor Administrador.Es spera um bom bocód lâ driba, pa snhor
Administrador, dpois ês antra na gabinete de snhor Administrador, que mandáz
senta e el proguntaz o qu’ tá ta lebás pa Administração. Anton, pai de Julinha,
conta snhor Administrador, tud o que tinha passod má Jon ta persegui sê fidja.
Snhor
Administrador, manda tchel hora mêz, um man-dód pa Cób Chefe de zona de Campim,
pa leba Jon pa bá raspondé na Justiça, sotrundia pa oite hora, sem falta,
jun-te de nho Anton má se fidja.
Nho
Anton staba tónte contente, que’l fala: hoje é qu’m ta fca libre des fidje de
cadela, ‘m ta ftchal na cadeia. Djo’m sta forte de ses abuse.
Era num
terça fera, tinha tchubide e caminhe staba tcheu de lama, ês tchga na Stancha,
ês bá drête pa Administração cdi snhor Administrador. Logue ta passa na
Pasmator ês ôdja Jon, na porta de Adminsitração, sticode moda um pau, ta fmá cigorre,
ta pta fume pa riba, e ta spió’n, nas contra, cma se nada tinha contecido.
Es
sbi scada, e um empregod lebás pa
gabinete onde es ta ta bá ser ubide. Snhor Administrador labanta de sê cadera,
el cumprimen’tás, el fca de pé ta spia: ora p’um, ora p’ôte, e dpois el fa’lás
“agora vamos ao assunto”.
Primer
pessoa qu’ foi ubid foi nho Anton, dpôis Julinha e por fim Jon.
Jon era
tide por um rapaz mut sperte, conchid e reconhecid na terra. El tinha língua
de prata, el tá fala português moda um
dotor – el tinha fête quarta classe - que distinção. El
tinha sido alune de nho Guminhe, e disse el tá fazê cabol de batalha.Jon dâ
tchel côsa um volta e na fim de comberça el pdi snhor Administrador licença
pa’l presenta’l, prova de verdade. Snhor Administrador, autoriza’l e log a seguir, el pxâ três carta de bolso,
onde Julinha tá declara’l amor, má ele tá
fala’l qu’ma so qu’ el tinha mede de sê pai sotá’le.Dpois snhor Administrador
tchma mnina pa sê secreta-ria, e el dita’le uns palabras pa’le screbê. Ele
escrebê e fca comprovóde qu’ma tchês carta era de facto scribide q’sê
letra. Assim, nho Anton perdê
dmanda. El fca invergonhóde, e el bra pa casa sem combérça na boca.
Djú má Di
Djú má
Di, era dos grande amigo de confiança: stá trabadja de dia e passia d’note. Es
era bons nhamedor de cana e panhador de galinha de gente.
Stá dxa
de note morrê, stá gadanha na purguera de borda de caminhe qu’era dormidera de
galinha.
Djú qu’era
más lêbe, tá
sbi na mote
debagarinhe, el tá tchga perte de galinha el tá cossás na pê pás podia
passa’l pa ded, sem fazê barulho e dpois el tá torcês pscosse, metês deboxe d’ása
e el tá longa Di qu’ tá fca ta muntiaze na tchon: es tá panha doss, três
cabeça.
Na
bespa es tá randja mandioca, banana berde, e ôtes verdura tróde na horta de
gente, pa fazê modge.
Cosa de
rapaziada.
Um dia
ês cumbina pa bá urdinha baca na Compe de Preguiça. Es scodgê doss casa que
tinha mula e aí pa banda de duas hora de madrugada ês bá panha tchês bitch. Es
tá ranja sela nas calmas da note, es tá selás e ês tá tra rincada pa compe de
Preguiça.
Sim
qu’ês tá tchegâ, ês tá marrâ mula bem marrode, ês tá bai donde tinha bzer
redjod es tá solta doss. Ês tá seguis té ês ancontra qu’sês mãe. Assim ês tá
consegui ur dinha baca ‘tê anchê
bartchin.
Es tá
bra pa casa, natchel silencio de madrugada, nenhum viv’ alma ta tma fê de sês
plone. Es tá bá pô mula na casa de sês
done e dpois c’atchel lête ês tá fazê mantega e ês ta bebe lête codjod dia
inter.
Es fazê
ês cosa, um data de vess má nunca ês foi
panhód.
Tud
isse era cosa de brincadera de rapáss nôbo. Câ era pa falta, patchê tud ês
tinha tud côsa na casa de sês pais.
Era
manera dês passa pa sport. Tud vez qu’ês tá passa na Tabuga – cimter, cabel tá
intchás na cabeça e ês tá pô ta raza, té safa cimter. Qu’and ês tá tchega na casa, ês tá senti
gol ta canta.
Dite e fête
Nhô
Nitch era ancarregód d’cimter na Tabuga, na tempe de 40.
Um vez
ês fazê balonce d’óbite e falta uns morte.
Por
isse snhor Administrador lebanta’l um processe e el manda ftcha’l na cadeia, qu’tá fca na mei de
Stancha; la onde ê qu’ ta státua de Dr. Baltazar.
