O homem que sabe servir-se da pena, que pode publicar o que escreve e que não diz a seus compatriotas o que entende ser a verdade, deixa de cumprir um dever, comete o crime de covardia, é mau cidadão. Por Júlio Ribeiro.

Sonhos - (Um conto espiritualista) – Por Maria Amélia Coelho

Pedro, sonhava todas as noites, com os seus pais. havia os perdido num acidentes de carro, e aqueles sonhos lhe dava esperança de que os veria novamente.

Passou a viver com seus tios, e logo, percebeu que a convivência com eles, não seria nada fácil, eram alcoólatras e também viviam um drama, pois haviam perdido seu único filho de meningite, e não se conformavam com isso.

O seu tio não era alcoólatra, mas devido a sua esposa o culpar pela morte de seu filho, se sentia, culpado e passou a beber, ele era irmão de seu pai, assumiu a responsabilidade em ficar com ele, por ser a sua única família.

Pedro estava cursando o primeiro, quando aconteceu o acidente; ficando sem os seus pais, parou de estudar, e seus tios, não estavam dando muita atenção, para esse fato, só pensavam na bebida e Pedro ia vivendo como se fosse uma folha.

Até que passou a sonhar com sua mãe, que aparecia para ele e falava: Pedro peça a seu tio que o matricule na escola! Você precisa terminar os estudos! E, quando acordava, sentia uma vontade de chorar, mas logo se reanimava e dizia para si mesmo; eu vou voltar a estudar.

Um dia quando o seu tio estava sóbrio, falou: Tio eu quero voltar a estudar, o seu tio era uma boa pessoa; ficou pensativo e falou: Eu vou matriculá-lo na escola, e assim foi feito.

Quando sua tia soube, ficou numa zanga danada e falou: Para que estudar você tem é que me ajudar, nos afazeres domésticos. Eu não posso fazer tudo sozinha; Pedro lavava a louça e varria a casa etc.

Falou para sua tia, eu vou estudar, mas continuaria a lhe ajudar, respondeu:

acho bom. E assim ele foi vivendo com essa tia que parecia não ter nenhum sentimento por ele. Pensava nos seus pais que o tratavam com muito amor, se sentia triste, mas ia aceitando aquela situação com resignação. Sonhava sempre com sua mãe, e isso lhe acalentava.

Sua mãe passou a ser o seu anjo, era assim que ele sentia nos seus sonhos com sua mãe.

Certa noite ele sonhou com aquele anjo, que o chamava para apanhar conchinhas na praia e quando acordou ficou intrigado, porque na cidade, onde morava, não existia praia, e ele, nunca havia estado numa. O sonho parecia tão real, que parecia que já conhecia o mar, teve vários sonhos, com o seu anjo e se sentia protegido, ficando ansioso para chegar a hora de dormir, iria encontrar com o seu anjo e de sentir a sensação da água do mar, em seu corpo, pois os seus sonhos eram sempre apanhando conchinhas naquela praia.

Mas os sonhos foram desaparecendo, até que um dia ele voltou a sonhar com os seu anjo lhe dando adeus; nunca mais sonhou.

Terminou os seus oitos anos de estudos, e no dia de sua formatura, o seu tio estava presente, sua tia não compareceu, porque havia bebido demais (o seu tio havia feito um tratamento para deixar de ser alcoólatra e estava melhorando). Foi advertido no seu emprego que procurasse ajuda, como era uma boa pessoa o seu chefe, lhe deu uma chance, de tratamento, e ele caiu na real. Mas sua esposa não deu a mínima, importância a isso, e continuou com a bebida.

Terminando as festividades, de sua formatura, ao chegarem em casa tiveram uma surpresa desagradável. Sua tia estava agonizando, foi levada para o hospital, mas não resistiu.

Depois da passagem de sua tia, o seu tio parou completamente com a bebida. Pedro matriculou-se no colegial, e seu tio conheceu uma senhora viúva, que não tinha filhos, e casou-se com ela.

Era uma boa pessoa e muito caprichosa não deixando Pedro fazer nenhum serviço caseiro. Finalmente o seu tio parecia estar feliz e Pedro se sentiu aliviado. Agora teria uma pessoa que se importava com ele, e com esse pensamento se entregou aos estudos.

A esposa de seu tio, sabendo dos seus sonhos, resolveu fazer uma excursão

para praia de Santos. Pedro quando soube, que iria conhecer o mar ficou numa alegria total, finalmente iria ter a sensação de sentir, a água do mar no seu corpo.

Chegando em Santos, depois de todos os procedimentos no hotel, quis logo ir para a praia. A primeira coisa que fez, foi se jogar naquelas águas cálidas, daquela praia e começou a apreciar aqueles jardins que rodeava a orla, e pensou, maravilhoso, só falta as conchinhas. Procurou e encontrou algumas, guardou e disse para seus tios: Achei três conchinhas, responderam, deve ter mais, nisso ele ouviu uma voz a lhe chamar: Pedro vamos apanhar conchinhas, era uma menina aproximadamente com 10 anos, ele já estava com 17 anos, ficou surpreso dela chamar pelo seu nome e perguntou: Como você sabe o meu nome, respondeu, eu ouvi a sua mãe chamar, respondeu, não é minha mãe é minha tia; mas o seu nome é Pedro?

