Pedro, sonhava todas as noites, com os seus pais. havia os perdido num acidentes de carro, e
aqueles sonhos lhe dava esperança de que os veria novamente.
Passou a viver com seus tios, e logo, percebeu que a convivência com
eles, não seria nada fácil, eram alcoólatras e também viviam um drama, pois
haviam perdido seu único filho de meningite, e não se conformavam com isso.
O seu tio não era alcoólatra, mas devido a sua esposa o culpar pela
morte de seu filho, se sentia, culpado e passou a beber, ele era irmão de seu
pai, assumiu a responsabilidade em ficar com ele, por ser a sua única família.
Pedro estava cursando o primeiro, quando aconteceu o acidente; ficando
sem os seus pais, parou de estudar, e seus tios, não estavam dando muita
atenção, para esse fato, só pensavam na bebida e Pedro ia vivendo como se fosse
uma folha.
Até que passou a sonhar com sua mãe, que aparecia para ele e falava: Pedro peça a seu tio que o matricule na escola! Você precisa terminar os estudos! E, quando acordava, sentia uma vontade de chorar, mas logo se reanimava e dizia para si mesmo; eu vou voltar a estudar.
Um dia quando o seu tio estava sóbrio, falou: Tio eu quero voltar a
estudar, o seu tio era uma boa pessoa; ficou pensativo e falou: Eu vou
matriculá-lo na escola, e assim foi feito.
Quando sua tia soube, ficou numa zanga danada e falou: Para que estudar
você tem é que me ajudar, nos afazeres domésticos. Eu não posso fazer tudo
sozinha; Pedro lavava a louça e varria a casa etc.
Falou para sua tia, eu vou estudar, mas continuaria a lhe ajudar,
respondeu:
acho bom. E assim ele foi vivendo com essa tia que parecia não ter
nenhum sentimento por ele. Pensava nos seus pais que o tratavam com muito amor,
se sentia triste, mas ia aceitando aquela situação com resignação. Sonhava
sempre com sua mãe, e isso lhe acalentava.
Sua mãe passou a ser o seu anjo, era assim que ele sentia nos seus
sonhos com sua mãe.
Certa noite ele sonhou com aquele anjo, que o chamava para apanhar conchinhas
na praia e quando acordou ficou intrigado, porque na cidade, onde morava, não
existia praia, e ele, nunca havia estado numa. O sonho parecia tão real, que
parecia que já conhecia o mar, teve vários sonhos, com o seu anjo e se sentia protegido,
ficando ansioso para chegar a hora de dormir, iria encontrar com o seu anjo e
de sentir a sensação da água do mar, em seu corpo, pois os seus sonhos eram
sempre apanhando conchinhas naquela praia.
Mas os sonhos foram desaparecendo, até que um dia ele voltou a sonhar
com os seu anjo lhe dando adeus; nunca mais sonhou.
Terminou os seus oitos anos de estudos, e no dia de sua formatura, o seu
tio estava presente, sua tia não compareceu, porque havia bebido demais (o
seu tio havia feito um tratamento para deixar de ser alcoólatra e estava
melhorando). Foi advertido no seu emprego que procurasse ajuda, como era
uma boa pessoa o seu chefe, lhe deu uma chance, de tratamento, e ele caiu na
real. Mas sua esposa não deu a mínima, importância a isso, e continuou com a
bebida.
Terminando as festividades, de sua formatura, ao chegarem em casa
tiveram uma surpresa desagradável. Sua tia estava agonizando, foi levada para o
hospital, mas não resistiu.
Depois da passagem de sua tia, o seu tio parou completamente com a bebida.
Pedro matriculou-se no colegial, e seu tio conheceu uma senhora viúva, que não
tinha filhos, e casou-se com ela.
Era uma boa pessoa e muito caprichosa não deixando Pedro fazer nenhum serviço
caseiro. Finalmente o seu tio parecia estar feliz e Pedro se sentiu aliviado. Agora
teria uma pessoa que se importava com ele, e com esse pensamento se entregou
aos estudos.
A esposa de seu tio, sabendo dos seus sonhos, resolveu fazer uma
excursão
para praia de Santos. Pedro quando soube, que iria
conhecer o mar ficou numa alegria total, finalmente iria ter a sensação de
sentir, a água do mar no seu corpo.
Chegando em Santos, depois de todos os procedimentos no hotel, quis logo
ir para a praia. A primeira coisa que fez, foi se jogar naquelas águas cálidas,
daquela praia e começou a apreciar aqueles jardins que rodeava a orla, e
pensou, maravilhoso, só falta as conchinhas. Procurou e encontrou algumas,
guardou e disse para seus tios: Achei três conchinhas, responderam, deve ter
mais, nisso ele ouviu uma voz a lhe chamar: Pedro vamos apanhar conchinhas, era
uma menina aproximadamente com 10 anos, ele já estava com 17 anos, ficou
surpreso dela chamar pelo seu nome e perguntou: Como você sabe o meu nome,
respondeu, eu ouvi a sua mãe chamar, respondeu, não é minha mãe é minha tia;
mas o seu nome é Pedro?