Snhor
Administrador era um safód, mau c’ma diabe qu’ tude gente tinha mede; el tá
fazê runheza na gente má na bitch. Um vez el manda fuzila burre má besta
prenhe, na comp d’preguiça.
Um dia
el staba na janela e el odja snhor Administrador ta passa na rua, el tchma’l e
el fala’l: bocé bem i, Administrador tchega perte de janela e el fala’l: bocê
dja po’m na cadeia, má mim ‘m ta sei um dia, má dia qu’m ftcha bocé, nunca más
bocé ta sei.
Semana
dpois, Administrador sei de casa dpois de café, ta da sê passei montode na
cabole, c’ma era costume.
Catchor
corrê pa sê trás, cabole spanta e larga ta corrê moda dode, snhor Administrador
dsequilibra, el tomba pa um banda e el
quei, má um pê fcâ’l angatod na strib e sim cabole rasta’l um bom bocode, e el
fca c’ corpe tude raspode ‘té na osso e el
bá cura, má el staba tcheu de pancada
na corpe, qu’el bá pa cama, semp qu’ febre ólte, cosa complica e doença tma
conta de’l , o que bem ser causa de sê morte.
El bá
anterrode na Tabuga e c’ma nhô Nich dja staba de volta na sê trabodje
d’ancarregod de cimter, el é que bá marca lugar donde ê foi fête coba de snhor Administrador.
El tma
moss na pedrêr, el spanca driba de coba e el fala: aì ê quê cadeia perpétuo.
Nês
tempe Administrador era más qu’um rei na São Nicolau.
El era
Administrador, Presidente de União Nacional, Presidente de Câmara, Juiz de Paz,
e Oficial de Registo Civil.
Dite e
fête. Qu’ond nho Nitche tebe qu’el comberça na cadeia má Administrador, ónje
fala amem...!
Ês conte ê
proba ‘vidente qu’nô câ debê fazê mal a ninguém.
Tude mal qu’
nô fazê ôtes ta bra contra nôs. O qu’ nô pensa mal nô ta traí maus elemente:
sprite ruim, c’sês fluide mau tâ tma conta de nôs corpe má de nôs alma.
Ê lei nutural de causa e efeite. Cada um ta paga o
qu’el debê, ‘sim c’ma dois e dois ê quate.Ca bô fazê mal a ninguém s’bô ca qrê
sofrê.
Strelinha de Boca de Carbon
Maria d’Ana era mnininha
sticadinha, bem ranjadinha de cabeça ‘té pé; ele tinha doss trança de cabelo
largód pa costa boxe, qu’ tá tchma tud rapaz atenção. Ele tinha tud cosa qu’ um
mninha de 18 óne ta tem.
Qu’and ele tá ba psca
água na rbêra, rapazinhes tá persegui’le c’comberça doce na boca, má ele ca tá
dás trela; ele tinha mede sês pais.
Má ele bá ta cria, cada
vez más bnitinha, cada vês más ‘traente e tamê mas perseguida.
Tinha mut rapaz trás
dele, má sorte bem quei num, qu’era sperte, e conchide na Campim, c’ma
advogodo.
Ele ranja má el gatchod,
má nho Manel, sê pai, tinha ele dbóxe
d’odge.
Um dia ele bá psca água
na Maré Branca e José, se namorod bá trás dele, dja era d’notinha e Maria tarda
de parcê na casa.
Nho Manel, fala sê mdjer:
Rosa, ‘m ca ta gosta c’ês demora de
Maria. Este câ primer vess qu’ele ta tchga na casa tarde – do’m nha tchapeu,
qu’m ta bá sabê o qu’ stâ ta passa.
Nho Manel sei pa sê trás,
má el parâ na caminhe grande, ta comberça má
sê compad Hilár.
Nho Hilar tá fala demáss
e ês demorâ um bom bocode e qu’and nho Manel brâ pa casa, Maria d’Ana djâ tinha
tchegód.
Nho Manel fca calode cma
se nada tivesse ‘contcido.
El dxa passa uns dia, el
calcula hora qu’ gente tá bá psca água, el metê na mei d’horta e el fca trás
d’um moita de cana.
El pega sê cigore e el pô
ta fma.
D’pois el odja um
mnininha c’lata na cabeça companhód má um moce, el bá ta tchega perte té qu’el
dscubri qu’era José.
El bra pa casa, el spera
Maria dspeja água na pôte e dpois el tchemá’le na fogon, diante de nha Rosa e
el suplina’le, el fala’le : bô e dscarada mnininha de merda ... bô câ tem
vergonha na cara, bô ta bá ranja namor má
um posse, qu’ ca tem onde quei morte.
Larga tche’l pau de brâ
tripa da mom.
Mnina tem juiz na cabeça!
Um mnina bnita c’ma bô,
fidja de gente drête, ta bá ranja má um baçol, sem palabra.
Sê vida e poli calçada,
nunca el trabadja, patchê el tem mede de suja mon. El tem mania de fin, el ca
ta pega n’anchada patché el tem mede d’cria
cal na mon.
‘M ta tchamo’b atenção
patchê ‘m cré bô bem! ‘gora pensa bô odja, que fitur ê qu’ bô crê antes del
antchêbe barriga.