É, então vamos apanhar conchinhas, e Pedro prestou atenção naquela menina; era uma loirinha graciosa, respondeu: Vamos apanhar conchinhas e deu a ela as três conchinhas que tinha encontrado, e lembrou de seus sonhos.

E pensou consigo: incrível o seu sonho, estava sendo real; praia, conchinhas e aquela menina parecendo um anjo.

Terminando a excursão, voltaram para sua cidade. E foi passando os anos e

Pedro se formou no colegial, e logo matriculou-se na faculdade de turismo, assim depois de formado foi trabalhar, numa agência de turismo (antes trabalhava com o seu tio, como ajudante escriturário).

Começou a viajar acompanhando as excursões da agência, conhecendo várias cidades em seu país, e depois começou com as viagens internacionais, ficava mas tempo viajando que em casa de seus tios, o seu lar passou a ser os hotéis.

Sonhava em ter a sua própria agência.

Teve vários relacionamentos, mas nenhum que lhe inspirasse, um sentimento espiritual. E foi levando a sua vida, às vezes tinha lembranças daqueles sonhos, que foram se tornando mais distantes de seus pensamentos.

Estava em uma excursão para a Grécia, quando recebeu uma ligação de seu tio, que sua tia havia desencarnado, (desencarnou dormindo) ficou muito triste com essa notícia, porque aprendeu a gostar daquela mulher que durante o tempo que conviveu com ela o tratava bem, e por que não dizer, como se fosse sua verdadeira mãe, e sentiu pesar por seu tio, que sabia que ele passou a amá-la muito.

Terminada, a sua excursão voltou a casa de seu tio, e o encontrou numa tristeza total, e lhe disse palavras carinhosas: Todos nós faremos essa viagem, meu tio. (Pedro não sabia que seu tio estava doente, ele procurava esconder isso dele).

Resolveu ficar um tempo com seu tio, ficaria dentro da agência, sem acompanhar viagens, mas o seu tio pensou bem e achou melhor que ele soubesse de sua doença e contou que estava com poucos meses de vida, e queria deixar tudo em dia, para quando partisse para essa viagem; Pedro fez a vontade de seu tio, providenciou a documentação da casa, que passaria para ele, por ser seu único herdeiro, deixou de viajar, para ficar ao lado do tio e assim num dia de primavera, o seu tio partiu.

Pedro se sentiu, sozinho, o seu único parente havia partido para o outro lado

da vida, deixando um vazio, muito grande em seu coração e em seu espírito, quando viajava, ao retornou sabia que, duas pessoas queridas estavam a sua espera; e chorou...

Passando alguns meses, pensou no que iria fazer, em relação ao sobrado que herdou de seu tio, resolveu transformá-lo em uma agência de turismo, sempre desejou a ter a sua própria agência, e assim foi feito.

A parte de baixo, seria a sua agência e em cima a sua moradia, depois de tudo providenciado e a sua agência, já funcionando com grande sucesso, Pedro voltou a acompanhar as viagens, algumas de navio.

Programou uma para Grécia, já havia estado nesse país, e resolveu voltar, aquele lugar do mundo lhe deixou, fascinado, queria rever aquela ruas de subidas e descidas, com suas casas brancas e de tetos azuis, rever as ruínas na ilha de Delos, Grécia, aquelas praias, que não possuíam, areias como as nossas, mas o mar era de um azul celestial, e saborear aqueles churrasquinhos gregos temperados com sal e ervas, só de pensar, ficava com água na boca.

Tudo isso lhe fascinou, especialmente a hospitalidade do povo grego, ele ouvia falar que era um povo difícil de conviver, mas logo entendeu que não era bem assim.

La estava Pedro dentro daquele navio para aquela que seria a sua segunda viagem à Grécia. Chegaram e se sentiu feliz, em estar novamente apreciando aquelas belezas, mediterrâneo e saboreando aquela comida.

Para quem ficou até os 17 anos, sem conhecer, praias, lá estava Pedro na praia mais badalada da Grécia, Maravilhosa (Red Beach).

Nisso ele avistou uma linda mulher, com uma expressão de espiritualidade profunda, e se aproximou na esperança de ser notado, mas percebeu que ela estava acompanhada, retrocedeu e pensou: Essa vale à pena, vou esperar uma próxima oportunidade.

Naquele dia Pedro não conseguiu e se sentiu frustrado, mas ao mesmo tempo, conformou-se, sabia que a encontraria novamente.

Conseguiu saber, quer era brasileira, que também estava em excursão, de volta ao hotel, surpresa, aquela loirinha, estava hospedada no mesmo hotel, pensou:

Agora eu vou conseguir.