É, então vamos apanhar conchinhas, e Pedro prestou atenção naquela menina;
era uma loirinha graciosa, respondeu: Vamos apanhar conchinhas e deu a ela as
três conchinhas que tinha encontrado, e lembrou de seus sonhos.
E pensou consigo: incrível o seu sonho, estava sendo real; praia,
conchinhas e aquela menina parecendo um anjo.
Terminando a excursão, voltaram para sua cidade. E foi passando os anos
e
Pedro se formou no colegial, e logo matriculou-se na faculdade de
turismo, assim depois de formado foi trabalhar, numa agência de turismo (antes
trabalhava com o seu tio, como ajudante escriturário).
Começou a viajar acompanhando as excursões da agência, conhecendo várias
cidades em seu país, e depois começou com as viagens internacionais, ficava mas
tempo viajando que em casa de seus tios, o seu lar passou a ser os hotéis.
Sonhava em ter a sua própria agência.
Teve vários relacionamentos, mas nenhum que lhe inspirasse, um
sentimento espiritual. E foi levando a sua vida, às vezes tinha lembranças
daqueles sonhos, que foram se tornando mais distantes de seus pensamentos.
Estava em uma excursão para a Grécia, quando recebeu uma ligação de seu tio,
que sua tia havia desencarnado, (desencarnou dormindo) ficou muito
triste com essa notícia, porque aprendeu a gostar daquela mulher que durante o
tempo que conviveu com ela o tratava bem, e por que não dizer, como se fosse
sua verdadeira mãe, e sentiu pesar por seu tio, que sabia que ele passou a
amá-la muito.
Terminada, a sua excursão voltou a casa de seu tio, e o encontrou numa tristeza
total, e lhe disse palavras carinhosas: Todos nós faremos essa viagem, meu tio.
(Pedro não sabia que seu tio estava doente, ele procurava esconder isso dele).
Resolveu ficar um tempo com seu tio, ficaria dentro da agência, sem
acompanhar viagens, mas o seu tio pensou bem e achou melhor que ele soubesse de
sua doença e contou que estava com poucos meses de vida, e queria deixar tudo em
dia, para quando partisse para essa viagem; Pedro fez a vontade de seu tio, providenciou
a documentação da casa, que passaria para ele, por ser seu único herdeiro,
deixou de viajar, para ficar ao lado do tio e assim num dia de primavera, o seu
tio partiu.
Pedro se sentiu, sozinho, o seu único parente havia partido para o outro
lado
da vida, deixando um vazio, muito grande em seu coração e em seu
espírito, quando viajava, ao retornou sabia que, duas pessoas queridas estavam
a sua espera; e chorou...
Passando alguns meses, pensou no que iria fazer, em relação ao sobrado que
herdou de seu tio, resolveu transformá-lo em uma agência de turismo, sempre desejou
a ter a sua própria agência, e assim foi feito.
A parte de baixo, seria a sua agência e em cima a sua moradia, depois de
tudo providenciado e a sua agência, já funcionando com grande sucesso, Pedro voltou
a acompanhar as viagens, algumas de navio.
Programou uma para Grécia, já havia estado nesse país, e resolveu
voltar, aquele lugar do mundo lhe deixou, fascinado, queria rever aquela ruas
de subidas e descidas, com suas casas brancas e de tetos azuis, rever as ruínas
na ilha de Delos, Grécia, aquelas praias, que não possuíam, areias como as
nossas, mas o mar era de um azul celestial, e saborear aqueles churrasquinhos
gregos temperados com sal e ervas, só de pensar, ficava com água na boca.
Tudo isso lhe fascinou, especialmente a hospitalidade do povo grego, ele
ouvia falar que era um povo difícil de conviver, mas logo entendeu que não era
bem assim.
La estava Pedro dentro daquele navio para aquela que seria a sua segunda
viagem à Grécia. Chegaram e se sentiu feliz, em estar novamente apreciando aquelas
belezas, mediterrâneo e saboreando aquela comida.
Para quem ficou até os 17 anos, sem conhecer, praias, lá estava Pedro na
praia mais badalada da Grécia, Maravilhosa (Red Beach).
Nisso ele avistou uma linda mulher, com uma expressão de espiritualidade
profunda, e se aproximou na esperança de ser notado, mas percebeu que ela
estava acompanhada, retrocedeu e pensou: Essa vale à pena, vou esperar uma
próxima oportunidade.
Naquele dia Pedro não conseguiu e se sentiu frustrado, mas ao mesmo tempo,
conformou-se, sabia que a encontraria novamente.
Conseguiu saber, quer era brasileira, que também estava em excursão, de volta
ao hotel, surpresa, aquela loirinha, estava hospedada no mesmo hotel, pensou:
Agora eu vou conseguir.
O dia seguinte era um dia livre para o pessoal da excursão e Pedro aproveitou
para fazer acontecer esse encontro, levantou cedo e foi para o hall do hotel e
qual foi a sua surpresa, ela estava ali na sua frente e sorriu para ele, ficou desajeitado
com esse sorriso de simpatia, e emudeceu, quando ouviu uma voz a chamar pelo
nome dela: "Denise", vamos se não chegaremos atrasadas. Que decepção
ela estava partindo, (agora sabia o seu nome, Denise) sentiu um vazio o mesmo
que sentia, quando sonhava com o seu anjo.
Mas logo se reanimou e pensou, eu vou voltar a encontrá-la é brasileira,
logo, nos encontraremos no Brasil. Continuou a sua excursão, visitando vários
lugares pitorescos, várias praias, e saboreando aquela comida com sabor
diferente de seu país. Pensou consigo, essa seria a sua última viagem aquele
país. De volta ao Brasil, navegando sob águas do mar mediterrâneo e logo em águas
brasileiras, voltou a sonhar com o seu anjo, um sonho confuso, ao despertar, não
lembrava com muita nitidez, mas se sentia aliviado e reanimado. e pensou em
tudo, que havia conseguido realizar, e se sentiu feliz.
Chegando ao Brasil, o pessoal da excursão se cumprimentado, já haviam trocado
lembrancinhas com a brincadeira do amigo secreto, elogiaram a viagem; foi ótima,
maravilhosa, e com todos esses comentários, Pedro voltou para sua casa, e mais
uma vez se sentiu feliz, por ele, e por todos que estavam na excursão.
Foi passando os meses e os anos e Pedro sempre com aquela lembrança, daquela
loirinha que para ele era especial, e sempre com convicção que um dia à encontraria,
se a encontrou na Grécia, como não encontrar no Brasil.
Continuou com as suas excursões, internacionais, conhecendo vários,
países, e várias mulheres, mas nenhuma lhe despertava aquele sentimento
espiritual, e foi levando a sua vida de solteiro, já estava com 37 anos, e
pensou: Antes só do que mal acompanhado.
Até que um dia resolveu voltar a Santos, sentiu essa vontade de rever
essa cidade, não sabendo explicar o porquê, mas logo pensou: foi a primeira
praia que conheci. E assim foi, lá estava ele já hospedado naquele hotel chique,
de frente para o mar situado na avenida Ana Costa, em Santos, levantou cedo,
tomou o seu café da manhã, farto, com tudo o que o cliente, tem direito; subiu
ao apto, colocou a sua tanga e demais apetrechos, e se dirigiu para a praia,
era só atravessar aquela avenida.
Olhou para aqueles jardins maravilhosos, tão bem cuidados, era uma verdadeira
moldura, para os olhos de qualquer um, que ame a natureza até para os que
parecem não enxergar tanta beleza.
E se jogou naquelas águas cálidas, querendo sentir as ondas batendo no
seu corpo, e se sentiu feliz. (Foi a sua primeira praia em companhia de seus
estimados tios) e nadou até se sentir cansado, (nadava muito bem).
Depois e se dirigir para sua esteira, e olhou aquela areia batida, um
pouco, diferente de outras praias que havia conhecido, e pensou, só falta as
conchinhas, sorriu, levantou-se e foi procurar, encontrou três, lembrou que
havia dito para os seus tios:
Achei três conchinhas:
E eles responderam:
Deve ter mais!
Pedro pareceu ouvir aquela voz infantil a lhe chamar:
Pedro vamos apanhar conchinhas!
Sorriu e deitou-se novamente na esteira, contemplando aquele céu azul, e pensou em todo o mundo o céu é azul, ou seja, o infinito... Naquele exato momento, ouviu uma voz chamar:
- Denise, olha só o que encontrei! Uma conchinha colorida!
De um salto ele despertou daquele devaneio e ela – Denise – estava à sua frente sorrindo, ela lhe disse:
Parece que já a conheço...
- Conhece sim! Da Grécia!
Daí em diante passaram a viver um sonho de amor. Finalmente ele havia
encontrado, aquela que seria a sua esposa e mãe de seus filhos. Ambos se
sentiram atraídos um pelo outro, espiritualmente. Casaram-se e formaram família,
sendo pais de dois meninos gêmeos.
(O que Pedro não sabia que aquela mulher, era realmente o seu anjo,
havia sido sua mãe na encarnação passada, e do outro lado da vida, através de
sonhos, encaminhou Pedro para o lado do bem, e conseguiu. Aquela loirinha que o
chamava para apanhar conchinhas, era o espírito de sua mãe, já encarnado, por
isso parou de sonhar, e foi ficando distantes aqueles sonhos, acabou entrando
no esquecimento).
Agora aquele anjo estava, ao seu lado como sua esposa e mãe de seus filhos.
(São assim nas leis espirituais).
Fim
Sonhos - (Um conto espiritualista)
Por Maria Amélia Coelho