O dia seguinte era um dia livre para o pessoal da excursão e Pedro aproveitou para fazer acontecer esse encontro, levantou cedo e foi para o hall do hotel e qual foi a sua surpresa, ela estava ali na sua frente e sorriu para ele, ficou desajeitado com esse sorriso de simpatia, e emudeceu, quando ouviu uma voz a chamar pelo nome dela: "Denise", vamos se não chegaremos atrasadas. Que decepção ela estava partindo, (agora sabia o seu nome, Denise) sentiu um vazio o mesmo que sentia, quando sonhava com o seu anjo.

Mas logo se reanimou e pensou, eu vou voltar a encontrá-la é brasileira, logo, nos encontraremos no Brasil. Continuou a sua excursão, visitando vários lugares pitorescos, várias praias, e saboreando aquela comida com sabor diferente de seu país. Pensou consigo, essa seria a sua última viagem aquele país. De volta ao Brasil, navegando sob águas do mar mediterrâneo e logo em águas brasileiras, voltou a sonhar com o seu anjo, um sonho confuso, ao despertar, não lembrava com muita nitidez, mas se sentia aliviado e reanimado. e pensou em tudo, que havia conseguido realizar, e se sentiu feliz.

Chegando ao Brasil, o pessoal da excursão se cumprimentado, já haviam trocado lembrancinhas com a brincadeira do amigo secreto, elogiaram a viagem; foi ótima, maravilhosa, e com todos esses comentários, Pedro voltou para sua casa, e mais uma vez se sentiu feliz, por ele, e por todos que estavam na excursão.

Foi passando os meses e os anos e Pedro sempre com aquela lembrança, daquela loirinha que para ele era especial, e sempre com convicção que um dia à encontraria, se a encontrou na Grécia, como não encontrar no Brasil.

Continuou com as suas excursões, internacionais, conhecendo vários, países, e várias mulheres, mas nenhuma lhe despertava aquele sentimento espiritual, e foi levando a sua vida de solteiro, já estava com 37 anos, e pensou: Antes só do que mal acompanhado.

Até que um dia resolveu voltar a Santos, sentiu essa vontade de rever essa cidade, não sabendo explicar o porquê, mas logo pensou: foi a primeira praia que conheci. E assim foi, lá estava ele já hospedado naquele hotel chique, de frente para o mar situado na avenida Ana Costa, em Santos, levantou cedo, tomou o seu café da manhã, farto, com tudo o que o cliente, tem direito; subiu ao apto, colocou a sua tanga e demais apetrechos, e se dirigiu para a praia, era só atravessar aquela avenida.

Olhou para aqueles jardins maravilhosos, tão bem cuidados, era uma verdadeira moldura, para os olhos de qualquer um, que ame a natureza até para os que parecem não enxergar tanta beleza.

E se jogou naquelas águas cálidas, querendo sentir as ondas batendo no seu corpo, e se sentiu feliz. (Foi a sua primeira praia em companhia de seus estimados tios) e nadou até se sentir cansado, (nadava muito bem).

Depois e se dirigir para sua esteira, e olhou aquela areia batida, um pouco, diferente de outras praias que havia conhecido, e pensou, só falta as conchinhas, sorriu, levantou-se e foi procurar, encontrou três, lembrou que havia dito para os seus tios:

Achei três conchinhas:

E eles responderam:

Deve ter mais!

Pedro pareceu ouvir aquela voz infantil a lhe chamar:

Pedro vamos apanhar conchinhas!

Sorriu e deitou-se novamente na esteira, contemplando aquele céu azul, e pensou em todo o mundo o céu é azul, ou seja, o infinito... Naquele exato momento, ouviu uma voz chamar:

- Denise, olha só o que encontrei! Uma conchinha colorida!

De um salto ele despertou daquele devaneio e ela – Denise – estava à sua frente sorrindo, ela lhe disse:

Parece que já a conheço...

- Conhece sim! Da Grécia!

Daí em diante passaram a viver um sonho de amor. Finalmente ele havia encontrado, aquela que seria a sua esposa e mãe de seus filhos. Ambos se sentiram atraídos um pelo outro, espiritualmente. Casaram-se e formaram família, sendo pais de dois meninos gêmeos.

(O que Pedro não sabia que aquela mulher, era realmente o seu anjo, havia sido sua mãe na encarnação passada, e do outro lado da vida, através de sonhos, encaminhou Pedro para o lado do bem, e conseguiu. Aquela loirinha que o chamava para apanhar conchinhas, era o espírito de sua mãe, já encarnado, por isso parou de sonhar, e foi ficando distantes aqueles sonhos, acabou entrando no esquecimento).

Agora aquele anjo estava, ao seu lado como sua esposa e mãe de seus filhos. (São assim nas leis espirituais).

Fim

Sonhos - (Um conto espiritualista)

Por Maria Amélia Coelho